Los Domingos vence a Concha de Ouro em San Sebastián numa edição marcada por política e emoção

A vitória espanhola

Festival de Cinema de San Sebastián 2025 terminou com o triunfo de Los domingos, da realizadora Alauda Ruiz de Azúa, que conquistou a Concha de Ouro. A obra retrata o despertar religioso de Ainara, uma adolescente de 17 anos interpretada pela estreante Blanca Soroa, cuja decisão de entrar para um convento de clausura abala profundamente a sua família.

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A realizadora, que já tinha sido distinguida com o Goya de Melhor Realizadora Revelação por Cinco Lobitos (2022), sublinhou:

“Não creio que tentar compreender algo signifique validá-lo ou legitimá-lo, mas acredito que vivemos num mundo onde há sempre pessoas diferentes.”

Conchas de Prata e grandes interpretações

O belga Joachim Lafosse conquistou a Concha de Prata de Melhor Realização por Six jours ce printemps-là, recebendo também o prémio de Melhor Argumento. Não é a primeira vez que o cineasta brilha no certame: em 2015 já tinha levado o mesmo galardão com Les chevaliers blancs.

Na categoria de interpretação, o júri optou por uma atribuição ex aequo:

  • Zhao Xiaohong, pela sua poderosa atuação em Jianyu laide mama, onde interpreta uma mulher que tenta reconstruir a vida após cumprir pena por homicídio.
  • José Ramón Soroiz, pelo papel em Maspalomas, como um idoso homossexual que regressa à terra natal conservadora.

Já a argentina Camila Plaate venceu a Concha de Prata de Melhor Interpretação Secundária pela sua prestação em Belén, filme de Dolores Fonzi inspirado numa história real de injustiça ligada ao aborto em Tucumán. Plaate dedicou o prémio ao movimento de mulheres da Argentina e do mundo.

Gaza e o peso da atualidade

O contexto político também marcou a cerimónia. O filme tunisino A Voz de Hind Rajab, de Kaouther Ben Hania, venceu o Prémio do Público Cidade de Donostia. A obra relata a morte de uma menina palestiniana às mãos do exército israelita e foi recebida com forte carga emocional.

“Dedicamos este prémio de todo o coração à família de Hind Rajab, que mantém viva a sua memória no meio de uma dor insuportável”, afirmou o ator Motaz Malhees ao receber o galardão.

Horizontes Latinos

O prémio Horizontes Latinos distinguiu Un poeta, do colombiano Simón Mesa Soto, um retrato de um escritor fracassado que descobre uma jovem promissora. Mesa Soto, que em 2014 venceu a Palma de Ouro para Melhor Curta-Metragem com Leidi, dedicou o galardão “a todos os que lutam para fazer cinema na América Latina”.

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Uma edição intensa

Presidido por J.A. Bayona e com nomes como Mark Strong e Gia Coppola no júri, o festival mostrou mais uma vez a sua relevância cultural, ao unir o melhor do cinema mundial com debates urgentes da atualidade.

Angelina Jolie em San Sebastián: “Amo o meu país, mas não o reconheço neste momento” 🇺🇸🎬

A política americana na mira de Hollywood

Angelina Jolie marcou presença no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián e acabou por surpreender mais pela sua visão política do que pelo glamour habitual. Questionada sobre a actual situação da liberdade de expressão nos Estados Unidos — especialmente após a suspensão do programa de Jimmy Kimmel pela ABC — a actriz hesitou longos segundos antes de responder.

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“Amo o meu país, mas não o reconheço neste momento”, declarou a estrela norte-americana, visivelmente cautelosa nas suas palavras. Sem citar nomes directamente, Jolie mostrou-se preocupada com o rumo político dos EUA, onde episódios recentes, como o fim da emissão de Stephen Colbert e a polémica em torno dos comentários de Kimmel sobre o assassinato de Charlie Kirk, incendiaram o debate público.

“São tempos muito difíceis”

Em conferência de imprensa, a actriz acrescentou: “Tudo o que divide ou limita a expressão pessoal e a liberdade de cada um parece-me extremamente perigoso”. E reforçou a sua visão internacionalista e igualitária do mundo. Apesar da prudência, foi impossível não associar as suas declarações a Donald Trump, frequentemente acusado de hostilizar figuras de Hollywood que assumem posições políticas diferentes.

“São momentos muito graves, em que devemos ter cuidado com o que dizemos. Mas não posso deixar de afirmar que estamos a viver tempos muito, muito difíceis”, sublinhou Jolie, sem querer seguir o caminho de colegas como Tom Hanks, abertamente criticados pelo ex-presidente norte-americano.

Do discurso político ao cinema

Depois da reflexão séria, Jolie voltou ao que a levou ao País Basco: a promoção do filme Couture, realizado por Alice Winocour (MustangRevoir Paris). No drama, interpreta uma cineasta em luta contra uma doença grave, apoiada pelo companheiro, interpretado por Louis Garrel. O pano de fundo é a azáfama de uma Fashion Week, cujo brilho contrasta com a tragédia pessoal da protagonista.

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Foi a primeira vez que Angelina Jolie marcou presença em San Sebastián, e a sua passagem ficou marcada não só pela exibição do filme, mas também por declarações que dificilmente passarão despercebidas no debate político norte-americano.

Harris Dickinson Estreia-se na Realização com Urchin e Fala Sobre Nicole Kidman, Kubrick e o Futuro do Cinema 🎥

No Festival de San Sebastián, Harris Dickinson não foi apenas o ator conhecido de BabygirlTriangle of Sadness e The Iron Claw: foi também o jovem realizador que apresentou o seu primeiro filme, Urchin. Ao lado do produtor Archie Pearch, parceiro na recém-criada Devisio Pictures, Dickinson partilhou a experiência de se lançar atrás das câmaras e a ambição de continuar a construir histórias arriscadas e pessoais.

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Urchin, rodado com cerca de 3 milhões de dólares e apoiado pela BBC Film e pelo British Film Institute, conta a história de Mike (Frank Dillane), um sem-abrigo em Londres que tenta recompor a vida enquanto luta contra o vício. O filme já tinha estreado em Cannes, recebendo reações entusiásticas, e Dickinson espera que San Sebastián traga o mesmo impacto.

O ator britânico confessou, porém, que a experiência de realizar e atuar no mesmo projeto foi desgastante: “Houve momentos em que estava em dois mundos, a tentar confiar noutros para me dizerem o que não estava a funcionar — não apenas na minha interpretação, mas em todo o enquadramento. Admiro profundamente quem o consegue fazer, de Cassavetes a Fassbinder ou Bradley Cooper. Eu não o voltaria a fazer tão cedo.”

Apesar das dificuldades, Dickinson já tem outro guião em mãos. Mal terminou Urchin, partiu de férias, mas acabou apanhado pela companheira a escrever o próximo projeto. “Não consegui parar. Tenho de escrever. Agora vamos ver se o guião é bom”, disse com humor.

Durante a conversa, não faltaram referências a colegas de peso. Trabalhar com Nicole Kidman em Babygirl levou-o, ao fim de vinte dias de filmagens, a perguntar-lhe finalmente: “Então… como era o Stanley Kubrick?” — aludindo a Eyes Wide Shut, último filme do cineasta. “Não se pode começar por aí, tem de se chegar devagar”, brincou o ator.

Com Pearch, antigo produtor da Working Title e protegido de David Heyman (Harry Potter), Dickinson já soma mais de 20 projetos em desenvolvimento na Devisio Pictures. Ambos acreditam que o futuro do cinema independente vai passar por produções de médio orçamento. “Os financiadores até preferem arriscar em filmes de 7 ou 8 milhões com grandes nomes do que em projetos de 3 milhões sem garantias”, explicou Pearch.

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E quanto a géneros? O terror, pelo menos para já, não está no radar. “Não somos grandes fãs de horror. Claro que se fosse algo extraordinário, pensaríamos nisso, mas não é o que procuramos”, disse Dickinson, antes de sorrir e admitir que abriria exceção se Guillermo del Toro batesse à porta.

Festival de San Sebastián Abre com Cinema Português em Destaque e Homenagem a Jennifer Lawrence 🎥🌍

Três Filmes Portugueses em Competição

Arrancou hoje, em Espanha, a 73.ª edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, um dos mais prestigiados eventos cinematográficos da Europa, e Portugal está em grande destaque. Três obras portuguesas — de André Silva Santos, Inês Nunes e Paula Tomás Marques — integram a competição oficial, cada uma a representar diferentes olhares e linguagens cinematográficas.

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Na secção Nest, dedicada a estudantes de cinema, surge A Solidão dos Lagartos, curta-metragem de Inês Nunes filmada no Algarve em 2022. A realizadora parte de um cenário invulgar — um spa rodeado por montanhas de sal — para explorar encontros, desejos e transformações ao cair da noite. O filme já tinha passado este ano pelo Festival de Cannes.

Já em Zabaltegi-Tabakalera, a principal secção competitiva, estão dois trabalhos portugueses: Sol Menor, de André Silva Santos, distinguido no Curtas de Vila do Conde, e Duas Vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques, estreado em Berlim e já exibido no MoMA, em Nova Iorque.

Sol Menor acompanha a dor e o dilema de um professor de música em luto, enquanto Duas Vezes João Liberada confirma a crescente projeção internacional de Paula Tomás Marques.

Coproduções e Clássicos Restaurados

Além da presença competitiva, San Sebastián vai também acolher coproduções luso-espanholas no programa Made in Spain. Entre elas estão Uma Quinta Portuguesa, de Avelina Prat, protagonizada por Maria de Medeiros, e San Simón, de Miguel Ángel Delgado.

Outro momento especial será a exibição de uma cópia restaurada de Aniki-Bobó (1932), a primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira, que depois de Veneza e Toronto chega agora ao público basco como símbolo da preservação do património cinematográfico português.

Jennifer Lawrence Distingida com Prémio de Carreira

A edição deste ano ficará igualmente marcada pela homenagem à atriz norte-americana Jennifer Lawrence, que receberá um prémio de carreira. Aos 35 anos, Lawrence soma já uma estatueta dos Óscares, uma Concha de Prata em San Sebastián e uma filmografia que vai de Winter’s Bone a Jogos da Fome e Causeway.

O júri do festival é presidido pelo realizador espanhol J.A. Bayona e integra, entre outros nomes, a portuguesa Laura Carreira, vencedora em 2024 da Concha de Prata de melhor realização por On Falling.

Cinema e Contexto Político

A 73.ª edição do festival não escapa ao debate político: no início de setembro, a direção de San Sebastián condenou de forma pública o “genocídio e os massacres inimagináveis” em Gaza, responsabilizando tanto o governo israelita de Benjamin Netanyahu como os ataques do Hamas em outubro de 2023.

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Um Festival que Respira Diversidade

Com filmes de realizadores consagrados como Agnieszka Holland, Claire Denis e Arnaud Desplechin, e com um olhar atento para talentos emergentes, San Sebastián volta a afirmar-se como um dos pontos nevrálgicos do cinema mundial. Para Portugal, esta edição representa não só visibilidade, mas também o reconhecimento de uma geração de cineastas que está a conquistar espaço no circuito internacional.

“A Solidão dos Lagartos”: curta portuguesa ruma a San Sebastián e leva o Algarve para o centro do cinema europeu

O cinema português volta a marcar presença no prestigiado Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, e desta vez com um olhar vindo do sul. A Solidão dos Lagartos, curta-metragem da realizadora Inês Nunes, foi selecionada para a secção Nest, dedicada a filmes de estudantes de cinema, e que tem revelado ao mundo alguns dos mais promissores talentos emergentes.

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Filmada em 2022 e já exibida em Cannes, a curta transporta-nos para um spa rodeado de montanhas de sal no Algarve. Entre os turistas que procuram o lazer, os salineiros que trabalham incansavelmente e as crianças que correm em liberdade, ergue-se um microcosmos onde o quotidiano se mistura com o onírico. À medida que a noite cai, o espaço transforma-se num cenário de desejos ocultos e de encontros inesperados, evocando um ambiente simultaneamente real e misterioso.

Nascida em Tavira, Inês Nunes estudou Realização na Escola Superior de Teatro e Cinema e recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian que a levou a aprofundar a sua formação na Elías Querejeta Zine Eskola, em San Sebastián. Foi nesse percurso académico que a ideia inicial do filme ganhou corpo, inspirada pelas salinas de Castro Marim e pelo spa Salino Água Mãe. A cineasta descreve o local como um espelho do Algarve contemporâneo: “um ponto de vista sobre a região, onde convivem o turismo, o lazer, o trabalho e as responsabilidades”.

Mas A Solidão dos Lagartos não vai a San Sebastián sozinha. O festival, que decorre de 19 a 27 de setembro, contará ainda com a presença de outros nomes portugueses. A secção Zabaltegi-Tabakalera abre com a coprodução Una Película de Miedo, do brasileiro Sergio Oksman, enquanto André Silva Santos leva a sua primeira longa, Sol Menor, depois de conquistar o prémio de Melhor Filme Português no Curtas de Vila do Conde. Já Paula Tomás Marquesregressa ao certame com Duas Vezes João Liberada, depois de ter vencido anteriormente o prémio Nest com Em Caso de Fogo.

Na secção Made in Spain, Portugal volta a estar representado com Uma Quinta Portuguesa e San Simón, confirmando o lugar de destaque que o cinema nacional continua a conquistar no panorama internacional.

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Com o seu olhar poético sobre o Algarve e a capacidade de cruzar paisagem, memória e transformação social, Inês Nunes junta-se assim à nova geração de realizadores que estão a levar o cinema português a percorrer o mundo

Jennifer Lawrence Recebe Prémio de Carreira em San Sebastián: Uma Estrela que Já é Lenda aos 35 Anos

Jennifer Lawrence vai ser homenageada no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián com o prestigiado prémio Donostia, distinção atribuída a figuras que deixaram uma marca indelével na sétima arte. A entrega acontecerá a 26 de setembro, durante a 73.ª edição do festival, no emblemático Kursaal, em plena cidade basca.

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Uma carreira meteórica

Aos 35 anos, Lawrence já se afirmou como uma das grandes atrizes da sua geração. O seu percurso reúne tanto sucessos de bilheteira como aclamação crítica: venceu o Óscar de Melhor Atriz com Guia para um Final Feliz (2012), conquistou o público jovem com a saga Os Jogos da Fome e mostrou versatilidade em títulos como Golpada AmericanaJoy e Não Olhem para Cima.

San Sebastián descreve-a como “uma das atrizes mais influentes do nosso tempo”, uma definição difícil de contestar para alguém que conseguiu transitar entre o cinema independente, os grandes estúdios e a produção de histórias mais ousadas.

Aposta na produção

Com a sua empresa Excellent Cadaver, Lawrence tem assumido cada vez mais o papel de produtora, apostando em narrativas desafiantes que vão além do cinema de consumo rápido. Obras como Causeway e a comédia Tudo na Boa! são exemplo desse compromisso em trazer ao público histórias originais e provocadoras.

O festival irá ainda exibir o seu mais recente projeto, Die My Love, realizado por Lynne Ramsay (Precisamos de Falar Sobre o Kevin), protagonizado e produzido pela própria Lawrence.

Uma homenagem partilhada

A edição deste ano atribuirá também o prémio Donostia à espanhola Esther García, colaboradora de longa data de Pedro Almodóvar e figura fundamental no cinema ibérico.

Uma estrela que já é património do cinema

Ainda com muito para dar ao grande ecrã, Jennifer Lawrence chega a San Sebastián não apenas como uma atriz premiada, mas como uma força criativa em constante reinvenção. Aos 35 anos, o prémio de carreira pode parecer precoce, mas talvez seja apenas o reconhecimento de que Lawrence já conquistou um lugar cativo na história do cinema — e que o melhor ainda pode estar para vir.

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Dois Filmes Portugueses Surpreendem ao Entrar na Seleção Especial do Festival de San Sebastián

Produções luso-espanholas conquistam lugar na prestigiada secção Made in Spain da 73.ª edição do evento.

O cinema português volta a brilhar além-fronteiras, desta vez no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, que decorre de 19 a 27 de setembro na cidade basca. Duas coproduções luso-espanholas integram a secção Made in Spain, uma montra não competitiva dedicada ao que de melhor se fez no cinema espanhol — e que, este ano, conta com forte presença nacional.

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O drama intimista de “Uma Quinta Portuguesa”

A primeira produção é Uma Quinta Portuguesa, de Avelina Prat, atualmente em exibição nos cinemas nacionais. Protagonizado por Manolo SoloMaria de Medeiros e Branka Katić, o filme conta ainda com Rita CabaçoRui Morrison e Luísa Cruz no elenco.

A história segue Fernando, um professor de geografia devastado pelo desaparecimento da mulher. Sem rumo, assume a identidade de jardineiro numa quinta portuguesa, criando amizade com a proprietária e abraçando uma nova vida — que não lhe pertence. Filmado na Quinta da Aldeia, em Ponte de Lima, o drama teve estreia no Festival de Málaga 2025.

“San Simón”: a beleza cruel de uma ilha-prisão

A segunda coprodução é San Simón, estreia na ficção do artista visual Miguel Ángel Delgado. No elenco, nomes como Flako EstévezAlexandro BouzóGuillermo Queiro e o português Nuno Preto dão vida a um episódio sombrio da história espanhola.

O filme recria o passado da ilha de San Simón, transformada pelo regime franquista, em 1936, de lazareto a campo de concentração, onde a repressão convivia com uma paisagem de beleza esmagadora.

Uma seleção que respira prestígio

A secção Made in Spain também recupera títulos de renome como Sirāt, de Oliver Laxe, vencedor do Prémio do Júri ex-aequo em Cannes, Romería, de Carla Simón, e o multipremiado Sorda, de Eva Libertad. Entre outros destaques estão Los tortuga, de Belén Funes, documentários aclamados como The Sleeper. El Caravaggio perdido e Almudena, e o êxito de bilheteira La infiltrada, vencedor de dois Prémios Goya.

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Com duas produções na lista, Portugal marca presença num dos palcos mais respeitados do cinema internacional — e promete não passar despercebido.

🎬 El último suspiro: Costa-Gavras confronta a morte com coragem e lucidez aos 92 anos

Aos 92 anos, o lendário cineasta Costa-Gavras regressa com El último suspiro, uma obra que aborda a morte digna e os cuidados paliativos, temas que considera pessoais e urgentes. Inspirado no livro homónimo de Claude Grange e Régis Debray, o filme estreou no Festival de San Sebastián e já está a gerar debates profundos sobre o direito de cada um a decidir o seu fim de vida. 

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🧑‍⚕️ Uma história de empatia e humanidade

Le Dernier Souffle acompanha a relação entre Fabrice (Denis Podalydès), um filósofo que enfrenta a possibilidade de uma doença terminal, e Augustin (Kad Merad), um médico dedicado aos cuidados paliativos. Juntos, exploram o significado da vida e da morte, enquanto interagem com pacientes que expressam desejos únicos para os seus momentos finais, como comer ostras à beira-mar ou despedir-se de um animal de estimação. 

O elenco conta ainda com Ángela MolinaCharlotte Rampling e Françoise Lebrun, que interpretam pacientes em diferentes fases da vida, trazendo profundidade e autenticidade à narrativa. 


💬 “A morte também é um problema económico”

Em entrevistas recentes, Costa-Gavras destacou que a morte não é apenas uma questão médica ou filosófica, mas também económica. Critica a falta de coragem política para abordar o tema da morte assistida, apontando que muitos políticos evitam o assunto devido a pressões religiosas e sociais. Defende que os Estados devem oferecer locais onde as pessoas possam optar por uma morte digna, se assim o desejarem. 

“A morte também é um problema económico”, afirma o realizador, sublinhando os custos associados aos cuidados de fim de vida e a necessidade de políticas públicas que respeitem a autonomia individual. 


🎥 Uma obra pessoal e necessária

Costa-Gavras confessa que este filme é profundamente pessoal, refletindo sobre a sua própria mortalidade e a forma como a sociedade lida com o fim da vida. Aos 92 anos, mantém uma vitalidade impressionante e continua a utilizar o cinema como ferramenta de reflexão e mudança social.

Le Dernier Souffle é descrito como uma narrativa sensível, que evita o sensacionalismo e se concentra na dignidade humana, convidando o público a enfrentar um tema muitas vezes evitado com empatia e compreensão. 


📅 Estreia e disponibilidade

O filme estreou em Espanha a 25 de abril de 2025 e deverá chegar a Portugal em junho do mesmo ano. Espera-se que esteja disponível em plataformas de streaming no final do verão.

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“Os Mil Dias de Allende”: A Minissérie Estreia em Portugal no TVCine

TVCine Edition prepara-se para estrear, no próximo dia 22 de outubro, pelas 22h10, a minissérie “Os Mil Dias de Allende”, um retrato emocionante da ascensão e queda de Salvador Allende, o histórico presidente chileno. Esta série de quatro episódios promete trazer ao público português uma visão detalhada sobre o percurso de Allende até ao fatídico golpe de Estado de 1973, liderado por Augusto Pinochet.

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A minissérie narra a história desde a campanha presidencial de Allende até ao bombardeamento do palácio presidencial de La Moneda, a 11 de setembro de 1973. Durante este ataque, Allende, que se recusou a render-se, ordena ao seu jovem conselheiro, Manuel Ruiz, que fuja do local e sobreviva para contar ao mundo os ideais de mudança social que estavam em curso no Chile. Cinquenta anos depois, Ruiz, agora advogado e residente em Espanha, revive esses mil dias em que o Chile tentou concretizar uma revolução democrática e social, sem sacrificar as liberdades e a democracia.

Esta obra é uma co-produção entre Chile, Espanha e Argentina, e conta com a realização de Nicolás Acuña. O elenco inclui Alfredo Castro no papel principal, ao lado de Pablo Capuz, Susana Hidalgo, Aline Küppenheim e Francisca Gavilán. A estreia mundial da série ocorreu no Festival de San Sebastián, em 2023, marcando os 50 anos do golpe de Estado que interrompeu o projeto socialista de Allende.

Com um tom de thriller político, “Os Mil Dias de Allende” propõe uma reflexão sobre a importância da democracia, convidando o público a conhecer de perto um dos períodos mais turbulentos da história contemporânea. A série estará disponível em exclusivo no TVCine Edition e no TVCine+, sendo exibida semanalmente a partir de 22 de outubro.

Esta é uma oportunidade imperdível para os fãs de cinema, política e história, que poderão reviver um dos momentos mais impactantes do século XX, através de uma produção envolvente e de grande qualidade.

Pamela Anderson Brilha em “The Last Showgirl”, o Fecho Triunfal do Festival de San Sebastián

O Festival de Cinema de San Sebastián encerrou a sua secção oficial com o muito antecipado The Last Showgirl, protagonizado por Pamela Anderson. Realizado por Gia Coppola, neta do lendário cineasta Francis Ford Coppola, este filme marca uma nova fase na carreira de Anderson, oferecendo-lhe um papel desafiante e distinto do que o público habitualmente associa à atriz.

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Conhecida mundialmente pelo seu papel icónico na série Marés Vivas, Anderson passou muitos anos à mercê dos tabloides devido à sua imagem e vida pessoal. No entanto, em The Last Showgirl, ela encontra um papel que lhe permite mostrar as suas capacidades dramáticas, representando uma experiente dançarina de Las Vegas que se vê forçada a redefinir a sua vida após o fim do espetáculo onde trabalhava há décadas.

Gia Coppola, durante uma conferência de imprensa, revelou que o filme nasceu da sua curiosidade pelo mundo das showgirls em Las Vegas e pela vontade de explorar um tipo de arte que, segundo a realizadora, é muitas vezes subestimada. Para ela, Pamela Anderson sempre foi a escolha perfeita para o papel, e as críticas iniciais confirmam que a atriz superou as expectativas.

Pamela Anderson, com 57 anos, confessou sentir-se abençoada por esta oportunidade de demonstrar que sempre foi capaz de mais do que os papéis que lhe foram oferecidos ao longo da sua carreira. “Sempre soube que podia fazer mais (…) nunca é tarde”, afirmou emocionada.

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Este é o terceiro filme de Gia Coppola e, embora ainda esteja em fase de competição, já está a gerar bastante expectativa no circuito de festivais. A relação de Pamela Anderson com o mundo do cinema tem sido marcada por altos e baixos, mas este novo papel poderá marcar uma viragem significativa na sua carreira. Anderson aproveitou a oportunidade para demonstrar que ainda tem muito para dar enquanto atriz, num filme que promete deixar uma marca tanto no público como na crítica.

O Festival de San Sebastián, um dos eventos cinematográficos mais importantes da Europa, continua a apostar em produções inovadoras, e The Last Showgirl é um exemplo disso. Com esta produção, Coppola e Anderson destacam-se pela audácia de abordar temas pouco explorados no grande ecrã e por dar voz a personagens complexas e multifacetadas, como a da dançarina que luta para se manter relevante numa indústria que a rejeita.

Johnny Depp Apresenta o Filme “Modi” no Festival de San Sebastián

No dia 26 de setembro, o ator e realizador Johnny Depp foi aplaudido de pé ao apresentar o seu mais recente filme, Modi, no prestigiado Festival de San Sebastián. Este é o segundo filme de Depp como realizador, depois de O Bravo(1997), e retrata a vida do pintor e escultor italiano Amedeo Modigliani. A exibição fora de competição foi um dos momentos altos do festival, que manteve a sua tradição de acolher grandes estrelas de cinema.

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Após anos de controvérsia e batalhas legais com a ex-mulher Amber Heard, Depp encontrou no cinema europeu um refúgio e uma nova fase para a sua carreira. Recebido com entusiasmo pelos seus fãs, que o aplaudiram à chegada ao festival, Depp mostrou-se feliz por poder partilhar a sua visão artística com o público de San Sebastián, um local onde sempre se sentiu bem acolhido.

Uma Visão sobre Modigliani

Modi foca-se em três dias intensos na vida de Amedeo Modigliani, vivido por Riccardo Scamarcio, quando o artista tenta escapar da pobreza e perseguições policiais na Paris de 1916. Durante esses três dias, Modigliani tenta desesperadamente vender as suas obras, ao mesmo tempo que convive com figuras icónicas do mundo da arte, como Maurice Utrillo e Chaim Soutine. O filme também explora o seu tumultuoso relacionamento com a poeta inglesa Beatrice Hastings e o papel fundamental que o colecionador de arte Al Pacino desempenha no destino do artista.

Depp descreveu o filme como um “tributo à luta de todos os artistas que, como Modigliani, enfrentaram grandes adversidades antes de serem reconhecidos”. A crítica tem sido mista, mas muitos elogiaram a sensibilidade do realizador ao contar a história de um homem talentoso e atormentado.

O Futuro de Johnny Depp como Realizador

Apesar dos seus anos turbulentos, Depp parece estar a encontrar uma nova direção como cineasta. San Sebastián é um festival que historicamente o apoiou, inclusive durante os seus anos mais controversos. Em 2021, Depp recebeu o Prémio Donostia pelo seu contributo ao cinema, apesar das críticas que acompanhavam a sua luta judicial com Amber Heard.

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A apresentação de Modi marca mais um passo no seu regresso ao cinema europeu, onde o ator e realizador se sente mais livre para explorar projetos pessoais e artísticos, afastados das grandes produções de Hollywood.

Pedro Almodóvar e as Novas Gerações de Cineastas no Festival de San Sebastián

O Festival de Cinema de San Sebastián deste ano promete ser um evento marcante, não só pela homenagem ao icónico Pedro Almodóvar, mas também pela participação de uma nova geração de cineastas que estão a ganhar terreno no cenário cinematográfico internacional. O realizador espanhol será distinguido com o Prémio Donostia, uma honra que sublinha a sua influência duradoura no cinema mundial. Este prémio será entregue por Tilda Swinton, antes da exibição do seu novo filme, “La Habitación de al Lado”.

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A trajetória de Almodóvar é caracterizada por uma constante inovação e uma coragem inabalável para abordar temas sensíveis e controversos. O seu trabalho é reconhecido não só pela excelência técnica e estética, mas também pela profundidade emocional e pela capacidade de criar personagens complexas, especialmente femininas. O festival sublinhou o impacto de Almodóvar na cultura cinematográfica, evidenciando a sua contribuição para a representação de temas como a identidade de género, sexualidade e memória histórica.

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Paralelamente, o festival servirá de palco para o surgimento de novos talentos, como a portuguesa Laura Carreira, que levará o seu filme “On Falling” à competição oficial. Este filme, que terá a sua estreia mundial no Festival de Toronto, é uma das grandes apostas do cinema português para este ano. Ao lado de Laura Carreira, outros jovens realizadores, como Gabriela Amaral Almeida e Hernán Rosselli, apresentam projetos inovadores no Fórum de Coprodução, demonstrando a vitalidade e a criatividade que caracterizam as novas gerações de cineastas.

A presença de Almodóvar e destas novas vozes no Festival de San Sebastián representa um encontro entre o legado de um mestre do cinema e o futuro da sétima arte, num evento que continua a ser um dos mais importantes no calendário cinematográfico mundial.