Festa do Cinema Francês 2025: Retrospetiva a Alain Delon e Mais de 60 Filmes em Destaque

Lisboa e Porto abrem as portas ao melhor do cinema francófono

A 26.ª edição da Festa do Cinema Francês arranca a 2 de outubro em Lisboa e no Porto, trazendo mais de 60 filmes inéditos em sala e uma programação que combina homenagens, antestreias e novas secções pensadas para celebrar a vitalidade do cinema francófono. O festival decorre em Lisboa até 12 de outubro, com sessões no Porto entre os dias 2 e 8, antes de seguir viagem por várias cidades do país, incluindo Coimbra, Lagos, Almada, Cascais, Beja e Setúbal.

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Alain Delon em retrospetiva

Um dos pontos altos da edição será a retrospetiva dedicada a Alain Delon, o lendário ator francês que morreu em agosto de 2024 aos 88 anos. Em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, a mostra intitulada “Alain Delon, a virtude do silêncio” reunirá cerca de vinte filmes, recordando o carisma e a intensidade de uma das maiores figuras do cinema europeu dos anos 1960, cuja influência atravessou gerações.

Convidados de peso e antestreias

O festival contará ainda com a presença de Thierry Frémaux, diretor do Festival de Cannes e do Instituto Lumière, que apresentará o filme Lumière, a Aventura Continua! em Lisboa. A atriz Marina Foïs virá apresentar a antestreia de Moi qui t’aimais, de Diane Kurys, enquanto a realizadora Louise Hémon traz o filme L’Engloutie, também incluído na competição oficial.

A programação abre com Nouvelle Vague, de Richard Linklater, recriando a rodagem de O Acossado (1960), clássico de Jean-Luc Godard, e encerra a 12 de outubro com Partir, Um Dia, comédia musical de Amélie Bonnin que brilhou na abertura do Festival de Cannes.

Competição e novas secções

A competição oficial reúne títulos como Ma frère (Lise Akoka e Romane Gueret), Love Me Tender (Anna Cazenave), Les rendez-vous de l’été (Valentine Cadic), Le roi soleil (Vincent Maël Cardona) e La Pampa (Antoine Chevrollier).

Entre as novidades, destaca-se a secção La Belle Époque, dedicada a obras marcantes da história do cinema, incluindo a exibição em cópia restaurada de O Acossado. Outra aposta é um evento voltado para coproduções luso-francófonas, com projetos de cineastas como Pocas Pascoal, Ágata Pinho e Pedro Neto.

O documentário Écrire la vie – Annie Ernaux racontée par des lycéennes et de lycéens, de Claire Simon, dedicado à Nobel da Literatura Annie Ernaux, é outro dos destaques da programação.

Uma nova etapa para o festival

Este ano marca também uma mudança nos bastidores: a produção da Festa do Cinema Francês passa a estar a cargo da associação Il Sorpasso, que organiza também a Festa do Cinema Italiano e a mostra itinerante Luso! em Itália. A direção artística é agora assumida pela programadora Anne Delseth, sinalizando uma nova fase para um festival que, ano após ano, se afirma como um dos momentos maiores da agenda cultural em Portugal.

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The Road Between Us: Documentário Sobre o 7 de Outubro Conquista o Público em Toronto

O filme mais polémico do TIFF 2025

O Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) foi palco de uma das histórias mais conturbadas da edição deste ano. Depois de ter sido inicialmente convidado, desprogramado e novamente reintegrado na seleção oficial, o documentário The Road Between Us: The Ultimate Rescue acabou por se tornar um dos grandes destaques da 50.ª edição do festival ao vencer o People’s Choice Award para Melhor Documentário — um prémio atribuído pelo voto do público.

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Realizado por Barry Avrich, o filme acompanha o general reformado israelita Noam Tibon, que no dia 7 de outubro de 2023 atravessou zonas de conflito para resgatar o filho e a família, presos num kibbutz perto de Gaza durante os ataques do Hamas a Nahal Oz. Uma história pessoal e dramática, que rapidamente se transformou num retrato maior sobre coragem, família e sobrevivência em meio à violência.

Uma estreia envolta em protestos e controvérsia

A exibição mundial do filme em Toronto não esteve isenta de polémica. Para além das tensões relacionadas com o conflito israelo-palestiniano — que levaram a protestos em frente ao Roy Thomson Hall durante a estreia —, surgiram também preocupações logísticas e legais por parte do festival, nomeadamente em relação à utilização de imagens captadas por câmaras do Hamas durante os ataques.

Apesar das hesitações iniciais, e após críticas da comunidade judaica canadiana e de várias figuras públicas em Israel, o TIFF voltou atrás na decisão e autorizou a estreia do documentário. Barry Avrich agradeceu pessoalmente a Cameron Bailey, diretor do festival, pela reabertura da porta ao filme.

A força do público

Ao receber o prémio, Avrich destacou a importância do voto da audiência: “O público votou, e eu agradeço por isso. É emocionante para mim e para o Mark [Selby, produtor] vencer este prémio. Estamos ansiosos pelo resto desta jornada.”

Mark Selby reforçou a mensagem, sublinhando que se sentiram apoiados pela organização do festival: “Espero que todos os cineastas desta edição tenham sentido o mesmo apoio que nós sentimos.”

Próxima etapa: salas da América do Norte

Após o triunfo em Toronto, The Road Between Us prepara-se para ser exibido em cerca de 125 salas de cinema em mais de 20 cidades da América do Norte, a partir de 3 de outubro, numa distribuição maioritariamente independente.

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Entre aplausos, protestos e discussões acesas, uma coisa ficou clara: este documentário tornou-se um dos títulos incontornáveis do TIFF 2025, lembrando que o cinema continua a ser um palco privilegiado para confrontar histórias difíceis e debates urgentes.

The Long Walk: A Distopia de Stephen King Ganha Vida com Intensidade e um Elenco de Luxo

Francis Lawrence volta ao terreno da sobrevivência

Depois de levar milhões de espectadores a arenas letais em The Hunger Games, Francis Lawrence volta a envergar os óculos de distopia para adaptar The Long Walk, romance que Stephen King publicou em 1979 sob o pseudónimo Richard Bachman. O resultado é um thriller distópico tenso, sombrio e surpreendentemente humano, que transforma um simples ato — caminhar — num exercício de resistência física, psicológica e até filosófica.

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O filme transporta-nos para uma América alternativa, marcada pelo trauma do pós-Vietname, onde jovens são selecionados por sorteio para participar numa marcha televisiva sem fim. O objetivo é cruel: andar sem parar até restar apenas um vencedor, recompensado com fama, riqueza e um desejo realizado. Para os restantes, a eliminação é literal, feita sob o olhar vigilante de soldados armados.

Um elenco que dá corpo ao desespero

No centro da narrativa está Ray Garraty (Cooper Hoffman), que se despede da mãe (Judy Greer) antes de enfrentar a 19.ª edição da marcha. Ao longo da jornada, cria laços com outros concorrentes, como o carismático Peter McVries (David Jonsson), o fervoroso Arthur Baker (Tut Nyuot) e o aguerrido Hank Olson (Ben Wang). O Major impiedoso, interpretado por Mark Hamill, lidera o espetáculo distópico como uma sombra constante.

Apesar da premissa minimalista — caminhar ou morrer — o filme surpreende pela variedade visual e pela forma como investe nos personagens. Lawrence, em colaboração com o diretor de fotografia Jo Willems, evita a monotonia através de enquadramentos engenhosos e de uma atmosfera carregada de tensão, enquanto a violência, explícita e inevitável, é sempre enquadrada pela dor e pela consciência da sua futilidade.

Uma parábola sobre fascismo e resistência

Mais do que um jogo de sobrevivência, The Long Walk funciona como metáfora sobre como regimes autoritários moldam indivíduos e sociedades. Alguns caminham por dinheiro, outros por desespero, outros ainda pela necessidade de resistir. No coração do filme está a relação entre Garraty e McVries, marcada por amizade, admiração e um confronto filosófico que oscila entre a esperança e a resignação.

Cooper Hoffman constrói um protagonista com uma determinação quase animal, enquanto David Jonsson rouba a cena com um McVries carismático e compassivo, transformando a dupla na âncora emocional da narrativa.

Entre a brutalidade e a melancolia

Apesar de não atingir plenamente o impacto emocional a que aspira, especialmente no seu final ambíguo, The Long Walkmantém-se fascinante pela maior parte da sua duração. É um filme sobre juventudes condenadas, sobre a violência transformada em espetáculo e sobre como a esperança pode persistir mesmo nas estradas mais sombrias.

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Francis Lawrence pode não ter encontrado o mesmo equilíbrio épico de The Hunger Games, mas entrega aqui uma obra visualmente inventiva e emocionalmente carregada, que mantém viva a chama das distopias de Stephen King.

Demon Slayer: Infinity Castle arrasa no box office com estreia entre $56M e $60M

A chama de Demon Slayer voltou a incendiar os cinemas. O novo filme da saga, Kimetsu no Yaiba: Infinity Castle, estreou com números impressionantes, arrecadando 56 a 60 milhões de dólares no primeiro fim de semana nos EUA, após um arranque colossal de 33 milhões só na sexta-feira.

Este é não apenas o maior arranque de 2025 para a Sony, mas também um dos maiores do estúdio nos últimos anos, superando títulos como Venom: The Last Dance ($51M), It Ends With Us ($50M) e Bad Boys: Ride or Die ($56,5M). O último sucesso semelhante da Sony tinha sido Spider-Man: Across the Spider-Verse em 2023, com 120,6 milhões.

A força de Infinity Castle

O filme chega num ponto fulcral da saga, sendo comparado pelos fãs a um Empire Strikes Back do universo Demon Slayer. Não surpreende, portanto, que tenha quebrado recordes de bilheteira antecipada — 10 milhões de dólares em cinco dias só nas pré-vendas — e recebido um raro A no CinemaScore, a melhor nota já atribuída a um filme da franquia (os anteriores tinham ficado em B+).

Outro dado notável: quase 44% das receitas vieram de sessões IMAX e PLF, sublinhando a força do espetáculo visual do filme. A demografia também impressiona: 71% do público tinha entre 18 e 34 anos, e quase metade tinha menos de 25 anos.

Concorrência em queda

O sucesso de Infinity Castle deixou pouca margem a outros lançamentos. The Long Walk, a nova adaptação de Stephen King realizada por Francis Lawrence, estreou com apenas 11 a 12,5 milhões, bem abaixo das expectativas. Já The Conjuring: Last Rites segurou o segundo lugar com 27 milhões, e Downton Abbey: Grand Finale surpreendeu em contraprogramação, com 19,5 milhões.

Menos feliz foi o destino de Spinal Tap II: The End Continues, que abriu com fracos 1,55 milhões apesar do entusiasmo em Hollywood.

Um fenómeno global

Fora dos EUA, Infinity Castle já soma 350 milhões de dólares, a maior parte do Japão, reforçando o estatuto da saga como fenómeno cultural e comercial.

Com esta estreia, Demon Slayer não só garante à Sony o seu maior triunfo do ano, como reafirma o poder crescente do anime no cinema mundial, capaz de rivalizar com os maiores blockbusters de Hollywood.

Roofman: Channing Tatum conheceu Peter Dinklage pela primeira vez… completamente nu

Um encontro inesperado no set

O novo filme Roofman, de Derek Cianfrance, tem dado que falar não apenas pelo enredo insólito — a história verídica de Jeffrey Manchester, um fugitivo que se escondeu nos corredores de uma loja Toys “R” Us — mas também pelos bastidores.

O realizador revelou à People que o primeiro encontro entre Channing Tatum e Peter Dinklage aconteceu durante uma cena em que o ator de Magic Mike estava em “full monty”:

“Há uma grande cena em que o personagem de Peter apanha o Channing a tomar banho a meio da noite. Podemos escrever isso no guião, mas depois alguém tem de o filmar. E o Channing teve de aparecer.”

A primeira impressão

Segundo Cianfrance, não houve duplos nem truques de câmara: Tatum estava realmente nu durante a cena — e esse foi o momento em que Dinklage o viu pela primeira vez.

“Foi divertido ver os dois a interagir dessa forma. Era exatamente a surpresa que eu queria. Mantive os atores afastados antes da rodagem para que a primeira reação fosse genuína. Assim, a primeira vez que Peter viu o Channing foi em full monty.”

Romance e crime num só filme

Apresentado no Festival Internacional de Cinema de TorontoRoofman mistura comédia romântica e drama criminal. No elenco, além de Tatum e Dinklage (que interpreta Mitch, o gerente da loja), está também Kirsten Dunst como Leigh, a funcionária que se envolve com o fugitivo.

O filme chega às salas de cinema dos EUA a 10 de outubro. Em Portugal, a estreia ainda não tem data confirmada, mas é um dos títulos mais comentados da temporada de festivais — tanto pelo seu enredo improvável como pelos momentos inesperados nos bastidores.

MOTELX 2025: Um Dia de Terror, Fantasia e Conversas Incontornáveis

MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa continua a transformar a cidade no epicentro do género, e o programa de hoje promete de tudo: monstros, masterclasses, filmes portugueses, encontros de indústria e até sessões duplas que atravessam gerações do cinema de culto.

Monstros ao Almoço e sustos para todas as idades

A tarde arranca às 13h00, na Sala 3 do Cinema São Jorge, com A Natureza dos Monstros, a terceira coletânea de curtas da secção SectionX. São seis pequenas visões sobre o monstruoso, desde Mother of Dawn até The Masked Monster.

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Logo de seguida, às 14h00 na Sala Manoel de Oliveira, o público mais jovem tem direito a Sustos Curtos M/10, com animações e histórias rápidas como Operation Frankenstein e Apocalypse Dog, provando que o terror também pode ser brincadeira.

Longas em destaque

Às 14h30, na Sala 3, estreia Pig that Survived Foot-and-Mouth Disease, de Hur Bum-Wook, enquanto na mesma hora, na Sala 2, arranca o ciclo de mesas-redondas do MOTELX Lab, dedicado a scouting, financiamento e produção.

Mais tarde, às 15h45 na Sala Manoel de Oliveira, é tempo de competição: Karmadonna, de Aleksander Radivojevic, concorre ao prémio Méliès d’Argent, precedido pela curta Anexado.

Às 16h50, na Sala 3, surge The Home, de Mattias J. Skoglund, e ao final da tarde, às 18h35 na Sala Manoel de Oliveira, estreia A Useful Ghost, do tailandês Ratchapoom Boonbunchachoke, já distinguido em Cannes.

Curtas portuguesas e indústria

O cinema nacional está em evidência às 19h00, na Sala 3, com o segundo programa de curtas em competição pelo Méliès d’Argent: AntenaAmarelo BananaYazzaSequencial e Grito.

À mesma hora, decorre a masterclass da produtora Gale Anne Hurd (de O Exterminador Implacável e Aliens), na esplanada da Cinemateca Portuguesa – um dos momentos mais aguardados do MOTELX Lab.

Noite de culto e convívio

A noite começa com música: às 20h00, o DJ Set de Mário Valente no Lounge do São Jorge anima o público até altas horas. Em paralelo, acontece o Meetup Lab sobre “Um País com Medo do Terror”.

Às 21h05 na Sala 3, estreia Crendices – Quando o Medo Vem das Crenças, realizado pelo coletivo madeirense 4Litro, com convidados presentes. E às 21h25, na Sala Manoel de Oliveira, exibe-se Freaky Tales, da dupla Anna Boden e Ryan Fleck, depois da curta Ilhoa.

Madrugada para os resistentes

O terror não pára: às 23h30, na Sala 3, passa Touch Me, de Addison Heimann, com o realizador presente. À meia-noite, a festa é dupla na Sala Manoel de Oliveira: The Toxic Avenger (2023), de Macon Blair, em estreia nacional, seguido do clássico original de 1984. Uma sessão obrigatória para fãs de gore e humor negro.

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Terror dentro e fora do ecrã

Entre encontros da indústria, cinema português, animação para miúdos e uma sessão dupla histórica, o MOTELX prova hoje porque é um dos festivais mais vibrantes da Europa. O São Jorge será mais uma vez palco de sustos, gargalhadas e descobertas para todos os que ousarem entrar.

Cinemas em Portugal em crise: Quebra histórica em agosto e “Os Mauzões 2” à frente das bilheteiras

Agosto, tradicionalmente um dos meses mais fortes para o cinema em Portugal, trouxe este ano um balanço preocupante: uma quebra de 41,7% no número de espectadores em relação ao mesmo período de 2024. Segundo dados divulgados pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), as salas registaram apenas 962,6 mil bilhetes vendidos, face aos 1,6 milhões do ano passado.

A descida refletiu-se também na receita de bilheteira, que ficou nos 6,24 milhões de euros, menos 39,9% do que em agosto de 2024, quando os valores ultrapassavam os 10 milhões.

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Uma tendência que já vinha de julho

Os sinais de alerta não surgiram do nada. Já em julho, as salas portuguesas tinham registado uma queda de 35,7% no número de espectadores e uma quebra de 31% na receita face ao ano anterior. No acumulado dos primeiros oito meses de 2025, a tendência confirma-se: há uma descida de 6,1% em público e 2,9% em receita relativamente a 2024.

Ainda assim, importa notar que, até julho, o setor conseguia apresentar algum crescimento no comparativo anual, com mais 2,8% em espectadores e 6,7% em receita. Agosto, no entanto, veio inverter o cenário.

“Os Mauzões 2” lidera as preferências

Apesar das dificuldades, algumas produções conseguiram destacar-se. “Os Mauzões 2”, filme de animação de Pierre Perifel, foi o mais visto em agosto, somando 137 mil entradas desde a estreia, a 31 de julho.

No acumulado do ano, a liderança continua nas mãos de “Lilo e Stitch”, realizado por Dean Fleischer Camp, que já atraiu 660 mil espectadores desde a estreia, em maio. Logo a seguir surge “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, com mais de 384 mil bilhetes vendidos desde janeiro.

Cinema português também em destaque

No panorama nacional, “O Pátio da Saudade”, de Leonel Vieira, tornou-se o filme português mais visto do ano, com perto de 55 mil espectadores desde a estreia, a 14 de agosto. A produção ultrapassou “On Falling”, de Laura Carreira, que soma cerca de 13 mil entradas desde março.

O que esperar daqui para a frente?

Os números de agosto deixam clara a vulnerabilidade do setor. Se por um lado há títulos capazes de mobilizar plateias — sobretudo animações e grandes produções norte-americanas —, por outro, a quebra generalizada levanta questões sobre hábitos de consumo, preços de bilhetes e capacidade de atrair públicos num verão marcado por alternativas de lazer ao ar livre.

O desafio será perceber se setembro e os meses seguintes, tradicionalmente mais fortes em estreias de prestígio e blockbusters de outono, conseguem inverter a tendência negativa e devolver fôlego às salas portuguesas.

MOTELX 2025: O Terror Invade Lisboa – Descobre o Programa de Hoje

MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa continua a transformar o Cinema São Jorge (e não só) no epicentro do medo, da irreverência e da celebração cinéfila. Entre longas em competição, sessões especiais, encontros com realizadores e até festas madrugada fora, o programa de hoje é uma verdadeira maratona para quem respira cinema de género.

Curtas ao Almoço para abrir o apetite

O dia arranca às 13h00 na Sala 3, com a sessão Curtas ao Almoço: Internacionais #02, que reúne pequenos grandes sustos vindos de todo o mundo, de Skeeter a The Comedown. É a forma perfeita de aquecer motores para a maratona que se segue.

Tarde de estreias e descobertas

Logo depois, pelas 14h00, o ecrã da Sala Manoel de Oliveira recebe Redux Redux, dos irmãos McManus, um thriller eletrizante da secção Serviço de Quarto. Quase em paralelo, na Sala 3 (14h50), destaca-se The Serpent’s Skin, de Alice Maio Mackay, mais uma aposta do festival em jovens vozes do terror.

Às 16h20, chega uma das propostas mais intrigantes do dia: The Old Woman with the Knife, de Min Kyu-dong, um retrato visceral e inesperado de sobrevivência tardia. Ao mesmo tempo, na Sala 3 (16h50), o público terá nova oportunidade de ver Bulk, do britânico Ben Wheatley, que continua a dividir opiniões e a cimentar o seu lugar na competição Méliès d’Argent.

Final de tarde com encontros e prémios

MOTELX Lab regressa às 18h00 no Lounge, com a conversa Imagens e Reflexos, momento de partilha entre criadores e público. Já às 18h30, a Sala 2 recebe a Cerimónia de Prémios do Digital Film Festival, a secção paralela que olha para o futuro do audiovisual.

Noite de estrelas, clássicos e música

Quando o sol se põe, a programação acelera:

  • 19h00 (Sala Manoel de Oliveira): Her Will Be Done, da francesa Julia Kowalski, em competição e com a realizadora presente.
  • 19h10 (Sala 3): Sessão especial de culto com Tremors, de Ron Underwood – e sim, haverá convidado a apresentar este clássico.
  • 20h30 (Sala 2): Sessão dupla de Norbert Pfaffenbichler com 2551.01 – The Kid e 2551.02 – The Orgy of the Damned, ambas da SectionX.
  • 21h30 (Sala Manoel de Oliveira): The Piano Accident, a mais recente loucura de Quentin Dupieux, precedido pela curta portuguesa Os Terríveis.
  • 21h35 (Sala 3): Buzzheart, de Dennis Iliadis, mais uma longa em competição que promete dividir o público, com o realizador presente.

Enquanto isto, no Lounge Bar, o DJ Set de Bunny O’Williams garante ritmo e ambiente até de madrugada.

Sessões de meia-noite para os mais corajosos

Quem ficar para além da meia-noite terá recompensa:

  • 23h50 (Sala Manoel de Oliveira): Missing Child Videotape, de Ryota Kondo, precedido da curta O Compositor.
  • 00h15 (Sala 3): Anything That Moves, de Alex Phillips, um mergulho alucinante na irreverência da secção Serviço de Quarto.
  • E para quem prefere a noite lisboeta, o MOTELX After Dark ocupa o Incógnito Bar a partir das 23h00.

Um convite impossível de recusar

Entre clássicos revisitados, estreias internacionais e a energia única de Lisboa, o MOTELX 2025 mostra porque é um dos grandes festivais de terror da Europa. Hoje, o programa oferece de tudo: gargalhadas nervosas, medo puro, debates e festa até de manhã.

👉 Se ainda não passou pelo festival, esta é a altura certa. O São Jorge está pronto para mais um dia de cinema que promete arrepiar – e encantar.

First Date de Luís Filipe Borges Triunfa no CineFest em Angola

Quatro prémios em Luanda para a estreia do realizador açoriano

O Jardim Municipal de Viana, em Luanda, foi o palco da consagração de First Date, a primeira curta-metragem de Luís Filipe Borges, que conquistou o grande prémio do CineFest Angola 2025. Rodado integralmente na ilha do Pico, Açores, o filme venceu como Melhor Filme e arrecadou ainda os galardões de Melhor Filme da CPLPMelhor Realizador (para Borges) e Melhor Fotografia (para Diogo Rola).

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“Foi um prazer ter este filme no nosso festival”, destacou Edgar de Carvalho, diretor do Viana CineFest, sublinhando a relevância de uma produção portuguesa num evento que aposta em aproximar o cinema das comunidades angolanas.

Um festival que aproxima o cinema das pessoas

O CineFest, organizado anualmente pela SedFilmes, assume-se como um dos principais dinamizadores do cinema rural em Angola. As sessões ao ar livre, combinadas com mostras temáticas, não só atraem público variado como também incentivam o aparecimento de novos realizadores locais.

Este espírito comunitário e de partilha cultural tornou ainda mais simbólica a vitória de First Date, que, ao contar com raízes açorianas, estabelece pontes entre os países da CPLP através da sétima arte.

Um percurso internacional de peso

A curta de Borges não se fica por Angola. First Date soma já 15 prémios internacionais:

  • Menção Honrosa de Melhor Realizador no Cine Tejo, em Benavente, Portugal;
  • Duas distinções no Loveland Shorts Film Festival, em Ohio (EUA), incluindo “Sweetheart of the Fest” para melhor filme temático e Best First Time Filmmaker para Borges.

Produzido pela Advogado do Diabo e pela MiratecArts, o filme continua o seu percurso por festivais internacionais e pode ser acompanhado através da página oficial no Facebook (FirstDateShortFilm2025).

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Luís Filipe Borges: da escrita ao cinema

Conhecido como argumentista, escritor e humorista, Luís Filipe Borges estreia-se agora na realização cinematográfica com um impacto notável. A aclamação que tem recebido em festivais mostra que First Date não é apenas uma primeira experiência, mas o início promissor de um novo capítulo na carreira do criador açoriano.

Sirât: O Filme Que “Despenteou” Cannes Já Estreou em Portugal

Do choque na Croisette às salas portuguesas

Corrigindo o que escrevemos antes: Sirât, do franco-espanhol Oliver Laxejá estreou em Portugal a 31 de Julho de 2025. Depois de ter conquistado o Prémio do Júri (ex-aequo) em Cannes e de ter sido descrito como “experiência espectacular”, “vertigem” e até “dinguerie” pela crítica francesa, o filme chegou às salas portuguesas no pico do Verão — e não em Setembro. 🎬

Uma viagem alucinada pelo deserto

Rodado em 16 mm, que acentua a textura da imagem e dá uma profundidade cromática rara, Sirât acompanha um pai e o filho mais novo na busca da filha desaparecida pelas montanhas do sul de Marrocos. O caminho cruza-se com um grupo de ravers rumo a uma festa perdida no deserto, e a narrativa transforma-se num road movie alucinatório, onde a paisagem opera como miragem, ameaça e promessa. 🌵

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O cinema do gesto, da luz e do som

Laxe assume um minimalismo radical: os diálogos são escassos; o sentido constrói-se no gesto, na luz e na composição sonora. A banda sonora electrónica/techno funciona como pulso narrativo, convocando uma experiência sensório-imersiva que pede ao espectador atenção ao detalhe e entrega ao ritmo. Não é um filme “sobre” o que se explica; é um filme que se sente. 🎧

Temas: espiritualidade, pertença, fim do mundo (ou começo?)

Entre travessias, ritmos e ruídos, Sirât devolve questões espirituais e existenciais: o que é pertença? que fronteira separa êxtase de vazio? há redenção no fim de linha? A atmosfera por vezes quase apocalíptica sustém o filme na corda bamba entre o transe e a contemplação.

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Para quem é — e por que importa vê-lo em sala

É provável que parte do grande público o ache “radical” ou “contemplativo”. Precisamente por isso, ganha em ecrã grande: pela escala dos planos, pela granulação do 16 mm, pela fisicalidade do som. Para quem procura um cinema que desafia o hábito e reconfigura a percepção, Sirât é obrigatório.

Brooke Hogan Vai ao Lançamento de Documentário Polémico Sobre o Pai Enquanto Nick Hogan Avança com Processo Judicial

Divisão familiar em torno do legado de Hulk Hogan

A morte de Hulk Hogan, em julho deste ano, continua a gerar polémica dentro da própria família do lendário lutador. Enquanto o filho, Nick Hogan, tenta travar judicialmente a estreia de um documentário sobre o escândalo da sex tape do pai, a filha, Brooke Hogan, confirmou a sua presença na primeira exibição do filme em Tampa.

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Intitulado Video Killed The Radio Star: The Untold Story Of The Hulk Hogan Sex Tape Scandal, o documentário foi produzido em parceria com Bubba “The Love Sponge”, ex-amigo próximo de Hogan e figura central no caso.

Brooke defende o projeto e a memória do pai

Brooke justificou a sua decisão como um gesto de solidariedade para com Bubba, que descreve como uma presença constante na vida do pai: “Sei que ele foi um verdadeiro amigo para o meu pai e um tio para nós”, declarou.

A ex-estrela de reality show acrescentou que o documentário ajudará a expor as injustiças do escândalo: “Se há algo que este filme mostra, é que o meu pai foi vítima de um crime. O sistema falhou e deixou os culpados saírem impunes.”

Nick Hogan recorre aos tribunais

Do outro lado, Nick apresentou uma ação judicial para travar o lançamento do filme, alegando que Bubba está a usar a imagem e a marca do pai sem autorização. O filho de Hogan denuncia ainda que o documentário inclui imagens não autorizadas da sex tape, algumas das quais já terão surgido num trailer.

Nick sustenta que a divulgação violaria um acordo confidencial assinado entre Hogan e Bubba em 2012, após o escândalo vir a público.

Questões em torno da morte do lutador

A controvérsia em torno do documentário soma-se às dúvidas levantadas pela família sobre a morte de Hulk Hogan. Brooke chegou a inspecionar pessoalmente o corpo do pai na morgue, temendo que tivesse sido cremado sem autópsia completa, e garantiu que ele ainda estava com a sua icónica bandana.

Já a viúva, Sky Daily, sugeriu possível negligência médica após uma cirurgia ao pescoço realizada em maio. Segundo a família, a operação pode ter danificado um nervo crucial, comprometendo a respiração de Hogan e agravando os problemas cardíacos que levaram à sua morte.

Um legado marcado por glória e polémica

Enquanto fãs e familiares continuam a homenagear a carreira de Hulk Hogan, a estreia do documentário ameaça acentuar divisões internas. Brooke aposta que o filme trará justiça à memória do pai; Nick luta para o impedir.

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Resta saber se o projeto será exibido sem restrições — e como o resto da família reagirá a mais este capítulo de uma história que mistura glória, escândalo e mistério em torno da lenda do wrestling.

MOTELX 2025: Programa de Hoje (10 de Setembro, 2.º Dia do Festival)

MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa segue para o seu segundo dia com um alinhamento de luxo no Cinema São Jorge: clássicos, estreias portuguesas, sessões de competição e convidados de peso. Eis o que pode ver hoje:


Almoço com Terror (13h00 – Sala 3)

Curtas ao Almoço: Internacionais #1

Uma seleção de pequenas pérolas internacionais que mostram a diversidade do género: DefectShadowVowelsGreyingHammer, Wrench & ScrewdriverSammi, Who Can Detach His Body Parts e Based Amy.


Tarde de Experiências e Competição

  • 14h50 – Sala 3A Maldição de Marialva (88’) de António de MacedoUm clássico do cinema fantástico português regressa em cópia especial, integrado na secção Quarto Perdido: O Baile das Bruxas.
  • 15h30 – Sala 2Digital Film Festival: Apresentação FestivalSessão inaugural dedicada às novas linguagens digitais.
  • 15h45 – Sala 2Digital Film Festival: Short Movies & MobileO cinema em formato curto e em suporte móvel em foco.
  • 16h15 – Sala Manoel de OliveiraResut (curta, 12’) + The Ice Tower (118’) de Lucile HadžihalilovićEm competição para o Prémio Méliès d’Argent – Melhor Longa Europeia, com a presença de convidados.
  • 16h30 – Sala 2Digital Film Festival: Webséries (Projetos Piloto)
  • 17h00 – Sala 3Honey Bunch (113’) de Madeleine Sims-Fewer e Dusty MancinelliIncluído na secção Serviço de Quarto, dedicada a cinema ousado e intimista.
  • 17h45 – Sala 2Digital Film Festival: Menção Honrosa
  • 18h00 – Lounge MOTELXMOTELX Lab | Encontros: Imagens e ReflexosConversa dedicada às novas formas de ver e fazer cinema.

Noite de Clássicos, Estreias e DJ Set

  • 19h00 – Sala Manoel de OliveiraAliens: Director’s Cut (154’) de James CameronO regresso em grande ecrã de um dos maiores clássicos da ficção científica e do terror, com convidado especial.
  • 19h30 – Sala 3Curtas Méliès d’Argent PT #01Programa competitivo com Atom & VoidCão SozinhoGardunhaBorbulha e BeNice.
  • 19h45 – Sala 2Alquimia Digital | Curtas: SectionX #02Seleção experimental e arriscada, com títulos como HitoPrimaldial Magma_Zygmutrophooze e The Crust That Came Back To Life.
  • 20h00 – Lounge MOTELXDJ Set: TRËMAO terror também se dança.

Sessões da Noite

  • 21h30 – Sala 2The Killer with a Thousand Eyes (83’) de Juan BoschUm thriller ítalo-espanhol rodado em Lisboa antes do 25 de Abril, exibido na secção Sala de Culto.
  • 21h35 – Sala 3Bulk (91’) de Ben WheatleyEstreia em Portugal de um dos cineastas mais irreverentes do género. Em competição para o Prémio Méliès d’Argent, com a presença do realizador.
  • 22h30 – Sala Manoel de OliveiraArroio Negro (curta, 15’) + A Pianista (98’) de Nuno BernardoSessão especial com a presença do realizador português Nuno Bernardo e do ator Lucas de Lima.
  • 23h55 – Sala 3Mother’s Baby (108’) de Johanna ModerEncerramento da noite com uma longa em competição ao Prémio Méliès d’Argent.

👉 Hoje o MOTELX 2025 oferece uma mistura irresistível: clássicos como Aliens, cinema português em estreia com A Pianista, raridades históricas como The Killer with a Thousand Eyes e até um DJ set para prolongar a noite.

MOTELX 2025 Homenageia Gale Anne Hurd, Produtora de O Exterminador Implacável

Um arranque apocalíptico com Stephen King

Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa (MOTELX) regressa esta semana ao Cinema São Jorge para a sua 19.ª edição, e fá-lo com pompa e sangue novo. O filme de abertura é The Long Walk, adaptação do primeiro romance de Stephen King, realizado por Francis Lawrence (ConstantineThe Hunger Games).

A narrativa transporta os espectadores para uma América totalitária onde jovens são obrigados a participar numa competição mortal de caminhada: parar significa morrer. Um thriller apocalíptico que promete começar o festival com intensidade máxima.

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Prémio Noémia Delgado e homenagem a Gale Anne Hurd

A grande homenageada deste ano é Gale Anne Hurd, produtora e argumentista de clássicos como Aliens – O Reencontro FinalO AbismoArmageddon e, claro, O Exterminador Implacável.

Hurd receberá o Prémio Noémia Delgado para Mulheres Notáveis no Terror, criado para destacar pioneiras muitas vezes esquecidas e dar visibilidade a novos talentos femininos no género. Além da distinção, a produtora vai conduzir uma masterclass em Lisboa.

O prémio leva o nome da realizadora e poeta Noémia Delgado (1933-2016), referência no cinema português fantástico e no género feito por mulheres.

O terror português em destaque

O MOTELX mantém a tradição de dar palco ao cinema nacional, com três longas-metragens em competição pelo Prémio Méliès d’Argent – Melhor Longa Europeia:

  • Sombras, estreia de Jorge Cramez no terror;
  • A Pianista, de Nuno Bernardo;
  • Crendices, o primeiro filme de terror inteiramente madeirense, realizado pelo grupo humorístico 4Litro.

Na competição de curtas portuguesas, 12 obras exploram temas que vão desde a precariedade habitacional em O Próximo Passo (Pedro Batalha) até à saúde mental em Resut (Mafalda Jacob).

Cinema internacional e descobertas raras

O cartaz internacional é vasto e inclui títulos como A Useful Ghost (premiado em Cannes), Opus (estreia de Mark Anthony Green, com Ayo Edebiri e John Malkovich), o brasileiro Enterre Seus Mortos de Marco Dutra e ainda Freaky Tales (Anna Boden e Ryan Fleck) e The Toxic Avenger de Macon Blair.

Um dos destaques curiosos é Los mil ojos del asesino, thriller ítalo-espanhol rodado em Lisboa antes do 25 de Abril de 1974, agora exibido pela primeira vez em Portugal.

O Japão também ganha espaço na programação com títulos como Chime de Kiyoshi Kurosawa, Hotspring Sharkattack de Morihito Inoue e New Group de Yuta Shimotsu.

Convidados e encerramento

Entre os convidados estão nomes de peso como Ben WheatleyDennis IliadisJulia Kowalski, o produtor Rodrigo Teixeira e o austríaco Norbert Pfaffenbichler, que apresenta a sua trilogia 2551.

O festival termina a 15 de setembro com The Home, novo filme de James DeMonaco, criador da saga The Purge, passado numa casa de repouso para idosos.

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Lisboa como palco do terror

O Cinema São Jorge, a Cinemateca Portuguesa e os Jardins do Bombarda são os principais espaços de exibição e atividades paralelas. Como sempre, o MOTELX reforça-se como um dos grandes festivais europeus dedicados ao género, onde o medo, a memória e a inovação caminham lado a lado.

Critterz: OpenAI Quer Levar o Primeiro Filme Feito com IA ao Festival de Cannes

Inteligência artificial no grande ecrã

OpenAI está a dar um salto inédito: depois de revolucionar a escrita e a criação de imagens, a empresa aposta agora no cinema. O projeto chama-se Critterz, um filme de animação que pretende provar que a inteligência artificial consegue produzir longas-metragens mais rápidas e baratas do que os métodos tradicionais.

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Segundo o Wall Street Journal, o objetivo é claro: mostrar em Cannes que a IA também pode competir no grande ecrã.

Da curta ao filme de animação

A ideia nasceu em 2023, quando Chad Nelson, especialista criativo da OpenAI, realizou uma curta-metragem com recurso ao DALL-E, o gerador de imagens da empresa. Três anos depois, decidiu expandir o conceito e transformar a experiência num filme de animação completo.

A história acompanha um grupo de criaturas da floresta que parte numa grande aventura. O guião contou com contributos de membros da equipa criativa de Paddington in Peru.

A produção junta a OpenAI aos estúdios Vertigo e Native Foreign, especializados em projetos que cruzam ferramentas de IA com técnicas tradicionais de animação.

Um processo acelerado e low budget

O orçamento de Critterz é inferior a 30 milhões de dólares, valor bastante abaixo dos custos médios de uma animação de estúdio. A diferença não está apenas no dinheiro: a equipa espera concluir a produção em nove meses, em vez dos habituais três anos.

“OpenAI pode fazer demonstrações do que os seus sistemas conseguem, mas um filme é uma prova muito mais convincente”, explicou Nelson.

Além de ChatGPT-5 e modelos de geração de imagem, a produção também contará com artistas responsáveis por croquis iniciais e atores contratados para dar voz às personagens.

Uma estreia com ambição

O filme está em produção e a equipa espera apresentar a versão longa no Festival de Cannes, antes de uma estreia em sala prevista para 2026. Caso seja bem-sucedido, Critterz poderá acelerar a adoção de IA em Hollywood, abrindo portas a criadores com menos recursos.

Uma indústria em debate

Apesar do entusiasmo tecnológico, o tema continua controverso. Em 2023, sindicatos de atores em Hollywood entraram em greve precisamente para exigir salvaguardas contra o uso da IA na escrita de guiões e na clonagem de vozes e imagens.

Além disso, grandes estúdios como DisneyNBC Universal e Warner Bros. Discovery moveram processos contra empresas como a Midjourney, acusando-as de usar material protegido por direitos de autor para treinar os seus modelos.

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Seja como for, Critterz poderá tornar-se o primeiro grande teste da inteligência artificial nas luzes da ribalta de Cannes.

Dust Bunny: O Conto Sombrio de Bryan Fuller Que Sigourney Weaver Considera um “Clássico Instantâneo”

A estreia de Fuller na realização chega com polémica classificação

O criador de Hannibal e Pushing DaisiesBryan Fuller, apresentou no Festival de Toronto 2025 o seu primeiro filme como realizador, Dust Bunny, uma fantasia sombria que mistura inocência infantil e monstros debaixo da cama. A história acompanha uma rapariga (Sophie Sloan) que pede ajuda ao vizinho (interpretado por Mads Mikkelsen) para matar a criatura escondida no quarto que devorou a sua família.

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Apesar da premissa sinistra, tanto Fuller como Sigourney Weaver — que também integra o elenco — defendem que o filme foi pensado como uma experiência para toda a família. Porém, a produção recebeu uma classificação R (restrita a maiores de 17 anos), algo que deixou a atriz particularmente desapontada.

“Eu gostaria que qualquer criança visse este filme, porque está cheio de esperança. Para mim, é um clássico instantâneo para crianças”, afirmou Weaver, criticando a decisão que se deveu a uma “lesão não letal com uma escova de dentes”.

Um conto de fadas às avessas

Inspirado num conceito que Fuller chegou a propor para a antologia Amazing Stories, de Steven Spielberg, Dust Bunnyevoluiu para cinema quando o realizador decidiu dar o salto da televisão para a realização. “Sempre senti que dirigir, enquanto showrunner, era irresponsável porque desviava atenção da escrita e da produção. Mas percebi que tinha de evoluir”, explicou.

Com Dust Bunny, Fuller quis criar um mundo em que o público acreditasse que a fantasia é real, rejeitando o modelo de O Feiticeiro de Oz, onde tudo acaba como um sonho. “Queria que as pessoas saíssem a acreditar que aquilo aconteceu mesmo”, disse.

Esperança no meio da escuridão

Apesar do tom sombrio, Fuller e Weaver garantem que o filme tem uma mensagem profundamente positiva. “Todos tivemos infâncias complicadas”, afirmou o realizador. “Quero dar às pessoas esperança de que há sempre uma saída.”

Weaver partilha a visão: “A protagonista não é destruída pela sua infância difícil. Pelo contrário, aprende a mudar o mundo à sua volta. É emocionante e até curativo — mesmo para alguém mais velho e traumatizado como eu”, disse com humor.

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Estreia marcada para dezembro

Com estreia em sala agendada para dezembro de 2025Dust Bunny promete dividir opiniões entre quem vê na sua classificação R um obstáculo e quem acredita no potencial de um novo clássico familiar. Mas, segundo a própria Weaver, a fantasia sombria de Fuller tem todos os ingredientes para encantar: “É um conto de fadas original, vibrante e cheio de energia.”

Matthew McConaughey Escondeu o Apelido Para o Filho Conseguir Papel em The Lost Bus

Uma estreia em família no Festival de Toronto

Festival Internacional de Cinema de Toronto foi palco de uma revelação inesperada: Levi McConaughey, filho de Matthew McConaughey, estreia-se no cinema ao lado do pai em The Lost Bus. O detalhe curioso? O jovem de 17 anos conseguiu o papel sem que o realizador Paul Greengrass soubesse da ligação familiar, já que o ator pediu que o apelido fosse retirado durante o processo de audições.

“Levi, vem cá, rapaz”, disse McConaughey durante a apresentação do filme, chamando o filho ao palco do Princess of Wales Theatre, onde foi recebido com uma ovação entusiástica.

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Como tudo aconteceu

O ator contou que o interesse partiu do próprio filho, quando este percebeu que a história tinha um personagem da sua idade:

“Ele perguntou-me: ‘Achas que eu podia ler para esse papel?’ No início não respondi. Mas ele voltou quatro vezes a insistir. Só aí percebi que estava realmente empenhado.”

McConaughey gravou uma cena com o filho e enviou à diretora de casting Francine Maisler, pedindo apenas um favor: que retirasse o apelido do jovem para evitar favoritismos. O vídeo chegou a Greengrass que, impressionado, disse: “Esse é o rapaz certo, é o filho!” Só depois soube que se tratava do verdadeiro filho de McConaughey — e achou ainda melhor.

Um filme baseado em factos reais

The Lost Bus recria a história verídica de 2018, quando o motorista Kevin McKay e a professora Mary Ludwig ajudaram um autocarro cheio de crianças a escapar ao devastador incêndio de Camp Fire, na Califórnia.

O elenco conta ainda com America Ferrera, e a produção tem nomes de peso como Jason Blum e Jamie Lee Curtis. Foi precisamente Curtis quem descobriu a história através de um artigo de jornal e, convencida do seu potencial, levou-a a Blum para transformar em filme.

Durante a apresentação, Curtis partilhou ainda uma curiosa coincidência: o pai de Mary Ludwig chegou a namorar com a sua mãe, Janet Leigh (Psico), quando esta ainda usava o nome Jeanette Helen Morrison, em Merced, Califórnia. “Senti que era destino”, comentou.

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Estreia já marcada

The Lost Bus terá estreia limitada nos cinemas a 19 de setembro, antes de chegar ao streaming a 3 de outubro, na Apple TV+. Para McConaughey, além de um novo projeto marcante, este filme ficará para sempre associado à estreia do filho no grande ecrã.

Brendan Fraser Emociona-se com Rental Family: “Precisamos de ver este filme mais do que nunca”

Um aplauso de pé em Toronto

Brendan Fraser voltou a emocionar-se em palco. O ator, que em 2022 venceu o Óscar por The Whale, foi aplaudido de pé no Festival Internacional de Cinema de Toronto após a estreia mundial de Rental Family, realizado por Hikari (Beef37 Seconds). Visivelmente comovido, Fraser destacou a importância do tema central da obra: a família que encontramos, e não apenas a que nos é dada à nascença.

“Sabia que esta história era única. É algo que precisamos de ver no ecrã. E, corrijam-me se estiver errado, acho que precisamos de ver este filme agora mais do que nunca”, disse o ator perante uma plateia entusiasmada no Royal Alexandra Theatre.

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Uma história sobre solidão, pertença e famílias improváveis

Em Rental Family, Fraser interpreta Philip, um ator americano solitário a viver em Tóquio. Sem conseguir vingar na carreira, encontra trabalho numa agência de “famílias de aluguer”, onde atores assumem papéis de substituição na vida dos clientes — ajudando-os a lidar com perdas, traumas ou carências emocionais.

Entre as funções mais insólitas de Philip estão ser jornalista fictício para dar visibilidade a um ator idoso, fingir-se de enlutado num funeral para reconfortar um cliente ou até encarnar o pai ausente de uma menina que procura apoio.

É através desse trabalho moralmente complexo que Philip acaba por redescobrir propósito e um sentimento de pertença.

A ligação de Hikari ao projeto

A realizadora Hikari revelou que a sua experiência pessoal foi determinante para o filme. Chegou aos Estados Unidos aos 17 anos, sem dominar a língua ou a cultura: “Eu era a única rapariga asiática naquela cidade de Utah. Tive de aprender inglês e integrar-me. Por isso, pensei: e se invertêssemos? O que acontece quando levamos um americano a Tóquio e ele é o único diferente na sala?”

Sobre Fraser, Hikari contou que a decisão foi imediata: depois de o ver em The Whale — ainda que apenas através de uma videochamada, devido à COVID-19 — sentiu que tinha encontrado o ator ideal para Philip.

“Quando ele começou a falar, o meu coração disse: ‘Encontrei o meu Philip’. E foi isso.”

Fraser sobre Hikari: “uma visão única e transformadora”

O ator também não poupou elogios à realizadora: “Quero que saibam o quão única e especial ela é. A importância da sua visão enquanto cineasta e artista vai deixar marca e provocar mudanças positivas. Espero que este filme inspire as pessoas a aceitarem-se umas às outras com mais autenticidade.”

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Com estreia marcada nos cinemas para 21 de novembroRental Family conta ainda com Takehiro HiraMari YamamotoShannon Gorman e Akira Emoto no elenco.

Good Fortune: A Comédia de Aziz Ansari Que Divide Críticos em Toronto

Apresentado no Festival de TorontoGood Fortune marcou o regresso de Aziz Ansari como realizador, argumentista e protagonista. Depois de vários anos afastado do grande ecrã e após o colapso do seu projeto anterior (Being Mortal), Ansari reuniu Seth RogenKeke Palmer e Keanu Reeves para dar vida a uma comédia de troca de corpos com ambições sociais.

Apesar da expectativa, a receção internacional tem sido morna. A crítica elogia as intenções, mas aponta a falta de ritmo e de gargalhadas como os principais problemas do filme.

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Uma premissa com potencial

A história acompanha Arj (Ansari), um editor de documentários que sobrevive a trabalhos precários e dorme no carro, até cruzar-se com o milionário da tecnologia Jeff (Rogen). A intervenção divina surge através de Gabriel, um anjo interpretado por Keanu Reeves, que decide trocar as vidas dos dois.

O objetivo é mostrar que a riqueza não resolve todos os problemas, mas o plano sai ao contrário: Arj recusa-se a abdicar do luxo, e o enredo mergulha em caos cómico.

O que dizem as críticas internacionais

Segundo as primeiras análises publicadas em meios estrangeiros, Good Fortune sofre com um tom inconsistente. O jornal The Guardian sublinha que o filme tem “nobres intenções” ao abordar as desigualdades sociais, mas “não arranca grandes gargalhadas”.

A crítica nota que o estilo de humor de Ansari, mais associado à ironia e observação subtil em Master of None, não se adapta com facilidade a uma comédia de alto conceito. A estrutura solta, as regras pouco claras da troca de corpos e a edição apressada deixam o filme “sem ritmo e repetitivo”.

O elenco, no entanto, recebe elogios: Ansari continua carismático, Rogen é sempre uma presença sólida e Reeves diverte ao satirizar a própria imagem, embora a piada se esgote depressa. Já Keke Palmer é considerada “encantadora mas subaproveitada”, num papel que poderia ter acrescentado maior profundidade política.

Entre intenções e resultados

As reações convergem na mesma conclusão: Good Fortune tem o coração no sítio certo e levanta questões relevantes sobre precariedade laboral e desigualdade, mas não consegue equilibrar a mensagem com o humor. O resultado é visto como uma obra simpática, mas irregular, que não devolve à comédia o impacto que Ansari pretendia.

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A estreia comercial está marcada para 17 de outubro, com a dúvida sobre como o público reagirá a este regresso do género às salas.

Festival de Veneza: Um Palmarés Emocionante e Sem Polémicas

Uma cerimónia histórica marcada pela emoção e pela política

A 82.ª edição do Festival de Veneza fechou com uma das cerimónias mais comoventes e politicamente ativas de que há memória. O mais antigo festival de cinema do mundo viveu um momento sem precedentes quando Pierbattista Pizzaballa, patriarca de Jerusalém, surgiu em direto da Terra Santa para apelar ao fim das hostilidades em Gaza. Foi o culminar perfeito de uma noite em que vencedores e jurados mostraram que o cinema não vive isolado da realidade — nem das guerras, nem das crises humanitárias.

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Jim Jarmusch, ao receber o Leão de Ouro por Father Mother Sister Brother, lembrou que nem sempre um filme precisa de falar de política para ser político. Já a realizadora tunisina Kaouther Ben Hania fez questão de o sublinhar de forma direta, emocionando a Sala Grande com The Voice of Hind Rajab, distinguido com o Leão de Prata – Grande Prémio do Júri. O seu discurso, centrado na tragédia de Gaza, arrancou uma ovação de pé que ficará para a história da Mostra.

Interpretações premiadas de Itália à China

O júri, presidido por Alexander Payne, conseguiu um equilíbrio raro e um consenso quase unânime. Toni Servillo foi distinguido pelo papel de Presidente da República Italiana em La Grazia, de Paolo Sorrentino, que abriu o festival. Do outro lado do mundo, a atriz chinesa Xin Zhilei brilhou intensamente em The Sun Rises on Us All, um melodrama intenso de Cai Shangjun exibido no último dia, garantindo ao Extremo Oriente uma presença de peso no palmarés.

Argumento francês e wrestling americano

O prémio de Melhor Argumento foi para França, através da dupla Valérie Donzelli e Gilles Marchand por À pied d’œuvre. Já os Estados Unidos marcaram presença com o surpreendente Leão de Prata para Melhor Realização entregue a Benny Safdie, que levou a Veneza o improvável universo do wrestling em The Smashing Machine. O realizador não escondeu o espanto — e a gratidão — por ver o seu filme distinguido num festival tradicionalmente mais dado a dramas intimistas e obras autorais.

Documentário italiano e o futuro da Mostra

Outro momento alto foi o Prémio Especial do Júri para Gianfranco Rosi, que com Sotto le Nuvole ofereceu um olhar profundo sobre Nápoles. O reconhecimento ao documentário — género tantas vezes ofuscado pela ficção — reforçou o carácter equilibrado e plural deste palmarés.

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O festival, que nasceu sob a égide do regime fascista, sobreviveu à guerra, à turbulência de 1968 e a muitas crises. Agora, aproxima-se o fim do ciclo de Alberto Barbera como diretor, deixando em aberto o futuro da liderança da Mostra. Mas uma coisa é certa: Veneza mantém-se como palco maior do cinema mundial, capaz de juntar política, emoção e arte numa só celebração.

Wake Up Dead Man: O Regresso Mais Negro (e Mais Divertido) de Benoit Blanc

Um novo mistério com humor negro e ecos de Edgar Allan Poe

Daniel Craig volta a vestir o fato impecável de Benoit Blanc em Wake Up Dead Man, a terceira entrada da saga Knives Out, realizada por Rian Johnson. Mas desta vez, a surpresa vem de Josh O’Connor, que praticamente rouba o protagonismo ao interpretar o irreverente Padre Jud Duplenticy, um ex-pugilista transformado em padre como forma de penitência após um surto violento.

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O cenário não podia ser mais literário: Chimney Rock, uma aldeia que parece saída de um romance de Agatha Christie, com a sua igreja neo-gótica, cemitério sombrio e um ar de que demasiado sangue já ali foi derramado. Ao lado de O’Connor surge Josh Brolin como Monsenhor Jefferson Wicks, um clérigo selvagem e cínico, que adiciona ainda mais fogo a esta mistura insólita.

O equilíbrio entre o gótico e a comédia

Johnson afirmou que queria regressar às raízes do género policial, evocando nomes como Edgar Allan Poe. O filme mergulha nesse imaginário gótico, entre enterros inquietantes, personagens assombradas pela culpa e até grafitis irreverentes num mausoléu. Mas, ao mesmo tempo, consegue ser a entrada mais divertida e brincalhona da série.

Há diálogos mordazes, humor inesperado e uma autêntica dança entre referências literárias e cinematográficas que tornam esta experiência tão intrigante quanto divertida. A morte (ou mortes) está sempre em pano de fundo, mas o riso surge com naturalidade.

Benoit Blanc como maestro da intriga

Apesar de Josh O’Connor ser o verdadeiro motor narrativo do filme — ora cómico, ora sério, sempre magnético — Daniel Craig continua a dominar o ecrã. O seu Blanc surge com o habitual sotaque do sul, o charme elegante e a confiança descontraída de quem conduz a narrativa como um maestro.

Curiosamente, com cada novo filme, Blanc aparece menos em cena, assumindo o papel de guia, quase como um narrador que nos leva pelas veredas tortuosas de personagens enredadas e suspeitas. Aqui, até recruta o Padre Jud para ajudá-lo a deslindar o que ficou conhecido como o “assassinato de Sexta-Feira Santa”.

Rian Johnson no auge da sua forma

Com Wake Up Dead Man, Rian Johnson demonstra estar mais confiante do que nunca. Consegue pegar nos velhos clichés do género e reinventá-los com frescura, mantendo o mistério vivo e a audiência rendida. O resultado é o filme mais negro, mais ousado e, paradoxalmente, o mais divertido de toda a franquia Knives Out.

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Preparem-se: este é um mistério que faz rir, arrepiar e pensar — muitas vezes em simultâneo.