Chris Pratt podia ter entrado sem abdómen definido, havia Play-Doh como prémios no set, e a música dos anos 70 ditava o ritmo de filmagens. Eis os bastidores mais inesperados do sucesso cósmico da Marvel.
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Em 2014, poucos esperavam que um grupo de super-heróis desconhecidos, que incluía um guaxinim falante e uma árvore de vocabulário limitado, viesse a redefinir o cinema de ação da Marvel. Mas foi exatamente isso que Guardiões da Galáxia fez — e em grande parte graças ao génio excêntrico do realizador James Gunn.
Num misto de irreverência, bom gosto musical e liderança criativa… com cheirinho a infância, Gunn criou um ambiente tão peculiar quanto o filme em si. E os bastidores são tão deliciosos que dariam um spin-off só por si.
Chris Pratt: de barriga cheia para barriga lisa (ou não)
Segundo James Gunn, o papel de Peter Quill / Star-Lord estava praticamente garantido para Chris Pratt desde a audição. O desempenho foi tão bom que o realizador chegou a dizer que o contrataria mesmo que o ator não perdesse peso — e, se fosse preciso, usaria efeitos especiais para criar um six-pack digital.
Mas Pratt não quis facilitar. Pediu seis meses para perder cinquenta libras (cerca de 23 kg)… e acabou por perder sessenta. Um verdadeiro superpoder.
A banda sonora que moldou o guião
Um dos grandes trunfos da saga é, sem dúvida, a sua banda sonora. Gunn revelou que fez uma seleção criteriosa de canções dos anos 70 a partir das tabelas da Billboard. O realizador começou com 120 faixas, das quais surgiram os hinos que deram alma ao filme — com destaque para o seu favorito: “I Want You Back”, dos Jackson 5.
Mais do que decorativa, a música foi inspiradora: cenas inteiras foram escritas ou filmadas ao som das faixas escolhidas, criando momentos inesquecíveis como a introdução dançante de Star-Lord ou o combate final com um “Dance-Off” intergaláctico.
O irmão multifunções: Sean Gunn como Rocket e Kraglin
O irmão de James, Sean Gunn, teve papel fundamental nas filmagens, mesmo que muitos não se tenham apercebido. Além de interpretar o pirata espacial Kraglin, Sean foi stand-in para Rocket Raccoon — permitindo aos atores contracenar com uma presença real antes da personagem ser criada digitalmente.
A escolha foi estratégica e emocional: “Sabia que podia confiar nele enquanto não tínhamos a versão final de Rocket”, explicou James Gunn. Só mais tarde é que Bradley Cooper foi escolhido para dar voz ao guaxinim.
Play-Doh, prémios e espírito de equipa
Quem trabalhou com Gunn sabe que criatividade e bom ambiente são parte do seu ADN. Durante os 85 dias de filmagem, o realizador manteve um hábito peculiar: distribuía potes de Play-Doh a quem tivesse feito algo verdadeiramente incrível — fosse ator, assistente ou técnico de som.
“O cheiro do Play-Doh põe-me num estado criativo e infantil”, confessou Gunn.
Resultado: foram distribuídos 40 potes entre uma equipa de 200 pessoas.
Presentes de campeões galácticos
A boa disposição não acabou nas filmagens. No final da produção:
- Gunn ofereceu a Dave Bautista um lunchbox de Drax para juntar à sua coleção vintage;
- Bautista retribuiu com um gesto à altura: belts de campeão da WWE personalizados para Pratt e Zoe Saldaña.
Resultado? Um Clássico Moderno da Marvel
Entre escolhas musicais improváveis, amizades reais, homenagens discretas e um potinho de Play-Doh como símbolo de reconhecimento, James Gunn criou muito mais do que um blockbuster — criou uma família de personagens (e atores) que continua a conquistar gerações de fãs.
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E a verdade é que talvez só alguém que vê superpoderes num brinquedo de plasticina conseguisse transformar os Guardiões numa das sagas mais amadas do MCU.