“Until Dawn”: O Pesadelo Que Nunca Acaba — O Novo Terror do TVCine Que Te Vai Prender à Noite Inteira

Quando achávamos que já tínhamos visto todas as variações possíveis de terror em cabanas isoladas na montanha, surge um novo pesadelo capaz de virar o género do avesso. “Until Dawn”, que estreia a 6 de dezembro às 21h30 no TVCine Top, parte de uma premissa familiar — amigos num retiro remoto, forças misteriosas à espreita — mas torce-a com uma crueldade quase matemática: ninguém morre apenas uma vez.

O grupo de jovens que protagoniza o filme está preso num loop temporal aterrador, condenado a reviver a mesma noite brutal vezes sem conta. Sempre que um deles cai às mãos das criaturas que os perseguem, tudo recomeça no ponto inicial — só que desta vez, todos se lembram perfeitamente do que aconteceu. Cada morte acrescenta medo, desespero e urgência. Cada nova tentativa aproxima-os um pouco mais da verdade… ou de um fim ainda pior.

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Um retiro que se transforma em purgatório

Numa casa isolada na montanha, envolta em neve e silêncio, uma força desconhecida começa a caçar o grupo sem piedade. O que inicialmente parece um ataque inexplicável depressa se revela um ciclo maligno que reinicia a noite sempre que alguém morre.

A dinâmica rapidamente extravasa o terror físico e entra no psicológico:

— Quem é o próximo?

— É possível quebrar o ciclo?

— O que é real e o que é manipulado por aquela força invisível?

À medida que as peças se alinham, surgem pistas sobre segredos antigos, traumas partilhados e uma ligação obscura entre os jovens, a montanha e as criaturas que os caçam. O nascer do sol transforma-se numa meta abstracta — quase metafísica — onde a sobrevivência exige não apenas correr, mas entender as regras do próprio pesadelo.

David F. Sandberg: um mestre do terror fecha-te dentro da noite

Realizado por David F. Sandberg, nome bem conhecido pelos fãs do género graças a Lights Out – Terror na Escuridão e Annabelle: A Criação do Mal, “Until Dawn” combina o que o cineasta faz melhor:

— terror atmosférico que se infiltra lentamente na narrativa,

— tensão psicológica crescente,

— e momentos de choque visual que deixam o espectador em permanente estado de alerta.

Sandberg parece aqui particularmente interessado no terror como mecanismo emocional, onde reviver a mesma noite brutal não é apenas um truque narrativo — é um processo de desgaste, de quebra identitária e de exposição absoluta do pânico humano.

Um elenco jovem preso numa experiência de terror puro

O filme conta com um conjunto de talentos em ascensão:

Ella Rubin, Michael Cimino, Odessa A’zion, Ji-Young Yoo e Belmont Cameli.

A juventude do elenco ajuda a intensificar a sensação de vulnerabilidade — são personagens ainda a descobrir quem são, atiradas inesperadamente para uma espiral de terror onde cada decisão pode determinar não apenas o destino da noite, mas o de todos os ciclos seguintes.

O ambiente claustrofóbico, reforçado por efeitos sonoros agressivos e visuais que oscilam entre o real e o sobrenatural, transforma “Until Dawn” numa experiência quase física para o espectador.

Uma noite, infinitas mortes — e a tentativa desesperada de ver o amanhecer

A estrutura em loop transforma o filme numa espécie de jogo mortal, onde cada repetição ensina algo novo, mas também aproxima o grupo do colapso emocional — e do terror absoluto. A cada novo ciclo, amizades vacilam, alianças nascem de forma forçada e a verdade esconde-se sob camadas de medo e superstição.

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“Until Dawn” promete ser um dos filmes de terror mais imersivos desta temporada televisiva, ideal para quem gosta de histórias que combinam tensão constante com uma mitologia intrigante.

A estreia acontece no sábado, 6 de dezembro, às 21h30, no TVCine Top e também no TVCine+.

Os Destaques da Disney+ para Dezembro: Um Mês Repleto de Estreias, Clássicos e Magia Festiva

Dezembro chega ao Disney+ com a força de um mês pensado para famílias, cinéfilos, fãs de música, nostálgicos e devoradores de séries. Há novas produções, regressos aguardados, documentários de grande escala e maratonas perfeitas para dias frios. A plataforma apresenta ainda as suas colecções especiais, com clássicos incontornáveis que definiram gerações, e um catálogo natalício pronto para aquecer sofás e corações. Com tanto para descobrir, reunimos tudo o que importa no guia definitivo dos Destaques da Disney+ para Dezembro 2025.

Clássicos para começar o mês: Shrek e Regresso ao Futuro

O mês arranca logo a 1 de dezembro com duas colecções irresistíveis.

Para os fãs do ogre mais famoso do cinema moderno, ShrekShrek 2 e Shrek o Terceiro regressam para um mergulho nostálgico no caos encantado da mítica Terra Muito, Muito Distante.

Também disponível no mesmo dia está a trilogia completa Regresso ao Futuro, convidando os espectadores a viajar no tempo com Marty McFly e Doc Brown — uma oportunidade perfeita para revisitar uma das franquias mais icónicas dos anos 80.

Stand-up e Desporto: duas formas de aquecer o inverno

A 19 de dezembro chega Kumail Nanjiani: Night Thoughts, um espetáculo de stand-up hilariante e emocional, marcado pelo humor afiado e pelas reflexões íntimas do actor e comediante.

Para quem prefere adrenalina desportiva, Dezembro traz ainda mais transmissões da UEFA Women’s Champions League, garantindo noites cheias de competição europeia ao mais alto nível.

Os grandes destaques do mês: seis estreias imperdíveis

1. Um Casal (Im)Perfeito — 3 de dezembro

Uma reinterpretação contemporânea de A Guerra das Rosas, realizada por Jay Roach e escrita por Tony McNamara, com um elenco de luxo: Olivia ColmanBenedict CumberbatchAndy Samberg e Kate McKinnon.

A queda profissional de Theo e a ascensão meteórica de Ivy expõem rachaduras profundas num casamento que parecia perfeito. Rivalidade, ressentimento e humor negro marcam esta comédia dramática sobre o lado menos fotogénico da vida conjugal.

2. O Diário de um Banana – A Última Gota — 5 de dezembro

A adaptação do terceiro livro da série de Jeff Kinney segue Greg Heffley a tentar sobreviver às expectativas do pai, desastres familiares e a sua própria incapacidade encantadora de “deixar de ser banana”.

Realizado por Matt Danner, o filme conta com as vozes de Aaron D. Harris e Chris Diamantopoulos.

3. Percy Jackson – Temporada 2 — 10 de dezembro

Percy regressa numa aventura épica pelo Mar dos Monstros, onde tenta resgatar Grover e recuperar o mítico Tosão de Ouro, essencial para salvar a Colónia dos Mestiços.

Com Annabeth, Clarisse e o cíclope Tyson ao lado, esta temporada promete enredos mais sombrios, novos inimigos e uma expansão significativa do mundo mitológico da série.

4. The End Of An Era + Taylor Swift | The Eras Tour | The Final Show — 12 de dezembro

Dezembro é também o mês da música com uma dupla estreia dedicada a Taylor Swift:

  • The End Of An Era — Série documental sobre os bastidores da digressão The Eras Tour, com participações de Gracie Abrams, Sabrina Carpenter, Ed Sheeran e Florence Welch. Dois episódios chegam todas as semanas.
  • The Eras Tour | The Final Show — O concerto final da digressão, filmado em Vancouver, incluindo todo o alinhamento do álbum The Tortured Poets Department.

Uma celebração emocional e intimista de um fenómeno global.

5. Os Simpsons – Temporada 37 (Parte 1) — 17 de dezembro

A família mais famosa da televisão está de volta.

Quase 40 anos depois da estreia, Os Simpsons continuam a ser um marco cultural e um dos pilares do humor animado moderno. A nova temporada chega em duas partes, começando agora em dezembro.

6. A Verdade Oculta — 26 de dezembro

A nova série da FX acompanha o jornalista independente Lee Raybon, obcecado por desvendar a corrupção em Tulsa.

Quando a sua investigação provoca uma morte suspeita, Lee mergulha numa teia de segredos, interesses ocultos e ameaças poderosas. Um thriller tenso, de ritmo acelerado, sobre verdade, poder e sobrevivência.

Conteúdos natalícios para entrar no espírito da quadra

Para quem gosta de embrulhar dezembro com luzes, mantas e maratonas temáticas, o Disney+ reúne vários clássicos e novidades:

  • Mickey, Minnie e as Canções de Natal — 17 dezembro
  • Um Natal Muito Jonas Brothers
  • Last Christmas
  • O Amor Não Tira Férias
  • Prep’Aterragem: Protocolo Bola de Neve
  • Grinch
  • Sozinho em Casa
  • O Conto de Natal dos Marretas

Uma selecção que vai desde a comédia romântica ao clássico familiar e à fantasia musical.

E ainda em dezembro…

  • The Great North — T5 – 3 dezembro
  • Tesouros Perdidos de Roma — T2 – 3 dezembro
  • A Vida Secreta das Esposas Mórmones — Reunião T3 – 4 dezembro
  • Star Wars: As Aventuras dos Jovens Jedi — T3 – 8 dezembro
  • Law & Order: Unidade Especial — T14 a T17 – 31 dezembro

Disney+: um catálogo que cresce com espírito festivo

Com clássicos, estreias exclusivas, temporadas frescas e documentários de alto perfil, dezembro apresenta-se como um dos meses mais completos do Disney+ em 2025.

A diversidade de conteúdos — da animação ao drama, da música ao stand-up — torna a plataforma um porto seguro para quem procura entretenimento de qualidade na recta final do ano.

AnimaPIX Celebra 10 Anos com Edição Especial no Pico — e as Ilhas Preparam-se para um Inverno Cheio de Cinema

Um festival que já faz parte da paisagem cultural açoriana

O mês de Dezembro traz novamente à ilha do Pico um dos eventos mais vibrantes do calendário cultural açoriano: a décima edição do AnimaPIX, o festival dedicado à animação que, ao longo de uma década, transformou a Biblioteca Auditório da Madalena num ponto de encontro privilegiado entre cineastas, artistas, curiosos e amantes do cinema animado.

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De 2 a 6 de Dezembro, a ilha mais alta de Portugal volta a ser palco de projecções, conversas, encontros e celebrações em torno da arte da animação — uma área em que os Açores têm vindo a afirmar nomes, talentos e produções cada vez mais relevantes.

Uma conversa imperdível com figuras maiores da animação portuguesa

Um dos momentos mais aguardados desta edição acontece na sexta-feira, 5 de Dezembro, às 16h30, no emblemático Cella Bar: uma conversa aberta com o júri do festival, composto por dois nomes maiores da animação portuguesa, Abi Feijó e Regina Pessoa — esta última madrinha do festival e ilustradora do cartaz comemorativo dos dez anos do AnimaPIX.

Mas isto é apenas o início:

— Estarão também presentes os cinco vencedores do Prémio AnimaPIX 2021-2025, um verdadeiro “dream team” da animação nacional:

Alexandra Ramires, Alice Eça Guimarães, João Gonzalez, Laura Gonçalves e Maria Trigo Teixeira.

— Juntam-se ainda Cláudio Jordão e António Alves, que apresentam os seus projectos mais recentes no grande ecrã do festival.

— E como se isto não bastasse, participam ainda convidados especiais como Fernando Galrito (MONSTRA) e Elsa Cerqueira, vencedora do Global Teacher Prize.

O encontro promete uma tarde de troca de ideias, reflexão sobre o percurso da animação portuguesa e inspiração para novos criadores. Toda a programação pode ser acompanhada através da página oficial do festival:

👉 https://www.facebook.com/animapixfestival/

Depois da animação, chega o Montanha Pico Festival

Com o fim do AnimaPIX, os holofotes voltam-se para Janeiro, mês em que regressa o Montanha Pico Festival, que celebra em 2025 a sua 12.ª edição. O festival ocupa três ecrãs diferentes na ilha, num verdadeiro circuito cultural que homenageia o cinema de temática montanhosa, ao mesmo tempo que reserva espaço para a produção açoriana.

Uma das grandes novidades desta edição é a secção especial “O Melhor de Portugal 2024-2025”, composta por cinco longas-metragens seleccionadas por Terry Costa, director artístico do evento. A programação pode ser acompanhada aqui:

👉 https://www.facebook.com/MontanhaPicoFestival

A revista/programa oficial encontra-se igualmente disponível online:

👉 https://issuu.com/miratecarts/docs/revista_47_miratecarts

Planos para 2027: um novo encontro audiovisual açoriano

Terry Costa revela ainda que já está em preparação a 3.ª edição do Encontro Audiovisual Açoriano, que decorrerá de 8 a 10 de Janeiro de 2027. O destaque dessa edição será dedicado a “New Bedford — Além da Comunidade”, reforçando a ligação histórica e cultural entre os Açores e as comunidades emigrantes.

O triunfo de FIRST DATE: um marco para o cinema do Pico

Entre os motivos de celebração, destaca-se também a vitória do filme FIRST DATE, de Luís Filipe Borges, que recebeu no passado sábado o prémio de Melhor Curta Açoriana no festival Curta Açores — Ribeira Grande.

A obra, vencedora do Prémio Curta Pico MiratecArts, já percorreu mais de 40 festivais em 15 países, arrecadando 18 prémios. É a primeira ficção produzida pela equipa, depois de três documentários, e foi filmada inteiramente na ilha do Pico, tornando-se um verdadeiro cartão-de-visita da capacidade criativa açoriana.

Um ciclo de cinema que reforça a identidade cultural açoriana

Entre a celebração dos 10 anos do AnimaPIX, a chegada do Montanha Pico Festival, os projectos futuros e as vitórias recentes da produção local, fica claro que o Pico se afirma cada vez mais como um pólo criativo de referência. A aposta contínua na animação, no cinema montanhoso e no audiovisual regional reforça a imagem de uma ilha que vive a cultura de forma intensa, orgulhosa e profundamente comunitária.

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E, se depender da energia de Terry Costa e dos artistas que por aqui passam, o futuro promete ainda mais histórias contadas a partir do meio do Atlântico — com personalidade, ambição e uma identidade cinematográfica muito própria.

Críticos de Nova Iorque Elegem One Battle After Another Como Melhor Filme de 2025 — E Há Surpresas nas Categorias Principais

Um arranque forte na época de prémios

A temporada de prémios acabou de ganhar novo fôlego: a New York Film Critics Circle (NYFCC) anunciou os seus vencedores e o grande destaque vai para One Battle After Another, eleito Melhor Filme de 2025. A escolha reforça o estatuto crescente do filme, que já tinha conquistado atenção no circuito de festivais e que agora entra oficialmente na corrida ao Óscar com selo crítico de peso.

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A performance de Benicio del Toro, também distinguida com o prémio de Melhor Actor Secundário, ajudou a cimentar o filme no topo das preferências do painel nova-iorquino. Curiosamente, esta vitória chega apenas um dia depois de o filme vencer Melhor Filme nos Gotham Awards, revelando um raro alinhamento entre diferentes círculos de crítica.

Jafar Panahi e uma consagração inesperada

Na categoria de Melhor Realizador, a NYFCC voltou a repetir a sintonia com os Gotham Awards, atribuindo o prémio a Jafar Panahi por It Was Just an Accident. O cineasta iraniano, admirado mundialmente pela sua capacidade de criar sob condições adversas, reforça assim a sua posição como uma das vozes mais influentes do cinema contemporâneo.

O triunfo de Panahi confirma aquilo que muitos críticos têm dito desde o início do ano: estamos perante uma obra que combina autorismo puro com uma inesperada leveza narrativa, desafiando tanto expectativas políticas como estéticas.

Wagner Moura conquista Nova Iorque — duas vezes

Outro destaque evidente é o filme The Secret Agent, que arrecadou dois prémios:

— Melhor Actor, para Wagner Moura,

— Melhor Filme Internacional.

O actor brasileiro, que tem vindo a conquistar Hollywood de forma sustentada, recebe aqui um dos galardões mais prestigiados da crítica norte-americana. A distinção surge num momento de crescente reconhecimento internacional do seu trabalho, elevando ainda mais o perfil do filme.

Rose Byrne surpreende no prémio de Melhor Actriz

O prémio de Melhor Actriz foi para Rose Byrne, pela sua performance em If I Had Legs I’d Kick You — um título tão peculiar quanto ousado, que já está a gerar curiosidade no público cinéfilo. A vitória reafirma Byrne como uma intérprete versátil, capaz de brilhar tanto na comédia como no drama.

Argumento, animação e primeiras obras: um retrato diverso do cinema de 2025

O prémio de Melhor Argumento foi para Marty Supreme, realizado por Josh Safdie e protagonizado por Timothée Chalamet. A escrita do filme tem sido amplamente elogiada pela sua energia irreverente e pela forma inventiva como reinventa convenções dramáticas.

Em Animação, a vitória foi para KPop Demon Hunters, um filme que tem cativado audiências e críticos com a sua fusão de cultura pop, humor estilizado e acção sobrenatural.

A fotografia de Sinners arrecadou o galardão de Melhor Cinematografia, enquanto o prémio de Melhor Primeira Longa-Metragem foi para Eephus, um nome que deverá tornar-se presença regular nos festivais do próximo ano.

Documentário e prémios especiais

Na categoria de Melhor Filme de Não-Ficção, voltou a repetir-se o alinhamento com os Gotham Awards: o vencedor foi My Undesirable Friends: Part I – Last Air in Moscow, uma obra que tem sido descrita como profundamente humana e cinematograficamente arrojada.

A NYFCC atribuiu ainda prémios especiais à Screen Slate e ao Museum of the Moving Image, reconhecendo o impacto cultural e educativo de ambos.

Os prémios estudantis foram para London Xhudo (NYU) e Tan Zhiyuan (The New School), reforçando o compromisso do círculo com o futuro da crítica e da produção cinematográfica.

Uma tradição quase centenária

Fundado em 1935, o New York Film Critics Circle reúne anualmente alguns dos críticos mais respeitados dos Estados Unidos, representando jornais, revistas e publicações digitais de referência. A votação ocorre sempre em Dezembro, definindo um dos primeiros e mais influentes passos na temporada de prémios.

No ano passado, o grupo escolheu The Brutalist como Melhor Filme de 2024 — um título que, mais tarde, também conquistou espaço significativo nas nomeações da Academia.

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Um mapa claro para a corrida aos Óscares

Com a divulgação destes prémios, a NYFCC redesenha o cenário da temporada de prémios:

— One Battle After Another emerge como frontrunner;

— Jafar Panahi confirma o seu estatuto de favorito na realização;

— Wagner Moura e Rose Byrne ganham força nas categorias de interpretação;

— e o circuito de festivais prepara-se para um 2025 intensamente competitivo.

A cerimónia oficial de celebração está marcada para Janeiro, em Nova Iorque. Até lá, Hollywood terá muito para analisar — e ainda mais para especular.

O Futuro da Warner Bros. Está em Jogo: Três Gigantes Apresentam Propostas e Hollywood Prende a Respiração

Um momento decisivo para um dos pilares da indústria

A Warner Bros. Discovery encontra-se no centro de uma das maiores movimentações corporativas da história recente do entretenimento. Depois de meses de especulação, conversas de bastidores e reuniões intensas, chegaram finalmente as propostas de segunda ronda para a aquisição do grupo — e o que está em cima da mesa poderá redefinir a paisagem do cinema, da televisão e do streaming para a próxima década.

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As ofertas foram entregues na passada segunda-feira e três nomes gigantescos continuam firmes na corrida: ComcastParamount e Netflix. Cada um com estratégias diferentes, prioridades distintas e uma visão própria para o futuro da Warner, que inclui propriedades icónicas como DC ComicsHarry PotterFriends, HBO e o vastíssimo catálogo dos estúdios Warner Bros., actualmente revitalizados sob a liderança de Michael De Luca e Pamela Abdy.

Netflix e Paramount surpreendem com propostas em dinheiro vivo

Um dos desenvolvimentos mais surpreendentes desta nova ronda foi a decisão da Netflix: a empresa, inicialmente inclinada para um negócio apoiado sobretudo em acções, regressou com uma proposta quase all-cash, uma manobra financeira que demonstra o quanto está disposta a arriscar para colocar as mãos no estúdio responsável por alguns dos maiores blockbusters da história.

Mas quem mais chamou a atenção foi a Paramount, que apresenta uma oferta completamente em numerário. O estúdio assegurou financiamento através da Apollo e de fundos soberanos não identificados do Médio Oriente — um sinal claro de que está disposto a apostar tudo numa aquisição total da WBD. Caso vença, David Ellison e a RedBird continuarão a controlar a empresa, permitindo à Paramount integrar a Warner num conglomerado audiovisual de dimensão inédita.

A Comcast, por sua vez, mantém a estratégia inicial: adquirir os estúdios e o braço de streaming, mantendo distância da televisão linear, que enfrenta um declínio acentuado.

Dividir ou vender por inteiro? A decisão que pode mudar tudo

Antes mesmo destas ofertas, a Warner Bros. Discovery planeava dividir-se em dois segmentos:

— Um dedicado aos estúdios e ao streaming;

— Outro para a televisão linear tradicional.

A Paramount é a única interessada em comprar a totalidade do grupo. Tanto a Netflix como a Comcast querem apenas a primeira metade — e não pretendem absorver canais lineares, que perderam valor comercial e têm um peso regulatório considerável.

Esta é a questão central que a administração da WBD precisa de resolver: vende a empresa inteira — possivelmente à Paramount — ou divide-a, permitindo que múltiplos compradores agarrem pedaços diferentes da operação?

Os desafios regulatórios: o trunfo (ou não) de David Ellison

Há também considerações políticas importantes. A actual administração norte-americana tem sinalizado que Netflix e Comcast enfrentariam uma fiscalização regulatória mais dura. No entanto, David Ellison — recém-saído do acordo que consolidou o controlo sobre a Paramount — poderá ter uma passagem mais facilitada para fechar um novo negócio.

Fontes anónimas ligadas ao governo têm dado a entender isso mesmo, especialmente através de órgãos como a Fox Business ou o New York Post. Caso se confirme, pode tornar a oferta da Paramount não apenas mais competitiva, mas mais provável.

Os estúdios Warner: o que acontece a um pilar da indústria?

A Warner Bros. vive um dos seus períodos mais criativos e sólidos em anos. De Luca e Abdy revitalizaram o estúdio, trazendo diversidade de géneros, reforçando parcerias com realizadores e apostando no cinema como experiência colectiva — algo que a Netflix, historicamente focada no streaming, não tem priorizado.

Embora o serviço tenha garantido que manteria “estreias em sala” se adquirisse a Warner, permanece a grande questão: manter os lançamentos tradicionais ou adaptá-los ao modelo híbrido da plataforma?

Já a Comcast e a Paramount, ambas com ADN cinematográfico forte, poderiam integrar o estúdio nos seus catálogos sem reduzir significativamente o ritmo de produção — ainda que isso obrigasse a repensar calendários, equipas e orçamento.

O poder do desporto: um trunfo subvalorizado

Apesar de ter perdido os direitos da NBA, a WBD continua a deter acordos importantes: MLB, NHL, metade do March Madness (partilhado precisamente com a Paramount), Roland Garros e direitos de college football. Integrar esta carteira numa gigante como a NBCUniversal ou na própria Paramount poderia criar um colosso desportivo rivalizante com a ESPN.

No entanto, estes direitos estão amarrados ao segmento de televisão linear — e caso a empresa seja dividida, o destino destes activos torna-se altamente incerto.

E David Zaslav? A peça mais imprevisível do tabuleiro

O CEO da WBD, David Zaslav, tornou-se figura central neste processo. Conhecido pelo seu gosto pelo glamour, pelas festas em Beverly Hills e por cultivar relações com estrelas e magnatas, Zaslav não é conhecido por recuar facilmente. Há rumores de que a Paramount já lhe ofereceu um cargo de destaque num eventual novo conglomerado, e é provável que Comcast ou Netflix façam o mesmo.

A verdade é que ninguém sabe se Zaslav está disposto a largar o poder. E isso pode influenciar mais do que parece.

Um possível quarto concorrente? Nunca excluir surpresas

Apesar de apenas três propostas terem sido submetidas oficialmente, fontes internas acreditam que pode surgir um quarto candidato de última hora — possivelmente um fundo soberano do Médio Oriente com apoio de um gigante tecnológico ou japonês. Se há algo que Hollywood sabe bem, é que nada está decidido até estar assinado.

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Uma decisão que pode reconfigurar Hollywood

A Warner Bros. Discovery é um dos últimos grandes bastiões independentes da história do cinema norte-americano. O que acontecer nas próximas semanas poderá determinar não só o destino de estúdios lendários, mas o próprio equilíbrio de poder entre cinema, streaming e televisão.

Está tudo em aberto. E o mundo inteiro — fãs, profissionais e concorrentes — espera agora que a administração da WBD escolha o caminho que irá moldar Hollywood durante muitos anos.

As Primeiras Reacções a Avatar: Fire and Ash: James Cameron Regressa com um Espectáculo “Imaginável Só por Ele”

Um regresso colossesco a Pandora

Aconteceu finalmente: Avatar: Fire and Ash foi exibido a um grupo restrito de jornalistas, e as primeiras reacções não deixam margem para dúvidas — James Cameron volta a provar que, quando se fala em cinema-espectáculo, o trono continua solidamente seu. O terceiro capítulo da saga foi imediatamente descrito como um “espectáculo cinematográfico definitivo”, capaz de levar “os limites técnicos a terrenos que ninguém imaginava”.

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Courtney Howard, crítica de cinema, não poupou elogios, frisando que Cameron continua a dominar a arte do blockbuster como poucos:

“Três filmes depois, James Cameron ainda tem o condão. Continua a fazer do épico algo emocionalmente impactante. Brilhante, ousado e glorioso — é para isto que os cinemas foram criados.”

Sean Tajipour, igualmente impressionado, sublinhou que cada fotograma parece desafiar o possível:

“Cameron continua a ultrapassar fronteiras. Fire and Ash é ousado, envolvente, inesquecível e movido por pura ambição.”

Uma viagem, não apenas um filme

Perri Nemiroff, do Collider, destacou o que muitos críticos confirmam: a imersão é tão poderosa que o filme “parece uma viagem”. O regresso a Pandora acontece de forma quase instantânea, e a complexidade narrativa e técnica ganha novos patamares.

A jornalista notou ainda uma evolução significativa em vários aspectos de produção, incluindo a construção de mundo, os cenários e a forma como o filme integra emoção e acção num só movimento. Segundo ela, a magia do universo Avatarpermanece intacta — e, melhor ainda, mais rica.

Michael Lee foi mais crítico em relação ao enredo, que considerou menos robusto do que o impacto visual. Contudo, a avaliação geral mantém-se extremamente positiva:

“O espectáculo visual é gigantesco, especialmente em 3D. A expansão de Pandora e a introdução de novas tribos elevam o world-building. A história pode não ser perfeita, mas o filme ultrapassa fronteiras técnicas de formas inimagináveis.”

Novas ameaças, novas tribos, a mesma ambição de Cameron

Situado após os eventos de Avatar: The Way of Water, este novo capítulo acompanha a família Sully ainda em luto pela morte de Neteyam. É neste momento de vulnerabilidade que emerge uma nova ameaça: a tribo do Fogo, um grupo de Na’vi que habita zonas vulcânicas e é liderado pela vingativa Varang, interpretada por Oona Chaplin, que assim se estreia na franquia.

Ao elenco regressam Sam Worthington, Zoe Saldaña, Sigourney Weaver, Stephen Lang e Kate Winslet, reforçando a continuidade épica da narrativa. Cameron, fiel ao seu estilo, promete um capítulo emocional, visualmente impressionante e construído com uma escala que desafia as capacidades do cinema moderno.

O futuro de Avatar: tudo depende do público

James Cameron tem sido claro e pragmático: o futuro da franquia depende do desempenho de Fire and Ash nas bilheteiras. O realizador imaginou desde o início cinco filmes, e uma parte substancial de Avatar 4 já está filmada. Contudo, o projecto só avançará com força total se o terceiro capítulo conseguir conquistar novamente o público global.

Vale lembrar que Cameron tem motivos para confiar:

— Avatar é o filme mais lucrativo de sempre com 2,9 mil milhões de dólares;

— The Way of Water ocupa o terceiro lugar, com 2,3 mil milhões.

Mesmo assim, aos 71 anos, Cameron reconhece que o trabalho nos próximos filmes exigirá uma energia considerável:

“Se conseguir, faço. Não excluo nada. Estou saudável e pronto a avançar — mas tenho de ter vigor para mais seis ou sete anos disto.”

Cameron continua a ser Cameron — e isso diz tudo

As primeiras reacções a Avatar: Fire and Ash sugerem que os fãs vão encontrar tudo aquilo que esperam de James Cameron: ambição, escala, emoção, tecnologia de ponta e um domínio absoluto da grande imagem. Mesmo com algumas reservas sobre o enredo, o impacto visual e a imersão parecem ser tão extraordinários que a experiência global se impõe.

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A 18 de Dezembro, Pandora volta a abrir as portas. E, se as reacções iniciais forem indicadoras do que aí vem, Cameron pode muito bem estar a preparar-se para mais uma conquista histórica — técnica, artística e, quem sabe, financeira.

A Surpreendente Viragem no Debate: Afinal, Die Hard Não é um Filme de Natal? Diz o Público Britânico

Um velho debate, uma nova resposta

Poucas discussões cinematográficas têm resistido ao teste do tempo com a mesma teimosia que a questão: “Die Hard é ou não é um filme de Natal?”. Todos os anos, por esta altura, regressa como um fantasma teimoso que ninguém convidou, mas que acabamos sempre por deixar entrar. Este ano, porém, o Reino Unido decidiu bater com o martelo — e o resultado não é o que muitos fãs esperavam.

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Segundo um novo inquérito realizado pelo British Board of Film Classification (BBFC), a maioria dos britânicos considera que Die Hard não é um filme natalício. Sim, é oficial: John McClane pode salvar reféns, derrotar terroristas e sair de um arranha-céus em chamas… mas não conquistou o estatuto de clássico das festividades. Pelo menos, não para 44% dos inquiridos.

Ainda assim, a disputa continua renhida: 38% insistem que é um filme de Natal — provavelmente os mesmos que o revêem religiosamente todos os Dezembros com um misto de ironia, respeito e pura adrenalina cinematográfica. Os restantes 17% ainda estão a tentar decidir em que campo cair, o que prova que nenhuma estatística, por mais científica que pareça, é capaz de silenciar definitivamente este duelo cultural.

Home Alone reina, Die Hard divide

Se há algo em que os britânicos parecem concordar, é que Home Alone continua a ser o verdadeiro soberano da quadra. Nada de surpresas aqui: 20% escolheram o filme de Chris Columbus como o seu favorito natalício, um domínio confortável sobre concorrentes como Love Actually (9%), It’s a Wonderful Life (8%) e Elf (7%).

Quando questionados sobre o que realmente define um filme de Natal, os inquiridos apontaram em maioria para uma história comovente (33%). Depois disso, a prioridade é a adequação familiar (15%) e o humor (13%). Apenas 2% procuram abertamente um tear-jerker — o que significa que, se há lágrimas no Natal, que sejam de riso ou nostalgia, não de emoção trágica.

Com estes critérios, percebe-se melhor porque é que Die Hard luta tanto para entrar na prateleira dos clássicos natalícios: explosões, tiroteios e Bruce Willis descalço em condutas de ar não cumprem exactamente o que o público define como “calor festivo”.

Culkin reacende a polémica — e é vaiado por isso

O debate ganhou novo fôlego graças a Macaulay Culkin, que celebrou recentemente os 35 anos de Home Alone numa homenagem pública. Durante o evento, o actor — agora com 45 anos — decidiu arriscar e partilhar a sua própria opinião sobre o eterno dilema.

Die Hard não é um filme de Natal”, declarou. A resposta? Uma onda de vaias do público presente.

Fiel ao estilo Kevin McCallister, Culkin respondeu com humor:

“Se o mudassem para o Dia de São Patrício, era exactamente o mesmo filme.”

E, de facto, a lógica é difícil de contrariar: Die Hard usa a época como pano de fundo, mas a narrativa central não depende de forma crítica da quadra natalícia. Já Home Alone, por outro lado, perde metade da sua magia se a trocarem por outra data no calendário — não há árvore, não há viagens de férias, não há família numerosa em caos absoluto.

Nem os próprios criadores se entendem

Parte da diversão deste debate está no facto de nem a própria equipa do filme conseguir chegar a consenso.

— John McTiernan, o realizador, afirmou que nunca teve intenção de o fazer como filme de Natal, mas admitiu estar contente por o público o ter adoptado dessa forma.

— Bruce Willis, sempre fiel ao seu estilo lacónico, declarou em 2018:

Die Hard não é um filme de Natal, é um filme do Bruce Willis.”

Estas divergências internas só alimentam a discussão — e talvez ajudem a explicar porque é que a conversa nunca morre, mesmo quando surgem estudos que tentam pôr ordem na casa.

Ver filmes no cinema é tradição — mas não para todos

A sondagem do BBFC também revelou que 18% dos britânicos mantêm uma tradição anual de ir ao cinema durante o período natalício. Entre estes:

— 33% preferem ir antes da véspera,

— 20% guardam a ida para o Boxing Day.

Num país onde a meteorologia convida a actividades de interior, pode dizer-se que o grande ecrã continua a fazer parte das festividades — apesar de ser cada vez mais dividido com plataformas de streaming.

Conclusão: um empate eterno com sabor a Natal

Por muito que estas estatísticas tentem clarificar o assunto, é pouco provável que o debate acabe aqui. Die Hardcontinuará a ser, para uns, o filme de Natal perfeito precisamente porque não parece um filme de Natal. E para outros, continuará a ser um clássico de acção que, por mero acaso, se passa em Dezembro.

A verdade é que a magia do cinema é suficientemente flexível para acolher ambos os lados — e, no fundo, não há época melhor do que esta para reviver debates que nos fazem rir, discutir e revisitar filmes que nos acompanham há décadas.

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Se Die Hard é ou não é um filme natalício, talvez importe menos do que o simples facto de continuarmos a falar dele. E isso, por si só, é o verdadeiro espírito de Natal cinematográfico

O Filme Político Dos Anos 90 Que Encantou o Mundo — e Que Quase Todos Esqueceram

Dave (1993), com Kevin Kline e Sigourney Weaver, foi um fenómeno de bilheteira e crítica — mas hoje vive meio perdido na memória colectiva. Vale a pena recuperá-lo.

Há filmes que envelhecem mal, outros que envelhecem bem — e depois há Dave, aquela comédia política irresistivelmente leve que, nos anos 90, encantou público, crítica e até a Casa Branca, mas que hoje raramente entra nas conversas nostálgicas sobre a década. O que é estranho, porque Dave foi um sucesso colossal: rendeu mais de 92 milhões de dólares nos Estados Unidos, custou apenas 28 milhões, conquistou 95% no Rotten Tomatoes e até conseguiu uma nomeação aos Óscares para Melhor Argumento Original.

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Sim, estamos a falar de uma comédia romântica-política que agradou tanto aos democratas como aos republicanos, numa altura em que ainda era possível fazer sátira com elegância — sem cair no cinismo corrosivo que domina a política moderna. Quando até Bill Clinton, então Presidente dos Estados Unidos, se declarou fã do filme (mesmo sendo alvo de uma ou outra picada humorística relacionada com casos extraconjugais…), é porque algo muito especial estava ali.

A premissa é tão deliciosa quanto improvável: Kevin Kline interpreta dois papéis — o Presidente Mitchell, um político corrupto e mulherengo, e Dave, um cidadão comum, genuinamente simpático, que ganha a vida como imitador ocasional do Presidente. Quando Mitchell sofre um AVC durante um encontro secreto com a amante, o seu Chefe de Gabinete, Bob Alexander (Frank Langella, absolutamente formidável no papel de vilão), decide substituir o Presidente por Dave para proteger interesses… pouco limpos. Dave, que inicialmente aceita o papel por ingenuidade, acaba por tentar governar com bondade e bom senso, enquanto descobre as sombras do poder.

A sátira é certeira, mas nunca maliciosa. Escarnece das instituições, mas acredita nelas. Critica políticos, mas não perde fé na ideia de serviço público. E, sobretudo, aposta na velha máxima que a política actual abandonou: presumir boa fé. Dave, um cidadão comum com valores simples, chega à Casa Branca e tenta apenas fazer a coisa certa — incluindo salvar um programa de apoio a sem-abrigo ao encontrar poupanças com a ajuda do seu contabilista, convidado para jantar no Salão de Estado. Ingénuo? Talvez. Reconfortante? Sem dúvida.

Ao lado de Kline está Sigourney Weaver, como a Primeira-Dama, uma mulher desencantada pelo marido real, mas fascinada pelo “novo” Presidente — gentil, atencioso e emocionalmente disponível. A química é perfeita e a narrativa chega mesmo a brincar, de forma subtil e memoravelmente insinuada, com diferenças anatómicas detectadas no duche presidencial…

Dave reuniu ainda um desfile de personalidades reais da política e dos media dos anos 90: Jay Leno, Larry King, Tip O’Neill, senadores em funções, Helen Thomas, Arnold Schwarzenegger e até Oliver Stone, que aparece a parodiar as suas próprias teorias conspirativas.

No centro de tudo, porém, está Kevin Kline. A sua interpretação dupla — o Presidente cínico e o imitador decente — sustenta a alma do filme: a crença de que, mesmo no meio da corrupção, ainda há espaço para decência, compaixão e humor.

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Trinta anos depois, Dave continua leve, doce, surpreendentemente actual e, acima de tudo, profundamente humano. Talvez seja por isso que vale a pena resgatá-lo — especialmente numa época em que a política parece tentar convencer-nos do contrário.

Scarlett Johansson Reafirma Posição Sobre Woody Allen — e Reflecte Sobre Integridade, Maturidade e Consequências na Carreira

A actriz volta a comentar o apoio público ao realizador, mantendo a sua posição e analisando o impacto que essa escolha poderá ter tido no seu percurso em Hollywood.

Scarlett Johansson voltou a abordar um dos temas mais delicados da sua carreira: o apoio que manifestou a Woody Allen em 2019, quando afirmou que trabalharia com o realizador “a qualquer momento”. À luz das polémicas que marcaram a última década, e questionada pelo The Telegraph sobre se essas declarações prejudicaram a sua imagem ou oportunidades profissionais, a actriz respondeu com a mesma frontalidade — e com um olhar mais maduro sobre a importância da integridade pessoal.

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Johansson reconhece que não é possível prever com exactidão o impacto que uma posição pública pode ter. “É difícil saber… Nunca sabemos qual é exactamente o efeito dominó”, afirmou. Ainda assim, mantém que foi educada para defender aquilo em que acredita, mesmo quando isso implica enfrentar críticas. “A minha mãe sempre me encorajou a ser eu própria, a perceber que é importante ter integridade e defender o que acreditamos.”

O caso remonta às alegações feitas em 1992, quando Mia Farrow acusou Woody Allen de abusar da filha adoptiva, Dylan Farrow — acusações que Dylan voltou a relatar na década de 2010, especialmente durante o movimento #MeToo. Ao longo dos anos, vários actores que trabalharam com Allen expressaram arrependimento, enquanto outros continuam a defender o realizador. Allen nunca foi condenado em nenhum processo relacionado com as alegações.

Johansson, que colaborou com Allen em Match Point (2005), Scoop (2006) e Vicky Cristina Barcelona (2008), manteve ao longo dos anos a confiança na inocência do cineasta. Mas hoje admite que nem sempre é necessário intervir publicamente em todas as discussões. “É importante saber quando não é a nossa vez. Não digo para nos calarmos; digo que, às vezes, simplesmente não é o nosso momento. Compreendi isso melhor à medida que fui amadurecendo.”

Apesar da controvérsia, a actriz continua a ser uma das figuras mais influentes da indústria, não só pelo seu trabalho em cinema mas também pela forma como enfrenta problemas estruturais de Hollywood. Em 2021, protagonizou um caso mediático ao processar a Disney devido ao lançamento simultâneo de Black Widow em sala e na plataforma Disney+, que afectou o seu bónus de bilheteira. O litígio foi resolvido no mesmo ano.

Mais recentemente, enfrentou a OpenAI, depois de a empresa lançar uma assistente virtual cuja voz lhe parecia estranhamente familiar. Johansson revelou que havia sido convidada para dar voz à personagem — convite que recusou — e considerou perturbadora a semelhança com a sua interpretação em Her, de Spike Jonze, onde dava vida a uma inteligência artificial. A OpenAI suspendeu a utilização da voz e negou qualquer intenção de imitar a actriz.

Actualmente, Johansson mantém uma agenda preenchida: está associada a um novo capítulo do universo Jurassic World e a uma futura sequência de The Exorcist, continuando a navegar entre blockbusters, projectos pessoais e debates éticos que, inevitavelmente, moldam a sua presença pública.

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Se a controvérsia de Woody Allen deixará marcas no futuro, é impossível saber. Mas para Scarlett Johansson, a integridade permanece o guião principal.

Scarlett Johansson Recusa Pressões e Mantém Referência ao Holocausto no Seu Primeiro Filme como Realizadora

Eleanor the Great estreia a 12 de Dezembro no Reino Unido, após Johansson rejeitar alterar o núcleo moral e temático da narrativa.

Scarlett Johansson não podia ter escolhido um desafio pequeno para a sua estreia na realização. Eleanor the Great, o seu primeiro filme atrás das câmaras, aborda temas delicados — identidade, mentira, memória — e fá-lo através de uma personagem idosa que afirma ser sobrevivente do Holocausto, apesar de essa história ser uma invenção. Mas antes mesmo de começar a filmar, Johansson viu-se confrontada com pressões inesperadas para alterar profundamente esta premissa.

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Em entrevista ao The Telegraph, a actriz revelou que um dos financiadores do projecto tentou obrigá-la a retirar qualquer referência ao Holocausto, alegando desconforto com essa parte do guião. O pedido surgiu quando faltava apenas um mês para o início das filmagens, depois de longos meses de preparação, ensaios e construção narrativa já estarem concluídos. A exigência era explícita: manter o filme, mas eliminar o elemento central que lhe dá forma, gravidade e sentido moral.

“Adoramos o filme, Scarlett, mas não gostamos assim tanto da parte do Holocausto. A personagem pode mentir sobre outra coisa?”, terá dito o investidor. A realizadora não cedeu. Descrever esse pedido como incompreensível foi o mínimo; Johansson explicou que não estava perante uma questão logística ou financeira, mas sim uma tentativa de amputar a essência da obra. “Se não fosse sobre o Holocausto, sobre o que seria? Não deram alternativa. Apenas disseram que isto era um problema”, afirmou.

A recusa teve consequências: o financiador abandonou o projecto. Ainda assim, Eleanor the Great conseguiu manter-se de pé e chegará às salas britânicas a 12 de Dezembro, preservando intacto aquilo que Johansson definiu como “a pior mentira imaginável” — precisamente o que torna a narrativa tão desconfortável, mas também tão necessária. O filme explora o impacto devastador de uma mentira que cresce até se tornar incontrolável, reflectindo sobre culpa, identidade e as fronteiras éticas da memória colectiva.

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Para Johansson, este episódio revela até que ponto certas histórias continuam a suscitar tensões profundas — e porque é que não devem ser suavizadas quando o objectivo é confrontar o público com verdades difíceis. A estreia de Eleanor the Great, marcada por coragem criativa e resistência a pressões externas, promete fazer correr muita tinta e abrir debates sobre representação, responsabilidade histórica e liberdade artística.

A Solução Surpreendente para a Má Educação no Metro? Leve um Batman Consigo

Um estudo italiano garante: a simples presença do Cavaleiro das Trevas aumenta drasticamente a simpatia dos passageiros.

Parece uma ideia saída directamente de uma comédia sobre super-heróis: pôr um Batman no metro para melhorar o comportamento das pessoas. Mas foi precisamente isso que investigadores da Università Cattolica del Sacro Cuore, em Milão, decidiram testar — e os resultados são tão inesperados quanto hilariante.

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A experiência, publicada na revista npj Mental Health Research, analisou a forma como os passageiros reagiam quando uma mulher aparentemente grávida entrava na carruagem. No cenário normal, sem interferências, apenas cerca de 38% dos viajantes se levantavam para lhe oferecer o lugar. Não é um número bonito, mas é tristemente familiar para quem anda diariamente em transportes públicos.

Depois, os investigadores decidiram apimentar a rotina: na mesma situação, entra na carruagem um indivíduo silencioso… vestido de Batman, fato completo, sem explicações. De repente, como se Gotham tivesse chamado todos à ordem, a taxa de passageiros a ceder o lugar disparou para uns impressionantes 67%. Quase o dobro.

O professor Francesco Pagnini, responsável pelo estudo, explica que a presença do super-herói funciona como um choque suave ao piloto automático que marca o quotidiano urbano. Algo fora do normal obriga-nos a prestar mais atenção ao espaço, às pessoas e — neste caso — às necessidades de quem está ao nosso lado. É como se o simples facto de ver Batman activasse, subtilmente, um alarme interno de “portem-se bem”.

Curiosamente, a maioria dos que cederam o lugar nem reparou conscientemente na figura mascarada. O que indica que a influência terá actuado de forma subconsciente, como se o símbolo fosse tão forte que bastasse existir na periferia do olhar para mudar comportamentos.

As mulheres continuaram a ser as que mais ofereceram os seus lugares, mas a presença do Cavaleiro das Trevas aumentou a disponibilidade para ajudar em todos os grupos, sem discriminação. Segundo a equipa, o fenómeno não tem tanto a ver com Batman em si, mas com o poder dos estímulos inesperados — especialmente quando associados a símbolos culturais de moralidade.

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Em suma: não precisa de combater o crime, nem de dominar artes marciais, nem de ser milionário como Bruce Wayne. Para melhorar a educação no metro, basta aparecer vestido de Batman. Se dá calor? Dá. Se incomoda? Provavelmente. Mas, segundo a ciência, funciona.

O Ícone de “Velocidade Furiosa” Que Pode Ser Seu — O Lendário Mitsubishi Lancer Evolution Vai a Leilão

Um dos carros mais marcantes do filme 2 Fast 2 Furious chega ao mercado — e promete fazer acelerar o coração de coleccionadores.

A saga Velocidade Furiosa sempre soube falar a língua dos amantes de alta rotação: explosões, perseguições, nitro a rebentar e máquinas tão emblemáticas que se tornaram personagens por direito próprio. Entre esses ícones está o Mitsubishi Lancer Evolution VII conduzido em 2 Fast 2 Furious — e agora, graças a um leilão da Bonhams Cars, pode muito bem vir a encontrar uma nova garagem onde repousar… ou continuar a rugir.

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Este não é um simples carro desportivo. É um pedaço da história do cinema de acção, um símbolo de uma era em que os filmes de condução trepidante começaram verdadeiramente a conquistar audiências globais. O Lancer Evolution, já de si venerado pelos entusiastas, ganhou estatuto de culto depois de aparecer no grande ecrã ao lado de Paul Walker. E o exemplar agora em leilão é precisamente um dos utilizados durante as filmagens.

O Mitsubishi Lancer Evolution destaca-se pelas suas especificações técnicas que, ainda hoje, impressionam. Equipado com o célebre motor 2.0 turboalimentado 4G63, tração integral, caixa manual de cinco velocidades e cerca de 330 cavalos de potência, este Evo não foi apenas construído para as câmaras — foi construído para correr. Para os puristas, é o equilíbrio perfeito entre engenharia japonesa e adrenalina cinematográfica.

Mas este exemplar oferece algo que poucos carros de colecção conseguem igualar: autenticidade total. Inclui elementos instalados especificamente para acrobacias, mecanismos de segurança usados nas cenas de acção e suportes concebidos para a montagem de câmaras. É, literalmente, um veículo optimizado para o caos coreografado de Hollywood. E se isso não bastasse, o painel possui assinaturas de actores e membros da equipa técnica, acrescentando-lhe valor histórico e emocional.

No total, foram utilizados quatro Mitsubishi Lancer Evolution no filme, cada um com funções distintas, desde manobras mais agressivas até sequências de proximidade controlada. Esta divisão de tarefas permitiu ao filme criar algumas das cenas mais memoráveis da saga, com uma precisão que só vários carros afinados meticulosamente poderiam garantir.

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Quanto ao valor? Prepare-se. O Lancer Evolution de 2001 utilizado em 2 Fast 2 Furious pode atingir cerca de 291.200 dólares em leilão — um valor que reflecte tanto o fascínio cultural como o estatuto de relíquia que o modelo adquiriu ao longo dos anos. Não é apenas um carro: é um fragmento de nostalgia acelerada, uma peça de cinema que continua a fazer vibrar quem cresceu com a saga.

Se sempre sonhou ter um pedaço de Velocidade Furiosa na sua garagem, esta pode ser a sua oportunidade. E, sejamos sinceros: não é todos os dias que um ícone automobilístico do cinema decide mudar de dono

O Filme Português Que Já Conquistou Paris — O Riso e a Faca Entre os Melhores do Ano para a Cahiers du Cinéma

A revista francesa colocou a obra de Pedro Pinho no top 5 de 2025, celebrando um triunfo raro e histórico para o cinema português.

O cinema português volta a fazer história — e desta vez com estrondo internacional. A Cahiers du Cinéma, considerada por muitos a mais influente revista de crítica cinematográfica do mundo, divulgou o seu top 10 dos melhores filmes de 2025, e O Riso e a Faca, de Pedro Pinho, surge numa honrosa e surpreendente 5.ª posição. Num ranking onde figuram nomes gigantes como Paul Thomas Anderson, Albert Serra, Richard Linklater ou Christian Petzold, a presença de um filme português não é apenas motivo de orgulho: é uma validação artística de dimensão global.

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A lista é liderada por Tardes de Solidão, documentário de Albert Serra dedicado ao toureiro Andrés Roca Rey, seguido de Batalha Atrás de Batalha, o novo épico de Paul Thomas Anderson, e de Yes!, de Navad Lapid. Logo depois surge O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, e, em 5.º lugar, a obra de Pedro Pinho — o único filme português distinguido este ano e um dos poucos na história a alcançar semelhante destaque.

O Riso e a Faca é uma co-produção entre Portugal, Brasil, França e Roménia e apresenta a história de Sérgio, um engenheiro ambiental português que viaja até à Guiné-Bissau para avaliar os impactos ambientais da construção de uma estrada. O que começa como uma missão aparentemente técnica transforma-se num retrato incisivo sobre neocolonialismo, desigualdade e fracturas sociais ainda vivas entre o deserto e a selva. É cinema político, sensorial e profundamente inquietante — características que certamente conquistaram os críticos franceses.

Esta é apenas a segunda longa de ficção de Pedro Pinho, depois de A Fábrica do Nada (2017), também apresentado em Cannes. E foi justamente no festival francês, em maio, que O Riso e a Faca se estreou, garantindo um feito inédito para Portugal: Cleo Diára venceu o prémio de Melhor Interpretação no Un Certain Regard. Um marco histórico para o cinema nacional, que raramente encontra espaço de destaque neste tipo de selecções.

O filme estreou nas salas portuguesas no final de Outubro, tendo já saído de exibição, mas a consagração internacional reacende o interesse e confirma a força do olhar de Pedro Pinho sobre a herança pós-colonial portuguesa. Num ano cinematográfico especialmente competitivo, com obras de autores consagrados e estreias muito aguardadas, O Riso e a Faca conseguiu impor-se como uma das experiências mais marcantes e politicamente relevantes de 2025.

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Para muitos, este reconhecimento pode trazer uma nova vida à obra, futura redescoberta em ciclos de cinema, retrospectivas e plataformas de streaming. Para o cinema português, porém, fica já gravado: em 2025, um dos melhores filmes do ano falava português.

Uma Viagem ao Passado Que Promete Surpreender: A Netflix Leva Assassin’s Creed à Roma Antiga

Toby Wallace junta-se ao elenco de uma das adaptações mais aguardadas do universo dos videojogos — e as expectativas estão em alta.

A Netflix acaba de confirmar oficialmente aquilo que muitos fãs já suspeitavam: Assassin’s Creed vai regressar ao ecrã, desta vez sob a forma de série e com um cenário que promete conquistar tanto jogadores como amantes de épicos históricos — a Roma Antiga. A plataforma prepara-se para transformar uma das sagas mais populares dos videojogos num grande drama televisivo com ambição cinematográfica, mantendo o ADN da franquia: conspiração, dilemas morais, lutas de poder e, claro, muita lâmina oculta.

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A primeira peça do elenco já foi revelada: Toby Wallace, conhecido por Babyteeth e pela série The Royal Hotel. Apesar de o seu papel ainda estar envolto em mistério, sabe-se que será um dos protagonistas da história. E, convenhamos, se a Netflix está a guardar segredo, é porque a personagem deverá ter impacto — seja um novo herói da Irmandade ou talvez alguém que caminhe pela linha ténue entre as duas grandes facções da saga.

A produção está entregue a Roberto Patino e David Wiener, nomes que já provaram saber navegar narrativas complexas. Com filmagens previstas para 2026, em Itália, o projecto quer captar a essência histórica da saga, trazendo para a televisão o eterno conflito entre Assassinos e Templários. A promessa é clara: uma mistura de história, drama, acção e reflexão moral — os pilares que transformaram Assassin’s Creed num fenómeno global.

Além das intrigas políticas e das conspirações que sempre acompanharam a franquia, a escolha da Roma Antiga abre portas a figuras históricas, conflitos sociais intensos e uma dinâmica de império em decadência que encaixa como uma luva no estilo narrativo da saga. Resta saber como a série irá equilibrar factos históricos com a mitologia própria do universo AC, mas o potencial é enorme.

Quanto à estreia, ainda não há data definida. A Netflix aponta para 2026 ou 2027, dependendo do ritmo das filmagens e da pós-produção — e, dada a dimensão esperada, é provável que este seja um dos projectos mais ambiciosos do serviço nos próximos anos.

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Para os fãs, a espera poderá ser longa, mas uma coisa é certa: parece que estamos prestes a testemunhar o renascimento televisivo da irmandade dos Assassinos, agora com toga, gládio e conspirações senatoriais à mistura.

“Kevin? Nunca ouvi falar dele!” — Macaulay Culkin explica por que esconde a fama dos filhos

O actor de Sozinho em Casa revela como tenta manter a infância dos filhos longe do peso (e da magia) do clássico que celebra 35 anos.

Macaulay Culkin pode ser uma das figuras mais icónicas da cultura pop dos anos 90, mas dentro de casa, aparentemente, é apenas “o pai”. Numa nova entrevista à Deadline, o actor revelou que os seus dois filhos, de quatro e dois anos, ainda não fazem ideia de que vivem com o rapaz que, há 35 anos, defendia a casa de intrusos com armadilhas dignas de desenho animado. E Culkin parece satisfeito por manter essa inocência durante mais algum tempo.

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Segundo o actor, as crianças até já viram imagens antigas sem perceber quem estava na fotografia. Culkin contou que o filho mais velho reconheceu sem reconhecer: “Disse que o miúdo da foto parecia o Kevin”. Quando o pai revelou que aquele rapaz era ele próprio, a reacção foi… nula. Nenhuma epifania, nenhum “Aaaah!”, apenas a habitual serenidade infantil perante factos que aos adultos parecem enormes.

Para o actor, hoje com 45 anos, é comovente perceber que Sozinho em Casa continua a atravessar gerações. “Para pessoas da minha idade, o filme é nostálgico”, disse. “E agora mostram-no aos filhos deles da mesma forma que eu o mostro aos meus.” Ainda assim, quer preservar o máximo possível o lado normal da vida familiar. “Na maioria das vezes, eles não sabem ao lado de quem estão sentados”, brincou. Aliás, graças a um trailer festivo do Disney+, os miúdos referem-se ao eterno Kevin McCallister como “o Kevin Disney+”.

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O actor sabe que o segredo não durará para sempre. Mais cedo ou mais tarde, alguém no recreio explicará aos seus filhos quem ele é. Ou eles próprios verão o filme e juntarão as peças. “Quero manter esse véu tapado o máximo de tempo possível”, admitiu. Até lá, Culkin continuará a ser apenas o pai que passa fotos antigas no telemóvel — e não o miúdo mais famoso de sempre a derrotar ladrões com latas de tinta, trenós e micro-ondas improvisados.

O Filme de Terror Que Baralhou o Mundo — e Agora Está na Netflix

O Projeto Blair Witch regressa para assombrar uma nova geração, com a mesma força perturbadora que o tornou um fenómeno global.

Há filmes que assustam. Há filmes que perturbam. E depois há O Projeto Blair Witch, a pequena produção independente que, em 1999, virou o cinema de cabeça para baixo e redefiniu por completo o terror moderno. Com menos de 470 mil euros de orçamento, o filme arrecadou cerca de 230 milhões em todo o mundo — um feito tão improvável quanto a própria premissa que o tornou lendário. Agora, este marco do género já pode ser visto na Netflix, onde promete reencontrar velhos fãs e aterrorizar quem ainda não se aventurou na floresta de Maryland.

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A história, para muitos, tornou-se quase um mito contemporâneo: três estudantes de cinema partem para investigar a lenda da Bruxa de Blair e desaparecem sem deixar rasto. O que o público vê é apresentado como a filmagem recuperada dos seus últimos dias. Este conceito simples — mas incrivelmente eficaz — foi elevado por decisões artísticas que, mesmo passadas mais de duas décadas, continuam a surpreender: improvisação dos actores, câmaras baratas, estética crua e um realismo desconcertante. Nada parecia encenado… e muita gente acreditou que não era.

Mas o verdadeiro golpe de génio esteve no marketing. Em tempos em que a Internet ainda engatinhava, os produtores criaram um site que apresentava o desaparecimento dos protagonistas como um caso real, com fichas dos alegados estudantes, supostas provas retiradas do local e recortes de notícias inventadas. Os actores foram instruídos a desaparecer da vida pública — literalmente — alimentando a dúvida global. Resultado? Uma avalanche de especulação online e um fenómeno de passa a palavra que transformou um filme minúsculo num gigante absoluto.

Foi tão convincente que até enganou a mãe da actriz Heather Donahue, que recebeu cartas de pêsames de pessoas que acreditavam que a filha estava morta ou desaparecida. Neste ponto, já não era apenas cinema: era uma experiência colectiva de histeria mediática como nunca se tinha visto.

Não é exagero dizer que O Projeto Blair Witch abriu caminho para toda uma nova era do terror. O subgénero found footage, popularizado por esta obra, tornou-se um pilar do cinema dos anos seguintes e influenciou directamente sucessos como Atividade Paranormal. Jason Blum, fundador da Blumhouse, não hesitou em admitir: “Não teria existido um Atividade Paranormal se não existisse primeiro um Blair Witch.” E, em 2024, revelou que está em preparação uma nova sequela — prova de que o mito continua vivo.

A crítica mantém-se do lado do filme. No Rotten Tomatoes, ostenta uma sólida pontuação de 86% entre os críticos, consolidando o seu estatuto de clássico moderno. Agora, com a chegada à Netflix, prepara-se para conquistar — ou traumatizar — mais uma geração de espectadores.

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Se ainda não viu: boa sorte. Se vai rever: prepare-se, porque a floresta continua escura como sempre.

Tom Stoppard: Morre aos 88 anos o dramaturgo que reinventou a inteligência em palco

** Um génio teatral que fez da erudição um espectáculo — e da imaginação uma forma de ver o mundo**

Tom Stoppard, uma das vozes mais brilhantes, inventivas e influentes do teatro contemporâneo, morreu aos 88 anos, deixando para trás uma obra que, durante mais de meio século, iluminou palcos e ecrãs com uma combinação inimitável de humor, erudição e vertigem intelectual. Poucos escritores tiveram o privilégio de ver o seu apelido transformado em adjetivo — “stoppardiano” — consagrado no Oxford English Dictionary. Era a confirmação oficial do óbvio: Stoppard criou um género que só ele sabia executar.

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Desde que Rosencrantz and Guildenstern Are Dead explodiu no Fringe de Edimburgo em 1966, tornando-se rapidamente um fenómeno internacional, cada nova peça sua passou a ser tratada como um acontecimento. As suas histórias cruzavam filosofia com acrobacias, ciência com romantismo, política com poesia — sempre com uma leveza desconcertante e um sentido de humor que nunca diminuía a densidade das ideias.

Stoppard tinha o dom de brincar com o pensamento sério e de pensar com a leveza de quem está a brincar. Em Jumpersfazia dialogar metafísica e ginástica. Em Arcadia colocava lado a lado o século XIX, o caos matemático e o desejo humano. Em Rock ’n’ Roll ligava Cambridge aos Stones, passando pela Primavera de Praga. Era um mestre a explicar o mundo ao mesmo tempo que o desmontava.

Muito mais do que teatro: um gigante também do cinema

A sua obra ultrapassou o palco com enorme naturalidade. Stoppard escreveu e co-escreveu argumentos que hoje fazem parte da história do cinema, entre eles The Russia HouseBrazil de Terry Gilliam e, claro, o oscarizado Shakespeare in Love. Mas o alcance real da sua influência vai muito além dos créditos oficiais. Era o “cirurgião de confiança” dos grandes estúdios sempre que um blockbuster precisava de inteligência suplementar. Indiana Jones and the Last Crusade? Tem Stoppard. Revenge of the Sith? Tem Stoppard. Schindler’s List? Também ali passou a sua mão, chamado por Spielberg directamente do duche.

O escritor britânico era admirado, disputado e, acima de tudo, extremamente querido. O dramaturgo Simon Gray resumiu-o de forma exemplar: “Uma das proezas de Tom é ser tão invejável — o talento, o charme, o dinheiro, a sorte — sem que ninguém o inveje.” Era, de facto, difícil não gostar dele.

Uma vida que começou em fuga e renasceu no teatro

Nada no início da sua vida apontava para este destino extraordinário. Nascido Tomáš Straussler na Checoslováquia, fugiu em bebé com os pais do avanço nazi. A família refugiou-se primeiro em Singapura e, após a queda da cidade durante a guerra, Stoppard, a mãe e o irmão seguiram para a Índia. O pai ficou para trás como oficial médico e acabaria por morrer durante a ocupação japonesa. Anos depois, já em Inglaterra, a mãe casou com um major britânico, Kenneth Stoppard, que o adoptou e lhe deu o apelido que viria a tornar-se mundialmente famoso.

Stoppard abandonou a escola aos 17 anos para ser jornalista. O treino apurado de escrita, o faro narrativo e a rapidez mental que o caracterizariam nasceram nesta fase. As primeiras peças de rádio e televisão abriram caminho para a carreira teatral e, com o apoio de uma bolsa, exilou-se em Berlim para terminar a ideia que mudaria tudo: Rosencrantz and Guildenstern.

Da inteligência pura ao coração exposto

Durante anos, Stoppard foi descrito como um dramaturgo “intelectual”, por vezes até “demasiado cerebral”. Mas esta leitura perdeu força com The Real Thing (1982), obra pela qual muitos espectadores descobriram o Stoppard mais vulnerável: o que entendia o amor, a traição, a dúvida e a fragilidade humana tão profundamente como qualquer poeta. A peça marcou uma viragem — e cimentou o respeito total dos críticos.

Seguiram-se Arcadia (1993), muitas vezes citada pelo próprio como o seu trabalho mais perfeito, e The Invention of Love(1997), sobre o poeta A. E. Housman, aquela que dizia ser a sua preferida. Mesmo quando parecia excessivamente complexo, como em Hapgood, o tempo tratava de provar que Stoppard, mesmo quando parecia “demasiado”, estava sempre certo.

O retorno às raízes e o grande épico final

Politicamente independente, assumidamente liberal e sempre avesso a palavras de ordem, Stoppard nunca deixou de regressar à sua herança centro-europeia. As peças sobre dissidência política, sobre o peso do totalitarismo ou sobre as ambiguidades morais da Guerra Fria surgiam da curiosidade, mas também de uma ferida identitária.

Essa ferida abriu-se completamente em Leopoldstadt (2020), a obra monumental em que revisitou as suas raízes judaicas — descobertas tardiamente — para contar a história de uma família vienense esmagada pelos dois primeiros terços do século XX. Aos 80 anos, Stoppard escreveu uma das peças maiores da sua carreira.

Despedida de um criador raro

A morte de Tom Stoppard marca o fim de uma era para o teatro e para a escrita dramática. Poucos autores combinaram tão bem a inteligência feroz com a humanidade profunda, a comédia brilhante com a tragédia silenciosa, o questionamento filosófico com a pura alegria do espectáculo.

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Perdemos um escritor cuja mente parecia uma máquina de luz — sempre acesa, sempre em movimento. Ganhámos, no entanto, uma obra que continuará a desafiar, a inspirar e a deslumbrar durante muitas gerações.

Rian Johnson Quer Meryl Streep no Próximo “Knives Out” — e Já Deu o Convite Público à Actriz

Às portas da estreia de Wake Up Dead Man — que em Portugal deverá chegar à Netflix a 12 de Dezembro — o realizador revela o seu sonho para o futuro da saga: Meryl Streep ao lado de Daniel Craig.

Rian Johnson está prestes a lançar o terceiro capítulo da sua saga de mistério, Wake Up Dead Man: A Knives Out Mystery, e a tournée de entrevistas tem revelado mais do que detalhes sobre o novo caso do detective Benoit Blanc — revelou também qual é a actriz com quem Johnson mais sonha trabalhar numa futura sequela: Meryl Streep.

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Numa conversa recente com o IndieWire, Johnson explicou que a alegria destes filmes está precisamente em reunir elencos improváveis e descobrir actores com quem nunca trabalhou. Questionado directamente sobre qual seria o seu “casting de sonho”, o realizador não hesitou em dirigir-se à actriz vencedora de três Óscares: “Se estiveres a ler isto, Meryl, acho que te encaixarias lindamente num murder mystery.” O comentário veio acompanhado daquelas notas de humor que Johnson domina, lembrando que se até Lorne Michaels conseguiu levar Streep ao Saturday Night Live, também ele não perde a esperança.

Enquanto Meryl Streep não entra oficialmente no universo Knives Out, Johnson prepara a estreia de Wake Up Dead Man. O filme chega a algumas salas internacionais a 26 de Novembro, mas a sua verdadeira vida será na Netflix, onde entra a 12 de Dezembro de 2025. Em Portugal, salvo anúncio em contrário — que ainda não foi feito — tudo indica que a data será a mesma, uma vez que a Netflix tem histórico de estreias simultâneas desta franquia sobretudo quando envolve um lançamento global em streaming.

O novo capítulo traz Daniel Craig de volta como Benoit Blanc, o detective sulista que já se tornou um ícone moderno do género whodunnit. Para esta aventura, Johnson reuniu um elenco de luxo: Josh O’Connor, Glenn Close, Josh Brolin, Mila Kunis, Jeremy Renner, Kerry Washington e Andrew Scott juntam-se ao investigador numa história que, segundo o próprio realizador, assume um tom diferente dos filmes anteriores. Johnson explicou que escreveu Wake Up Dead Man movido por uma energia mais sombria, uma espécie de indignação inquieta que ajudou a moldar a atmosfera do enredo.

Com este terceiro filme, termina oficialmente o acordo de duas longas-metragens entre Johnson e a Netflix — o que não significa que a série acabe aqui. Tanto o realizador como Daniel Craig querem continuar a explorar o universo de Benoit Blanc, embora Johnson tenha deixado claro que esse futuro depende de ambos continuarem a sentir entusiasmo criativo: “Se um dia um de nós acordar e não sentir vontade de fazer mais um, paramos.”

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Quanto a Meryl Streep, a actriz mantém uma agenda cheia: tem sido presença recorrente na série Only Murders in the Building e prepara-se para regressar ao grande ecrã em The Devil Wears Prada 2, previsto para 1 de Maio de 2026. Mas no mundo de Rian Johnson, nada parece impossível — e a porta está aberta, com convite assinado.

“The Offence”: Quando Sean Connery Rasga o Mito e Desce ao Abismo da Violência Interior

Muito longe do charme letal de James Bond, Connery entrega aqui um dos desempenhos mais perturbadores da sua carreira — um mergulho brutal na mente de um polícia consumido por décadas de horror.

Há filmes que são difíceis de ver não por causa da violência explícita, mas pela violência emocional que transportam. The Offence (1973), realizado por Sidney Lumet, é um desses objectos raros: uma obra seca, dura e profundamente desconfortável que nos confronta com aquilo que resta de um homem depois de décadas a enfrentar o pior da humanidade. E é também, justiça seja feita, uma das interpretações mais devastadoras que Sean Connery alguma vez assinou.

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Longe da figura icónica de James Bond, Connery veste a pele de Detective Sergeant Johnson, um polícia britânico veterano que passou a carreira a lidar com homicídios, violações e agressões a crianças. O filme mostra-nos, sem pressa e sem filtros, como esse contacto constante com a escuridão corroeu cada centímetro da sua psique. Johnson não é o herói cansado do costume — é um homem em cacos, cuja humanidade se vai desfazendo à medida que a narrativa avança.

A história centra-se na detenção de Kenneth Baxter, interpretado por Ian Bannen, suspeito de uma série de ataques a meninas. Johnson conduz o interrogatório, mas o que acontece naquela sala está a léguas de um simples procedimento policial. É um duelo psicológico extenuante, mais próximo de um colapso emocional do que de qualquer busca convencional pela verdade. A culpa de Baxter, por mais que paire sobre a sala, torna-se secundária; o verdadeiro foco é aquilo que a confrontação revela sobre Johnson — as fissuras, os traumas, a raiva acumulada ao longo dos anos.

Lumet, mestre em transformar espaços fechados em campos de batalha emocionais, recorre a flashbacks fragmentados e a uma encenação claustrofóbica para desmontar a mente do protagonista. O filme lança a pergunta mais inquietante de todas: pode um homem passar tanto tempo a caçar monstros sem começar a parecer-se com eles? O resultado é um retrato profundamente humano e terrivelmente ambíguo, onde a linha entre perseguidor e perseguido, entre culpado e inocente, se dissolve quase por completo.

Connery, numa clara tentativa de se libertar da sombra de 007, entrega-se a uma interpretação crua, vulnerável e assustadora. Há nele uma violência silenciosa, um desespero por detrás dos olhos, uma sensação constante de que o homem que está ali já não reconhece quem foi antes de a escuridão o engolir. É um desempenho que rasga a aura de super-homem sofisticado e deixa exposta uma alma em queda livre.

Nos momentos finais de The Offence, não há revelações reconfortantes nem sentido de justiça restaurada. Há apenas a constatação de que, às vezes, o maior inimigo vive dentro do próprio protagonista. Lumet recusa soluções fáceis e oferece apenas a verdade nua e crua: alguns danos são irreparáveis.

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The Offence permanece, meio século depois, como um filme que não pede desculpa por ser incómodo. É austero, tenso, impiedoso — mas também extraordinariamente honesto. E a prestação de Sean Connery continua a ser um monumento à capacidade do actor de ir muito além dos papéis que o tornaram famoso, mergulhando numa escuridão que poucos estariam dispostos a explorar.

“Sleepless City” Conquista o Grande Prémio no Estreante Doha Film Festival — Uma Primeira Edição Marcada por Cinema Político, Olhar Global e Fortíssima Identidade Regional

O drama híbrido de Guillermo Galoe lidera uma edição inaugural que surpreendeu pela maturidade, ambição e compromisso com histórias urgentes vindas de vários cantos do mundo.

A primeira edição do Doha Film Festival encerrou com uma declaração clara ao panorama internacional: o Catar quer ser um novo centro de descoberta cinematográfica — e começou com o pé firmemente assente no acelerador. O grande vencedor foi Sleepless City, de Guillermo Galoe, um drama híbrido filmado ao longo de vários anos na vasta e esquecida Cañada Real, o maior bairro informal da Europa, situado nos arredores de Madrid. O filme, que mistura ficção e observação documental, foi distinguido unanimemente pelo júri liderado por Rithy Panh, que elogiou a forma sensível como retrata a vida de jovens apanhados entre a tradição e uma modernidade cada vez mais distante.

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O festival, dirigido por Fatma Hassan Alremaihi, assumiu desde o início a ambição de dar palco a “vozes ousadas e histórias que atravessam fronteiras”. Essa intenção viu-se no alinhamento e confirmou-se na lista de premiados, que viajou por Espanha, Líbia, Brasil, Palestina, Sudão e México, num mapa cinematográfico que privilegiou obras politizadas, íntimas e profundamente enraizadas nas suas comunidades.

Sleepless City acompanha Toni, um adolescente que vê o bairro onde cresceu ameaçado por demolições iminentes. Sem recorrer à dramatização artificial, Galoe segue os gestos quotidianos de uma família e de uma comunidade inteira, transformando essa simplicidade numa força narrativa poderosa. A distinção confirma o percurso do filme, que já tinha passado por Cannes, onde venceu o prémio SACD de argumento.

A competição documental distinguiu My Father and Qaddafi, de Jihan K., uma investigação profundamente pessoal sobre o desaparecimento do pai da realizadora, um diplomata líbio tornado dissidente e raptado no Cairo. A obra articula depoimentos e arquivos para reconstruir não só uma vida, mas a memória política de um país marcado pela ditadura e pelo silêncio forçado.

A programação internacional contou ainda com títulos que não passaram despercebidos aos jurados. The Reserve, de Pablo Pérez Lombardini, recebeu uma Menção Especial pelo retrato inquietante de um guarda florestal em território devastado. O prémio de Melhor Interpretação foi partilhado por Majd Eid e Nader Abd Alhay, protagonistas de Once Upon a Time in Gaza, filme vencedor da realização em Un Certain Regard e que recupera a Gaza de 2007 através do olhar de um estudante arrastado para um jogo perigoso entre um restaurador carismático e um polícia corrupto. Já With Hasan in Gaza, de Kamal Al Jafari, e Renoir, de Chie Hayakawa, dividiram o prémio de Melhor Contribuição Artística, ambos elogiados pela forma inovadora como utilizam arquivos e imaginação visual para reconfigurar realidades fragmentadas.

Na competição de curtas, presidida por Eddie Bertozzi, destacou-se Samba Infinito, de Leonardo Martinelli. O júri sublinhou a confiança do filme “no poder do cinema para curar feridas sociais e privadas”, seguindo um varredor de rua que encontra um inesperado momento de ligação durante o Carnaval. Primary Education, de Aria Sánchez e Marina Meira, conquistou a realização numa observação mordaz da dinâmica de poder entre crianças; Milica Janevski foi premiada por Upon Sunrise, onde interpreta uma mãe sérvia à beira do colapso; L’Mina e o jovem actor Ammar Ahmed, de Zizou, receberam menções especiais.

Um dos momentos mais comentados da semana foi a decisão do júri jovem — composto por espectadores entre os 16 e os 25 anos — que atribuiu o Ajyal Feature Award a The Voice of Hind Rajab. O filme reconstrói, com rigor e sensibilidade, o telefonema final de uma menina de seis anos presa sob fogo em Gaza, cruzando áudio real com reencenações que deixam uma marca difícil de dissipar. O prémio de curta deste júri foi para Sulaimani, de Vinnie Ann Bose, uma animação ambientada em Paris sobre duas mulheres do Kerala que encontram, na comida e na memória, uma forma de navegar a diáspora.

A secção Made in Qatar mostrou que o festival pretende crescer não só como anfitrião internacional, mas como incubadora local. Fahad the Furious, de Justin Kramer, venceu o prémio principal ao combinar drama familiar e humor num retrato de mal-entendidos dentro de uma casa tradicional. Rashid Al Sheeb foi distinguido pela sua interpretação no mesmo filme. Villa 187, de Eiman Mirghani, venceu a realização ao revisitar a história de uma família obrigada a abandonar a casa que moldou o seu passado. Project Aisha, um drama tenso sobre uma mãe que recorre a métodos fora da norma para cuidar da filha ferida, recebeu uma Menção Especial.

A escolha do público recaiu sobre Cotton Queen, da realizadora sudanesa Suzannah Mirghani — uma expansão do universo criado a partir do seu premiado Al-Sit. Filmado no Egipto por refugiados sudaneses após o início da guerra no Sudão, o filme acompanha a jovem Nafisa numa aldeia dividida entre tradição e modernidade, num retrato luminoso de identidade, futuro e reconstrução.

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Com 97 filmes de 62 países, a estreia do Doha Film Festival afirmou um rumo claro: dialogar com o mundo sem perder o foco na formação de uma voz artística própria. O evento mostrou ambição, consistência e um desejo real de se tornar plataforma para novas gerações de cineastas — tanto no Golfo como além dele. Uma primeira edição com fôlego de festival veterano, capaz de equilibrar política, memória, experimentação e emoção com uma confiança rara para um começo.