Veneza: Documentário Revela os Bastidores Tempestuosos de Megalopolis  e o Conflito de Coppola com Shia LaBeouf

Francis Ford Coppola voltou a fazer história em Veneza — mas desta vez não com um épico de ficção, e sim através de um documentário que expõe, em toda a sua intensidade, o processo criativo (e caótico) por detrás de Megalopolis.

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Realizado por Mike Figgis, Megadoc surge como um registo raro e intimista de um cineasta lendário a trabalhar no seu projeto de vida, um retrofuturista drama-parábola sobre a Roma Antiga que Coppola auto-financiou, investindo 120 milhões de dólares após vender parte do seu império vinícola. Mais do que números, o filme de Figgis mostra o realizador a viver e a respirar cinema — seja nos ensaios com os atores, através de jogos experimentais dignos de uma companhia de teatro de vanguarda, ou nos discursos inflamados em que celebra a glória de arriscar tudo pela arte.

Mas nem tudo foi glamour e inspiração. Megadoc não ignora os momentos mais tensos, incluindo a demissão em massa da equipa de efeitos visuais a meio da rodagem e as discussões acesas com Shia LaBeouf, cujo temperamento difícil se tornou quase um personagem secundário da narrativa. Ao lado disso, surgem entrevistas mais serenas com Jon Voight, Aubrey Plaza e Dustin Hoffman, bem como imagens de leituras de guião de 2001, quando Megalopolis quase saiu do papel com Robert De Niro e Uma Thurman.

Há ainda espaço para momentos de ternura, com a presença de Eleanor Coppola — a falecida esposa do realizador, que já tinha sido a cronista oficial do caos em Apocalypse Now através do mítico Hearts of Darkness. A sua aparição no set de Megalopolis dá ao documentário um toque de despedida e memória, lembrando que esta saga pessoal atravessa décadas de vida e carreira.

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O resultado? Mesmo que muitos críticos continuem a considerar Megalopolis um fracasso honroso, Megadoc é já visto como um triunfo. Não apenas pela oportunidade de observar Coppola em pleno ato criativo, mas também pelo retrato humano — vulnerável, conflituoso e obstinado — de um homem que nunca deixou de acreditar que o cinema merece todos os riscos.

Veneza Celebra Werner Herzog: O “Soldado do Cinema” Que Fez da Loucura Arte

O Festival de Veneza abriu a sua 82.ª edição com uma homenagem a um dos mais ousados, visionários e, para muitos, insanos cineastas do último século: Werner Herzog. O realizador alemão recebeu o Leão de Ouro pela carreira, entregue por ninguém menos que Francis Ford Coppola, que lhe dedicou palavras de amizade e admiração ao recordar mais de 50 anos de cumplicidade criativa.

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“Se Werner tem algum limite, não sei onde fica”, disse Coppola, recordando como chegou a apresentá-lo à sua atual companheira, Lena. Ao receber o prémio, Herzog emocionou-se: “Queria ser um bom soldado do cinema, e isso significa perseverança, lealdade, coragem e sentido de dever. Trabalhei sempre para levar algo transcendental ao ecrã.”

O cineasta que levou o cinema ao extremo

Herzog construiu uma filmografia marcada pelo risco, pela obsessão e pela procura constante de imagens inéditas. Desde os tempos em que arrastou um barco de 300 toneladas por uma montanha na Amazónia em Fitzcarraldo (1982), até filmagens em vulcões, desertos, glaciares e até na selva angolana, onde rodou recentemente Ghost Elephants (apresentado em Veneza), o realizador mostrou uma dedicação que beira a loucura.

Entre ficção e documentário, já soma mais de 70 filmes. Deu-nos obras icónicas como Aguirre, o Aventureiro (1972), Nosferatu, o Vampiro (1978), O Enigma de Kaspar Hauser (1974) e Grizzly Man (2005). Foi ainda nomeado ao Óscar com Encounters at the End of the World (2007).

A relação explosiva com Klaus Kinski

Herzog também ficou célebre pela sua tumultuosa parceria com o ator Klaus Kinski, com quem rodou cinco filmes e partilhou uma convivência marcada por génio e desvario. Entre ameaças de morte e confrontos físicos, nasceu uma das colaborações mais intensas da história do cinema, retratada pelo próprio em O Meu Melhor Inimigo (1999).

Da Baviera ao mundo

Nascido em Munique em 1942, filho da guerra e da pobreza, Herzog filmou a primeira curta aos 15 anos com uma câmara roubada. Desde então, percorreu um caminho único: foi um dos nomes centrais do Novo Cinema Alemão ao lado de Wim Wenders e Volker Schlöndorff, mas rapidamente se tornou um aventureiro global, cruzando fronteiras e géneros.

Em Veneza, Herzog é celebrado não apenas pelo radicalismo das suas filmagens, mas por ter levado o cinema para lugares onde quase ninguém ousaria. Um herdeiro do romantismo alemão que soube transformar o caos humano em arte, a obsessão em beleza e a loucura em transcendência.

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Como disse Coppola, talvez ninguém saiba onde estão os limites de Werner Herzog. Talvez porque, no seu caso, simplesmente não existem.

Megalopolis: o épico insano (e imperdível) de Francis Ford Coppola estreia-se na televisão portuguesa

Depois de décadas a sonhar e a riscar, Coppola dá-nos uma cidade romana em plena América moderna… com Adam Driver a liderar o caos visual mais polarizador do ano.

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🎬 Preparem-se para o delírio cinematográfico de 2024! Megalopolis, o filme que há décadas fervilhava na mente genial de Francis Ford Coppola, estreia finalmente na televisão portuguesa este sábado, 8 de junho, às 21h25, no TVCine Top. É a primeira oportunidade para muitos verem o filme que dividiu Cannes, incendiou críticas e reafirmou que Coppola, aos 85 anos, continua a ser um dos autores mais audaciosos da sétima arte.

Um sonho romano em plena Nova Iorque futurista

“Megalopolis” é tudo menos convencional. Com claras influências da Roma antiga e com uma estética que mistura o clássico com o surrealismo digital, Coppola desenha uma América alternativa onde a cidade de Nova Roma está em pleno dilema existencial: conservar os vícios do presente ou reinventar-se para um futuro utópico?

No centro desta fábula está Cesar Catilina (Adam Driver), arquiteto genial e idealista que quer reimaginar a cidade como um paraíso de justiça, beleza e paz. Do outro lado do conflito surge Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito), presidente da câmara e defensor do status quo – um político do velho mundo, agarrado aos tentáculos da ganância e da guerra partidária.

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Entre estes dois mundos, Julia Cicero (Nathalie Emmanuel), filha do mayor e amante de Cesar, vê-se dividida entre o amor e a lealdade familiar, numa espécie de Julieta moderna com dilemas éticos, políticos e existenciais à mistura.

Cannes aplaudiu, mas também ficou perplexo

Estreado em maio no Festival de Cannes, Megalopolis competiu pela Palma de Ouro e saiu de lá como um dos filmes mais polarizantes da década. Houve quem gritasse “obra-prima” e quem fugisse a meio da projeção. Houve críticas que apelidaram o filme de “megalómano” (sem surpresa), e outras que o celebraram como “um grito criativo de liberdade”.

Com um elenco de luxo – para além de Adam Driver e Giancarlo Esposito, surgem ainda Aubrey Plaza, Shia LaBeouf, Forest Whitaker, Laurence Fishburne, Talia Shire, Jon Voight e Dustin Hoffman – Coppola dá-nos um filme que é tanto uma carta de amor ao cinema como uma provocação estética, filosófica e política.

Uma utopia visual ou um desastre glorioso?

“Megalopolis” não é para todos. Mas também não quer ser. É uma experiência que exige entrega, que rasga com as convenções narrativas e que abraça um estilo visual entre o operático e o teatral, com recurso a efeitos digitais ousados, monólogos shakespearianos e discursos inflamados sobre o destino da humanidade.

Francis Ford Coppola, que financiou o filme com a sua fortuna pessoal (estima-se que tenha investido mais de 120 milhões de dólares), quis deixar um testamento artístico. E conseguiu. Se o filme triunfa ou fracassa? Isso depende do espectador – mas indiferente, garantimos, ninguém ficará.

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📺 Megalopolis estreia sábado, 8 de junho, às 21h25, em exclusivo no TVCine Top e também disponível no TVCine+.

A cidade de Nova Roma aguarda a vossa decisão: evolução… ou destruição?

🎬 Ralph Macchio homenageia Francis Ford Coppola no AFI Awards: “Devo-lhe tudo”

Durante a cerimónia dos Prémios AFI, realizada a 26 de abril de 2025 no Dolby Theatre, em Los Angeles, o ator Ralph Macchio prestou uma sentida homenagem ao realizador Francis Ford Coppola, reconhecendo-o como uma figura fundamental na sua carreira.

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Macchio, que interpretou Johnny Cade no filme The Outsiders (1983), dirigido por Coppola, subiu ao palco para expressar a sua gratidão: 

“Francis deu-me a oportunidade da minha vida. Trabalhar com ele em The Outsiders foi uma experiência transformadora que moldou a minha trajetória como ator.” 

O ator recordou momentos marcantes das filmagens e destacou a visão única de Coppola, que inspirou uma geração de artistas e cineastas.


🌟 Uma noite de tributos

A cerimónia contou com a presença de várias personalidades do cinema que celebraram o legado de Coppola. Steven Spielberg descreveu O Padrinho como “o maior filme americano de sempre”, enquanto George Lucas relembrou os tempos em que fundaram juntos a American Zoetrope, uma produtora que desafiou as convenções de Hollywood. 

Harrison Ford emocionou-se ao recordar como conheceu Lucas enquanto trabalhava como carpinteiro para Coppola, um encontro que eventualmente o levou ao papel de Han Solo. 

Al Pacino e Robert De Niro também partilharam histórias sobre a colaboração com Coppola, enfatizando a sua dedicação em proteger e apoiar os atores que escolhia para os seus filmes.


🏆 Reconhecimento merecido

Aos 86 anos, Francis Ford Coppola recebeu o 50.º Prémio de Carreira do American Film Institute, juntando-se a uma lista de homenageados que inclui Alfred Hitchcock, Martin Scorsese e Mel Brooks. 

Durante o seu discurso de aceitação, Coppola refletiu sobre a sua jornada no cinema e agradeceu aos colegas e amigos que o acompanharam ao longo dos anos:

“Agora compreendo que este lugar que me criou, a minha casa, não é realmente um local físico, mas sim vocês — amigos, colegas, professores, companheiros de brincadeira, família, vizinhos — todos os rostos bonitos que me recebem de volta.” 

A noite celebrou não apenas as conquistas cinematográficas de Coppola, mas também o seu papel como mentor e inovador que continua a inspirar o mundo do cinema.

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🎬 Francis Ford Coppola homenageado com o 50.º Prémio AFI: Uma noite de tributos e memórias

No passado sábado, 26 de abril de 2025, o lendário realizador Francis Ford Coppola foi homenageado com o 50.º Prémio AFI de Carreira, numa cerimónia repleta de estrelas no Dolby Theatre, em Los Angeles. Aos 86 anos, Coppola junta-se a uma lista ilustre de premiados que inclui Alfred Hitchcock, Martin Scorsese e Mel Brooks.

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A noite foi marcada por emocionantes tributos de colegas e amigos de longa data, que celebraram as seis décadas de impacto de Coppola no cinema americano.


🌟 Tributos de lendas do cinema

Steven Spielberg e George Lucas, ambos homenageados anteriores do AFI, apresentaram o prémio a Coppola. Spielberg descreveu O Padrinho como “o maior filme americano de sempre” e elogiou Coppola por redefinir o cânone do cinema americano. Lucas recordou a fundação da American Zoetrope em 1969, destacando a visão revolucionária de Coppola na criação de uma nova era para os cineastas. 

Harrison Ford partilhou uma história pessoal, lembrando como conheceu Lucas enquanto trabalhava como carpinteiro para Coppola, um encontro que eventualmente o levou ao papel de Han Solo. Al Pacino e Robert De Niro também prestaram homenagem, com Pacino a recordar como Coppola lutou para manter o elenco original de O Padrinho, mesmo enfrentando resistência dos estúdios.

Adam Driver, protagonista do mais recente e controverso filme de Coppola, Megalopolis, destacou a coragem do realizador em investir 120 milhões de dólares do seu próprio bolso para concretizar a sua visão artística. 


🎥 Uma celebração da carreira e legado

A cerimónia contou ainda com a presença de outras figuras notáveis do cinema, como Morgan FreemanSpike LeeDiane Lane e Ralph Macchio. A filha de Coppola, Sofia Coppola, participou através de uma entrevista em vídeo, partilhando memórias e momentos especiais com o pai. 

Durante o seu discurso de aceitação, Coppola refletiu sobre a sua jornada no cinema e agradeceu aos colegas e amigos que o acompanharam ao longo dos anos:

“Agora compreendo que este lugar que me criou, a minha casa, não é realmente um local físico, mas sim vocês — amigos, colegas, professores, companheiros de brincadeira, família, vizinhos — todos os rostos bonitos que me recebem de volta.”

A noite celebrou não apenas as conquistas cinematográficas de Coppola, mas também o seu papel como mentor e inovador que continua a inspirar o mundo do cinema.

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Pamela Anderson renasce como atriz e já sonha com o teatro 🎭✨

Durante décadas, Pamela Anderson foi vista como um ícone da cultura pop, mais associada ao seu icónico fato de banho vermelho de Marés Vivas do que a grandes desafios dramáticos. Mas agora, com The Last Showgirl, a ex-pin-up da Playboy, hoje com 57 anos, está a reescrever a sua própria história no cinema — e a crítica está rendida!

📽️ The Last Showgirl, realizado por Gia Coppola, neta de Francis Ford Coppola, trouxe uma nova faceta de Pamela Anderson. No filme, a atriz interpreta uma showgirl decadente, num papel que muitos descrevem como a melhor interpretação da sua carreira.

“Agora sinto-me uma atriz. Mas realmente não sabia se era antes”, confessou Anderson numa entrevista à AFP. “Estava apenas a fazer o melhor que podia.”

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🔥 Da cultura pop ao respeito da crítica

The New York Times elogiou a sua performance como “deslumbrante”, enquanto o The Guardian afirmou que Anderson “reescreveu sozinha a maneira como é vista como atriz”. A interpretação já lhe valeu uma nomeação para os Globos de Ouro e um novo fôlego na indústria.

A atriz admite que sempre amou o cinema e o teatro e agora quer mais: “Espero um dia fazer uma peça de Tennessee Williams. Adoraria isso. Por que não se pode imaginá-lo? Só é preciso continuar a surpreender as pessoas”.

🎬 Reinvenção fora do ecrã

A sua transformação não se limita ao cinema. Além de atriz, ativista e autora, Pamela lançou um programa de culinária (Pamela’s Cooking with Love) e um livro de receitas baseadas em plantas. Também publicou uma autobiografia, insistindo que a escreveu sozinha, sem a ajuda de um escritor fantasma.

A viver de volta à ilha de Vancouver, no Canadá, Anderson reflete sobre a sua vida intensa e cheia de reviravoltas: “Aprecio a minha vida selvagem e confusa porque tenho muito para aproveitar. E definitivamente não era aborrecida.”

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Com The Last Showgirl, Pamela Anderson prova que nunca é tarde para desafiar rótulos e conquistar o lugar que merece no cinema. Será este o início de uma nova era na sua carreira?

Francis Ford Coppola Responde aos Razzies: “Estou Honrado por Ser Nomeado o Pior Realizador” 🎬🔥

Os Razzies – os famigerados prémios que “celebram” o pior do cinema – voltaram a fazer estragos e, desta vez, atingiram um dos maiores mestres do cinema: Francis Ford Coppola. O realizador de O Padrinho e Apocalypse Now viu o seu ambicioso e polémico Megalopolis ser nomeado para várias categorias, incluindo Pior Filme, Pior Argumento e Pior Realizador.

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Mas se pensavam que Coppola ia levar a nomeação a peito, desenganem-se. O cineasta, longe de se abalar com a “distinção”, respondeu com ironia e orgulho, evocando grandes fracassos da história do cinema que, com o tempo, se tornaram clássicos.

🎭 A Resposta de Coppola: “Que Honra!”

Numa publicação nas redes sociais, Coppola respondeu com sarcasmo e alguma provocação, aceitando as nomeações de braços abertos:

“Estou entusiasmado por aceitar o prémio Razzie em tantas categorias importantes para Megalopolis, e pela distinta honra de ser nomeado como pior realizador, pior argumento e pior filme numa altura em que tão poucos têm a coragem de ir contra as tendências dominantes da indústria cinematográfica contemporânea!”

O realizador, que investiu mais de 120 milhões de dólares do seu próprio bolso para fazer Megalopolis, prosseguiu com duras críticas ao atual estado do cinema:

“Neste naufrágio que é o mundo de hoje, onde a ARTE é avaliada com pontuações como se fosse wrestling profissional, escolhi NÃO seguir as regras medrosas impostas por uma indústria que teme o risco.”

Coppola argumentou que os filmes devem ser feitos para perdurar no tempo, e não apenas para agradar às bilheteiras ou aos algoritmos dos serviços de streaming:

“A indústria tem à sua disposição um enorme reservatório de jovens talentos, mas receio que possa não criar obras que ainda sejam relevantes e vivas daqui a 50 anos.”

🎥 Coppola e os “Grandes Fracassos” do Cinema

O realizador foi mais longe e comparou-se a Jacques Tati, o lendário cineasta francês que se arruinou financeiramentepara realizar Playtime (1967), um dos maiores desastres comerciais da história… que hoje é considerado uma obra-prima do cinema.

“Que honra estar ao lado de um grande e corajoso realizador como Jacques Tati, que se empobreceu completamente para fazer uma das falhas mais amadas do cinema!”

Coppola terminou a sua resposta com uma frase que parece uma verdadeira declaração de guerra ao atual modelo de Hollywood:

“Lembremo-nos de que as bilheteiras só dizem respeito a dinheiro e que, tal como a guerra, a estupidez e a política, não devem ter lugar no nosso futuro.”

🎬 Megalopolis: Um Filme Maldito?

Megalopolis tem sido um dos projetos mais ambiciosos e caóticos de Coppola. Um épico de ficção científica, inspirado na Roma Antiga e ambientado numa Nova Iorque distópica, que demorou mais de 40 anos a ser concretizado.

O filme, protagonizado por Adam Driver, Nathalie Emmanuel, Giancarlo Esposito e Aubrey Plaza, foi rodado sem o apoio de grandes estúdios, o que levou Coppola a financiar a produção do seu próprio bolso.

A receção, até agora, tem sido polarizadora. Houve críticas ferozes e elogios apaixonados. Alguns dizem que é um desastre pretensioso, outros garantem que é uma visão única e arrojada, e que será devidamente valorizado no futuro.

A comparação com Apocalypse Now (1979) – que também teve uma produção infernal e inicialmente foi recebido com cepticismo – é inevitável. Será que Megalopolis terá o mesmo destino e, daqui a décadas, será visto como um clássico incompreendido?

🏆 Razzies: Um Prémio com História (e Polémica)

Criados em 1981, os Golden Raspberry Awards (ou simplesmente Razzies) nasceram como uma sátira aos Óscares, “premiando” os piores filmes do ano. Ao longo dos anos, tornaram-se um fenómeno da cultura pop, mas também alvo de críticas por parecerem atacar certos filmes e artistas de forma desproporcional.

Já houve quem aceitasse os “prémios” com humor, como Sandra Bullock, que compareceu à cerimónia em 2010 para receber o prémio de Pior Atriz por All About Steve – um dia antes de ganhar um Óscar por The Blind Side. Outros, como Halle Berry ou Tom Green, também tiveram reações bem-humoradas.

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Mas Coppola leva a distinção a outro nível: transformou a “derrota” numa bandeira de resistência artística.

📢 E tu, achas que os Razzies foram injustos com Coppola? Ou Megalopolis merece o título de “Pior Filme do Ano”? Deixa a tua opinião nos comentários!

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Gene Hackman (1930-2025): O Último dos Grandes Duro na Queda do Cinema Americano

O cinema perdeu uma das suas últimas lendas vivas. Gene Hackman, um dos atores mais versáteis e carismáticos de Hollywood, morreu aos 95 anos, deixando para trás uma carreira marcada por personagens inesquecíveis e uma presença inigualável no grande ecrã. O protagonista de French Connection (1971), Bonnie and Clyde (1967) e Imperdoável (1992) tornou-se uma das forças dominantes do cinema americano ao longo de quase quatro décadas, redefinindo o conceito de anti-herói e provando que um ator não precisava de ser um galã para conquistar a grande tela.

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Um Ícone do Realismo e da Intensidade

Nascido em 1930, Hackman teve um percurso de vida que o preparou para os papéis intensos que desempenharia mais tarde. O seu primeiro grande destaque veio com Bonnie and Clyde (1967), onde interpretou Buck Barrow, o irmão de Clyde (Warren Beatty). O seu desempenho valeu-lhe a primeira nomeação para um Óscar e abriu as portas para uma carreira repleta de interpretações icónicas.

No entanto, foi com French Connection (1971) que Gene Hackman atingiu a imortalidade cinematográfica. Como Popeye Doyle, um polícia duro e obcecado, entregou uma performance crua e visceral que lhe rendeu o primeiro Óscar de Melhor Ator. A cena da perseguição de carro pelas ruas de Nova Iorque permanece como uma das mais lendárias do cinema. Hackman encarnou a dureza e o pragmatismo que se tornariam a sua assinatura.

Versatilidade e Longevidade

Ao longo dos anos 70 e 80, Hackman provou que não era um ator de um só registo. Brilhou como vilão carismático ao interpretar Lex Luthor em Superman (1978), trouxe profundidade ao atormentado Harry Caul em O Vigilante (1974) e demonstrou a sua veia cómica como o eremita cego de Frankenstein Júnior (1974). Não importava o género, Hackman elevava qualquer filme em que participasse.

Nos anos 90, Clint Eastwood convenceu-o a sair da sua zona de conforto para interpretar um dos seus papéis mais marcantes: Little Bill Daggett, o sádico xerife de Imperdoável (1992). A sua interpretação valeu-lhe o segundo Óscar da carreira, agora como Melhor Ator Secundário. Foi um regresso ao cinema clássico do western, mas com a complexidade moral que sempre marcou as suas personagens.

A Saída Discreta e a Vida Após Hollywood

Diferente de muitos dos seus colegas, Gene Hackman não fez da sua reforma um evento mediático. Simplesmente desapareceu do radar, sem despedidas dramáticas ou regressos tardios. Em 2004, depois de Alce Daí, Senhor Presidente, Hackman retirou-se oficialmente da representação, dedicando-se à escrita e à pintura.

Apesar dos inúmeros convites, nunca cedeu à tentação de regressar, nem mesmo quando Clint Eastwood tentou convencê-lo para mais um filme. Para Hackman, Hollywood tinha sido um capítulo incrível, mas era apenas um capítulo da sua vida.

O Legado de um Ator Inigualável

O que fez de Gene Hackman uma figura tão especial no cinema americano foi a sua capacidade de ser genuíno em qualquer papel. Ele não representava, ele habitava as suas personagens. Não precisava de maneirismos ou artifícios – apenas de um olhar ou de um pequeno gesto para transmitir emoções complexas.

Para qualquer cinéfilo, filmes como French Connection, Bonnie and Clyde e Imperdoável são visionamentos obrigatórios. A sua filmografia é um verdadeiro manual de representação realista e visceral, onde cada cena em que ele aparece se torna automaticamente mais rica e intensa.

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Com a sua morte, desaparece um dos últimos grandes duros do cinema. Mas os seus filmes continuam, e a sua presença no grande ecrã nunca deixará de ser sentida. Gene Hackman não era apenas um ator – era uma força da natureza. E essa força nunca se extinguirá.

Razzies 2025: “Joker 2”, “Megalopolis” e “Borderlands” Entre os Favoritos ao Título de Piores do Ano

A temporada de prémios de cinema nem sempre celebra os melhores, e os Golden Raspberry Awards — ou Razzies — estão aqui para lembrar disso. Este ano, a lista de nomeados para os piores filmes e desempenhos de 2024 está recheada de produções de alto perfil, incluindo Joker: Folie à DeuxMegalopolisBorderlandsMadame Web e Reagan. Cada um deles acumulou seis nomeações, incluindo a temida categoria de Pior Filme.

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Os “Destaques” do Ano

Entre os grandes nomes desta edição estão Joaquin Phoenix e Lady Gaga, nomeados para Pior Ator e Atriz, respetivamente, pelos seus papéis em Joker: Folie à Deux. Curiosamente, a dupla também concorre na categoria de Pior Parceria no Ecrã. Outros pesos-pesados de Hollywood, como Cate Blanchett (Borderlands), Dakota Johnson (Madame Web), e Dennis Quaid (Reagan), também foram nomeados pelos seus desempenhos.

Na categoria de Pior Realizador, destaca-se a presença de nomes de renome como Francis Ford Coppola (Megalopolis) e Todd Phillips (Joker: Folie à Deux), acompanhados por Jerry Seinfeld (Unfrosted) e Eli Roth (Borderlands).

Categorias Surpreendentes e Tendências dos Nomeados

A categoria de Pior Parceria no Ecrã trouxe momentos inusitados, como a nomeação de “Qualquer Dois Personagens Irritantes” em Borderlands e o elenco completo de Megalopolis. Já a categoria de Prequel, Remake, Rip-Off ou Sequela inclui títulos como Joker: Folie à Deux e Mufasa: The Lion King.

Apesar da crítica feroz, a presença de grandes produções nos Razzies evidencia que mesmo projetos ambiciosos podem desiludir quando a execução não alcança as expectativas. Filmes como Reagan e Megalopolis, que aspiravam a grandiosidade, foram alvo de críticas severas.

Lista Completa dos Nomeados a Pior Filme

Borderlands

Joker: Folie à Deux

Madame Web

Megalopolis

Reagan

Será Tudo Apenas Marketing?

Embora os Razzies sejam conhecidos pelo tom humorístico, a atenção gerada por estas nomeações pode ser um sinal de que, mesmo no fracasso, existe espaço para reflexão e curiosidade por parte do público. A cerimónia de entrega dos “prémios” promete trazer risos e talvez algumas reações inesperadas dos nomeados.

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Roger Corman: O Homem por Trás das Lendas do Cinema e o Rei do Cinema Independente

Roger Corman, uma figura ímpar no panorama cinematográfico, consolidou-se como o rei do cinema independente americano. Com quase 500 créditos no currículo, Corman navegou habilmente pelas marés do cinema durante mais de sete décadas. Ele não só moldou o mundo dos filmes de baixo orçamento, mas também lançou as carreiras de algumas das maiores lendas de Hollywood, como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Jack Nicholson e Jonathan Demme.

O Legado de um Mestre dos Filmes de Baixo Orçamento

Corman começou nos anos 1950, numa era em que filmes de baixo e médio orçamento ainda tinham espaço nas salas de cinema em todo o mundo. Ele recorda com nostalgia esses tempos: “Podíamos abrir um pequeno filme e sabíamos que iríamos passar nas principais redes de cinemas nos EUA e em muitos outros países.” Hoje, lamenta a falta de oportunidades para este tipo de produções no circuito comercial, embora reconheça que as plataformas de streaming abriram novas possibilidades.

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Mesmo enfrentando limitações orçamentais, Corman sempre demonstrou uma notável habilidade para maximizar recursos, criando filmes que misturavam criatividade e eficiência. Ele é frequentemente descrito como alguém que poderia “fechar um negócio, filmar e financiar o filme com as moedas de uma cabine telefónica.”

Uma Nova Hollywood: A Geração que Ele Inspirou

Ao longo de sua carreira, Corman tornou-se uma espécie de padrinho da Nova Hollywood, não apenas incentivando jovens realizadores, mas também promovendo a liberdade criativa, desde que respeitassem uma regra de ouro: manter-se dentro do orçamento. Filmes como The Wild Angels (1966) e The Trip (1967) abriram caminho para o movimento contracultural dos anos 60. Sobre esta época, Corman reflete: “Era um tempo excitante. Esses filmes eram uma nova forma de expressão, e eu fazia parte disso.”

Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e outros nomes de peso começaram sob a tutela de Corman. Coppola, por exemplo, dirigiu seu primeiro filme com base em material russo modificado para audiências americanas. Scorsese recebeu instruções específicas para adicionar cenas mais apelativas em Boxcar Bertha (1972), embora Corman ria hoje de mitos exagerados sobre as suas exigências.

Explorando o Cinema de Terror e Poe

Corman é talvez mais conhecido por suas adaptações dos contos de Edgar Allan Poe. The Fall of the House of Usher (1960) marcou o início de uma série de filmes góticos que se tornaram clássicos. Vincent Price, que estrelou muitos desses filmes, foi uma escolha óbvia para Corman, que admirava sua inteligência e sensibilidade artística.

Apesar de seu sucesso com Poe, Corman também é lembrado por projetos inusitados, como The Terror (1963), que envolveu uma série de realizadores — incluindo Coppola, Nicholson e o próprio Corman — trabalhando em diferentes partes da produção. “Foi um dos filmes mais estranhos que já fiz. Cada diretor adicionou algo, e tivemos que filmar uma cena final para dar sentido à história.”

Uma Abordagem Singular à Produção

Enquanto produtor, Corman manteve-se profundamente envolvido em todas as fases criativas, desde o desenvolvimento do argumento até a montagem final. No entanto, ele dava espaço aos realizadores durante as filmagens: “Entendo que, nesse ponto, preciso entregar o controlo ao diretor.” Este equilíbrio entre controlo criativo e confiança nos seus colaboradores foi essencial para o seu sucesso.

A Filosofia de Corman sobre o Cinema

Para Corman, o cinema é “a forma de arte contemporânea mais importante” por capturar movimento e envolver equipas criativas inteiras. No entanto, ele reconhece que é uma arte comprometida pela sua ligação inerente ao negócio: “Um realizador precisa de uma equipa, e uma equipa precisa ser paga. É uma combinação de arte e negócios.”

O Legado de uma Vida no Cinema

Mesmo na casa dos 90 anos, Corman continua a ser uma inspiração para realizadores em todo o mundo. Muitos dos filmes que dirigiu ou produziu foram revisitados, mas ele não é um grande fã de remakes, acreditando que “é difícil recriar a química que fez o original funcionar.”

Roger Corman não só moldou a história do cinema com a sua resiliência e engenhosidade, mas também demonstrou que o verdadeiro talento transcende orçamentos e barreiras. Sua obra continua a inspirar novas gerações, garantindo seu lugar como um dos gigantes do cinema.

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Francis Ford Coppola Recebe Prémio de Carreira do American Film Institute em Gala de Hollywood

O realizador Francis Ford Coppola será homenageado pelo American Film Institute (AFI) com o seu prestigiado Prémio de Carreira, numa gala marcada para 26 de abril de 2024 no Dolby Theatre, em Los Angeles. Aos 86 anos, Coppola é o 50.º laureado com esta distinção, um reconhecimento pelos seus contributos inestimáveis ao cinema americano. Kathleen Kennedy, presidente do conselho de curadores do AFI, exaltou Coppola como um “artista incomparável” que criou “obras seminais e inspirou gerações de cineastas com o seu espírito independente”​.

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Coppola, que possui cinco Óscares e duas Palmas de Ouro de Cannes, é lembrado pelo mundo pela trilogia de “O Padrinho” e por outros clássicos, como “Apocalypse Now” (1979) e “O Vigilante” (1974). Recentemente, lançou o ambicioso projeto “Megalopolis”, que mantém o seu legado vivo e relevante nas salas de cinema. Além dos sucessos como realizador, Coppola acumulou créditos como argumentista, incluindo o aclamado “Patton” (1970), que lhe valeu um dos primeiros prémios da Academia.

Entre os anteriores galardoados do AFI estão lendas como John Ford, o primeiro homenageado em 1973, e outras figuras recentes, como Nicole KidmanDenzel Washington e John Williams. A cerimónia de abril promete reunir a elite de Hollywood para celebrar o impacto duradouro e a visão única de Coppola, cuja carreira influenciou cineastas e apaixonados pela sétima arte em todo o mundo.

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A Cena Brutal de Martin Sheen em “Apocalypse Now”: Quando a Realidade e a Ficção se Fundem no Ecrã

“Apocalypse Now” (1979), o épico de guerra dirigido por Francis Ford Coppola, é conhecido pelas suas filmagens caóticas e momentos tensos que desafiaram o elenco e a equipa até aos limites. Entre as várias cenas icónicas do filme, uma em particular destaca-se pela intensidade crua e visceral que transmite: a sequência inicial onde Martin Sheen, como o Capitão Willard, se encontra isolado num quarto de hotel em Saigon, envolto numa escuridão psicológica que o consome. Esta cena marcante não foi resultado apenas de talento ou direção, mas de uma profunda exposição dos próprios demónios pessoais de Sheen, criando um momento de rara autenticidade no cinema.

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Durante esta cena, Sheen, que na vida real enfrentava uma dura batalha contra o alcoolismo, decidiu submergir-se na sua personagem de uma forma que raramente se vê no cinema. Instruiu a equipa para continuar a gravar, independentemente do que acontecesse, prometendo expor-se emocionalmente sem qualquer filtro. O resultado foi uma explosão de emoções: Sheen, bêbado e angustiado, quebra o espelho do quarto com um golpe, ferindo-se gravemente e sangrando de verdade em frente às câmaras. No meio da dor física e emocional, dirigiu-se para Coppola num momento de confronto, enquanto a equipa, em choque, hesitava em parar a filmagem.

Martin Sheen, em entrevista com Bob Costas, recordou este momento intenso. “Sangrei bastante e o Francis tentou interromper a cena,” revelou o ator. “Eu supliquei que continuassem a gravar. Disse-lhe, ‘Por favor, eu preciso de fazer isto por mim’. E ele permitiu-me, de certa forma, lutar com os meus próprios demónios.” Esta exposição pública das suas lutas internas tornou-se num ponto de viragem tanto para a personagem de Willard como para o próprio Sheen, que encontrou no cinema um espaço para confrontar a sua própria dor e vulnerabilidade.

A cena tornou-se crucial para a narrativa do filme, refletindo a jornada de autodescoberta do Capitão Willard enquanto enfrenta as suas escolhas morais e as sombras da guerra. Francis Ford Coppola, numa entrevista sobre o processo de criação de “Apocalypse Now”, explicou como a cena de Sheen o ajudou a perceber que o filme ia muito além de uma simples representação da Guerra do Vietname. “Percebi que não estava a fazer um filme sobre o Vietname ou sobre a guerra, mas sim sobre a posição precária em que todos nós nos encontramos, onde temos de escolher entre o certo e o errado, o bem e o mal”, afirmou o realizador. Esta visão expandiu o alcance do filme, transformando-o numa reflexão filosófica sobre a condição humana.

A cena do quarto de hotel não só capturou a essência de Willard como homem em conflito, mas também encapsulou o espírito caótico e devastador de “Apocalypse Now” – um filme que, assim como Sheen e a sua personagem, parecia estar constantemente à beira do colapso. Este momento improvisado transformou-se num marco de autenticidade que continua a reverberar, mostrando como, em raras ocasiões, o cinema pode tornar-se um espelho da verdadeira vulnerabilidade humana.

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“Apocalypse Now” permanece como um dos filmes mais emblemáticos do cinema, e esta cena é um exemplo do compromisso absoluto de Martin Sheen com o papel. A sua entrega tornou-se um dos momentos mais icónicos e poderosos do cinema, imortalizando uma luta interna que ultrapassa o ecrã e desafia o espectador a confrontar a complexidade da natureza humana.

Lionsgate e a Sua Série de Flops: O Que Está a Correr Mal e O Que Podemos Esperar no Futuro

Lionsgate tem enfrentado um período difícil em 2024, com uma série de sete filmes consecutivos a fracassar nas bilheteiras, resultando em um total de quase dois meses de decepções para o estúdio. Entre os lançamentos que falharam em captar a atenção do público estão “Borderlands”, uma adaptação de videojogo, e o reboot de “The Crow”, entre outros filmes que se provaram financeiramente desapontantes. Estes fracassos têm levantado questões sobre o futuro da Lionsgate, especialmente num mercado dominado por gigantes tecnológicos e estúdios mais poderosos.

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O ano começou com promessas para o estúdio, cuja linha de produção era composta por géneros diversos, desde comédias de assalto até dramas históricos, oferecendo uma alternativa às produções mais convencionais de Hollywood. No entanto, nenhum desses filmes conseguiu ter o impacto esperado nas bilheteiras. “Borderlands”, dirigido por Eli Roth, arrecadou apenas 32 milhões de dólares a nível global, e o muito aguardado reboot de “The Crow” fez apenas 23,7 milhões, valores que ficaram muito abaixo do esperado.

Mesmo com orçamentos controlados, a Lionsgate não conseguiu atrair o público às salas de cinema. “Megalopolis”, o épico de ficção científica de Francis Ford Coppola, foi outra grande desilusão, trazendo apenas 11,2 milhões de dólares em receitas, apesar de Coppola ter financiado pessoalmente uma grande parte do projeto, estimado em 120 milhões de dólares. Este padrão de fracassos levantou questões sobre a capacidade da Lionsgate de competir num mercado onde cada vez mais filmes são relegados diretamente para as plataformas de streaming.

Mas, qual é o motivo para esta queda? De acordo com Matthew Harrigan, analista sénior da Benchmark Co., o problema não é a concorrência interna entre os filmes do estúdio, mas sim o facto de que “nada realmente funcionou”. A Lionsgate tem feito um esforço concertado para apostar em filmes de orçamento médio, mas os sucessivos fracassos sugerem que este modelo pode estar a precisar de uma revisão. Apesar disso, o estúdio tem sido elogiado por tentar preencher nichos do mercado, como o cinema para audiências religiosas e afro-americanas. Um exemplo disso é o sucesso de “Unsung Hero”, um drama cristão de baixo orçamento que arrecadou 21 milhões de dólares.

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Há, no entanto, esperança no horizonte para a Lionsgate. Em 2025, o estúdio planeia lançar novos projetos ambiciosos, incluindo o biopic do Michael Jackson, o spin-off de John Wick, protagonizado por Ana de Armas, intitulado “Ballerina”, e uma nova prequela de The Hunger Games. Estes projetos têm o potencial de reverter a maré para o estúdio e trazer de volta os dias de sucesso que experimentou com filmes como “John Wick: Chapter 4”, que arrecadou 440 milhões de dólares mundialmente, e o prequela de The Hunger Games: The Ballad of Songbirds and Snakes, que também foi um sucesso nas bilheteiras.

Além disso, a Lionsgate está a explorar outras formas de expandir o seu catálogo, transformando os seus filmes mais populares em produções teatrais, como é o caso de “La La Land”“Dirty Dancing” e “The Hunger Games”, que estão a ser adaptados para os palcos. Esta aposta no teatro pode ser uma forma criativa de manter vivos os seus filmes de maior sucesso e atrair novos públicos.

Apesar dos desafios, a Lionsgate não é o único estúdio a enfrentar dificuldades em 2024. Outros estúdios, como a Warner Bros. e a Universal, também viram grandes produções falharem em gerar receitas significativas. Contudo, para um estúdio mais pequeno como a Lionsgate, a margem de erro é muito menor, e o impacto de uma série de fracassos consecutivos pode ser mais devastador.

Com uma lista de filmes mais promissores a caminho e uma aposta na diversificação, resta saber se a Lionsgate conseguirá reverter a sua sorte e voltar a encontrar o seu lugar de destaque em Hollywood. Por enquanto, o estúdio continua a navegar águas incertas, mas com algumas cartas fortes ainda por jogar.

Lionsgate Retira Trailer de “Megalopolis” Após Polémica com Citações Falsas de Críticos de Cinema

A Lionsgate foi recentemente envolvida numa controvérsia significativa ao ser forçada a retirar o trailer do tão aguardado filme de Francis Ford Coppola, Megalopolis. O motivo? A inclusão de citações falsas de críticos de cinema renomados, que nunca foram pronunciadas ou escritas nas suas críticas originais. Esta gafe gerou um pedido de desculpas público por parte do estúdio, tanto aos críticos afetados quanto ao icónico realizador, cuja carreira é amplamente celebrada por filmes como O Padrinho e Apocalypse Now.

O trailer, que estreou na segunda-feira, apresentava supostas citações de críticas passadas sobre as obras-primas de Coppola. Estas citações, que sugeriam uma crítica negativa de filmes que mais tarde se tornaram clássicos, pareciam ter o objetivo de sublinhar que Coppola já havia sido subestimado antes, apenas para provar que os críticos estavam errados. No entanto, conforme foi primeiro revelado pelo Vulture, nenhuma dessas citações negativas era autêntica.

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Entre as citações falsificadas incluídas no trailer estavam afirmações atribuídas a Andrew Sarris, que teria descrito O Padrinho como “um filme desleixado e auto-indulgente”, e a Pauline Kael, que supostamente afirmou que o filme era “diminuído pelo seu excesso de arte”. Outras críticas falsificadas incluíam Vincent Canby, do The New York Times, que alegadamente teria chamado Apocalypse Now de “oco no seu núcleo”, e Roger Ebert, que teria acusado Drácula de Bram Stoker de ser “mais estilo do que substância”. No entanto, estas declarações não aparecem nas críticas originais dos referidos críticos.

A resposta da Lionsgate foi rápida, com o estúdio a emitir um comunicado em que expressa remorsos pelo erro. “A Lionsgate está a retirar imediatamente o nosso trailer de Megalopolis. Oferecemos as nossas mais sinceras desculpas aos críticos envolvidos e a Francis Ford Coppola e à American Zoetrope por este erro inaceitável no nosso processo de verificação. Cometemos um erro. Lamentamos profundamente”, declarou um porta-voz da Lionsgate.

Megalopolis, que estreou em maio no Festival de Cannes com uma impressionante ovação de 10 minutos, tem sido uma das produções cinematográficas mais discutidas de 2024. Apesar da calorosa receção do público no festival, a resposta dos críticos foi mista, refletindo a natureza divisiva do filme. Coppola, que dedicou décadas a realizar este épico de $120 milhões, viu o seu projeto enfrentar desafios, tanto na produção quanto na receção crítica. A Lionsgate, que se envolveu como distribuidora, enfrenta agora um constrangimento adicional com este incidente relacionado com o marketing do filme.

Como uma Fotografia Mudou o Rumo da Franquia 007

Apesar de o trailer ter sido removido da página oficial da Lionsgate, ainda está disponível em contas de terceiros no YouTube, perpetuando a polémica. Este incidente destaca a sensibilidade necessária no processo de promoção de filmes, especialmente quando envolve figuras icónicas como Francis Ford Coppola, cuja obra se encontra profundamente enraizada na história do cinema.

Morreu John Aprea, ator de “O Padrinho – Parte II”, aos 83 anos

John Aprea, conhecido pelo seu papel icónico como o jovem Salvatore Tessio em O Padrinho – Parte II, faleceu aos 83 anos. A notícia foi confirmada pelo empresário do ator, que revelou à revista People que Aprea morreu de causas naturais no dia 5 de agosto, na sua casa em Los Angeles, rodeado pela sua família.

Nascido em Englewood, Nova Jersey, John Aprea era filho de imigrantes italianos e iniciou a sua carreira de ator na década de 1960. Começou por trabalhar em teatro antes de se mudar para Los Angeles, onde começou a ganhar notoriedade no cinema e na televisão. A sua carreira incluiu participações em filmes como Bullitt (1967), ao lado de Steve McQueen, The Grasshopper (1970), e The Stepford Wives (1975). No entanto, foi o seu papel em O Padrinho – Parte II (1974) que marcou o ponto alto da sua carreira.

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O Legado de John Aprea em Hollywood

Aprea sempre foi grato pela oportunidade de trabalhar com alguns dos maiores nomes da indústria cinematográfica, como o realizador Francis Ford Coppola e os atores Al Pacino e Robert De Niro. Numa entrevista ao Shreveport Journal, o ator relembrou a sua experiência no set de O Padrinho – Parte II: “Eu estava rodeado pelos melhores”, disse ele, referindo-se ao talento de Coppola, Pacino e De Niro, que tornaram a trilogia de O Padrinho num marco na história do cinema.

Embora o papel de Salvatore Tessio na juventude tenha sido relativamente breve, a sua importância no contexto da narrativa de O Padrinho tornou Aprea uma figura inesquecível para os fãs da saga. A capacidade de Aprea de capturar a essência do personagem, que é mais tarde interpretado por Abe Vigoda, ajudou a solidificar a continuidade da história entre as diferentes gerações de personagens.

Uma Carreira Diversificada

Além do seu trabalho em O Padrinho – Parte II, John Aprea teve uma carreira diversificada, participando em várias produções televisivas. Um dos seus papéis mais notáveis na televisão foi o de Nick Katsopolis na popular série Full House, onde interpretou o pai da personagem de John Stamos. Este papel trouxe-lhe uma nova geração de fãs, ampliando ainda mais o seu reconhecimento.

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Ao longo das décadas, Aprea apareceu em numerosas séries de televisão e filmes, demonstrando a sua versatilidade como ator. A sua capacidade de interpretar uma vasta gama de personagens, desde dramas familiares até épicos criminais, fez dele um ator respeitado tanto pelos seus colegas como pelos críticos.

A Última Despedida

A morte de John Aprea marca o fim de uma era para os muitos fãs de O Padrinho e para aqueles que seguiram a sua longa