Documentário poderoso denuncia falhas humanas, injustiça ambiental e uma tragédia que ainda assombra Nova Orleães
Quase vinte anos depois do desastre, o Furacão Katrina continua a ser uma ferida aberta na consciência dos Estados Unidos — e, agora, é o centro de uma série documental que promete fazer ondas. Furacão Katrina: Corrida Contra o Tempo, com estreia marcada para 28 de Julho no National Geographic e Disney+, revisita os acontecimentos de 2005 com uma clareza arrepiante e uma mensagem que ressoa com urgência: não aprendemos nada.
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Realizada por Traci A. Curry e com produção de peso da Lightbox e da Proximity Media de Ryan Coogler (Black Panther), esta série de cinco episódios mergulha de cabeça na tragédia que devastou Nova Orleães, provocou mais de 1.500 mortos e deixou um milhão de pessoas deslocadas. Mas Curry não quer que o espectador veja este desastre como um mero capítulo do passado.
“O Katrina não está apenas no passado,” alerta. “É uma história de justiça ambiental que continua hoje.”
Muito mais do que um furacão
O documentário deixa claro um ponto essencial: a catástrofe não foi apenas provocada pela força da natureza, mas por uma série de erros humanos — alguns evitáveis, outros profundamente negligentes. As piores consequências não vieram do vento, mas do rebentamento de diques mal construídos, que colapsaram sob pressão e deixaram 80% da cidade submersa.
“Os sistemas que deviam proteger as pessoas falharam — e continuam a falhar,” afirma a realizadora.
A série combina imagens de arquivo, vídeos caseiros e testemunhos de sobreviventes e autoridades, numa estrutura cronológica que não poupa ninguém: nem a FEMA, que falhou de forma vergonhosa, nem a resposta política, com um presidente George W. Bush que demorou dias a reagir enquanto estava de férias.
Vítimas esquecidas e zonas abandonadas
Cerca de 20 mil pessoas ficaram retidas no Centro de Convenções sem água, comida ou medicamentos. Outras tentaram fugir a pé e foram travadas por milícias armadas — algumas chegaram mesmo a ser mortas para “proteger” as cidades vizinhas da entrada dos refugiados.
“Temos de perceber que a responsabilização também inclui reparações,” defende Curry. “Não se trata apenas de compaixão. É preciso justiça.”
E, mesmo hoje, os sinais do desastre mantêm-se visíveis.
“O Lower 9th Ward parece uma zona de guerra,” descreve Curry. “Há ruas inteiras com apenas escadas de cimento — casas que nunca voltaram a ser reconstruídas.”
Urgente, actual e devastador
O documentário relembra-nos que desastres semelhantes continuam a ocorrer, como as recentes inundações no Texas que causaram 135 mortos, incluindo 27 raparigas num campo de férias. Eventos extremos que, segundo a realizadora, são cada vez mais agravados pelo impacto humano e por infraestruturas frágeis.
“É literalmente uma questão de vida ou morte,” diz Curry. “E estamos a falhar em protegermo-nos a nós próprios.”
Furacão Katrina: Corrida Contra o Tempo não é apenas uma série documental. É um alerta, um apelo à memória e um pedido de acção. Não é fácil de ver — mas é impossível ignorar.

