Fernando Fragata: Um Cineasta Autodidata que Marcou o Cinema Português

A comunidade cinematográfica portuguesa lamenta a perda de Fernando Fragata, cineasta que faleceu aos 58 anos, deixando um legado de filmes que marcaram o cinema nacional. A notícia foi divulgada pela Academia Portuguesa de Cinema, que não revelou a causa da morte mas recordou a sua vasta contribuição para o cinema. Fragata será sempre lembrado como o realizador por trás de sucessos como Pesadelo Cor-de-Rosa e Sorte Nula, filmes que, apesar de criticados, conseguiram grande êxito junto do público.

ver também : Dias do Cinema Português em Berlim Celebra o 25 de Abril com Exibições e Cartazes Históricos

Fernando Fragata, nascido em 1965 no Estoril, foi um autodidata que deu os primeiros passos como operador de câmara em produções publicitárias e videoclipes, colaborando com nomes do cinema português como Joaquim Leitão e Ana Luísa Guimarães. A sua primeira realização foi a curta-metragem Amor & Alquimia em 1995, que rapidamente obteve reconhecimento internacional, incluindo prémios no Festival de Sevilha e no Festival Internacional da Baía no Brasil.

A estreia no cinema comercial deu-se com Pesadelo Cor-de-Rosa (1998), uma comédia que conquistou 185 mil espectadores, estabelecendo um recorde de bilheteira e inserindo-se no Top 20 dos filmes portugueses mais vistos de sempre. Este foi apenas o início de uma carreira marcada pela multifuncionalidade: Fragata não só realizava, como também produzia, editava e, em algumas ocasiões, compunha a banda sonora dos seus filmes.

Em 2010, Fernando Fragata tornou-se o primeiro realizador português a filmar inteiramente nos Estados Unidos com Contraluz, uma produção ambiciosa que contou com um elenco internacional e que marcou um marco histórico no cinema português. Esta obra foi filmada com recursos próprios, refletindo a persistência e paixão de Fragata pelo cinema e o seu desejo de ultrapassar fronteiras geográficas e culturais.

A cerimónia fúnebre realiza-se no próximo sábado no crematório de Faro, onde família, amigos e admiradores terão a oportunidade de prestar homenagem ao cineasta. O cinema português perde uma figura singular e inovadora, cujo impacto será sentido por muitos anos.

ver também : Cinanima 2024: Festival de Animação de Espinho Celebra a Liberdade e os 50 Anos do 25 de Abril

Sete Filmes Portugueses em Competição no Festival de Cinema de Tallinn

Portugal terá uma forte representação no Festival de Cinema de Tallinn deste ano, com sete produções em competição. Entre os filmes selecionados encontram-se Sonhar com Leões, de Paolo Marinou-Blanco, que estreia mundialmente na secção Escolha da Crítica, e Ouro Negro, documentário de Takashi Sugimoto, que examina questões de fé e comércio no contexto rural da Índia. Ambos os filmes receberam apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), reforçando o impacto internacional do cinema português.

ver também : “Families Like Ours”: Thomas Vinterberg Apresenta uma Distopia Emocionante Sobre o Futuro da Dinamarca

Sonhar com Leões é descrito como uma “tragicomédia sombria” sobre a eutanásia, com um elenco de atores talentosos, incluindo Denise Fraga, João Nunes Monteiro e Joana Ribeiro. No documentário Ouro Negro, Sugimoto explora a tradição do corte de cabelo em aldeias indianas, refletindo sobre os rituais e sacrifícios ligados à fé.

Entre as curtas-metragens portuguesas, destacam-se Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, vencedor do prémio de melhor curta no Festival de Annecy, e Amanhã Não Dão Chuva, de Maria Trigo Teixeira. Outros títulos incluem A Menina com os Olhos Ocupados, de André Carrilho, e Cherry, Passion Fruit, de Renato José Duque, garantindo uma presença vibrante e diversificada do cinema português em Tallinn.

ver também : Curta-Metragem “Amanhã Não Dá Chuva” Premiada na Festa Mundial da Animação

TVCine Edition Apresenta Ciclo de Coproduções Portuguesas em Novembro

Em novembro, o TVCine Edition dedica quatro noites ao cinema português com a estreia de quatro coproduções internacionais, que refletem a diversidade cultural e o talento cinematográfico português. Com parcerias entre Portugal, França, Brasil, Espanha e Polónia, os filmes abordam temas humanos profundos, desde obsessões e sonhos até laços familiares. As estreias acontecem às 23h nos dias 4, 7, 11 e 18 de novembro, em exclusivo no TVCine Edition e também disponíveis no TVCine+.

ver também : Especial “O Oeste de Budd Boetticher” no TVCine Edition: Uma Homenagem aos Westerns Clássicos em Novembro

Programação Especial de Novembro no TVCine Edition

“Encontro” – 4 de novembro, às 23h05

Realizado por François Manceaux, este drama conta a história de Alain (Johan Heldenbergh), um realizador belga que regressa a Lisboa para encontrar Luísa (Dalila Carmo), uma atriz que amou profundamente. Obcecado por uma fotografia misteriosa de Luísa, Alain embarca numa viagem entre Lisboa e Cabo Verde, revelando memórias e confrontos internos. O elenco inclui também Isabel Otero e Paula Pais.

“Paloma” – 7 de novembro, às 23h05

Inspirado em factos reais e dirigido pelo brasileiro Marcelo Gomes, “Paloma” é um retrato de Paloma, uma mulher trans que sonha casar-se na igreja com o namorado. A história desafia normas sociais e explora temas de fé e identidade. A atriz Kika Sena protagoniza o filme, acompanhada por Vinicius Batista da Silva e Patricia Dawson.

“Vadio” – 11 de novembro, às 23h00

Em “Vadio”, a primeira longa-metragem de Simão Cayatte, seguimos André, um rapaz de 13 anos que vive com o pai numa região isolada do Alentejo. Quando o pai desaparece, André recorre a uma vizinha para o ajudar. O filme apresenta um elenco talentoso com Rúben Simões, Joana Santos e Luísa Cruz, capturando o isolamento e a força de um jovem em busca de respostas.

“Sobretudo de Noite” – 18 de novembro, às 23h05

A obra de Víctor Iriarte explora o drama de duas mulheres marcadas pela perda e pela vingança, abordando o tema das crianças retiradas às suas famílias durante o regime franquista em Espanha. Lola Dueñas, Ana Torrent e María Vázquez protagonizam esta história de luto e resiliência, numa reflexão sobre o poder de reescrever os próprios destinos.

ver também: “Ascensão e Queda: John Galliano” estreia no TVCine Edition

Este ciclo de cinema português no TVCine Edition promete momentos intensos e emotivos, celebrando a coprodução cultural e o talento luso no panorama internacional.

.

Dias do Cinema Português em Berlim Celebra o 25 de Abril com Exibições e Cartazes Históricos

Em novembro, o festival Dias do Cinema Português em Berlim traz para a capital alemã uma programação especial que celebra o cinquentenário do 25 de Abril. A sexta edição do evento terá início a 1 de novembro, com a exibição de 23 filmes que abordam temas como a revolução, o colonialismo e a descolonização, focando-se em produções recentes que exploram a história de Portugal e os seus reflexos sociais e culturais.

ver também : “The Shards” de Masha Chernaya Vence o Grande Prémio do DocLisboa: Uma Perspectiva Íntima da Guerra na Ucrânia

Organizado pela associação cultural 2314, o festival contará com cartazes históricos de Alfredo Cunha, fotógrafo do 25 de Abril, que serão exibidos por toda a cidade. Esta decisão pretende não só promover o evento, mas também homenagear a Revolução dos Cravos numa cidade onde se encontra uma comunidade internacional diversificada e interessada no cinema português.

Helena Araújo, presidente da associação, partilha que a programação inclui documentários e filmes de ficção que abordam as mudanças políticas e sociais ocorridas em Portugal após o 25 de Abril. O evento conta ainda com uma homenagem à Guiné-Bissau, com a exibição do documentário “Fogo no Lodo”, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, que resgata a memória de Unal, uma aldeia guineense que teve um papel essencial na luta pela independência.

Além dos filmes, os participantes terão a oportunidade de degustar vinho do Porto, promovendo conversas pós-exibição e criando um ambiente de convívio e troca de ideias. A presidente da associação refere que esta interação é uma das partes mais enriquecedoras do evento, uma vez que permite ao público berlinense descobrir e refletir sobre o contexto histórico e cultural português.

ver também : “Contra a Maré”: Curta-Metragem de Inês Ventura Ilustra Resistência e Esperança na Guiné-Bissau

Estreia de ‘Os Papéis do Inglês’ Celebra Ruy Duarte de Carvalho e a Paisagem de Angola

O cinema português ganha nova profundidade com a estreia de “Os Papéis do Inglês”, o mais recente filme do realizador Sérgio Graciano. A longa-metragem, que chegou às salas de cinema na última quinta-feira, é uma homenagem ao escritor e antropólogo Ruy Duarte de Carvalho, explorando a sua relação íntima com Angola, um país que marcou profundamente a sua obra e vida.

Produzido por Paulo Branco, um nome incontornável no panorama cinematográfico português, “Os Papéis do Inglês” é descrito como uma “grande história de aventuras”. O filme baseia-se na trilogia “Os Filhos de Próspero” de Ruy Duarte de Carvalho, mais especificamente no volume homónimo “Os Papéis do Inglês” (2000), um dos trabalhos mais celebrados do autor. A narrativa é uma mistura de ficção e realidade, mergulhando nas paisagens áridas do deserto do Namibe, em Angola, onde o protagonista, interpretado por João Pedro Vaz, parte em busca de documentos antigos deixados pelo seu pai.

O projeto é de cariz profundamente pessoal para o produtor Paulo Branco, que mantém uma amizade de longa data com o escritor. Branco sublinha que o filme não é apenas uma adaptação literária, mas também uma reflexão sobre a relação de Duarte de Carvalho com Angola e o impacto do território nas suas criações. Esta é uma viagem de descoberta, tanto geográfica como emocional, que explora a interligação entre o homem e a paisagem.

ver também : Zoe Saldana protagoniza e produz thriller de espionagem “Lioness” para a Paramount+

Sérgio Graciano, o realizador, passou dez semanas a rodar o filme no deserto do Namibe, capturando a beleza desoladora da paisagem que tanto fascinava Duarte de Carvalho. “O objetivo era transmitir a relação única que Ruy tinha com este espaço extraordinário e com as comunidades locais”, explica Graciano. O filme apresenta também uma série de personagens que habitam o universo literário de Duarte de Carvalho, nomeadamente Severo e Trindade, que podem ser vistos como alter egos do escritor.

Com argumento de José Eduardo Agualusa, o filme apresenta um elenco talentoso, que inclui atores como Miguel BorgesDélcio RodriguesJoana Ribeiro e Carolina Amaral. A obra é descrita pelo realizador como uma rara reflexão sobre a história e o território, algo que não é comum no cinema português atual. O filme tem como objetivo retratar a pluralidade do artista Ruy Duarte de Carvalho, cuja obra nunca se limitou a uma única forma de expressão, abrangendo a literatura, a antropologia, as artes plásticas e o cinema.

ver também : Amy Adams protagoniza nova série da Netflix sobre a queda de Elizabeth Holmes

“Os Papéis do Inglês” estreia em cerca de 30 salas de cinema em Portugal e tem já garantida uma estreia em novembro em Angola, terra que tanto influenciou a vida e obra do autor. Além disso, o filme integra a competição do Festival Internacional de Cinema de Tóquio, que começa a 28 de outubro, um sinal da ambição internacional do projeto.

Ruy Duarte de Carvalho, natural de Santarém, Portugal, em 1941, naturalizou-se angolano na década de 1980 e tornou-se uma figura central na cultura de ambos os países. Faleceu em 2010 na Namíbia, onde residia, deixando um legado artístico que continua a inspirar novas gerações. “Os Papéis do Inglês” surge, assim, como uma celebração do seu talento multifacetado e da sua ligação íntima com a vastidão do deserto africano.

Começa hoje: cinemas portugueses com bilhetes mais baratos durante três dias

Entre 21 e 23 de outubro, as salas de cinema portuguesas vão receber a Festa do Cinema, uma iniciativa que oferece bilhetes a preços reduzidos. Organizada pela Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC), esta edição de outubro terá bilhetes a 3,5 euros, permitindo aos espectadores assistir a dezenas de filmes de todos os géneros, desde produções nacionais a internacionais.

ver também : “Os Mil Dias de Allende”: A Minissérie Estreia em Portugal no TVCine

Entre os filmes portugueses em destaque estão “Grand Tour”, de Miguel Gomes, premiado em Cannes e nomeado pela Academia Portuguesa de Cinema para os Óscares, “Manga d’Terra” de Basil da Cunha“O Teu Rosto Será o Último” de Luís Filipe Rocha e “O vento assobiando nas gruas” de Jeanne Waltz. Além disso, o programa inclui o documentário “Operário Amador” de Ramon De Los Santos e uma seleção de curtas-metragens intitulada “Que Mulheres serão Estas”, reunindo obras de realizadores como Ary ZaraAurélie Oliveira Pernet e Pedro Cabeleira.

Durante a Festa do Cinema, serão ainda exibidos filmes brasileiros como “Elis & Tom Só Tinha de Ser Com Você” e “Sem Coração”, destacando a diversidade de géneros e culturas cinematográficas representadas na iniciativa. Em parceria com a Academia Portuguesa de Cinema, o evento também irá projetar os vencedores dos Prémios Sophia Estudante 2024, que distinguem as melhores curtas-metragens realizadas em contexto académico.

ver também : Estreia de “O Urso do Pó Branco” no TVCine Top

Participam nesta edição cinemas de várias cadeias, incluindo Cinemas NOSUCICineplace e Cinema City, bem como salas independentes como o Cinema Trindade no Porto e o Cinema Ideal em Lisboa. A Festa do Cinema teve a sua primeira edição em 2015 e, após uma interrupção devido à pandemia, regressou em 2023, com esta a ser a segunda edição do ano.

Laura Carreira premiada no Festival de Cinema de Londres com “On Falling”

A realizadora portuguesa Laura Carreira foi a vencedora da competição de longas-metragens de estreia na 68.ª edição do Festival de Cinema de Londres com o seu filme “On Falling”. O júri do festival descreveu o filme como um “retrato rico em camadas de um mundo governado pela motivação do lucro empresarial”, elogiando a história de uma mulher imigrante cuja alienação é representada com “magistral precisão cinematográfica e discreta vivida em performances”. “On Falling” foi considerado pelos jurados uma primeira longa-metragem “poderosa, hipnotizante e ousada”.

ver também : James Gunn revela “Creature Commandos” e atualiza fãs sobre “Superman”, “Supergirl” e “Lanterns”

Esta foi a primeira longa-metragem de Carreira, que anteriormente se destacou pelas curtas “Red Hill” (2018) e “The Shift” (2020). Em setembro, “On Falling” foi também distinguido com a Concha de Prata de melhor realização no Festival de Cinema de San Sebastian, partilhando o prémio ex-aequo com “El llanto”, de Pedro Martín-Cale. O filme explora temas relacionados com o trabalho e a precariedade, temas recorrentes na filmografia de Laura Carreira.

Em “On Falling” (título traduzido livremente como “Sobre o Cair”), a realizadora aborda a história de Aurora, uma jovem portuguesa emigrada na Escócia, que trabalha num armazém e enfrenta dificuldades em manter-se financeiramente enquanto partilha uma casa com outros imigrantes. O filme é protagonizado pela atriz Joana Santos e teve a sua estreia mundial em setembro, no Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá. A produção é da BRO Cinema, em coprodução com o Reino Unido através da Sixteen Films, produtora cofundada pelo realizador Ken Loach.

Nascida no Porto em 1994, Laura Carreira emigrou para a Escócia em 2012, durante a crise económica que afetou Portugal. Desde então, a realizadora tem vivido e trabalhado no Reino Unido, onde continua a explorar temas como a pobreza, a perda de direitos e a precariedade, sempre através da ficção.

ver também : Realizadoras Joana Sá, Alexandra Ramires e Laura Gonçalves premiadas no Festival Vista Curta

A 68.ª edição do Festival de Cinema de Londres, que decorreu entre 9 e 15 de outubro, contou ainda com outros filmes portugueses, como “Hanami” de Denise Fernandes, também em competição de estreia na realização de longas-metragens, além de obras de Miguel GomesMarta Mateus e Alice dos Reis, sublinhando a presença marcante do cinema de língua portuguesa no evento.

Cine Atlântico: A Redescoberta dos “Verdes Anos” e do Cinema Contemporâneo nos Açores

O Cine Atlântico, na ilha Terceira, Açores, está a preparar-se para uma viagem cinematográfica ao passado e ao presente, celebrando o cinema português de diferentes épocas. Com o objetivo de revisitar os “verdes anos” do cinema nacional e de conectar essas obras com o cinema contemporâneo, a nona edição da mostra de cinema vai decorrer em dois fins de semana especiais, de 13 a 15 de outubro e de 18 a 20 de outubro.

ver também : Akira Kurosawa e Ingmar Bergman: Uma Homenagem de Mestre para Mestre

Neste evento, os cinéfilos terão a oportunidade de assistir a cinco filmes icónicos das décadas de 1960 e 1970, incluindo obras marcantes como Os Verdes Anos (1963), de Paulo Rocha, Belarmino (1964), de Fernando Lopes, e Domingo à Tarde (1966), de António de Macedo. Estes filmes, muitas vezes considerados o início de uma nova era no cinema português, ajudam a compreender o contexto cultural e social da altura, em particular a migração rural-urbana e as mudanças políticas que culminaram no 25 de Abril de 1974.

O presidente do Cine-Clube da Ilha Terceira, Jorge Paulus Bruno, destacou a importância de revisitar estes filmes, que são um “embrião” do cinema português contemporâneo. Segundo ele, é fundamental para o público dos dias de hoje conhecer as raízes cinematográficas do país, que se libertou das “amarras folclóricas” do Estado Novo e abriu portas a um novo conceito de cinema.

A mostra não se fica pelo passado. No segundo fim de semana, a atenção volta-se para o cinema contemporâneo, com a exibição de obras recentes como Grand Tour, de Miguel Gomes, e A Sibila, de Eduardo Brito. A presença do realizador Luís Filipe Rocha, que será homenageado tanto pelo seu filme clássico A Fuga (1976) como pela sua obra recente O Teu Rosto Será o Último (2024), promete ser um dos pontos altos do evento.

ver também : “Blitz”: Steve McQueen e a Perversidade da Guerra pelos Olhos de uma Criança

O Cine Atlântico reafirma, assim, o seu compromisso com a literacia cinematográfica e com a promoção do cinema português, atraindo tanto os amantes da sétima arte como novos curiosos. Este é um evento que celebra a liberdade, a criatividade e a contínua evolução do cinema português.

Cinema Português em Outubro: Margarida Gil, Pedro Costa e Rita Nunes Entre as Estreias

Outubro é um mês repleto de estreias no cinema português, com novos filmes que exploram desde o drama até à ficção científica. Um dos grandes destaques deste mês é a coletânea “Que Mulheres Serão Estas?”, um conjunto de três curtas-metragens que colocam a mulher no centro da narrativa. As curtas, intituladas “Um Caroço de Abacate” de Ary Zara“As Sacrificadas” de Aurélie Oliveira Pernet e “By Flávio” de Pedro Cabeleira, exploram temas como a identidade, a libertação e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na sociedade atual. Cada uma destas obras já passou por festivais internacionais, e agora chegam às salas portuguesas.

ver também : DocLisboa 2024: Documentários a Não Perder em Outubro

Outro destaque é o novo filme de Margarida Gil“Mãos no Fogo”, que estreia no dia 3 de outubro. A realizadora, inspirada na obra literária “A Volta no Parafuso” de Henry James, traz-nos uma história de mistério passada numa antiga casa do Douro, onde segredos de família obscuros vêm à tona. O filme promete intrigar e cativar o público com a sua narrativa envolvente e cinematografia deslumbrante.

Além disso, no dia 10 de outubro, o cineasta Pedro Costa apresenta uma nova cópia digitalizada do seu filme clássico “Ossos”, originalmente lançado em 1997. Esta exibição especial é acompanhada pela curta-metragem “As Filhas do Fogo”, que foi exibida no Festival de Cannes em 2023 e que explora questões relacionadas com o isolamento e a família.

ver também : Pamela Anderson Brilha em “The Last Showgirl”, o Fecho Triunfal do Festival de San Sebastián

Finalmente, a realizadora Rita Nunes estreia o seu filme “O Melhor dos Mundos” a 10 de outubro, uma obra que reflete sobre a possibilidade de um grande sismo voltar a abalar Lisboa, inspirado na catástrofe de 1755. O filme, baseado numa investigação científica sobre sismologia, combina drama e questões éticas, explorando as consequências de um desastre natural.

“Sobretudo de Noite” Chega aos Auditórios da Comunidade Intermunicipal do Douro

Após a sua estreia nacional em agosto, a longa-metragem Sobretudo de Noite, do realizador espanhol Víctor Iriarte, vai ser exibida em 19 auditórios da região do Douro. Esta exibição especial, organizada pela produtora Ukbar Filmes, destaca-se por ocorrer num território intimamente ligado à narrativa do filme, uma vez que algumas das suas cenas foram rodadas na região. As sessões decorrem entre quinta-feira e sábado, nos municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Douro.

Uma História de Vingança e Conexões Familiares

Sobretudo de Noite é uma obra densa e emocional, protagonizada por Lola DueñasAna Torrent e Manuel Egozkue. O filme acompanha a história de Vera, uma mulher que deu o seu filho para adoção, e Cora, a mãe adotiva que sempre desejou ter um filho, mas não podia engravidar. À medida que as vidas de ambas as mulheres se entrelaçam, os segredos e as emoções contidas vêm à tona, culminando num plano de vingança.

ver também : Momentos Marcantes no Festival de Cinema de Veneza 2024

Segundo a sinopse oficial da Ukbar Filmes, o filme aborda a complexidade das relações familiares e as tensões resultantes das escolhas feitas no passado. A história coloca Vera e Cora num embate emocional que revela as profundezas do amor materno e a forma como o passado persiste em moldar o presente.

Exibição na Região do Douro: Um Retorno ao Local de Filmagens

A exibição de Sobretudo de Noite nos auditórios da Comunidade Intermunicipal do Douro tem um significado especial, não apenas pela beleza e história da região, mas também porque esta foi palco de algumas filmagens do projeto. Víctor Iriarte, o realizador, descreve o Douro como um “território que faz parte das suas memórias de infância” e um local onde sempre imaginou que esta história ganharia vida.

A presença do filme na região marca um momento importante para a promoção do cinema em áreas mais rurais, e a Ukbar Filmes acredita que esta é uma oportunidade única para aproximar o público do Douro ao cinema de autor. A exibição em 19 municípios diferentes, incluindo AlijóLamegoSabrosa e Vila Real, é também um tributo ao papel que a região desempenhou na produção da obra.

Estreia Internacional e Reconhecimento Crítico

Antes de chegar ao circuito nacional, Sobretudo de Noite teve a sua estreia mundial no Festival de Cinema de Veneza, um dos mais prestigiados eventos cinematográficos internacionais. O filme também já foi exibido em outros festivais de renome, como o IndieLisboa, além de ter passado por mostras no Brasil, no Reino Unido e nos Estados Unidos. A obra tem sido aclamada pela crítica pela sua sensibilidade na abordagem de temas familiares e pela forte interpretação do seu elenco.

Uma Oportunidade Imperdível para o Público do Douro

Com exibições programadas entre os dias 28 e 30 de setembro, esta é uma oportunidade única para os residentes do Douro apreciarem um filme que não só reflete as paisagens da sua terra, mas também os transporta para uma narrativa envolvente e emocional. Para além da experiência cinematográfica, estas exibições também contribuem para a dinamização cultural da região, promovendo o acesso ao cinema de qualidade fora dos grandes centros urbanos.

Estreia de “Variações” no STAR Life: A Vida de Um Ícone da Música Portuguesa

No próximo dia 13 de outubro, o STAR Life traz à televisão portuguesa um dos filmes biográficos mais aclamados do cinema nacional: Variações, realizado por João Maia. Este filme explora os últimos anos de vida de António Variações, uma das figuras mais marcantes e inovadoras da música portuguesa, cuja obra ainda ressoa nas gerações atuais.

Sérgio Praia, no papel de António Variações, oferece uma interpretação profunda e carismática do icónico cantor. A produção resulta de mais de 15 anos de dedicação e pesquisa sobre a vida e o percurso musical de António Ribeiro, mais tarde conhecido como Variações, um barbeiro de Lisboa que desafiou preconceitos para alcançar o seu sonho de se tornar um músico de sucesso, mesmo sem formação musical tradicional.

ver também : “SEAL Team” Chega à Última Temporada: Estreia a 18 de Setembro no TVCine Emotion

O filme narra a transformação de António, desde a sua vida como barbeiro até se tornar um dos artistas mais aclamados do país. A sua trajetória não foi isenta de desafios, mas Variações persistiu e deixou um legado inegável na música portuguesa, conhecido pela sua ousadia, inovação e estilo único, tanto em termos musicais como de imagem.

Uma História de Coragem e Sonhos

O filme captura a luta de Variações contra os preconceitos da sociedade, a sua determinação em fazer música à sua maneira, e a sua capacidade de desafiar convenções com originalidade. Desde as suas influências musicais variadas, que incluíam pop, rock, e fado, até às suas performances arrojadas, Variações foi uma verdadeira força da natureza, quebrando barreiras numa época em que ser diferente era muitas vezes sinónimo de exclusão.

ver também : “Ayla e os Mirror” Continua em Outubro: Novos Episódios Repletos de Mistério e Música

Ao lado de Sérgio Praia, o elenco conta ainda com Madalena Brandão, Victoria Guerra, Filipe Duarte e José Raposo, que enriquecem a narrativa com performances que retratam as pessoas que rodearam António ao longo do seu percurso.

Este é um filme imperdível para os fãs de música e de biografias que captam não só a ascensão de um artista, mas também a sua vulnerabilidade e as lutas que travou fora dos palcos. Variações estreia no STAR Life no dia 13 de outubro, às 22h20.

“Grand Tour”, de Miguel Gomes, Representa Portugal na Corrida aos Óscares

O filme Grand Tour, de Miguel Gomes, foi oficialmente escolhido como o candidato de Portugal para uma nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional em 2025. Esta revelação foi feita pela Academia Portuguesa de Cinema, que destacou o longa-metragem entre cinco finalistas, todos eles exemplares notáveis da cinematografia portuguesa contemporânea. A obra chega às salas de cinema portuguesas no dia 19 de setembro, depois de ter conquistado o prémio de Melhor Realização no prestigiado Festival de Cinema de Cannes, em maio deste ano. Este prémio marcou um feito inédito para o cinema nacional, afirmando ainda mais o talento de Miguel Gomes a nível internacional.

ver também : Tribeca Festival Chega a Lisboa: Novo Palco para Cineastas Portugueses

Entre as obras finalistas escolhidas pela Academia Portuguesa de Cinema, além de Grand Tour, encontravam-se A Flor do Buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora, Manga d’Terra, de Basil da Cunha, O Teu Rosto Será o Último, de Luís Filipe Rocha, e O Vento Assobiando nas Gruas, de Jeanne Waltz. No entanto, foi a visão singular de Miguel Gomes e a sua abordagem inovadora ao cinema que captaram a atenção dos membros da Academia.

A história de Grand Tour desenrola-se no início do século XX, acompanhando Edward, interpretado por Gonçalo Waddington, um funcionário público britânico que foge da sua noiva, Molly (Crista Alfaiate), no dia da chegada desta para o casamento. Edward embarca numa viagem solitária pela Ásia, numa tentativa de escapar não só ao matrimónio, mas também aos dilemas existenciais que o atormentam. Molly, por sua vez, decide persegui-lo, determinada a cumprir o seu destino conjugal, enquanto atravessa o continente asiático. O filme, assim, explora temas como a fuga, o medo do compromisso e a busca pela identidade, tudo num cenário que combina exotismo e introspeção.

Este longa-metragem foi produzido pela produtora portuguesa Uma Pedra no Sapato, em coprodução com países como Itália, França, Alemanha, China e Japão. A produção foi feita em duas fases distintas: a primeira envolveu uma equipa reduzida que acompanhou o realizador em várias localizações do Oriente; a segunda, mais tradicional, teve lugar em estúdios em Roma e Lisboa, onde se realizaram as filmagens com os atores principais.

veja também : Primeira edição do Tribeca Festival Lisboa traz estrelas de Hollywood à capital

A 97.ª edição dos Óscares, marcada para 2 de março de 2025, será um momento crucial para o cinema português. As nomeações serão reveladas a 17 de janeiro, e Portugal, desde 1980, tem submetido candidatos à categoria de Melhor Filme Internacional. Apesar de nunca ter conseguido uma nomeação nesta categoria, a expectativa cresce em torno de Grand Tour, um filme que já provou o seu valor nos palcos internacionais.

É importante sublinhar que este é o segundo filme de Miguel Gomes a ser escolhido pela Academia Portuguesa de Cinema. Em 2016, a academia submeteu o tríptico As Mil e Uma Noites, também realizado por Gomes, à consideração para os Óscares. Contudo, tal como em anos anteriores, a obra não foi selecionada entre os nomeados. Para além deste processo de seleção da Academia, o cinema português pode ainda ser considerado noutras categorias dos Óscares, dependendo de critérios como a premiação em festivais internacionais de prestígio.

A nível internacional, outros países também já começaram a revelar os seus candidatos à corrida pelo Óscar de Melhor Filme Internacional. A Alemanha escolheu Les Graines du Figuier Sauvage, do realizador iraniano Mohammad Rasoulof, uma coprodução franco-alemã premiada em Cannes. A Letónia, por sua vez, aposta em Flow, uma obra de animação sem diálogos realizada por Gints Zilbalodis, que foi galardoada no Festival de Annecy. Já a Palestina submeteu From Ground Zero, um projeto que junta 22 curtas-metragens de novos realizadores oriundos de Gaza.

veja também : Thriller “Conclave” e Animação “Robot Selvagem” Entre os Favoritos ao Óscar

Com uma forte tradição de cinema de autor e obras que frequentemente desafiam convenções, Portugal continua a procurar o seu lugar entre os nomeados para os Óscares. Grand Tour poderá ser a chave que finalmente abre as portas de Hollywood ao cinema português, mas até ao anúncio das nomeações, resta apenas aguardar e torcer para que a visão única de Miguel Gomes seja reconhecida pela Academia de Hollywood.

Tribeca Festival Chega a Lisboa: Novo Palco para Cineastas Portugueses

O famoso Tribeca Film Festival, fundado por Robert De Niro e Jane Rosenthal em resposta aos ataques de 11 de setembro, vai realizar a sua primeira edição fora dos Estados Unidos, e Lisboa foi a cidade escolhida para acolher este evento de renome internacional. O Tribeca Festival Lisboa decorrerá de 17 a 19 de outubro no Beato Innovation District e promete destacar novos talentos do cinema e das artes em Portugal.

ver:Primeira edição do Tribeca Festival Lisboa traz estrelas de Hollywood à capital

De acordo com Jane Rosenthal, a produtora e cofundadora do festival, a expansão para Lisboa tem como objetivo dar palco a uma nova geração de cineastas e artistas portugueses, algo que considera crucial para a revitalização da indústria cinematográfica. Robert De Niro, que também esteve presente na apresentação do festival em Nova Iorque, referiu que Lisboa é uma cidade com “forte apetite pelas artes e entretenimento”, elogiando a sua herança cultural.

O programa do festival em Lisboa contará com uma mistura de filmes independentes norte-americanos e portugueses, além de sessões ao vivo com figuras do entretenimento, como Ricardo Araújo Pereira, Daniela Ruah e César Mourão. Entre as obras em destaque estão o filme Anora, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, e In the Summers, premiado no Festival de Sundance. Além disso, o festival terá a estreia portuguesa de Ezra (2023) de Tony Goldwyn, seguido de uma conversa com Robert De Niro, e uma exibição especial de A Bronx Tale The Original One Man Show com Chazz Palminteri.

ver também : “Ryuichi Sakamoto: Opus” – O Adeus de um Mestre Estreia no TVCine

Esta edição do festival representa uma oportunidade única para cineastas e artistas emergentes em Portugal, que terão a possibilidade de apresentar os seus trabalhos a um público internacional e de participar em conversas com algumas das maiores figuras do cinema mundial.

Filme de Rodrigo Areias inspirado em Raul Brandão estreia-se em formato de cineconcerto

O cineasta português Rodrigo Areias traz-nos a sua mais recente obra, “A Pedra Sonha Dar Flor”, um filme inspirado na obra literária de Raul Brandão. Com estreia marcada para o dia 12 de setembro no Cinema Trindade, no Porto, o filme será apresentado em formato de cineconcerto, com música ao vivo composta por Dada Garbeck. Esta forma de exibição tem vindo a ganhar popularidade, combinando a experiência cinematográfica com uma performance musical ao vivo.

Ver também : Faleceu James Earl Jones, a Voz Imortal de Darth Vader e Mufasa

A narrativa do filme baseia-se na obra “A Morte do Palhaço”, de Raul Brandão, mas incorpora elementos de outras criações do autor, como “Os Operários”, “Os Pobres” e “Húmus”. A história desenrola-se numa casa de hóspedes isolada, onde a pobreza e o desespero marcam a vida das personagens, mergulhadas num ambiente sombrio de crimes e alucinações. A obra literária de Brandão, com o seu estilo contemplativo e crítico, ganha nova vida através da lente cinematográfica de Areias.

Rodrigo Areias, natural de Guimarães, tem uma forte ligação afetiva e geográfica à obra de Brandão, já que cresceu próximo à casa onde o autor viveu e escreveu grande parte da sua obra. O realizador confessa que, inicialmente, pensava em fazer um documentário, mas após uma profunda pesquisa no espólio de Brandão, decidiu juntar várias das suas obras num único filme, criando uma narrativa complexa e visualmente impactante.

Ver : Kathy Bates anuncia reforma após última temporada de “Matlock”

Após a estreia no Porto, o filme será exibido em vários locais do país, incluindo Lisboa, Ovar e Guimarães, sempre em formato de cineconcerto. Esta inovadora abordagem permite que o público experimente o filme de uma forma única, onde a música e o cinema se fundem para criar uma atmosfera imersiva.

Filme “Abandonados” de Francisco Manso Ganha Prémio de Direitos Humanos nos EUA

O filme Abandonados, do realizador Francisco Manso, continua a acumular distinções internacionais. O mais recente prémio, recebido no Detroit Independent Film Festival, nos Estados Unidos, foi na categoria de Direitos Humanos, tornando-se o oitavo prémio que o filme arrecada desde a sua estreia. Esta obra já foi distinguida em festivais de cinema no Canadá, Alemanha, Japão e Itália, demonstrando a sua relevância global e o poder da sua narrativa.

Uma História de Coragem Durante a Segunda Guerra Mundial

Com argumento de António Monteiro Cardoso, Abandonados é um filme que retrata um episódio esquecido mas de enorme importância histórica: a invasão de Timor-Leste pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942. O filme centra-se na história do tenente português Manuel Pires, interpretado por Marco Delgado, que era na altura o administrador de Baucau. Pires lidera uma aliança improvável entre timorenses, portugueses e australianos para resistir ao avanço das forças japonesas, que ocuparam a ilha durante três anos.

O filme não só presta homenagem ao sacrifício e coragem dos que lutaram contra o inimigo comum, mas também destaca a brutalidade da ocupação japonesa, que resultou na morte de cerca de 50 mil pessoas em Timor-Leste, incluindo cidadãos portugueses. Esta história, muitas vezes esquecida, é trazida à luz por Francisco Manso de forma emotiva e realista, capturando a resiliência dos povos que se uniram para sobreviver face à devastação.

ver também : Dennis Quaid Divide Críticos e Público no Filme “Reagan”

Impacto e Reconhecimento Internacional

Desde a sua estreia em julho, Abandonados tem sido amplamente elogiado pela sua abordagem sensível e cinematograficamente impressionante de um tema tão complexo e doloroso. A exibição não se limitou às salas de cinema, tendo também sido transmitida pela RTP numa versão em formato de série, o que ampliou ainda mais o seu alcance.

O próprio realizador, Francisco Manso, destacou a importância de o filme continuar a ter visibilidade para que mais pessoas possam conhecer este episódio trágico da história de Portugal e Timor-Leste. Em declarações à TSF, Manso explicou: “O que se passou em Timor-Leste, a invasão japonesa, que durou três anos até ao fim da guerra, foi terrível. Houve um conjunto de atrocidades e de violência sobre as populações e sobre a administração portuguesa.” O realizador comparou esta história com os atuais conflitos internacionais, sublinhando a sua pertinência e atualidade, acrescentando que “esta história é completamente universal e atual”.

O filme tem contado com a participação de um elenco de grande talento, que inclui nomes como António Pedro Cerdeira, Virgílio Castelo, Luís Esparteiro, Elmano Sancho, Joaquim Nicolau e Vítor Norte. A interpretação de Marco Delgado no papel de Manuel Pires foi particularmente elogiada, dando vida a um herói desconhecido que lutou contra todas as adversidades para salvar vidas.

Mais Visibilidade para “Abandonados”

O sucesso de Abandonados nos festivais internacionais de cinema tem gerado um interesse renovado no filme, e Francisco Manso espera que estas distinções resultem numa maior distribuição da obra, tanto em Portugal como no estrangeiro. “A minha intenção é que volte a ter um circuito, até pelo facto de ter tido estes prémios todos nestes festivais”, referiu o realizador.

ver também : “Lobos Solitários” e o Toque Brasileiro em Veneza

O filme é baseado no livro Timor na II Guerra Mundial – Diário do Tenente Pires (2007), do historiador António Monteiro Cardoso, que documenta os eventos trágicos da invasão japonesa e a resistência organizada pelos habitantes locais e forças aliadas. Esta combinação de rigor histórico e realização cinematográfica de alto nível tem contribuído para o impacto que Abandonados está a ter no público e na crítica internacional.

Com este prémio de Direitos Humanos no Detroit Independent Film Festival, Abandonados consolida-se como uma das mais importantes produções cinematográficas recentes sobre a Segunda Guerra Mundial, não só pela sua qualidade técnica e artística, mas também pela relevância histórica e social da sua narrativa.


“A Semente do Mal” – Uma Nova Referência no Cinema de Terror Português

“A Semente do Mal”. Esta produção nacional, dirigida por Gabriel Abrantes, estreia no dia 24 de agosto, às 21h30, no TVCine Top. Este é um evento imperdível para todos os nossos membros e amantes do cinema que desejam explorar uma nova dimensão do terror português.

Uma Trama de Horror e Segredos Familiares

“A Semente do Mal” leva-nos numa viagem inquietante ao norte de Portugal, onde Edward, o protagonista, parte à procura da sua família biológica. Acompanhado pela sua namorada Ryley, Edward encontra finalmente a sua mãe e o irmão gémeo num remoto palacete na montanha. O que começa como uma reunião familiar aparentemente feliz, rapidamente se torna numa experiência aterradora, à medida que segredos sombrios e perturbadores começam a emergir, desafiando a própria noção de identidade e pertença de Edward.

Este filme distingue-se não só pela sua narrativa envolvente, mas também pela forma como integra elementos clássicos do terror, inspirando-se em obras icónicas como “Hereditário”, “It Follows”, “The Shining” e “O Silêncio dos Inocentes”. O elenco de “A Semente do Mal” é composto por talentosos atores como Carloto Cotta, Brigette Lundy-Paine, Rita Blanco, Anabela Moreira e Alba Baptista, que dão vida a esta história de uma forma poderosa e inesquecível.

Estreia Exclusiva e Disponibilidade On-Demand

Para os nossos seguidores, esta é uma oportunidade única de ver em primeira mão um dos raros filmes de terror portugueses que chega à televisão. A estreia de “A Semente do Mal” no TVCine Top será seguida pela sua disponibilização no serviço de vídeo on-demand TVCine+, permitindo que todos possam assistir a este filme inovador a qualquer momento.

O nosso Clube de Cinema recomenda vivamente que marquem já na agenda a data de 24 de agosto para se deixarem envolver por este thriller psicológico que promete manter os espectadores na beira do sofá. “A Semente do Mal” é uma adição essencial ao cinema nacional e uma experiência cinematográfica que os amantes do terror não vão querer perder.

Filme “Lindo” de Margarida Gramaxo Conquista o Festival de Cinema Periferias

O docu-ficção “Lindo”, realizado por Margarida Gramaxo, foi o grande vencedor da 12.ª edição do Periferias — Festival Internacional de Cinema de Marvão, evento que decorreu entre Portugal e Espanha. A obra destacou-se entre uma seleção diversificada de filmes de várias partes do mundo, sendo aclamada pelo júri pela sua abordagem única e profundamente emocional.

Uma Vitória Significativa para o Cinema Português

O festival, que é promovido pela Associação Cultural Periferias (Portugal) em conjunto com a Gato Pardo (Espanha), teve início no dia 9 de agosto em Marvão e culminou no passado sábado, em Malpartida de Cáceres, com a entrega do prémio ao filme “Lindo”. O júri, composto por especialistas luso-espanhóis, elogiou a obra de Margarida Gramaxo pela forma como integra os temas centrais do festival — questões sociais e ambientais — com uma narrativa poética e sensível.

Veja Também : Morreu John Aprea, ator de “O Padrinho – Parte II”, aos 83 anos

“Lindo”: Uma Reflexão Sobre a Relação Entre o Homem e a Natureza

“Lindo” não é apenas um filme; é uma experiência cinematográfica que desafia a percepção tradicional dos documentários. O filme retrata a transformação de um caçador de tartarugas na Ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe, que, após um encontro com uma tartaruga particularmente dócil, decide inverter o seu papel de predador para o de protetor desta espécie em perigo.

Segundo a sinopse, “Lindo” mergulha no passado do protagonista, explorando os dilemas éticos e ecológicos que emergem da sua decisão. A narrativa abre espaço para uma discussão mais ampla sobre o equilíbrio precário entre as necessidades humanas e a conservação da natureza, temas que são particularmente relevantes num contexto global cada vez mais consciente das questões ambientais.

O Festival Periferias: Um Evento de Importância Cultural

A edição de 2024 do Periferias apresentou mais de 20 filmes de variados géneros, incluindo ficção, documentário e animação, provenientes de países como Portugal, Espanha, Alemanha, Brasil, Finlândia, Itália, Palestina, São Tomé e Príncipe e Tunísia. Este festival itinerante, que decorreu em várias localidades como Marvão, Beirã, Castelo de Vide, Valencia de Alcántara e Malpartida de Cáceres, reafirma-se como um dos eventos culturais mais significativos na fronteira entre Portugal e Espanha.

Veja Também : Morte do Ícone do Cinema Francês Alain Delon aos 88 Anos

Após 12 anos, o Periferias continua a crescer em importância e relevância, consolidando-se como um palco essencial para o cinema independente e experimental. A vitória de “Lindo” não só celebra a qualidade do cinema português, mas também reforça a missão do festival em promover obras que provoquem reflexão e inspirem mudanças sociais.

Com a sua estreia prevista nos cinemas portugueses em breve, “Lindo” promete ser um marco no cinema nacional, não apenas pelo seu conteúdo, mas também pela sua capacidade de tocar os espectadores de forma profunda e ressonante.

Especial CinePortugal: Maratona de Cinema Português nos Canais TVCine

No próximo dia 18 de agosto, os Canais TVCine vão celebrar o cinema nacional com um evento especial que promete ser imperdível para os amantes da sétima arte em Portugal. O Especial CinePortugal, transmitido em exclusivo no TVCine Edition, oferecerá uma maratona de cinema português que começará às 15h35 e se estenderá até à meia-noite, com a estreia de cinco filmes que destacam a diversidade e a riqueza do cinema lusófono.

A programação começa com o aclamado filme “1618”, de Luís Ismael, às 15h35. Baseado em factos verídicos, o filme explora o período da Inquisição em Portugal, onde o Visitador Sebastião de Noronha persegue os judeus no Porto. O protagonista, António Álvares, luta para salvar a sua família e comunidade, delineando um plano de fuga. Este filme, que já arrecadou mais de 60 prémios internacionais, é um projeto inter-religioso que visa combater o antissemitismo, e conta com um elenco de peso, incluindo Pedro Laginha e Mafalda Banquart.

ver também : Hedy Lamarr: A Estrela de Hollywood que Revolucionou a Tecnologia

Segue-se “Manga D’Terra”, às 17h05, a terceira longa-metragem de Basil da Cunha. A história acompanha Rosa, uma jovem cabo-verdiana que emigra para Lisboa em busca de uma vida melhor para os seus filhos, enfrentando os desafios de uma nova realidade, desde o assédio de gangsters até à violência policial. Este filme, que estreou no prestigiado Festival de Locarno, é protagonizado pela cantora Eliana Rosa e reforça a importância da música como um refúgio em tempos difíceis.

Às 18h45, é a vez de “Primeira Obra”, de Rui Simões, um filme que mistura realidade e ficção ao seguir Michel, um jovem investigador luso-descendente que explora a Revolução dos Cravos através do cinema. Em busca de respostas, Michel traça paralelismos entre o passado e o presente, numa viagem que o leva a descobrir o amor e a perceber que a vida e o cinema estão intrinsecamente ligados.

A noite continua com “O Vento Assobiando Nas Gruas”, de Jeanne Waltz, às 20h30. Baseado no romance homónimo de Lídia Jorge, o filme situa-se no Algarve dos anos 90 e aborda a complexa dinâmica entre duas famílias, uma portuguesa e outra cabo-verdiana, após a morte da matriarca. Com um elenco notável, incluindo Beatriz Batarda e João Lagarto, o filme é uma reflexão profunda sobre as relações humanas e as mudanças sociais em Portugal.

Ver Também : Gun-Kata: A Arte Marcial Revolucionária de “Equilibrium”

O evento culmina às 22h com “A Flor do Buriti”, de João Salaviza e Renée Nader Messora. Este filme, que estreou no Festival de Cannes e foi premiado pelo seu elenco, retrata a luta pela sobrevivência de uma comunidade indígena no coração da floresta brasileira. Contado através dos olhos de uma criança, o filme mergulha nas tradições ancestrais e na constante busca pela liberdade e preservação cultural.

Este Especial CinePortugal promete ser uma celebração única do cinema português, destacando a criatividade e a profundidade das histórias que refletem tanto a história como a contemporaneidade de Portugal e além-fronteiras. Não perca esta oportunidade de apreciar o melhor do cinema nacional no dia 18 de agosto, em exclusivo no TVCine Edition.

Iraniana Farahnaz Sharifi Ganha Melhor Longa-Metragem Internacional em Melgaço

O Festival Internacional de Documentário de Melgaço distinguiu a obra “My Stolen Planet” da iraniana Farahnaz Sharifi com o prémio Jean-Loup Passek para Melhor Longa-Metragem Internacional, anunciou hoje a organização.

A Melhor Curta ou Média-Metragem foi atribuída a “Les Chenilles” da dupla Michelle e Noel Keserwany, e o galardão para Melhor Documentário Português foi atribuído a Tânia Dinis com “Tão Pequeninas Tinham o Ar de Serem Já Crescidas”, indicou a organização numa nota de imprensa enviada à Lusa.

ver também : Goldie Hawn: A Versatilidade e Carisma de uma Lenda de Hollywood

A 10.ª edição do MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço levou ao distrito de Viana do Castelo 22 estreias nacionais e 31 filmes na seleção oficial, com abordagens temáticas sobre a questão palestiniana, os direitos humanos, as migrações, o colonialismo, o ambiente e as questões de género.

No documentário que recebeu o prémio Jean-Loup Passek para Melhor Documentário Internacional, a realizadora iraniana Farahnaz Sharifi resgata memórias que são parte da sua história pessoal.

“Forçada a migrar para o seu planeta privado para conseguir ser livre, Sharifi compra as memórias de outras pessoas em forma de filmes super 8mm, grava e arquiva as suas próprias narrativas para criar uma história alternativa do Irão e do seu regime opressivo”, descreve-se no comunicado.

Nesta categoria, o documentário filmado na comunidade de Masafer Yatta, destruída pela ocupação israelita – “No Other Land” de Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor – mereceu uma Menção Especial.

Em “Tão Pequeninas Tinham o Ar de Serem Já Crescidas”, Tânia Dinis combina o tratamento ficcional e documental partindo do arquivo fotográfico e de imagens reais e do testemunho oral de várias mulheres provenientes das regiões de Trás-os-Montes, Beira Alta e Baixo Minho, que entre os anos 40 e 70 foram para a cidade do Porto trabalhar como criadas de servir.

“A Savana e a Montanha”, a terceira longa-metragem de Paulo Carneiro, que teve estreia nacional no MDOC, recebeu uma Menção Especial. “O filme esteve na Quinzena dos Cineastas, mostra paralela do Festival de Cannes 2024, e retrata a luta dos habitantes de Covas de Barroso (concelho de Boticas) contra uma multinacional britânica – Savannah Ressources – que pretende construir a maior mina de lítio a céu aberto”, refere o MDOC.

ver também: Como uma Fotografia Mudou o Rumo da Franquia 007

Quanto ao prémio Jean-Loup Passek para Melhor Curta ou Média-Metragem, foi atribuído à dupla Michelle e Noel Keserwany, que realizaram “Les Chenilles”, uma história sobre exploração passada e presente e sobre a solidariedade feminina, a amizade e o consolo entre Asma e Sarah, duas mulheres originárias do Levante que se descobrem apesar de carregarem o peso da pátria de origem.

Nesta categoria, o filme de animação que retrata o ciclo completo da vida de um molusco especial, “Percebes”, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, recebeu a Menção Especial do MDOC.

O júri oficial desta edição do festival foi composto por Angelos Rallis (Grécia) – vencedor do Prémio Jean-Loup Passek/ MDOC – Melhor Longa Metragem 2023 com o filme “Mighty Afrin: in the time of flood” – Irina Trocan (Roménia), Mohammadreza Farzad (Irão), Raquel Schefer (Portugal) e Truls Lie (Noruega).

O Prémio D. Quixote (da IFFS – Federação Internacional de Cineclubes atribuído em Festivais de Cinema selecionados) coube este ano a “No Other Land” de Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor na secção de Melhor Longa-Metragem, sendo que a Melhor Curta ou Média-Metragem foi conquistada por Stefano Obino com o filme “A Beautiful Day”.

Nesta 10.ª edição, o MDCO teve um número recorde de realizadores e produtores presentes (22) e uma média de afluência de público na ordem dos 3.800 espetadores, de acordo com a organização.