
Chega este mês à Filmin Portugal uma daquelas pérolas cinematográficas que não aparecem todos os dias. Chama-se Folhas Caídas (Kuolleet lehdet, no original finlandês) e é assinada por Aki Kaurismäki, um dos mais singulares e acarinhados realizadores do cinema europeu.
Aclamado em Cannes, onde venceu o Prémio do Júri, o filme foi desde logo apontado como uma obra-prima discreta, comovente e irresistivelmente humana. Um retrato de duas almas solitárias a tentarem encontrar-se num mundo frio — em todos os sentidos.
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Um Amor Tímido, Mas Profundo
Folhas Caídas conta a história de Ansa e Hollapa, dois trabalhadores precários da Helsínquia contemporânea que se conhecem por acaso numa noite aparentemente banal. Ela trabalha num supermercado, ele num estaleiro — dois destinos cruzados pelo acaso e pela solidão.
A partir deste encontro, Aki Kaurismäki constrói um romance minimalista, com diálogos curtos, silêncios longos e gestos contidos, mas com uma carga emocional esmagadora. O resultado é um filme onde o que não se diz pesa tanto como o que se diz — e onde cada olhar vale mais do que mil palavras.
Entre tragos de vodka e sorrisos envergonhados, os protagonistas tentam construir algo juntos. Algo simples, mas precioso: um lugar onde possam finalmente pertencer.
Kaurismäki no Seu Melhor
Com uma carreira marcada por obras como O Homem Sem Passado, Luzes na Escuridão ou Le Havre, Kaurismäki volta aqui à sua essência: personagens melancólicos mas cheios de dignidade, uma estética vintage encantadoramente anacrónica, e um humor seco que se insinua quando menos se espera.
A fotografia é sóbria mas belíssima, a banda sonora alterna entre fado finlandês e rock à antiga, e o ritmo pausado convida à contemplação. É cinema como já se faz pouco — e como tanta falta faz.
Como escreveu um crítico francês após a estreia em Cannes: “Kaurismäki filma como se o mundo estivesse sempre prestes a acabar… mas ainda assim vale a pena amar.”
Um Filme para Sentir — e Repetir
Folhas Caídas não grita, não chora, não dramatiza. Limita-se a existir — e a mostrar-nos que, por vezes, isso é tudo o que é preciso. É um filme para quem gosta de cinema com alma, com tempo e com ternura. Um verdadeiro antídoto para o ruído e o cinismo que tantas vezes dominam os ecrãs.
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Já disponível na Filmin Portugal, esta é uma estreia imperdível para quem valoriza as pequenas grandes histórias. E para quem ainda acredita que, mesmo entre as ruínas, é possível encontrar amor.
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