“O Palhaço de Cara Limpa” foi o grande vencedor, mas houve prémios (e surpresas) para todos os gostos
ver também : The Naked Gun Está de Volta! Liam Neeson Assume a Herança de Leslie Nielsen e Primeiras Reações São Entusiásticas
O Festival de Cinema de AVANCA voltou a afirmar-se como uma das mais ecléticas e arrojadas celebrações da sétima arte em Portugal — e a 29.ª edição não desiludiu. Entre homenagens a Vasco da Gama, inteligência artificial e poesia em forma de cinema, foram atribuídos 28 prémios e sete menções especiais. A grande vitória? Foi brasileira, claro — e com direito a palhaço.
“O Palhaço de Cara Limpa”: uma fábula triste nas ruas do Recife
O filme “O Palhaço de Cara Limpa”, de Camilo Cavalcante, conquistou o Prémio de Melhor Filme e ainda levou para casa as distinções de Melhor Banda Sonora e Melhor Atriz (para Maria da Guia de Oliveira da Silva). A produção brasileira foi descrita como “um manifesto poético e desesperado sobre o papel da arte num país em crise” — e, francamente, basta isto para nos pôr a correr para a primeira sala de cinema onde o encontremos.
AI, séries, realidades virtuais e… Vasco da Gama
Num festival cada vez mais plural, houve espaço para estreias e experiências tecnológicas. A competição dedicada à inteligência artificial arrancou com o Prémio CIAC entregue a “To the Bones”, de Cláudio Sá, com destaque ainda para “Black Sun” (Taiwan) e “Morphogenesis” (Argentina). A secção de realidade virtual distinguiu “Coded Black”, do Reino Unido.
Nas séries de televisão, “Ghosted MD”, de Jarett Bellucci (EUA), foi a escolhida, e “O Ofício da Solitude – série II”, de Fernando Augusto Rocha, recebeu Menção Especial. O melhor documentário televisivo veio da Bélgica, com “L’acier a coulé dans nos veines”.
Curtas, longas e muitos prémios com sabor lusófono
Portugal também brilhou em várias frentes. “Criadores de Ídolos”, de Luís Diogo, e “Salto”, de Ana Castro, venceram na Competição AVANCA, dedicada a produções da região de Aveiro. “Aqui, em Aveiro”, de Joaquim Pavão, arrecadou o prémio de Melhor Curta de Ficção e “The Gold Bed Deviations”, de Regina Mourisca, destacou-se na Animação.
O Brasil voltou a marcar forte presença com o filme “Bijupirá”, de Eduardo Boccaletti, distinguido com o Prémio Estreia Mundial e o de Melhor Fotografia. Nas curtas, “A Sinaleira Amarela”, de Guilherme Carravetta de Carli, venceu na categoria principal e também na de Melhor Ator, com João Carlos Castanha.
Prémios para todas as idades e latitudes
A jovem realizadora portuguesa Lívia S. Furtado venceu o Prémio de Melhor Cineasta com menos de 30 anos com o filme “A Luz do Mundo”, e Jorge Bodanzky levou o Prémio Sénior com “As cores e amores de Lore”.
O prestigiado Prémio D. Quixote, da Federação Internacional de Cineclubes, foi para o filme iraniano “They Loved Me”, de Mohammad Reza Rahmani — um dos títulos mais premiados da noite, que também brilhou em Direcção de Arte, Argumento e Melhor Atriz Secundária (Luila Bolukat).
E porque o cinema também é conhecimento, a conferência internacional do festival atribuiu o Prémio Eng. Fernando Gonçalves Lavrador aos investigadores mexicanos Jorge Humberto Flores Romero e Juan Carlos Lobato Valdespino.
Uma edição que celebrou a vida — e as suas muitas formas de ser filmada
A 29.ª edição do Festival AVANCA provou, mais uma vez, que o cinema não se esgota na tela. Com júris de nove países, obras de 27 nacionalidades, inteligência artificial em estreia e homenagens com sabor histórico, foi uma verdadeira celebração da criatividade e da diversidade.
ver também : Patos! Estreia no TVCine Top com Dupla Sessão em Agosto
E se “O Palhaço de Cara Limpa” nos lembra que a arte pode ser um grito desesperado, o Festival AVANCA grita, ano após ano, que o cinema é — sempre — um acto de resistência.
🎬 Que venha a 30.ª edição!
