Superman, o Imigrante: Entre a Esperança de James Gunn e a Polémica

Está longe de ser apenas mais um filme de super-heróis. O novo Superman, realizado por James Gunn e protagonizado por David Corenswet, chega às salas esta quinta-feira, 11 de Julho, com uma missão que vai muito além de salvar Metrópolis: devolver ao público uma centelha de esperança num mundo cada vez mais cínico — e, inevitavelmente, reacender velhos debates sobre o que significa ser “o herói da América”.

ver também: “Better Man”: O Biopic Mais Surpreendente do Ano Traz Robbie Williams em Versão Chimpanzé (Literalmente!)

O filme foi calorosamente recebido pela crítica, com a Rolling Stone a descrevê-lo como uma obra “viva, vibrante e fiel ao espírito dos comics”. Mas se por um lado a visão humanista e inclusiva de James Gunn foi elogiada por muitos, por outro não escapou a reacções intensamente críticas — nomeadamente por parte de Dean Cain, o antigo intérprete do Homem de Aço na série dos anos 90 Lois & Clark: The New Adventures of Superman.

A visão de Gunn: um Superman vulnerável, empático e… imigrante

James Gunn não escondeu que, para ele, Superman é “a história da América”: a de um estrangeiro que chega a uma terra desconhecida e tenta fazer o bem, mesmo quando enfrenta desconfiança. “Superman é alguém que acredita na bondade humana, e essa bondade tornou-se uma coisa em vias de extinção”, explicou o realizador. O novo filme mostra um herói já com três anos de actividade, numa fase em que questiona o seu papel, as suas limitações e o verdadeiro significado de justiça num mundo fragmentado e politicamente polarizado.

Ao contrário das versões recentes mais sisudas, esta encarnação de Clark Kent é calorosa, vulnerável, profundamente ligada à sua humanidade — uma opção que obrigou Corenswet a trabalhar tanto os ombros como a empatia. A relação com Lois Lane (Rachel Brosnahan), os momentos no Daily Planet, a parceria com Krypto e a colaboração com uma nova “Justice Gang” (nome provisório), tudo contribui para retratar um Superman inserido num ecossistema de afectos, dúvidas e decisões morais.

Para o elenco, o filme é mais do que entretenimento: é uma resposta directa a tempos conturbados. A actriz Isabela Merced (Hawk Girl) confessou que o filme lhe deu alento depois de uma semana dominada por más notícias. Já Wendell Pierce (Perry White) sublinhou o poder do cinema como “acto colectivo de reflexão sobre os nossos valores”. Até Will Reeve, filho do inesquecível Christopher Reeve, surge numa participação especial, reforçando a ponte emocional com o legado do passado.

Dean Cain: “Estão a tornar o Superman demasiado woke”

Do outro lado do espetro, Dean Cain insurgiu-se contra o que considera ser uma politização indevida da personagem. Numa entrevista recente ao TMZ, o actor afirmou: “Como é que Hollywood vai tornar esta personagem ainda mais woke? Alteraram o lema de ‘Truth, Justice and the American Way’ para ‘a better tomorrow’… Estão a mudar personagens adoradas para se adaptarem aos tempos. Acho um erro.”

Cain foi particularmente crítico quanto à associação de Superman à questão da imigração. “O ‘American way’ é amigável para imigrantes, claro. Mas tem de haver regras. E quando se traz o Superman para esta conversa política, isso vai prejudicar as receitas do filme.” O actor chegou mesmo a acusar ONGs e políticos de instrumentalizarem a imigração, e alertou que os comentários de Gunn poderão afastar parte do público.

As respostas do elenco: “Superman é — e sempre foi — um imigrante”

Perante as declarações de Cain, os membros do elenco reagiram com serenidade e alguma ironia. Nathan Fillion (Guy Gardner/Green Lantern) limitou-se a responder: “Aw, alguém precisa de um abraço. É só um filme, pessoal.” Já Sean Gunn, irmão do realizador e intérprete do vilão Maxwell Lord, foi mais directo: “Sim, o Superman é um imigrante. E se não gostas disso, então não estás do lado do verdadeiro American Way.”

A resposta mais contundente talvez tenha sido a de James Gunn: “Este é um filme sobre bondade. E isso é algo que toda a gente pode compreender. Não estou aqui para julgar ninguém.”

Um filme político?

É inevitável perguntar: Superman é um filme político? Sim, mas não panfletário. Ao resgatar o espírito original da personagem — criada por dois filhos de imigrantes judeus, numa América de crise — Gunn reconecta o herói com as suas raízes mais profundas. A versão de 2025 é menos sobre invulnerabilidade e mais sobre compaixão. O conflito já não é apenas contra supervilões como Lex Luthor, mas contra a apatia, o medo e o individualismo.

ver também: A Comédia Francesa Mais Explosiva do Verão: Christian Clavier Torna-se o Sogro dos Pesadelos em Terapia de Família

Num momento em que o mundo se divide entre trincheiras ideológicas, este novo Superman recorda-nos que os grandes heróis não são aqueles que nos mostram o quanto são fortes, mas sim os que nos lembram do que podemos ser.

Lilo & Stitch Passam por Cima do Minecraft e Apontam ao Primeiro Milhão do Ano 🏄‍♀️🌺

O remake live-action da Disney torna-se o maior sucesso de bilheteira de 2025… até agora

ver também : Charlize Theron Atira-se a Hollywood: “Os Estúdios Têm Medo de Mulheres em Filmes de Acção”

Sim, é verdade: Lilo e o seu adorável monstro azul estão a fazer história no cinema… outra vez. O remake em imagem real de Lilo & Stitch tornou-se o filme da Motion Picture Association (MPA) com maior receita global de 2025, ultrapassando o rival pixelado da Warner Bros, A Minecraft Movie. O número mágico? Uns impressionantes 957,6 milhões de dólares a nível mundial, dos quais 553,9 milhões vêm de fora dos Estados Unidos.

E ainda nem chegaram ao fim da corrida. O filme, realizado por Dean Fleischer Camp, continua forte na sua sexta semana em cartaz e, ao que tudo indica, vai mesmo tornar-se o primeiro filme de Hollywood a bater a marca do bilião de dólares em 2025. A Disney já pode respirar fundo… e preparar o champanhe.

A batalha dos titãs: Havai vs. blocos de construção

Apesar de Lilo e Stitch estarem a liderar a nível global, A Minecraft Movie ainda se mantém como o filme mais lucrativo nos EUA, com 423,9 milhões de dólares, à frente dos 403,7M do remake havaiano. Ambas as produções são, de resto, os únicos dois títulos a ultrapassar os 900 milhões de dólares este ano — e os únicos a passar a “barreira dos 400” na bilheteira americana.

Mas atenção: o que Lilo & Stitch está a fazer internacionalmente é digno de aplauso. Só no México arrecadou 66,1 milhões, seguido do Reino Unido (47,1M), França (39,8M), Brasil (36M), Alemanha (30,2M), e Espanha (25,9M). É já o filme mais rentável de 2025 em países como França, Itália, Espanha, Brasil e toda a América Latina.

Nostalgia feminina a liderar bilheteiras

Um dado curioso (e promissor): o público de Lilo & Stitch é composto em 62% por mulheres. Juntando este fenómeno ao sucesso de outros títulos recentes como How to Train Your Dragon e Moana 2, ambos com forte audiência feminina, a mensagem para os estúdios é clara: investir em propriedades nostálgicas com mulheres à cabeça compensa. E muito.

Com Freaky Friday 2 (com Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan) previsto para estrear a 8 de Agosto, a Disney pode muito bem estar a preparar o seu próximo jackpot emocional e comercial.

Do Disney+ para o mundo

Este sucesso não surgiu do nada. A saga Lilo & Stitch tem vindo a ganhar força nos últimos anos, com mais de 579 milhões de horas de visualização no Disney+ globalmente — 306 milhões só do filme original. E se estás à espera de merchandising… a Disney tem boas razões para sorrir: as vendas de produtos com o Stitch passaram de 200 milhões de dólares em 2019 para 2,6 mil milhões em 2024. Sim, leste bem.

ver também : Murderbot: A Inteligência Artificial Mais Sarcástica da Galáxia Está Aqui para (Não) Lidar Connosco

Agora que o sucesso está mais que confirmado, a máquina da casa do rato Mickey já anunciou: vem aí uma sequela em imagem real. E tendo em conta o que aconteceu com este primeiro filme… podemos esperar mais bilheteiras esgotadas, corações derretidos e, claro, muito Ohana.

Surpresa em Paris! Wagner Moura Recebe Prémio de Melhor Actor das Mãos de Juliette Binoche

“O Agente Secreto” valeu-lhe o troféu em Cannes — e um momento emocionante no Louvre

ver também: “The Old Guard 2”: A Realizadora Fala do Final em Suspense, da Viagem de Charlize Theron no Tempo e da Dança Secreta de Dark Rey

Demorou, mas chegou com estilo. Seis semanas após ter sido distinguido como Melhor Actor no Festival de Cannes 2025Wagner Moura foi finalmente surpreendido com o troféu — e logo pelas mãos da lendária Juliette Binoche. O momento aconteceu num cenário à altura: uma sessão esgotada ao ar livre no Cinema Paradiso Louvre, em Paris, numa celebração especial do cinema brasileiro.

O actor brasileiro, ausente em maio por motivos profissionais, estava longe de imaginar que a presidente do júri de Cannes lhe entregaria pessoalmente o prémio antes da exibição de O Agente Secreto, o thriller de Kléber Mendonça Filho que também valeu ao realizador o Prémio de Melhor Realização.

Um abraço, um elogio… e uma canção brasileira

A surpresa foi digna de cinema. Perante uma plateia repleta, Binoche abraçou Moura e agradeceu-lhe o regresso a Paris. Emocionado, o actor não poupou palavras de admiração:

“Uma das coisas que mais me marcou neste prémio foi o facto de você ter sido a presidente do júri. Receber isto das suas mãos é uma honra que não consigo descrever.”

Binoche devolveu o carinho com um elogio público:

“Adorámos o filme. E adorámos você nele. Por isso, não podíamos deixar de atribuir dois prémios.”

E acrescentou ainda, dirigindo-se ao público:

“Acho que vão gostar muito deste filme…”

Para rematar a noite mágica, Moura dedicou o prémio à cultura brasileira e surpreendeu ainda com um excerto improvisado de Isto Aqui o Que É?, de João Gilberto. Sim, houve samba em Paris. 🥁🎶

Thriller político com sabor brasileiro

O Agente Secreto marca o regresso de Wagner Moura à ficção brasileira, depois de mais de uma década afastado como actor. O filme, descrito como um thriller denso e atmosférico, passa-se no Recife de 1977, durante a ditadura militar, e acompanha Marcelo, um professor universitário com um passado violento que regressa à sua cidade natal… onde descobre que a sua cabeça está a prémio.

“A personagem que interpreto quer viver apenas com os valores que o representam. É terrível que, nos momentos distópicos, prender-se aos seus valores de dignidade seja perigoso”, disse o actor em Cannes.

A realização é de Kléber Mendonça Filho, autor de obras marcantes como Aquarius e Bacurau, e mais uma vez cruza realismo mágico com crítica política numa fórmula que tem conquistado festivais internacionais.

Pré-estreia em Portugal antes da estreia comercial

O filme terá duas sessões especiais já este mês em Portugal, ambas esgotadas:

  • Lisboa, no Cinema São Jorge, a 23 de Julho
  • Porto, no Cinema Trindade, a 25 de JulhoAmbas às 21h00, com presença confirmada do realizador.

ver também . Scarlett Johansson Torna-se a Rainha de Hollywood com “Jurassic World: Rebirth”

estreia comercial está marcada para 6 de Novembro, e promete ser um dos grandes acontecimentos cinematográficos do ano.

“F1” Ultrapassa “Napoleão” e Torna-se o Maior Sucesso de Bilheteira da História da Apple

Com Brad Pitt ao volante e 293 milhões arrecadados, o novo drama de corridas assume a pole position na estratégia cinematográfica da gigante tecnológica

🏁 O motor está bem afinado e a Apple já pode celebrar o seu primeiro grande sucesso no grande ecrã. O filme “F1”, protagonizado por Brad Pitt, já ultrapassou os 293 milhões de dólares em bilheteira mundial após apenas 10 dias de exibição, tornando-se o filme mais rentável da história da Apple.

ver também : “Missão: Impossível – The Final Reckoning” Supera Spielberg, Mas Está Longe de Cumprir a Sua

Com esta marca, “F1” destrona “Napoleão” (221 milhões) e deixa para trás também “Killers of the Flower Moon” (158 milhões), duas superproduções anteriores do estúdio que, apesar da pompa, nunca chegaram a ser verdadeiros fenómenos de bilheteira.

A corrida mais importante do estúdio

Realizado por Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick), F1 foi mais do que um projeto cinematográfico — foi uma prova de fogo para o braço cinematográfico da Apple. Após sucessivos fracassos comerciais (sim, estamos a olhar para ti, Argylle), havia dúvidas internas sobre se a Apple deveria continuar a investir em filmes para cinema ou recuar para o terreno seguro da televisão, onde tem triunfado com séries como Ted Lasso e Severance.

Mas eis que surge Brad Pitt no papel de um piloto de Fórmula 1 retirado que regressa para treinar um jovem talento e salvar uma equipa em ruínas. O filme arrancou com um fim de semana de estreia de 57 milhões nos EUA e 146 milhões a nível global. Resultado? Um novo recorde para a Apple.

Nem tudo são curvas suaves

Apesar do sucesso inicial, F1 ainda está longe de ser lucrativo. O filme terá custado mais de 250 milhões de dólares a produzir, com outros 100 milhões em marketing, o que significa que a verdadeira meta da rentabilidade está ainda por alcançar. Mas o desempenho robusto em ecrãs de grande formato — especialmente IMAX, que representa já 20,4% da receita global com 60 milhões de dólares — dá esperança para uma corrida de longa duração.

Entre os mercados internacionais de maior sucesso estão:

  • 🇨🇳 China – 22 milhões
  • 🇬🇧 Reino Unido – 17,3 milhões
  • 🇲🇽 México – 12,3 milhões
  • 🇫🇷 França – 11,5 milhões
  • 🇦🇺 Austrália – 9,8 milhões

Nos EUA e Canadá, F1 já atingiu os 109,5 milhões de dólares.

Mais do que um sucesso — uma confirmação

Num ano dominado por sequelas e grandes franquias (Jurassic World: RebirthSupermanFantastic Four), F1 destaca-se por ser uma história original voltada para adultos — algo cada vez mais raro nas grandes salas.

ver também : Stallone Faz 79 Anos: De Rocky a “Sly”, Uma Vida de Pancadas, Glória e Emoção

A Apple, claro, pode dar-se ao luxo de experimentar. Com um valor de mercado de 3 biliões de dólares, não sofre da mesma pressão financeira que estúdios tradicionais. Mas agora, com F1, tem um novo argumento para manter os olhos postos na linha de meta do cinema comercial.

“Missão: Impossível – The Final Reckoning” Supera Spielberg, Mas Está Longe de Cumprir a Sua

O adeus (ou não) de Tom Cruise como Ethan Hunt aproxima-se dos 600 milhões… mas ainda não chega para pagar a conta

ver também : Stallone Faz 79 Anos: De Rocky a “Sly”, Uma Vida de Pancadas, Glória e Emoção

💣 Depois de seis semanas em cartazMissão: Impossível – The Final Reckoning continua em modo acção total nas bilheteiras, mas com o cronómetro a aproximar-se perigosamente do fim. O filme, anunciado como o último capítulo de Tom Cruise na pele de Ethan Hunt (uma promessa que ninguém leva muito a sério), já ultrapassou os 576 milhões de dólares a nível mundial e está prestes a passar um dos sucessos mais discretos de Steven SpielbergReady Player One(579 milhões).

Mas nem tudo são explosões e aplausos: com um orçamento astronómico de 400 milhões de dólares, a nova entrada da saga está longe de ser um caso de sucesso financeiro.

Um sucesso… com sabor agridoce

Com 190 milhões arrecadados nos EUA e 385 milhões no mercado internacionalThe Final Reckoning posiciona-se entre os 200 filmes mais rentáveis da história do cinema em termos globais. Superou títulos como Kong: Skull Island e Godzilla x Kong: The New Empire, mas isso pode não ser suficiente.

O problema? Os custos de produção dispararam devido às greves de 2023, aos resquícios da pandemia e ao estilo de realização “à vista” de Christopher McQuarrie, conhecido por ajustar o filme durante a rodagem. Some-se a isso a recepção morna do capítulo anterior (Dead Reckoning) e temos um cocktail explosivo… mas instável.

A herança de um franchise que já conheceu melhores dias

Dead Reckoning, lançado em 2023 na sombra dupla de Oppenheimer e Barbie, arrecadou 565 milhões com um orçamento de 300 milhões — o que, convenhamos, não foi o resultado que a Paramount esperava. The Final Reckoningjá o ultrapassou em números, mas fica atrás dos episódios 4, 5 e 6 da saga, que foram verdadeiros colossos de bilheteira.

Apesar das críticas divididas, o novo filme mantém uma pontuação estável de 80% no Rotten Tomatoes, o que garante algum fôlego crítico — mas não o suficiente para justificar o investimento. Ainda assim, a longa vida dos filmes da saga, com receitas provenientes de streaming, aluguer, televisão e vendas digitais, poderá vir a compensar a diferença ao longo do tempo.

A última missão de Ethan Hunt? Talvez só até à próxima.

Com o filme ainda em exibição e a possibilidade de ultrapassar a marca dos 600 milhões, o legado de Ethan Hunt mantém-se intacto… mesmo que o saldo bancário da Paramount esteja menos entusiasmado. Para já, pode continuar a ver The Final Reckoning nos cinemas — mas já se fala nos bastidores sobre o “regresso final do regresso final”.

ver também : E o Óscar vai para… só um filme? O balanço surpreendente dos primeiros seis meses de 2025

Como sempre com Missão: Impossível, o verdadeiro truque não está em desarmar a bomba, mas em fazer-nos acreditar que esta será, de facto, a última.

E o Óscar vai para… só um filme? O balanço surpreendente dos primeiros seis meses de 2025

Hollywood está a meio gás e só Pecadores se destaca verdadeiramente na corrida às estatuetas douradas

ver também : O Filme da Marvel Que Nunca Aconteceu… Mas Cujo Guarda-Roupa Acabou Num dos Maiores Filmes de Vampiros do Ano

🕯️ Meados de 2025. Meia dúzia de estreias depois, muitos baldes de pipocas consumidos… e uma constatação quase unânime: só um filme dos primeiros seis meses do ano está a sério na corrida aos Óscares. A imprensa especializada norte-americana — VarietyDeadline Hollywood e Gold Derby — parece ter entrado em consenso raro. O eleito? “Pecadores” (Sinners, no original), o novo épico de Ryan Coogler, protagonizado por Michael B. Jordan.

A pergunta impõe-se: o que é que os outros andaram a fazer?

Gangsters, vampiros e estatuetas no horizonte

“Pecadores” não é um simples drama de época. É uma fusão estilizada de filme de gangsters com terror de vampiros, com gémeos de volta a casa depois das guerras sangrentas de Chicago. A crítica aplaudiu de pé (97% no Rotten Tomatoescom mais de 375 críticas), o público delira (96% no índice ‘popcorn’) e as bilheteiras sorriem: 278 milhões de dólares na América do Norte, 364 milhões a nível mundial. Tudo isto para um filme original, sem ser remake, sequelas ou franchising da Marvel.

Deadline não tem dúvidas: Melhor Filme, Melhor Ator (Michael B. Jordan), Ator Secundário (Delroy Lindo e/ou o estreante Miles Caton), Atriz Secundária (Hailee Steinfeld e/ou Wunmi Mosaku), Realização, Argumento Original, Fotografia, Direção Artística, Banda Sonora, Canção Original (“I Lied To You”), Guarda-Roupa, Montagem, Som, Caracterização e até Efeitos Visuais — é toda uma lista digna de Óscar bingo.

E os outros? Bem… tentaram.

Enquanto Pecadores já se instala confortavelmente na passadeira vermelha, os outros filmes ainda estão a ver se encontram o GPS para o Dolby Theatre.

– “F1 – O Filme”, com Brad Pitt, não parecia um candidato natural a Melhor Filme, mas o sucesso do fim de semana de estreia baralhou as apostas. Comparações com Top Gun: Maverick são inevitáveis — até porque partilham o realizador Joseph Kosinski e o produtor Jerry Bruckheimer. Som e Montagem são as categorias mais prováveis.

– “28 Anos Depois” pode muito bem destacar-se em Caracterização, diz o Gold Derby.

– “Lilo & Stitch” (imagem real) deverá brilhar nos Efeitos Visuais — porque nostalgia + CGI continua a ser uma fórmula que vende.

– A Pixar apresenta “Elio” como candidata a Melhor Longa de Animação, ainda que sem o mesmo burburinho de Soulou Elemental.

– “Sorry, Baby”, uma comédia dramática independente de e com Eva Victor, surge entre os favoritos ao Argumento Original e pode dar a Victor uma nomeação dupla como argumentista e atriz.

– Kathleen Chalfant, figura lendária da Broadway, é aposta surpresa para Melhor Atriz em “Sarah Friedland”.

– A comédia romântica “O Match Perfeito”, de Celine Song, com Dakota JohnsonPedro Pascal e Chris Evans, pode entrar no baralho em Argumento Original — mas sem grande alarido por agora.

– Até o esquecido “O Esquema Fenício” pode valer uma nomeação a Michael Cera como Ator Secundário. É preciso acreditar.

Tudo depende… do dinheiro para campanhas

O que é que estes títulos têm em comum, além de premissas promissoras? Precisam desesperadamente de campanhas promocionais sólidas. E como sempre acontece em Hollywood, o sucesso nos Óscares começa nas salas de visionamento… mas concretiza-se nos jantares da Academia, com envelopes dourados e milhões investidos em visibilidade.

Nesse campo, só Pecadores parece caminhar sozinho, firme e seguro, como um vampiro bem vestido num salão de baile a dançar com a estatueta.

ver também : 6 Filmes Imperdíveis para Ver em casa este fim-de-semana!

🎬 A estrada até Março de 2026 ainda é longa, mas se o ano acabar como começou, poderemos ter uma cerimónia onde todos os votos vão para um só lado.

Mulheres, Mar e Memórias: O Documentário que Dá Voz ao Oceano Açoriano

“Mulheres do Mar – Açores” estreia-se no Faial e emociona com retratos íntimos de 49 mulheres ligadas ao Atlântico

ver também : Adeus ao Homem por Trás do Assobio: Morreu Mark Snow, o Compositor de “Ficheiros Secretos”

🌊 Há documentários que nos mostram paisagens. Outros, mergulham nelas. E depois há “Mulheres do Mar – Açores”, que faz ambas as coisas… enquanto nos dá a ouvir vozes que tantas vezes ficaram por contar. A obra, com estreia marcada para segunda-feira na ilha do Faial, reúne 49 mulheres de todas as ilhas do arquipélago, com um único ponto em comum: uma ligação profunda, visceral e comovente ao mar.

Cientistas, pescadoras, professoras, artistas, desportistas, advogadas, arquitetas — o leque é tão diverso quanto o próprio oceano. E é essa pluralidade de experiências e emoções que dá alma a um documentário de 77 minutos, filmado ao longo de dois anos em todas as nove ilhas dos Açores. Realizado no âmbito da Década da Ciência dos Oceanos da ONU (2021–2030), o filme é uma produção da ONGD portuguesa Help Images, reconhecida pela UNESCO, e faz parte da iniciativa internacional Women of the Sea.

Quem ama, cuida. E quem cuida, transforma.

A realizadora Raquel Clemente Martins, que conduziu as entrevistas e esteve presente nas filmagens, não esconde a emoção:

“Estávamos todas unidas pelo mote central do projeto – quem ama cuida, quem cuida ama – e as entrevistas e filmagens transformaram-se em momentos íntimos de partilha de memórias, emoções e preocupações”.

E de facto, há algo de profundamente transformador no gesto de ouvir. Cada mulher entrevistada abre o seu mundo: histórias de infância junto às rochas, rotinas marcadas pela ondulação, lutas profissionais num universo onde o mar, historicamente, era “coisa de homens”. Este documentário oferece uma perspetiva única de ser mulher num mundo oceânico, quebrando silêncios, barreiras e estereótipos.

Um retrato colectivo da força feminina insular

A produção destaca que, de uma lista global de mais de 900 mulheres de 29 países, nos Açores foram filmadas 71 mulheres, tendo sido 49 as vozes escolhidas para o retrato final. Para além das profissões e do ativismo ambiental, “Mulheres do Mar – Açores” revela também os afectos, as perdas, os medos e a esperança destas mulheres que vivem e respiram o Atlântico.

A iniciativa pretende precisamente isso: dar visibilidade ao papel das mulheres na preservação dos oceanos, reconhecendo vozes, memórias e contributos que, durante décadas, ficaram à margem do discurso dominante.

Um momento simbólico para os Açores e para o planeta

A estreia do documentário coincide com uma nova fase da política ambiental portuguesa, marcada pela ratificação do Tratado do Alto Mar, um acordo internacional sobre a conservação da biodiversidade marinha em áreas fora da jurisdição nacional. A ligação entre esta conquista política e o lançamento de um filme que celebra quem vive o mar todos os dias não podia ser mais simbólica.

O filme contou com apoio financeiro do Governo Regional dos Açores e a colaboração de diversas entidades locais, regionais e autarquias. A iniciativa não se fica por aqui: já em maio decorreram filmagens na Irlanda para o próximo capítulo, “Mulheres do Mar – WinBig”, com estreia prevista para o início de 2026.

ver também : 6 Filmes Imperdíveis para Ver em casa este fim-de-semana!

🎥 Se ainda acha que o mar é apenas cenário de postal, está na hora de conhecer as mulheres que o tornaram casa, sustento, paixão e resistência.

De Chaplin a C. Tangana: O Festival de Cinema Que Celebra a Alma Cigana

O Periferias regressa este verão com uma programação vibrante que atravessa fronteiras, estilos e séculos de cultura

ver também : 40 Anos Depois, Lea Thompson Revela o Seu “Regresso ao Futuro” Favorito (e Não, Não é o do Beijo do Doc)

🎬 Este verão, o cinema viaja até às margens da fronteira ibérica para dar palco a uma cultura tantas vezes marginalizada — e fá-lo com toda a pompa e circunstância. A 13.ª edição do Festival de Cinema Periferias terá lugar de 8 a 16 de agosto nas localidades de Marvão (Portalegre) e Valência de Alcântara (Cáceres), mas a festa já começou… e não quer saber de passaportes.

Sob o tema “A riqueza cultural do povo cigano”, o festival propõe uma celebração audiovisual e musical da história, identidade e contributos do povo cigano para as artes. Com uma curadoria que cruza filmes, documentários e concertos, o Periferias prova que a descentralização cultural pode ser tão urgente quanto inspiradora.

Charlie Chaplin com alma cigana?

Um dos destaques da edição de 2025 é o documentário “Chaplin, espírito cigano”, realizado por Carmen Chaplin (neta do próprio Charlot), que mergulha nas origens e influências ciganas do eterno mestre da comédia silenciosa. Sim, leu bem: Charlie Chaplin com raízes ciganas — e a história é contada com a sensibilidade de quem carrega esse legado no sangue.

Mas a viagem não se fica pelos tempos do cinema mudo. O realizador e músico madrileno Antón Álvarez, mais conhecido como C. Tangana, apresenta o filme “A guitarra flamenca de Yerai Cortés”, uma ode musical à mestria deste jovem guitarrista cigano, onde o flamenco ganha nova vida e ritmo contemporâneo.

Almodóvar, Claude Barras e muito mais

O Periferias não vive só da temática central: oferece uma programação eclética que mistura grandes nomes com novas vozes do cinema independente. Entre os filmes seleccionados para este ano estão:

  • “O Quarto ao Lado”, de Pedro Almodóvar
  • “Selvagens”, do animador suíço Claude Barras
  • “A Vida Luminosa”, de João Rosas
  • “Coro: 60 anos do Coro Gulbenkian”, de Edgar Ferreira

E o melhor? Mesmo antes da abertura oficial, o festival já anda em digressão! As extensões do Periferias começaram em Arronches, com a exibição de “Flow”, do letão Gints Zilbalodis, e “Deuses de Pedra”, de Iván Castiñeiras Gallego, acompanhados por um concerto do grupo Os Sabugueiros — porque cinema e música, aqui, andam de mãos dadas.

Muito mais que cinema: um manifesto cultural

Criado em 2013 pela Associação Cultural Periferias (Portugal) e pela Gato Pardo (Espanha), o festival nasceu com a missão clara de levar a cultura a zonas sem salas de cinema, construindo pontes entre comunidades e territórios. A edição deste ano reforça esse espírito de união, estendendo-se também a PortalegreCastelo de VideCáceresAnconchel e La Fontañera.

Se é fã de cinema que conta histórias reais, amplifica vozes invisíveis e ainda lhe oferece um bom concerto ao pôr do sol, então não pode perder o Periferias 2025.

ver também: Mulheres, Mar e Memórias: O Documentário que Dá Voz ao Oceano Açoriano

🎟️ A programação completa está disponível em: periferiasfestival.com

Brad Pitt Lança Farpa (e Bons Conselhos) à Nova Geração de Actores

O actor de F1 diz que os colegas da sua geração “não vendiam a alma” e eram mais sérios na arte de representar. Mas deixa um aviso importante sobre super-heróis: “Eles vão morrer!”

ver também : Ice Road: Vengeance — Liam Neeson Está de Volta (Mas Já Não Há Gelo Que Aguente)

Brad Pitt não tem papas na língua — e aos 61 anos, também não tem tempo a perder com diplomacias. Numa entrevista recente no podcast New Heights, apresentado pelos irmãos Jason e Travis Kelce (sim, o Jason da NFL e o Travis que namora com a Taylor Swift), o actor reflectiu sobre a forma como a nova geração encara a profissão… e aproveitou para fazer uma comparação com os seus tempos de juventude em Hollywood.

“Gosto de ver o que as novas gerações trazem. Gosto de ver com o que estão a lidar e a forma como navegam nesse meio. Acho que eles desfrutam mais disto. Nós éramos mais rígidos — e tínhamos de ser — em relação à representação. Não se vendia. Não se vendia. Não se vendia.”

Brad Pitt sublinha que, hoje, há uma maior liberdade criativa e abertura para os actores se aventurarem noutros formatos, o que vê como positivo. No entanto, não resistiu a deixar um aviso a quem acha que precisa de um franchise ou de um fato de super-herói para singrar em Hollywood:

“Eles acham que têm de entrar num franchise, ou num filme de super-heróis ou qualquer coisa assim. Mas eu estou sempre a dizer: ‘Não façam isso! Eles vão morrer!’”

O exemplo de quem fala… e cumpre

É difícil acusar Brad Pitt de hipocrisia: ao longo da sua carreira, manteve-se quase sempre fora das grandes sagas cinematográficas. A única trilogia em que participou foi a dos Ocean’s de Steven Soderbergh, onde brilhou como o cool e sempre mastigador Robert “Rusty” Ryan. Nada de capas, superpoderes ou cenas pós-créditos. A única excepção foi uma aparição-relâmpago e humorística como The Vanisher em Deadpool 2 (2018) — e mesmo essa foi mais piada do que papel.

Desde a estreia no final dos anos 80, com pequenas participações em televisão, até ao sucesso com Thelma & Louise(1991), Pitt construiu uma carreira ao lado de nomes como Johnny Depp, Tom Cruise, George Clooney e Val Kilmer. Curiosamente, quando questionado sobre quem considera o melhor actor da sua geração, não aponta para nenhuma dessas estrelas.

“O que o David Thewlis fez em Naked (1993) é tão bom quanto qualquer coisa feita pelo Brando, Nicholson ou Pacino”, disse uma vez.

“Acho que está ao nível dos maiores.”

De actor sério a estrela global — sem nunca “vender”

A reflexão de Pitt chega num momento em que o panorama do cinema comercial está a mudar rapidamente, com o declínio (ou pelo menos a saturação) dos universos cinematográficos e um renovado interesse por filmes mais “contidos”. As palavras do actor podem soar como saudosismo, mas também soam a aviso: a longevidade em Hollywood constrói-se com escolhas certeiras — e não com fatos de lycra.

ver também : Idris Elba e John Cena Salvam o Mundo (e o Streaming) em Heads of State : O Filme de Acção que Está a Dominar a Prime Video

E se há alguém com autoridade para o dizer, é mesmo Brad Pitt.

O Filme da Marvel Que Nunca Aconteceu… Mas Cujo Guarda-Roupa Acabou Num dos Maiores Filmes de Vampiros do Ano

O reboot de Blade está parado, mas o seu figurino já anda por aí — e com muito estilo — no novo filme de Ryan Coogler, Sinners.

O universo cinematográfico da Marvel está em pausa no que toca ao aguardado reboot de Blade, mas nem tudo está perdido. Afinal, uma parte muito concreta do projecto — o guarda-roupa — já encontrou nova vida no cinema… e logo no maior filme de vampiros do ano.

ver também: Idris Elba e John Cena Salvam o Mundo (e o Streaming) em Heads of State : O Filme de Acção que Está a Dominar a Prime Video

Quem revelou este curioso “easter egg” foi Sev Ohanian, produtor do thriller Sinners, realizado por Ryan Coogler (Black PantherCreed), que partilha a figurinista Ruth E. Carter com o projecto adiado de Blade. E pelos vistos, a ligação foi mais literal do que se imaginava.

“A Ruth Carter estava a trabalhar no filme do Blade que acabou por não ser rodado”, contou Ohanian no podcast da ScreenCrush.

“Em certo ponto, esse filme ia explorar o passado — e ela já falou disto antes — precisamente na mesma época em que decorre Sinners. Por isso, ela tinha um armazém cheio de roupa de época.”

O que aconteceu a seguir é um daqueles momentos raros de generosidade inter-estúdios. Como Sinners estava prestes a arrancar com as filmagens e precisava urgentemente de figurinos adequados, a equipa contactou a Marvel — e obteve luz verde para comprar as peças ao preço de custo.

“Foi como: ‘Malta, temos de filmar este filme tipo amanhã.’ E a Marvel foi suficientemente generosa e simpática para nos deixar comprar aquilo tudo”, explicou Ohanian.

Vampiros, roupa vintage e um Blade que ainda não se fez

Embora os protagonistas de Sinners tenham figurinos originais, muitos dos figurantes surgem vestidos com roupas originalmente desenhadas para o novo Blade. É uma coincidência estilística saborosa — e um belo aproveitamento de recursos, diga-se.

Este pequeno detalhe torna-se ainda mais curioso quando recordamos que o reboot de Blade, anunciado em 2019 com Mahershala Ali como protagonista, tem enfrentado uma série de obstáculos. Entre as saídas dos realizadores Bassam Tariq e Yann Demange e as consequências da greve dos argumentistas em 2023, o projecto está em suspenso.

Aliás, Blade chegou a ser removido do calendário de estreias de 2025 pela própria Marvel. No entanto, Kevin Feige, presidente dos Marvel Studios, assegura que o personagem continua nos planos:

“Adoramos a personagem, adoramos a versão do Mahershala”, disse Feige em Novembro.

“E garantimos que, sempre que há uma mudança de direcção num projecto ou ainda estamos a perceber como encaixá-lo no calendário, o público é informado. Mas posso garantir que o Blade vai mesmo entrar no MCU.”

ver também: Adeus a Julian McMahon: O Charme Sombrio de “Nip/Tuck” e “Dr. Doom” Apagou-se aos 56 Anos

Uma peça de roupa, duas histórias

No fim, o guarda-roupa pensado para um caçador de vampiros lendário acabou vestido por… figurantes num outro filme de vampiros. E isso, na sua estranha circularidade, parece fazer todo o sentido. Quem sabe se estas roupas não vão mesmo acabar por ter mais horas de ecrã do que o próprio Blade de Mahershala Ali?

Portugal em Destaque no Festival Ibérico de Cinema de Badajoz com “Revolução (sem) Sangue” e Sete Curtas em Competição

Evento espanhol dá palco ao novo cinema português, abrindo com uma provocação histórica e levando à competição oficial cinco curtas nacionais

ver também : Paolo Sorrentino Regressa a Veneza com “La Grazia”, Filme de Abertura do Festival de 2025

O cinema português marca forte presença no 31.º Festival Ibérico de Cinema (FIC), que decorre entre 8 e 11 de julho em Badajoz, Espanha, com extensões nas localidades de Olivença e San Vicente de Alcántara. Este ano, Portugal assume um papel de verdadeiro protagonista: para além de abrir o festival com a estreia espanhola de Revolução (sem) Sangue, de Rui Pedro Sousa, coloca também sete curtas-metragens em competição, entre a secção oficial e o programa infantojuvenil Festival dos Miúdos.


Um arranque provocador com “Revolução (sem) Sangue”

A sessão de abertura será tudo menos consensual. No Teatro López de Ayala, em Badajoz, será exibido o filme Revolução (sem) Sangue, que segundo o comunicado oficial do festival, surge como “uma proposta corajosa que questiona a narrativa oficial da Revolução dos Cravos”.

Escrito e realizado por Rui Pedro Sousa, e com Rafael Paes no elenco, o filme revisita os eventos de 25 de Abril de 1974 através de uma perspetiva menos habitual: a das vítimas mortais. Entre os retratados estão Fernando Giesteira, João Arruda, Fernando Reis e José Barneto, todos mortos na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, às mãos da PIDE/DGS. O filme inclui também o caso de António Lage, funcionário da própria polícia política, baleado por um militar.


Seis curtas, seis vozes distintas do novo cinema português

Na secção oficial de competição, que selecionou 21 filmes de entre mais de 1200 candidatos, cinco curtas portuguesasdestacam-se:

  • “Porta-te bem”, de Joana Alves – Uma história rural e íntima, sobre Filomena, que vive sozinha e descobre ter pouco tempo de vida.
  • “O procedimento”, de Chico Noras – Uma reflexão inquietante sobre o direito à morte e a utilidade social das pessoas.
  • “Bad for a moment”, de Daniel Soares – Um ‘team building’ que corre mal e põe frente a frente o mundo corporativo e a realidade social que o rodeia.
  • “Atom & Void”, de Gonçalo Almeida – Um mergulho em tom de fábula surrealista, onde um som misterioso perturba a vida de Valya.
  • “À medida que fomos recuperando a mãe”, de Gonçalo Waddington – Um drama familiar e silencioso, onde um pai de quatro filhos mergulha no luto até à dissolução da estrutura familiar.

Dois filmes portugueses também para os mais novos

No Festival dos Miúdos, secção dedicada ao público infantil e juvenil, Portugal volta a marcar presença com duas curtas originais e sensíveis:

  • “UPS!”, de Galvão Bertazzi e Luís Canau – Um rapaz tenta encontrar silêncio e sentido numa família disfuncional e barulhenta.
  • “A menina com os olhos ocupados”, de André Carrilho – Uma crítica contemporânea à distração digital, através da história de uma menina presa ao telemóvel… mesmo quando está fora de casa.

ver também: Morreu Michael Madsen: A Alma Rebelde dos Filmes de Tarantino Tinha 67 Anos

Uma ponte cultural reforçada entre Portugal e Espanha

A presença de tantos filmes portugueses no FIC de Badajoz não é apenas uma boa notícia para os realizadores e produtores envolvidos — é também um sinal claro do interesse crescente pelo cinema português no contexto ibérico. O festival, organizado com o apoio da Junta da Extremadura, tem vindo a destacar o intercâmbio cultural transfronteiriço, e esta 31.ª edição sublinha esse espírito de colaboração artística e partilha de histórias.

Antes da Estreia em Novembro, “O Agente Secreto” Chega a Lisboa e Porto com Sessões Especiais e Wagner Moura em Alta

Filme premiado em Cannes apresenta-se com o realizador Kléber Mendonça Filho em duas sessões únicas este mês

ver também : 🎬 Wagner Moura conquista Cannes com “O Agente Secreto”

Do Recife para Cannes, e Agora Para Portugal

“O Agente Secreto”, o novo thriller político de Kléber Mendonça Filho, foi um dos grandes destaques do Festival de Cannes deste ano, onde arrecadou os prémios de Melhor Realização e Melhor Actor para Wagner Moura. E antes da estreia oficial em Portugal, marcada para 6 de Novembro, o filme terá exibições especiais já este mês em Lisboa e no Porto — com a presença do próprio realizador.

As sessões estão agendadas para dia 23 de Julho no Cinema São Jorge (Lisboa) e dia 25 no Cinema Trindade (Porto), ambas às 21h00. Os bilhetes já estão à venda, sendo esperada grande afluência dos cinéfilos que seguem de perto a obra do autor de Aquarius e Bacurau.

Um Thriller em Plena Ditadura — e com Alma

A história segue Marcelo (Wagner Moura), um professor universitário de quarenta e poucos anos que regressa à cidade do Recife para se reconectar com o filho mais novo. Mas o reencontro depressa se transforma numa espiral de tensão: em 1977, sob o peso da ditadura militar brasileira, Marcelo percebe que está a ser perseguido — e que a sua cabeça tem um preço.

Num clima abafado de vigilância, paranoia e traição, O Agente Secreto mergulha-nos numa narrativa que mistura política, thriller e drama psicológico com um toque de realismo mágico, tão característico de Mendonça Filho. A atmosfera é densa, e a sensação de que tudo pode explodir a qualquer momento paira sobre cada cena.

Segundo a sinopse oficial: “Sob o espectro ameaçador do Brasil de 1977, conhecemos Marcelo, um homem na casa dos 40 anos que se mudou recentemente para Recife para fugir de um passado violento, mas percebe que se está a tornar um agente do caos.”

Wagner Moura: “Ser Digno é um Acto de Rebeldia”

O actor brasileiro, que regressa ao cinema nacional depois de mais de uma década afastado das produções no seu país, afirmou em Cannes: “A personagem que interpreto quer viver apenas com os valores que o representam. É terrível que, nos momentos distópicos, prender-se aos seus valores de dignidade seja perigoso.”

A sua interpretação foi unanimemente elogiada pela crítica internacional, com muitos a considerarem esta a sua melhor prestação desde Tropa de Elite. E o prémio em Cannes parece ter sido apenas o início de um percurso que poderá levá-lo longe nesta temporada de prémios.

Kléber Mendonça Filho: Cinema de Confronto

Com Aquarius e Bacurau, Kléber Mendonça Filho posicionou-se como um dos mais relevantes autores do cinema contemporâneo — e dos mais politicamente engajados. O Agente Secreto aprofunda essa veia, ao construir uma narrativa de resistência, mas também de fragilidade, de sobrevivência e de luta pessoal num sistema que não tolera quem pensa de forma diferente.

A sua presença nas sessões em Portugal será uma oportunidade única para os espectadores ouvirem de viva voz os bastidores de uma obra que promete marcar o cinema de 2025.

Não Diga que Não Avisámos

Se é fã de thrillers políticos com substância, com interpretações arrebatadoras e uma realização segura e provocadora, então estas sessões são paragem obrigatória. Porque ver O Agente Secreto em primeira mão, com Kléber Mendonça Filho presente, não é apenas cinema — é um evento.

“Lesson Learned” Vence o Lince de Ouro no FEST — E Há Muito Mais a Descobrir

O Festival de Espinho celebrou o novo cinema com prémios que reflectem os grandes temas do nosso tempo: educação, crise habitacional, identidade e criatividade sem fronteiras

ver também: Hollywood Quer-se de Volta à Califórnia: Estado Aumenta Incentivos Fiscais para Travar a Fuga de Produções

Terminou a 21.ª edição do FEST – Festival Novos Realizadores, Novo Cinema, e com ela chegou um palmarés que reflecte bem a inquietação do mundo contemporâneo. O grande vencedor? Lesson Learned, do realizador húngaro Bálint Szimler, que levou para casa o Lince de Ouro na categoria de Ficção. O filme, que mergulha fundo nos desafios da educação, impressionou o júri pela forma como dá corpo a uma problemática que afeta toda uma geração.

Mas a competição esteve longe de se esgotar aqui. Na mesma categoria, foi atribuída uma menção honrosa a Mad Bills to Pay (or Destiny, dile que no soy malo), de Joel Alfonso Vargas — uma história de amadurecimento neo-realista, onde a liberdade e o desejo colidem com as escolhas difíceis da vida.

Portugal em destaque com “Business as Usual”

O Grande Prémio Nacional foi para Business as Usual, de Pedro Vinícius. O filme conquistou o júri com o seu retrato criativo e acutilante da crise habitacional, evocando a desumanização das cidades através do som e da imagem. Uma crítica urbana, certeira e bem construída.

Duas menções honrosas vieram reforçar o talento nacional: Agente Imobiliário sem Casa para Viver, de Filipe Amorim, destacou-se pela sua sátira irreverente e energética, enquanto A Fronteira Azul, de Dinis Miguens Costa, convenceu pela visão artística e execução técnica irrepreensíveis.

Os Linces de Prata e a força do cinema de autor

Na ficção, o Lince de Prata foi para Family Sunday, de Gerardo Del Raso, uma incursão honesta e tecnicamente brilhante por um bairro difícil, enquanto Sammi, Who Can Detach His Body Parts, de Rein Maychaelson, levou uma menção honrosa pelos seus temas de género e comentário social com toque surrealista.

No campo documental, o Lince de Ouro foi para Songs of Slow Burning Earth, de Olha Zhurba, um olhar poderoso e humanista sobre uma sociedade em guerra. O Lince de Prata foi para Berthe is Dead But It’s Ok, de Sacha Trilles — que, curiosamente, venceu também o Prémio do Público na curta-metragem. Uma obra tocante que presta homenagem a uma personagem “maior que a vida”. Ainda no documentário, houve espaço para mais criatividade com What If We Run Out of Stones?, de Nora Štrbová, distinguido por lembrar que o cinema ainda tem muito para inventar.

Da animação ao experimental — sem esquecer o público

Na Animação, venceu The Crooked Heads, de Jakub Krzyszpin, com menção honrosa para Larval, de Alice Bloomfield. No cinema experimental, Medical Field Guide or Rules of Engagement With Native E-girls, de Andran Abramjan e Jan Hofman, destacou-se pela ousadia formal, sendo acompanhado por The Land of Abandonment, de Eliška Lubojatzká.

Na secção NEXXT, dedicada a talentos emergentes, venceu Punter, também de Eliška Lubojatzká, e foram distinguidos The Dam, de Giovanni Pierangeli, e Karaokiss, de Mila Ryngaert.

Por fim, o Prémio do Público na longa-metragem foi para Manas, de Marianna Brennand, confirmando que, para além do júri, o público também reconhece e valoriza novas vozes no cinema.

Espinho volta a ser capital do novo cinema

Durante uma semana, Espinho foi o palco vibrante de mais de 80 filmes em competição, 170 sessões no total e um programa formativo que trouxe 40 profissionais de topo da indústria para partilhar saber, visão e paixão pelo cinema.

ver também : Surpresa na Pole Position: F1 com Brad Pitt Acelera para o Topo das Bilheteiras

Mais do que um festival de cinema, o FEST é uma celebração de ideias, talento e futuro — e esta edição provou que os novos realizadores estão mais do que prontos para dar cartas no cinema mundial.

Surpresa na Pole Position: F1 com Brad Pitt Acelera para o Topo das Bilheteiras

Estreia supera expectativas e torna-se o maior lançamento da carreira de Brad Pitt

ver também : True Crime, TikTok e Assassinatos: A Última Temporada de Based On A True Story Está de Regresso – e Mais Mortal do que Nunca

🚥 Luz verde para o sucesso! F1 – O Filme, protagonizado por Brad Pitt como um piloto em busca de redenção nas pistas da Fórmula 1, chegou aos cinemas com o pé bem a fundo no acelerador. Contra todas as previsões, o filme arrancou com 55,6 milhões de dólares na América do Norte e mais 88,4 milhões no mercado internacional, totalizando 144 milhões de dólares a nível global — a maior estreia cinematográfica da carreira de Brad Pitt, ainda que sem ajustes à inflação.

Também marca um novo recorde para a Apple Original Films, que produziu a longa-metragem em parceria com a Warner Bros., responsável pela distribuição. As previsões mais optimistas apontavam para 115 milhões no arranque global, mas F1 deixou tudo e todos para trás na curva.

Um drama sobre rodas (e milhões)

Com um orçamento colossal de 200 milhões de dólares (que poderá chegar perto dos 300 com os custos de marketing), F1 não é um filme qualquer. É uma produção ambiciosa, realizada por Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick) e produzida por Jerry Bruckheimer, Brad Pitt e o campeão de F1 Lewis Hamilton. O filme segue um piloto veterano a tentar um regresso improvável ao circuito competitivo, numa história de superação, rivalidade e… velocidade, muita velocidade.

Apesar do orçamento astronómico, os analistas explicam que este tipo de produção, pensada para brilhar no cinema mas sobretudo em plataformas de streaming, não precisa gerar lucros imediatos. Se a bilheteira cobrir o marketing, o investimento já é considerado bem-sucedido pela Apple, que ganha em visibilidade e prestígio antes da estreia em streaming.

E os outros filmes? A tabela está a mudar

No segundo lugar das bilheteiras caiu a versão em imagem real de Como Treinares o Teu Dragão, com 19,4 milhões este fim de semana. O conto de amizade entre um jovem viking e um dragão continua a encantar famílias, mas já cedeu o pódio à velocidade furiosa de Pitt e companhia.

Em terceiro, Elio, a mais recente tentativa da Disney/Pixar, que arrecadou apenas 10,7 milhões de dólares no mercado norte-americano este fim de semana. O total global ascende a 72,3 milhões, ainda assim aquém do orçamento de 150 milhões. Um resultado… nada galáctico.

No quarto lugar, o robô assassino mais conhecido da nova geração tropeçou na curva: M3GAN 2.0 abriu com apenas 10,2 milhões nos EUA e 17,2 milhões a nível global, bem abaixo dos 30 milhões do primeiro filme. Parece que o público cansou-se da boneca que dança e mata.

A fechar o top 5 surge 28 Anos Depois, o terceiro capítulo da saga de mortos-vivos iniciada por Danny Boyle em 2002. Com 9,7 milhões no fim de semana e um total doméstico de 50,3 milhões, este é um regresso competente, mesmo que longe de estonteante, ao universo do Vírus da Raiva.


🚦Em resumo:

  • F1 estreia em grande: 144 milhões de dólares em todo o mundo
  • Brad Pitt bate recordes e acelera para o maior lançamento da sua carreira
  • Apple marca novo máximo nos cinemas com um drama original
  • M3GAN 2.0 desaponta, Elio não descola e 28 Anos Depois resiste

ver também : Missão (Ainda) Possível: Porque É Que Ethan Hunt Sobreviveu à Sua Última Missão

Missão (Ainda) Possível: Porque É Que Ethan Hunt Sobreviveu à Sua Última Missão?

Christopher McQuarrie explica porque recusou fazer o que No Time to Die ousou – e o futuro de Tom Cruise como Ethan Hunt ainda está (muito) em aberto.

ver também : Novo 007 em Vista? Três Jovens Estrelas Disputam Papel de James Bond na Era Denis Villeneuve

Depois de meses de especulação, trailers com tom apocalíptico e teorias nas redes sociais que quase exigiam o funeral cinematográfico de Ethan Hunt, Mission: Impossible – Final Reckoning chegou e… nada de caixão. Nada de morte heróica. Nada de explosão em câmara lenta com a cara de Tom Cruise a desaparecer em CGI. Afinal, o nosso agente mais intrépido e incansável continua vivo e de boa saúde. E o responsável por essa decisão – ou recuo, dirão alguns – tem nome: Christopher McQuarrie.

“Matar o herói? Para quê?”

Segundo o realizador, matar Ethan Hunt nunca esteve verdadeiramente no plano. Pelo menos, não da forma como muitos fãs esperavam. Em entrevista recente, McQuarrie explicou que o fim de uma história não tem de equivaler à morte da personagem:

“A ideia de que a conclusão de uma história tem de ser a morte da personagem… não são sinónimos. Quando fechas totalmente uma história, essa história deixa de existir. E isso não é a vida. As histórias continuam, quer os filmes o façam ou não.”

Um argumento poético, claro, mas que não deixa de soar a “cop-out” para quem esperava uma despedida épica e definitiva. Afinal, No Time to Die teve a ousadia de fazer o impensável: matar James Bond. E logo depois de um filme cheio de despedidas emocionadas e de uma frase final que deixaria qualquer espectador a fungar no escuro da sala. Ao lado disso, Final Reckoning parece… conservador.

E o futuro de Ethan Hunt?

Ora, essa é a pergunta que não quer calar. O final do filme não fecha de forma clara a porta à saga. Pelo contrário: deixa espaço – e vontade – para mais. Tom Cruise não confirmou o regresso, mas também não negou. Aliás, deixou escapar uma frase curiosa a McQuarrie durante as filmagens:

“Podemos fazer melhor.”

E conhecendo o homem que já saltou de aviões em queda livre, escalou prédios sem cabos e pendurou-se num avião em pleno descolar, ninguém acredita que Tom Cruise vá reformar Ethan Hunt sem mais uma corridinha sem dublê.

Missão impossível… convencer os estúdios?

Aqui é que a coisa complica. A verdade é que as duas últimas entradas da saga tiveram orçamentos gigantescos e receitas de bilheteira… aquém do esperado. Apesar da reputação impecável da franquia Mission: Impossible, os números não mentem: fazer mais filmes com este nível de ambição pode ser difícil de vender aos executivos de Hollywood.

ver também :Ser James Bond é um pesadelo? Henry Golding explica porquê (e não é o que estávamos à espera)

Ainda assim, seria ingénuo apostar num adeus definitivo. Afinal, Ethan Hunt já sobreviveu a explosões, quedas, traições, pandemias (das reais e das fictícias)… sobreviver à lógica dos estúdios pode ser apenas mais uma missão a acrescentar à lista.

F1: Brad Pitt mete o pé no acelerador e bate recordes com estreia de 140 milhões 💥🏁

Velocidade, estrelas e um filme original que ultrapassou todas as expectativas: F1 é o novo fenómeno de bilheteira e coloca Brad Pitt no pódio da sua carreira.

ver também : Ironheart Está a Tentar Voar… Mas a Sombra de Tony Stark É Gigante ⚙️

O mundo do cinema pode finalmente fazer uma curva apertada sem sair da pista: F1, o novo filme de ação com Brad Pitt ao volante, arrancou com um fim de semana de estreia a altíssima velocidade, faturando 140 milhões de dólares a nível global, com 85 milhões no estrangeiro e 55 milhões nos EUA. E com isto, bateu não só o World War Z (112 milhões globais) como se tornou o melhor arranque de sempre para um filme protagonizado por Pitt.

Mas isto é mais do que um filme de carros. É uma vitória estrondosa para a Apple Original Films, que se estreou neste campeonato das estreias cinematográficas com estilo — e em parceria com a Warner Bros. Produzido por Jerry Bruckheimer (Top Gun: Maverick) e realizado por Joseph Kosinski, o mesmo par de sucesso, F1 confirmou o que os trailers prometiam: emoção, adrenalina e um regresso triunfante ao grande ecrã para o género.

Apple ganha asas — e Pitt ganha gasolina 🚀

Se Killers of the Flower Moon, de Martin Scorsese, já tinha sido um sucesso para a Apple (com 23,2 milhões no fim de semana de estreia), F1 atira esse número para a berma da estrada. Só na sexta-feira, o filme fez 25 milhões de dólares nos EUA, ficando apenas 100 mil dólares abaixo do recorde de estreia de Brad Pitt, estabelecido com World War Z.

Ainda mais impressionante: 58% da receita americana veio de IMAX e PLFs (salas premium), com o IMAX sozinho a representar 25%. Claramente, o público quer viver esta experiência ao som dos motores… e com o ecrã a tremer.

Corrida para o sucesso: o público adorou

Os números são claros, mas as reações do público são ainda melhores: F1 tem um CinemaScore de A92% no PostTrak78% de recomendação certa. Em termos simples: quem vê, quer dizer aos amigos para verem também. E essa é a melhor estratégia de marketing.

E sim, aquela ideia antiga de que filmes sobre corridas de carros não funcionam? Esqueçam. 40% do público foi ao cinema precisamente por ser um filme de corridas. E 35% foram por ser com Brad Pitt. Isto é quase tão equilibrado como uma grelha de partida da Fórmula 1.

M3GAN 2.0 falha a ultrapassagem 🤖

Em sentido contrário segue M3GAN 2.0, que parecia prometer uma estreia forte, mas acabou a perder velocidade logo na primeira curva: apenas 10,4 milhões no primeiro fim de semana, muito aquém dos 30 milhões que alguns analistas previam. Com uma receção crítica mais morna (58% no Rotten Tomatoes) e um certo cansaço do público em relação ao gimmick da boneca, parece que a sequência não conseguiu replicar o sucesso do original.

Fórmula vencedora 🔥

Com F1, Brad Pitt provou que ainda consegue liderar blockbusters de ação — e que o cinema original ainda tem tração. A Apple, que já tentava encontrar o seu lugar nas salas, acertou em cheio com esta aposta em alta velocidade. E não se ficou pela pista americana: com 85 milhões arrecadados internacionalmente, o filme mostra o poder global da Fórmula 1 — e do carisma eterno de Pitt.

E sim, Jerry Bruckheimer pode agora dizer que ressuscitou dois géneros considerados “mortos”: os filmes de piratas com Piratas das Caraíbas e agora os filmes de corridas com F1.

ver também :James Wan Quer Levar os Zombies de Train to Busan a Nova Iorque – Mas Ainda Está Tudo Parado

Pelo que se vê, o carro de Brad Pitt ainda tem muito combustível para queimar. 🏎️💨

Ser James Bond é um pesadelo? Henry Golding explica porquê (e não é o que estávamos à espera)

O ator britânico revela os bastidores da maior fantasia — e do maior pesadelo — de qualquer ator: vestir o smoking de 007.

Ser James Bond pode ser o sonho de muitos… mas para Henry Golding, pode ser também um autêntico pesadelo. O ator de Crazy Rich Asians e The Gentlemen explicou recentemente por que razão o papel de 007 é, nas suas palavras, “o pesadelo de qualquer ator”. E a explicação faz (muito) sentido.

ver também: Ironheart Está a Tentar Voar… Mas a Sombra de Tony Stark É Gigante ⚙️

Numa altura em que a busca pelo próximo James Bond está a aquecer — com Denis Villeneuve confirmado na realização e nomes como Tom Holland, Harris Dickinson e Jacob Elordi apontados à corrida — Golding optou por dar um passo atrás… com franqueza.

“É o pesadelo de qualquer ator. Queres trazer algo de novo à personagem, mas há uma pressão cultural gigantesca associada ao papel. Talvez eu seja um cobarde, não sei, mas acho que me divertiria muito mais se não existisse essa expectativa permanente”, confessou à People.

James Bond: o legado e o peso do smoking

Desde Sean Connery a Daniel Craig, passando por Roger Moore, Pierce Brosnan e Timothy Dalton, todos os intérpretes de 007 deixaram a sua marca… mas também carregaram o fardo de manter viva uma das personagens mais icónicas da história do cinema.

Daniel Craig, que assumiu o papel entre 2006 (Casino Royale) e 2021 (No Time To Die), encerrou o seu ciclo com uma despedida explosiva — e agora, a saga vive um momento de transição delicado.

Para Golding, o problema não está na personagem em si, mas sim no peso cultural que o acompanha:

“Porque não criar mais agentes? Mais 00s? Isso sim seria divertido — sem tantas restrições ou expectativas.”

Denis Villeneuve assume a missão (com Amy Pascal e David Heyman a bordo)

Entretanto, a máquina Bond já está em movimento: a Amazon MGM Studios oficializou que será Denis Villeneuve (DuneArrivalBlade Runner 2049) o novo realizador do próximo capítulo da saga. Uma escolha ousada e entusiasmante, considerando o estilo visualmente ambicioso e emocionalmente intenso do cineasta canadiano.

A produção ficará a cargo de dois nomes de peso: Amy Pascal (Spider-Man) e David Heyman (Harry Potter), que se encontram já em Londres a trabalhar no projeto. A promessa da Amazon é clara: manter o legado de Bond intacto, mas abrir as portas a uma nova era.

“Estamos comprometidos em honrar o legado desta personagem icónica e, ao mesmo tempo, trazer um novo capítulo fresco e electrizante ao público de todo o mundo”, garantiu Courtenay Valenti, responsável máxima da divisão cinematográfica da Amazon MGM.

Quem será o próximo Bond?

A dúvida mantém-se: quem vestirá o smoking e conduzirá o Aston Martin? Apesar de Henry Golding admitir que talvez o papel não seja para ele, o debate continua a girar em torno de jovens estrelas como Tom Holland, Harris Dickinson e Jacob Elordi — todos com menos de 30 anos, como parece ser o novo critério da produtora.

ver também. : James Wan Quer Levar os Zombies de Train to Busan a Nova Iorque – Mas Ainda Está Tudo Parado

E tu? Achas que Golding fugiu a tempo ou perdeu uma oportunidade de ouro?

“Elio” Desilude nas Bilheteiras e Abala Estratégia de Originais da Pixar

Apesar dos elogios da crítica, o novo filme original da Pixar regista a pior estreia da história do estúdio. Peter Docter mantém-se firme na defesa de histórias originais, mas o futuro parece cada vez mais incerto.

ver também : “Mentes Brilhantes”: A Viagem à Mente Humana Que Vai Marcar o Verão dos TVCine

A Pixar tem atravessado tempos complicados. No meio de uma indústria cinematográfica ainda a recuperar dos efeitos da pandemia, e com o público cada vez mais rendido ao conforto das sequelas e universos partilhados, o estúdio da lâmpada tentou arriscar. Mas “Elio”, o seu mais recente filme original, não conseguiu conquistar o público — pelo menos, ainda não.

Com críticas bastante positivas (no Rotten Tomatoes soma mais de 80% de aprovação), “Elio” abriu nas bilheteiras com os piores resultados de sempre para um filme Pixar. Um verdadeiro balde de água fria para o estúdio que, nos últimos anos, tem feito questão de apostar em novas ideias, mesmo que o mercado continue a recompensar os velhos sucessos.

“Não queremos fazer o Toy Story 27”

O diretor criativo da Pixar, Peter Docter, esteve recentemente presente no Most Innovative Companies Summit da Fast Company e não escondeu as dificuldades de criar obras originais num mundo sedento de familiaridade. “Temos de descobrir o que as pessoas querem antes de elas saberem que querem”, disse Docter. “Porque se apenas lhes dermos mais do que já conhecem, estaríamos a fazer o Toy Story 27.”

Depois de Toy Story 4 (2019), a Pixar apostou forte em ideias novas com filmes como OnwardSoulLuca e Turning Red. Contudo, a pandemia arrasou qualquer hipótese de sucesso nas bilheteiras para esses títulos, que chegaram maioritariamente através do Disney+. O primeiro grande teste pós-COVID foi Elemental, que começou fraco mas acabou por recuperar o fôlego e ser considerado um sucesso tardio. Agora, esperava-se que Elio seguisse esse caminho… mas os sinais não são animadores.

Cinco anos de risco e incerteza

Docter revelou também que cada filme da Pixar leva em média cinco anos a ser desenvolvido, o que complica qualquer tentativa de antecipar tendências. “É um jogo imprevisível. E dá o mesmo trabalho fazer um filme que falha, do que um que é um sucesso.”

Esse tempo de maturação tem sido, historicamente, uma das maiores qualidades da Pixar — mas hoje é também um risco acrescido. A cultura pop muda de semana a semana, e acertar no tom e no tema certos, meia década depois, é um tiro no escuro.

E agora, Pixar?

Apesar deste tropeção com Elio, a Pixar não abdica da sua aposta nos filmes originais. “Hoppers”, com estreia prevista ainda este ano, é a próxima história inédita. Depois, regressam as sequelas com Toy Story 5, seguidas por Gatto (mais um original em 2026), e finalmente, Os Incríveis 3 e Coco 2.

ver também : Channing Tatum Vira Ladrão de Brinquedos e Coração de Kirsten Dunst em Roofman

Ou seja, o estúdio de Up e Wall-E caminha agora numa corda bamba entre a segurança das marcas que o público já conhece e ama, e a vontade de continuar a inovar e surpreender. Mas se nem Elio conseguir encontrar o seu lugar ao sol, talvez seja mesmo o fim da era em que a Pixar ousava criar mundos do zero.

“M3GAN 2.0” Divide Críticos e Chega aos Cinemas com Avaliação Inferior ao Primeiro Filme

A sequela do fenómeno de 2022 estreia com uma recepção mista… e menos terror do que o esperado

ver também : É Oficial: Denis Villeneuve Vai Realizar o Próximo Filme de James Bond

Depois de ter surpreendido o mundo em 2022 com uma mistura certeira de terror, humor negro e inteligência artificial, M3GAN regressa com uma sequela muito antecipada. Mas os primeiros sinais críticos de M3GAN 2.0 não estão a corresponder ao sucesso do original. Com apenas 61% de aprovação no Rotten Tomatoes — longe dos impressionantes 93% do primeiro filme — a nova entrada da Blumhouse promete dividir tanto fãs como críticos.

Quando o robô de estimação ganha armas… e músculos

A premissa de M3GAN 2.0 leva a boneca andróide homicida a um novo nível: reconstruída com upgrades militares, a protagonista digital enfrenta agora um robô de combate alimentado com a própria tecnologia da M3GAN original. A acção sobe de intensidade, os cenários tornam-se mais futuristas, mas segundo vários críticos… o terror ficou pelo caminho.

O elenco volta a contar com Allison Williams, Violet McGraw, Amie Donald (responsável pela performance física de M3GAN) e Jenna Davis (voz da personagem), agora acompanhados por novos nomes como Ivanna Sakhno, Jemaine Clement e Aristotle Athari. Gerard Johnstone volta à cadeira de realizador, com argumento novamente escrito em colaboração com Akela Cooper.

Terror ou comédia de acção?

Apesar da antecipação e do pedigree da Blumhouse, as críticas iniciais revelam um filme com identidade trocada. A revista ScreenRant resume o sentimento de muitos ao afirmar que “o filme ainda faz rir, mas já não pertence ao género de terror”. E esta parece ser a crítica recorrente: M3GAN 2.0 tem piada, mas perdeu o fio ao horror.

Há quem compare o tom mais absurdo da sequela a títulos como Terminator 2 ou Evil Dead 2, abraçando o seu lado mais paródico. Mas outros apontam falhas graves de coerência narrativa, falta de tensão e uma aposta excessiva num estilo “polido” que elimina o charme desequilibrado do original.

O futuro de M3GAN… e da Blumhouse

Esta recepção dividida coloca um travão no entusiasmo em torno de uma possível franquia. A Blumhouse, que nos últimos anos tem tido uma série de sucessos (The Black PhoneM3GANFive Nights at Freddy’s), também viu estreias recentes como ImaginaryNight Swim e AfrAId afundarem-se tanto nas bilheteiras como na crítica.

Ainda assim, o fenómeno viral que foi M3GAN (com coreografias, memes e fandom fervoroso) poderá ser suficiente para atrair espectadores às salas — pelo menos os que estiverem prontos para trocar sustos por gargalhadas tecnológicas.

ver também :Dakota Johnson e Adria Arjona em “Splitsville”: Comédia Selvagem Sobre Casamentos Abertos Chega com Trailer Promissor

Resta saber se M3GAN 2.0 será um novo capítulo digno ou apenas uma actualização cheia de bugs.


🎬 Elio e o Fim da Magia Original? O Fracasso da Pixar que Abala Hollywood

Quando nem um filme bonito e elogiado escapa ao apocalipse dos IPs, está na hora de perguntar: a culpa é dos estúdios ou do público?

ver também : A Magia do Tempo: Disney Celebra 55 Anos dos Seus Arquivos com Curta-Metragem Fantástica

A Pixar já nos habituou a maravilhas. De Toy Story a Soul, passando por obras-primas como Ratatui ou Inside Out, o estúdio foi durante décadas sinónimo de criatividade e risco. Mas agora? Bem… parece que até os mestres da animação estão a ser vítimas da era dos franchisings e dos reboots sem fim. O mais recente exemplo chama-se Elio — e o seu desastroso arranque nas bilheteiras pode ter consequências muito para além da Pixar.

O pior arranque da história da Pixar

Com uma pontuação bem respeitável de 84% no Rotten Tomatoes, Elio parecia ter tudo para triunfar: conceito original, visual deslumbrante e aquele toque emocional que a Pixar tão bem domina. Mas não chegou. O filme estreou com apenas 21 milhões de dólares nas bilheteiras norte-americanas — o PIOR arranque de sempre para uma longa-metragem da Pixar.

Doug Creutz, analista da TD Cowan, não tem dúvidas: este flop não é um caso isolado, é um sintoma. “Desde a pandemia, a diferença entre filmes de animação originais e sequelas ou adaptações tornou-se gigantesca”, alertou o especialista de Wall Street. E acrescenta com ironia: “Não culpem os executivos dos estúdios… culpem o público.”


Porque é que isto interessa (muito) à Disney?

A Disney não faz animação apenas para encher salas de cinema. Cada filme é uma peça de uma engrenagem maior — o chamado “flywheel” que liga animação, parques temáticos e produtos licenciados. E aqui está o problema: um filme como Elio não gera brinquedos, não inspira brinquedos de peluche, não tem potencial de montar uma montanha-russa no Magic Kingdom.

Se os filmes originais falham, o parque temático não ganha atrações novas e o merchandising não sai das prateleiras. O impacto é profundo — e a Disney sabe-o bem. Por isso, não é surpresa que tenha adiado Elio de 2024 para 2025, tentando evitar que um fracasso coincida com momentos sensíveis para a administração da empresa, nomeadamente o já famoso “proxy fight” envolvendo Bob Iger.

A guerra das sequelas vs. originais

Os números são assustadores. Desde 2022, as longas-metragens de animação originais da Disney (e da Universal/Illumination) arrecadaram, em média, 412 milhões de dólares. Pode parecer bom… até percebermos que as sequelas no mesmo período arrecadaram, em média, 844 milhões — mais do dobro.

E isto com um pequeno truque contabilístico: Super Mario Bros. entra nas contas como “original”, apesar de ser um produto da nostalgia e de uma marca com décadas de história. Ou seja: a animação original verdadeira, aquela que inventa novos mundos e personagens, está a perder terreno — e a perder feio.

Elio é um aviso. Vamos ouvir?

A grande questão é esta: se nem a Pixar consegue convencer o público a arriscar numa ideia nova, quem conseguirá? Será o futuro da animação um eterno ciclo de Toy Story 27 e Frozen: O Retorno da Tia da Elsa?

No meio deste cenário sombrio, vale lembrar uma frase de Walt Disney: “We keep moving forward, opening new doors, and doing new things…” Pois bem. A Pixar tentou abrir uma nova porta com Elio — e o público, desta vez, preferiu ficar na sala do costume. O problema? Se continuarmos a rejeitar o novo, em breve já nem haverá portas para abrir.

ver também . Michael B. Jordan em Dose Dupla: “Pecadores” Chega à Max e É o Primeiro Grande Candidato aos Óscares

🎥 Elio pode ter fracassado nas bilheteiras, mas talvez mereça uma segunda oportunidade — pelo bem da imaginação coletiva. Se não for por ti, que seja pelas gerações futuras que não merecem crescer apenas com sequelas.