A Netflix enfrenta agora um processo judicial depois de um tribunal ter decidido que a série “Baby Reindeer” foi apresentada erroneamente como baseada em factos reais. Fiona Harvey, a mulher cuja história inspirou a personagem Martha na série, acusou a plataforma de streaming de difamação, processando a Netflix em 170 milhões de dólares (cerca de 156 milhões de euros). A decisão foi proferida na passada sexta-feira pelo juiz distrital Gary Klausner, que rejeitou a moção da Netflix para encerrar o processo.

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O tribunal concluiu que a série, apesar de afirmar que se baseia numa história real, incluiu distorções significativas dos eventos, piorando os factos da vida real. O juiz apontou que a Netflix não fez qualquer esforço para confirmar a veracidade dos factos ou disfarçar a identidade da personagem Martha, algo que acabou por incitar os espectadores a identificar Fiona Harvey nas redes sociais. Esta situação levou a que Harvey fosse alvo de ameaças de morte, facto reconhecido pelo tribunal.

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Distorção dos Factos

A série “Baby Reindeer” acompanha a história de Richard Gadd, que interpreta uma versão fictícia de si mesmo, onde a sua personagem (Donny Dunn) é assediada por Martha, uma mulher que lhe enviou milhares de e-mails ameaçadores. Embora a série apresente eventos dramáticos e violentos, o tribunal considerou que muitas das ações atribuídas a Martha são “piores” do que as ocorridas na realidade. O juiz Gary Klausner sublinhou que existe uma grande diferença entre perseguição e agressão física grave, como é retratado na série, afirmando que os factos da vida real foram exagerados e deturpados de maneira a influenciar negativamente a perceção do público sobre a verdadeira Fiona Harvey.

A Identidade de Harvey nas Redes Sociais

Apesar de o nome de Fiona Harvey nunca ser mencionado na série, o público rapidamente conseguiu identificar a mulher na vida real. Isto resultou numa onda de assédio nas redes sociais, que incluiu ameaças à sua segurança. O tribunal responsabilizou a Netflix por não ter tomado as devidas precauções para evitar que a identidade de Harvey fosse descoberta pelos espectadores. O juiz afirmou que a plataforma deveria ter sido consciente do impacto potencial das “falsas declarações” e da “representação da queixosa” através da personagem Martha.

Processo de 170 Milhões de Dólares

Fiona Harvey decidiu processar a Netflix por difamação, exigindo uma indemnização de 170 milhões de dólares. A sua queixa alega que a série prejudicou gravemente a sua reputação e lhe causou danos psicológicos e emocionais. O tribunal aceitou que Harvey pode prosseguir com o processo, dado o impacto negativo que a série teve na sua vida e a falta de esforço por parte da Netflix para investigar a veracidade dos factos ou proteger a sua identidade.

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Desde o lançamento de “Baby Reindeer” na Netflix, o criador da série, Richard Gadd, apelou ao público para que deixasse de tentar identificar as pessoas da vida real que inspiraram a série. Gadd afirmou que, se quisesse que as pessoas reais fossem expostas, teria optado por fazer um documentário em vez de uma série ficcional.

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