
O cinema vai ganhar nova vida nos próximos meses em Lisboa — e não será numa sala escura, mas sim no palco do Teatro Camões, onde a música de filmes icónicos será interpretada ao vivo por orquestras de excelência. A programação especial do Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC), dedicada à sétima arte, leva o público numa viagem sonora que une grandes compositores e cineastas numa celebração da magia cinematográfica.
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Entre os destaques, brilha com força o cine-concerto de “O Grande Ditador” (1940), de Charles Chaplin, que será exibido em cópia restaurada nos dias 30 e 31 de maio, com acompanhamento musical da Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida pelo maestro norte-americano Timothy Brock.
Chaplin, o músico escondido por detrás do génio
Mais do que realizador e actor, Chaplin foi também compositor, e este filme — uma sátira mordaz ao totalitarismo e à intolerância — é uma oportunidade única para redescobrir o seu talento musical. O programa destaca duas peças orquestrais usadas por Chaplin com rara sensibilidade: a “Dança Húngara n.º 5”, de Brahms, e o “Prelúdio de Lohengrin”, de Wagner, que acompanham sequências mudas, em claro tributo às origens do cinema.
É também a última vez que Charlot aparece no ecrã, no papel de um barbeiro judeu confundido com o ditador Adenoid Hynkel — uma duplicidade que ressoa mais do que nunca.
Música para Filmes: de Hitchcock a Lucas
Antes do encontro com Chaplin, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, desta vez sob a batuta de José Eduardo Gomes, apresenta no dia 18 de maio, no Parque Eduardo VII, o concerto “Música para Filmes”, uma homenagem a parcerias artísticas lendárias entre realizadores e compositores:
- Bernard Herrmann & Alfred Hitchcock – Vertigo: Suíte
- Ennio Morricone & Sergio Leone – Era Uma Vez na América
- Nino Rota & Federico Fellini – Oito e Meio
- John Williams & George Lucas – Guerra das Estrelas
- John Barry & Sydney Pollack – África Minha
- Leonard Bernstein & Robert Wise – West Side Story
Uma seleção de luxo que promete emocionar qualquer cinéfilo — sobretudo quando interpretada por uma orquestra ao ar livre, no coração de Lisboa.
De Bernstein ao musical na Figueira da Foz
A homenagem à música no ecrã não fica por aqui. A 21 de junho, o musical “Wonderful Town”, de Leonard Bernstein, sobe ao palco do Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, com encenação musical de Joana Carneiro e um elenco de luxo: Laura Pitt-Pulford, Lara Martins, Luís Rodrigues, entre outros, acompanhados pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
O espetáculo será repetido no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz a 28 de junho. O musical, baseado em contos autobiográficos de Ruth McKenney, teve uma versão televisiva em 1958 com Rosalind Russell, embora nunca tenha chegado ao grande ecrã.
Numa época em que a música dos filmes muitas vezes passa despercebida, o Teatro Nacional de S. Carlos faz um gesto grandioso: coloca a partitura no centro da narrativa cinematográfica, e devolve-lhe a grandiosidade que merece — ao vivo, em palco, para um público que ainda sabe escutar com o coração.
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