O mundo da fotografia e da publicidade perdeu um dos seus nomes mais marcantes. Oliviero Toscani, o visionário fotógrafo italiano que chocou, inspirou e desafiou convenções com as suas campanhas para a Benetton, morreu aos 82 anos.

A família do artista confirmou o falecimento nesta segunda-feira, 13 de janeiro de 2025, devido a complicações de amiloidose, uma doença incurável que provoca o acúmulo anormal de proteínas no corpo. Toscani já havia revelado publicamente o seu diagnóstico em agosto, mencionando que havia perdido 40 quilos.

Com uma carreira marcada por campanhas provocativas e muitas vezes polémicas, Toscani não foi apenas um fotógrafo de moda — foi um contador de histórias visuais que usou a publicidade como uma forma de ativismo.

A Arte da Controvérsia – Como Toscani Transformou a Publicidade 📢📸

O nome Oliviero Toscani está inevitavelmente ligado à Benetton, marca para a qual trabalhou durante mais de duas décadas como diretor de arte. Mas os seus anúncios iam muito além da moda. Ele usava a fotografia para provocar, desafiar tabus e questionar a sociedade, muitas vezes chocando o público.

Os seus temas iam desde racismo, desigualdade social, violência policial, pena de morte, SIDA e até a máfia italiana. Muitas das suas campanhas foram censuradas, outras foram debatidas em tribunais, mas todas cumpriram o propósito principal: fazer com que as pessoas falassem sobre os problemas do mundo.

Entre as suas campanhas mais icónicas, destacam-se:

O leito de morte de David Kirby (1992) – Uma das imagens mais impactantes da sua carreira. Toscani utilizou a fotografia de um homem portador de SIDA nos seus últimos momentos de vida, rodeado pela família. Publicada no auge da crise da doença nos EUA, a campanha gerou enorme polémica, mas também trouxe visibilidade à luta contra a epidemia.

Os lábios de uma mulher negra e branca a beijarem-se (1991) – Uma imagem que celebrava a diversidade racial, mas que foi considerada “demasiado ousada” por algumas publicações.

Três corações humanos (1996) – Um anúncio que mostrava três corações humanos com as palavras “branco”, “negro” e “amarelo”, destacando que, biologicamente, somos todos iguais.

Prisioneiros no corredor da morte (2000) – Toscani fotografou condenados à pena capital nos EUA para uma campanha da Benetton. Foi o suficiente para que a empresa perdesse contratos e fosse alvo de protestos.

Toscani: Um Fotógrafo ou um Provocador?

Para Toscani, a fotografia era muito mais do que apenas estética. Ele acreditava que a publicidade tinha um poder enorme e que deveria ser usada para consciencializar, não apenas para vender produtos.

“Se a publicidade pode convencer as pessoas a comprar coisas de que não precisam, também pode levá-las a refletir sobre aquilo que realmente importa”, disse ele numa das suas entrevistas mais célebres.

E foi exatamente isso que fez ao longo da sua carreira. Enquanto outras marcas apostavam em modelos sorridentes e cenários idílicos, Toscani usava a sua lente para capturar a realidade — nua, crua e, muitas vezes, desconfortável.

Mas o seu trabalho não se limitou à moda. Toscani também fotografou para revistas como Vogue, GQ, Harper’s Bazaar e Elle, além de dirigir projetos artísticos e sociais.

O seu estilo era inconfundível: cores fortes, composições simples e mensagens diretas. Muitas das suas imagens pareciam simples à primeira vista, mas escondiam significados profundos e controversos.

O Legado de Toscani e o Impacto no Mundo da Publicidade 🎨🖼️

A influência de Oliviero Toscani na publicidade moderna é inegável. Antes dele, poucas marcas ousavam abordar temas sociais de forma tão direta. Hoje, campanhas que abordam questões como racismo, LGBTQ+, ambientalismo e feminismo são comuns — e muito desse caminho foi aberto pelo seu trabalho na Benetton.

Mas a sua abordagem também lhe custou caro. As campanhas dividiram opiniões, levaram a processos judiciais e, em 2000, resultaram no seu afastamento da Benetton, depois da polémica sobre os prisioneiros no corredor da morte. Toscani, no entanto, nunca pediu desculpa. Para ele, a arte precisava de provocar para ser relevante.

Nos últimos anos, dedicou-se a outros projetos fotográficos, dirigiu documentários e lançou livros, mas a sua identidade como criador irreverente manteve-se intacta até ao fim.

Conclusão: Toscani Deixou o Mundo Mais Colorido e Consciente 🌎📷

A morte de Oliviero Toscani marca o fim de uma era na fotografia publicitária. Mas o seu legado continua vivo nas imagens que capturou e nas conversas que gerou.

Se hoje a publicidade se atreve a tocar em temas sociais, é porque alguém, um dia, decidiu que vender camisolas não bastava — era preciso vender ideias.

Descansa em paz, Toscani. O teu olhar continua connosco. 🖤

 
 
 
 
 
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