
“Survive till ’25” era o lema. Mas depois de mais uma edição da CinemaCon, a realidade é outra: o verdadeiro mantra passou a ser “resistir até 2026”. Realizada mais uma vez em Las Vegas, a grande convenção anual da indústria cinematográfica revelou uma atmosfera menos festiva e mais combativa do que em anos anteriores. Em vez de apenas celebrar o poder do cinema, os protagonistas da indústria confrontaram-se com as duras verdades do pós-pandemia.
ver também: Russell Brand Acusado de Violação e Agressão Sexual: Comediante Enfrenta a Justiça em Londres
O evento, que deveria reafirmar a vitalidade do grande ecrã, acabou por expor as fissuras entre estúdios e exibidores. Com receitas 10% abaixo das de 2024 e uma sucessão de fracassos comerciais como Snow White e Mickey 17, o ambiente era tudo menos descontraído.
Guerra das Janelas: 45, 60 ou… nenhuma?
O debate sobre as janelas de exclusividade — o tempo que um filme permanece exclusivamente nos cinemas antes de chegar ao streaming — dominou as conversas. Adam Aron, CEO da AMC Theatres, defendeu com veemência o regresso a janelas de 60 dias, longe dos 17 dias implementados durante a pandemia. Michael O’Leary, da associação Cinema United, reforçou a ideia com números: enquanto os grandes sucessos ainda funcionam, os filmes médios e pequenos estão a desaparecer.
A Disney, surpreendentemente, posicionou-se ao lado dos exibidores. O seu diretor de distribuição, Andrew Cripps, sublinhou que os filmes da casa do rato Mickey continuam a ter janelas mais longas que a concorrência. “Confiem em mim, não é por acaso”, garantiu, arrancando aplausos calorosos.
A guerra do costume: estúdios vs. salas
O espírito de “nós contra eles” voltou a marcar presença. Os estúdios acusam as salas de cinema de estagnação, de não inovarem e de resistirem à implementação de preços acessíveis. Os donos de salas, por sua vez, culpam os estúdios por terem “treinado” o público a ver tudo — excepto os blockbusters — como conteúdos para streaming.
Um executivo de um grande estúdio desabafou: “Gastamos fortunas a trazer estrelas para Las Vegas e a mostrar trailers incríveis… e eles estão mais preocupados com o número de baldes de pipocas vendidos”.
Amazon MGM: a nova esperança?
Desde que a Disney engoliu a 20th Century Fox, o mercado ficou com um vazio difícil de preencher. Mas há uma nova promessa no ar: a Amazon MGM. Na sua estreia na CinemaCon, o estúdio anunciou a intenção de lançar 15 grandes filmes por ano até 2027, com 14 já planeados para 2026. É um compromisso sério com as salas de cinema, e uma resposta direta ao pedido de mais variedade — thrillers românticos, aventuras, fantasia e cinema familiar — entre os tentpoles do costume.
Estrelas em queda… com algumas exceções
Se noutros anos a presença de astros era suficiente para levantar auditórios, este ano ficou claro que a estrela de Hollywood já não brilha como antes — pelo menos entre os donos das salas. Leonardo DiCaprio (One Battle After Another) e Scarlett Johansson foram recebidos com reações mornas. Tom Cruise, em contrapartida, emocionou ao homenagear Val Kilmer com um momento de silêncio. E só Cynthia Erivo e Ariana Grande — a dupla de Wicked — conseguiram arrancar gritos genuínos de entusiasmo.
Será que o poder das estrelas está a desaparecer… ou os exibidores apenas se tornaram mais cínicos?
2026: o ano do tudo ou nada
O novo horizonte está traçado. A verdadeira recuperação do box office, afinal, poderá só chegar em 2026 — com o regresso de sagas como Avengers, Spider-Man, Toy Story e Minions, bem como novos filmes de Christopher Nolan e Steven Spielberg. O problema? Até lá ainda há um calendário inteiro por preencher e salas por encher.
Conclusão: Uma Indústria Dividida, Mas Ainda Viva 
A CinemaCon 2025 foi menos uma festa e mais um fórum de terapia coletiva. Os números ainda não ajudam, os egos estão em brasa e as soluções continuam a dividir. Mas há sinais de esperança: alianças improváveis, compromissos ambiciosos e uma consciência crescente de que o cinema — o verdadeiro, o das salas — precisa de mais do que super-heróis para sobreviver.
Que 2026 venha com filmes… e com público.
ver também : Monty Python and the Holy Grail: 50 Anos Depois, Ainda Estamos Todos a Fugir do Coelho Assassino
No comment yet, add your voice below!