“Sentimental Value” Lidera Nomeações aos European Film Awards: A Nova Geografia do Cinema Europeu Está Aqui

Os European Film Awards chegaram à sua 38.ª edição com uma lista de nomeações que revela, mais do que tendências, um verdadeiro retrato do cinema europeu contemporâneo: múltiplo, multilingue, politicamente atento, esteticamente ousado e, acima de tudo, impossível de reduzir a fronteiras. Este ano, o destaque maior recai sobre “Sentimental Value”, de Joachim Trier, que lidera com cinco nomeações e confirma aquilo que muitos vinham pressentindo: a nova fase do cineasta norueguês — mais íntima, mais madura, mais ferida — está a atrair todas as atenções.

Logo a seguir surge “Sirāt”, o filme de Oliver Laxe que reafirma a presença cada vez mais forte das cinematografias ibéricas no panorama europeu, e dois títulos que têm sido presença constante nos debates críticos do ano: “Sound of Falling”, da alemã Mascha Schilinski, e “It Was Just an Accident”, de Jafar Panahi — o último um caso singular, vindo de um cineasta que continua a fazer filmes contra todas as circunstâncias políticas.

Os vencedores serão anunciados a 17 de Janeiro, em Berlim, naquela que será inevitavelmente uma das noites mais politizadas e comentadas do cinema europeu.

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O domínio de “Sentimental Value” e a afirmação das novas vozes

O filme de Joachim Trier, produzido numa aliança entre Noruega, França, Dinamarca, Alemanha e Suécia, surge como o grande favorito. Não apenas acumula nomeações nas categorias principais — Filme, Realizador, Actor, Atriz e Argumento — como representa um tipo de cinema europeu que tem conquistado espaço entre a crítica e o público: emocional, preciso, aberto às contradições da vida moderna.

Não é um acaso que Trier e o seu colaborador de longa data, Eskil Vogt, voltem a ser destacados pela escrita. Em “Sentimental Value”, tudo aponta para o mesmo rigor que os tornou figuras centrais da nova vaga escandinava: personagens frágeis, diálogos limados e um conflito interno que nunca cede ao sentimentalismo fácil, apesar do título sugerir o contrário.

Também Stellan Skarsgård e Renate Reinsve surgem como nomeados, reforçando o impacto internacional do elenco.

“Sirāt” e a força das cinematografias periféricas

Se “Sentimental Value” confirma a presença dos países nórdicos, “Sirāt” representa algo distinto: um cinema europeu que olha para as suas margens geográficas e espirituais. Realizado por Oliver Laxe, o filme — produzido entre Espanha e França, com a chancela criativa de Pedro e Agustín Almodóvar — reúne quatro nomeações, incluindo Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Actor para Sergi López.

Laxe continua a trabalhar num território que lhe é típico: paisagens amplas, espiritualidade intensa, figuras solitárias que se movem entre o real e o metafísico. A nomeação conjunta de Santiago Fillol e Laxe para Melhor Argumento é também um sinal da força literária deste projecto.

Jafar Panahi regressa através do cinema

Depois de anos de proibições e limitações impostas pelo regime iraniano, Jafar Panahi volta a ser nomeado pelos European Film Awards com “It Was Just an Accident”, uma coprodução entre França, Irão e Luxemburgo. O filme, uma ficção que toca no documental, está nomeado para Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Argumento.

A presença de Panahi nesta lista tem algo de político — não por condescendência, mas porque a sua obra insiste em existir apesar de todos os obstáculos. Os EFA têm, de resto, tradição em reconhecer artistas que desafiam estruturas de poder, e esta nomeação é mais uma peça dessa história.

“Sound of Falling” e o regresso ao intimismo alemão

Com três nomeações, “Sound of Falling”, de Mascha Schilinski, junta-se ao topo das preferências. O cinema alemão, tantas vezes associado ao rigor formal e à contenção emocional, volta aqui a explorar temas de perda, identidade e fragilidade. A presença de Schilinski nas categorias de Realização e Argumento confirma uma tendência clara: esta década está repleta de novas realizadoras que ocupam o centro do panorama europeu.

As restantes categorias: um continente a várias vozes

Embora o foco recaia inevitavelmente nos filmes mais nomeados, a lista completa revela a riqueza e amplitude do cinema europeu. Obras que transitam entre o documentário, a animação e a ficção encontram-se lado a lado, numa paisagem que resiste a classificações simples.

Para destacar apenas alguns universos presentes:

Entre os nomeados a Melhor Filme encontramos:

  • cinema de animação com forte componente autoral;
  • documentários transcontinentais sobre crise, memória e resistência;
  • ficções híbridas que cruzam géneros e desafiam estruturas narrativas.

Nas categorias de interpretação, sobressaem nomes consagrados como Mads Mikkelsen, Toni Servillo, Vicky Krieps e Leonie Benesch, ao lado de actores emergentes como Idan Weiss

Na secção de Documentário, surgem cineastas como Albert Serra e Andres Veiel, confirmando que o cinema europeu continua a explorar as fronteiras entre factos e imaginação com liberdade total.

E na Animação, a diversidade vai de produções francesas a coproduções bálticas, passando por uma sólida presença espanhola.

A categoria European Discovery – Prix FIPRESCI

Aqui encontramos algumas das vozes mais promissoras do continente, com filmes vindos da Eslovénia, Reino Unido, Turquia, Dinamarca e Polónia — uma selecção que antecipa quais serão, provavelmente, os nomes de que falaremos durante a próxima década.

A Europa continua a reinventar-se através do cinema

A lista de nomeações deste ano funciona como uma radiografia da vitalidade do cinema europeu: diversa, multiforme, politizada, aberta ao risco e, acima de tudo, profundamente humana.

Se “Sentimental Value”, “Sirāt”, “Sound of Falling” e “It Was Just an Accident” parecem liderar a corrida, o verdadeiro vencedor é o próprio continente — que, apesar dos seus conflitos, tensões e divergências, encontra no cinema um ponto de encontro, diálogo e memória.

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Dia 17 de Janeiro, em Berlim, saberemos quem leva as estatuetas para casa. Mas por agora, vale a pena celebrar aquilo que esta lista já representa: um continente que continua a pensar através da imagem, a sentir através da narrativa e a reinventar-se, filme após filme.

Morreu Claudia Cardinale: Adeus a uma das Últimas Divas do Cinema Europeu 🎬🌹

Uma vida maior do que o cinema

A atriz Claudia Cardinale, nascida na Tunísia em 1938 e naturalizada francesa, morreu aos 87 anos, em Nemours, na região de Paris. Protagonista de mais de 150 filmes, musa de cineastas como Visconti, Fellini, Leone, Brooks e Verneuil, Cardinale foi uma das últimas grandes divas do cinema europeu do século XX.

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Com um olhar intenso e uma presença inesquecível no ecrã, deixou a sua marca em clássicos absolutos como O Leopardo(1963), Oito e Meio (1963), Era uma Vez no Oeste (1968) ou A Pantera Cor-de-Rosa (1963). Em Cannes, Veneza ou Hollywood, o seu nome era sinónimo de talento, beleza e força.

Itália, França, Hollywood… e Portugal

Embora nascida em La Goulette, perto de Túnis, filha de mãe francesa e pai siciliano, foi no cinema italiano que se tornou estrela. Curiosamente, até Oito e Meio, a sua voz era dobrada em italiano — mas Fellini insistiu que fosse a sua voz rouca, transformando-a num ícone inconfundível.

Com Manoel de Oliveira, cumpriu um desejo antigo: filmou O Gebo e a Sombra (2012), descrevendo o realizador português como “extraordinário” e cheio de energia. Já em 2001, tinha sido homenageada em Portugal pelo Presidente Jorge Sampaio, numa cerimónia no Teatro Rivoli, no Porto.

Uma estrela entre génios

Claudia contracenou com gigantes como Alain Delon, Burt Lancaster, Marcello Mastroianni, Rock Hudson, John Wayne ou Peter Sellers. Foi dirigida por mestres do cinema italiano (Bolognini, Zurlini, Squitieri), brilhou em Hollywood (O Maior Circo do Mundo) e até em colaborações com Werner Herzog (Fitzcarraldo).

Mastroianni descreveu-a assim: “É a única rapariga simples e saudável neste meio de neuróticos e hipócritas.”

Lutas pessoais e causas públicas

A vida de Cardinale não foi só glamour. Em 1957, foi vítima de violação, da qual resultou o nascimento do seu filho Patrick — que decidiu manter, mesmo perante o escândalo da época. Mais tarde, confessou que foi por ele que entrou no cinema, para garantir a sua independência.

Claudia foi também uma mulher de causas: embaixadora da UNESCO, feminista assumida, defensora dos direitos das mulheres, da comunidade LGBTQ+, da luta contra a SIDA e contra a pena de morte. A própria dizia que a sua carreira lhe deu “uma infinidade de vidas” e a oportunidade de colocar a sua fama ao serviço dos outros.

Um legado eterno

Com distinções como o Leão de Ouro em Veneza (1993) e o Urso de Ouro em Berlim (2002), Claudia Cardinale deixa um legado artístico e humano inigualável. Nas palavras do seu agente, Laurent Savry:

“Ela deixa-nos o legado de uma mulher livre e inspirada, tanto como mulher como artista.”

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Com a sua partida, o cinema europeu perde uma das suas últimas divas, mas as imagens de Cardinale — entre palácios sicilianos, westerns poeirentos e enredos românticos — continuarão a brilhar, como um reflexo eterno da sétima arte.

Willem Dafoe Vai Receber o Coração Honorário de Sarajevo — E Dar uma Masterclass Inesquecível

Com mais de 150 filmes no currículo, o actor norte-americano regressa ao Festival de Sarajevo 25 anos depois para ser homenageado pela sua carreira lendária

🎬 Nome maior do cinema mundial, Willem Dafoe vai ser distinguido com o Coração Honorário de Sarajevo na próxima edição do Festival de Cinema de Sarajevo, a decorrer entre 15 e 22 de Agosto de 2025. O galardão reconhece o contributo excepcional do actor para a arte cinematográfica, numa carreira que atravessa cinco décadas, inúmeros géneros e alguns dos maiores nomes da realização mundial.

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Mas Dafoe não vai apenas receber prémios: vai também conduzir uma masterclass no festival, onde partilhará reflexões sobre a sua carreira, o ofício da representação e a arte em tempos contemporâneos.


Um actor com 150 rostos e nenhum igual

Desde que foi despedido de Heaven’s Gate, de Michael Cimino, em 1979, Willem Dafoe construiu um percurso impressionante, tanto em grandes estúdios como no cinema independente — sempre com uma entrega total e uma versatilidade que poucos actores da sua geração podem reclamar.

A lista de realizadores com quem trabalhou é, por si só, um monumento ao cinema moderno:

  • Martin Scorsese
  • David Lynch
  • Lars von Trier
  • Wes Anderson
  • Guillermo del Toro
  • Yorgos Lanthimos
  • Tim Burton
  • Hayao Miyazaki
  • Werner Herzog
  • Spike Lee
  • Kathryn Bigelow, entre muitos outros.

Dafoe é daquelas raras presenças que consegue ser intensamente humano num blockbuster e assombrosamente inquietante num filme experimental.


Nomeações, prémios e um legado em construção

Willem Dafoe foi já nomeado quatro vezes ao Óscar — por PlatoonShadow of the VampireThe Florida Project e At Eternity’s Gate. Venceu dois Independent Spirit Awards, foi distinguido pelos críticos de Nova Iorque, Los Angeles e pela National Board of Review, recebeu o Urso de Ouro Honorário da Berlinale e mais recentemente o Prémio Íris da Academia de Cinema da Grécia, pelo seu desempenho em Inside, de Vasilis Katsoupis.

Em 2025 e 2026, será ainda director artístico da secção de teatro da Bienal de Veneza, reafirmando a sua ligação ao palco e às artes performativas, uma paixão antiga que começou com o colectivo experimental The Wooster Group, onde trabalhou entre 1977 e 2005.


Novos filmes no horizonte

Aos 70 anos, Dafoe continua a ser um actor em plena forma criativa. Entre os próximos projectos destacam-se:

  • Cuddle, de Bárbara Paz
  • Werwulf, de Robert Eggers
  • Uma nova colaboração com Eggers em A Christmas Carol, para a Warner Bros.

Não se vislumbra reforma à vista — e ainda bem.


Um regresso 25 anos depois

“Willem Dafoe regressa ao Festival de Sarajevo após 25 anos e é uma grande honra para nós atribuir-lhe o Coração Honorário de Sarajevo”, declarou Jovan Marjanović, director do festival.

“O seu trabalho é uma inspiração para qualquer actor. Sempre que está frente à câmara, prova ser um verdadeiro mestre. Em grandes produções ou em filmes independentes, as suas personagens são sempre complexas, emocionais e inesquecíveis.”

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Coração de Sarajevo junta-se assim a uma lista já longa de distinções — mas com um significado especial, numa região onde o cinema tem sido forma de resistência, memória e reconciliação.

“Animale”: Thriller Feminino Passado na Arena dos Touros Estreia a 31 de Julho nos Cinemas

🐂 A realizadora Emma Benestan, revelação do cinema francês com Fragile, regressa com um novo filme que promete desafiar convenções, cruzando o instinto animal, o medo e a força feminina. Animale, um thriller tenso com raízes no quotidiano rural da região francesa da Camarga, estreia nas salas de cinema portuguesas a 31 de julho, com distribuição da NOS Audiovisuais.

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Uma história de coragem no meio de homens e touros

A protagonista é Nejma, uma jovem de 22 anos que sonha vencer a tradicional corrida de touros local — um universo masculino onde o risco é constante e o respeito é medido em bravura. Mas o seu percurso sofre uma reviravolta quando um touro foge e começam a surgir jovens mortos. O que era apenas um sonho pessoal transforma-se num enfrentamento colectivo com o medo, o pânico e o peso de tradições que se tornam ameaçadoras.

“É o retrato de uma mulher que tenta conquistar o seu espaço num mundo que a exclui — tanto na arena como fora dela”, resume a produção.

Um filme entre o realismo e o instinto

Com estreia na Semana da Crítica do Festival de Cannes, Animale mistura tensão psicológica com crítica social, embalado pela atmosfera única da Camarga, uma região onde touros e cavalos partilham o protagonismo com os habitantes.

Emma Benestan constrói um thriller intimista e ousado, que usa o cenário rural como palco de transformações interiores e conflitos sociais, e onde o corpo da protagonista se torna símbolo de resistência e instinto de sobrevivência.

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Estreia nos cinemas portugueses a 31 de julho

Depois de ter integrado a seleção oficial da 18.ª edição do MOTELX, Animale chega finalmente ao público português. Com uma estética sensorial e um argumento que se desenrola entre o silêncio do campo e os gritos da arena, é uma aposta forte para quem procura cinema europeu com nervo, corpo e pensamento.

🗓️ Data de estreia: 31 de julho
📍 Nos cinemas de todo o país

“Lesson Learned” Vence o Lince de Ouro no FEST — E Há Muito Mais a Descobrir

O Festival de Espinho celebrou o novo cinema com prémios que reflectem os grandes temas do nosso tempo: educação, crise habitacional, identidade e criatividade sem fronteiras

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Terminou a 21.ª edição do FEST – Festival Novos Realizadores, Novo Cinema, e com ela chegou um palmarés que reflecte bem a inquietação do mundo contemporâneo. O grande vencedor? Lesson Learned, do realizador húngaro Bálint Szimler, que levou para casa o Lince de Ouro na categoria de Ficção. O filme, que mergulha fundo nos desafios da educação, impressionou o júri pela forma como dá corpo a uma problemática que afeta toda uma geração.

Mas a competição esteve longe de se esgotar aqui. Na mesma categoria, foi atribuída uma menção honrosa a Mad Bills to Pay (or Destiny, dile que no soy malo), de Joel Alfonso Vargas — uma história de amadurecimento neo-realista, onde a liberdade e o desejo colidem com as escolhas difíceis da vida.

Portugal em destaque com “Business as Usual”

O Grande Prémio Nacional foi para Business as Usual, de Pedro Vinícius. O filme conquistou o júri com o seu retrato criativo e acutilante da crise habitacional, evocando a desumanização das cidades através do som e da imagem. Uma crítica urbana, certeira e bem construída.

Duas menções honrosas vieram reforçar o talento nacional: Agente Imobiliário sem Casa para Viver, de Filipe Amorim, destacou-se pela sua sátira irreverente e energética, enquanto A Fronteira Azul, de Dinis Miguens Costa, convenceu pela visão artística e execução técnica irrepreensíveis.

Os Linces de Prata e a força do cinema de autor

Na ficção, o Lince de Prata foi para Family Sunday, de Gerardo Del Raso, uma incursão honesta e tecnicamente brilhante por um bairro difícil, enquanto Sammi, Who Can Detach His Body Parts, de Rein Maychaelson, levou uma menção honrosa pelos seus temas de género e comentário social com toque surrealista.

No campo documental, o Lince de Ouro foi para Songs of Slow Burning Earth, de Olha Zhurba, um olhar poderoso e humanista sobre uma sociedade em guerra. O Lince de Prata foi para Berthe is Dead But It’s Ok, de Sacha Trilles — que, curiosamente, venceu também o Prémio do Público na curta-metragem. Uma obra tocante que presta homenagem a uma personagem “maior que a vida”. Ainda no documentário, houve espaço para mais criatividade com What If We Run Out of Stones?, de Nora Štrbová, distinguido por lembrar que o cinema ainda tem muito para inventar.

Da animação ao experimental — sem esquecer o público

Na Animação, venceu The Crooked Heads, de Jakub Krzyszpin, com menção honrosa para Larval, de Alice Bloomfield. No cinema experimental, Medical Field Guide or Rules of Engagement With Native E-girls, de Andran Abramjan e Jan Hofman, destacou-se pela ousadia formal, sendo acompanhado por The Land of Abandonment, de Eliška Lubojatzká.

Na secção NEXXT, dedicada a talentos emergentes, venceu Punter, também de Eliška Lubojatzká, e foram distinguidos The Dam, de Giovanni Pierangeli, e Karaokiss, de Mila Ryngaert.

Por fim, o Prémio do Público na longa-metragem foi para Manas, de Marianna Brennand, confirmando que, para além do júri, o público também reconhece e valoriza novas vozes no cinema.

Espinho volta a ser capital do novo cinema

Durante uma semana, Espinho foi o palco vibrante de mais de 80 filmes em competição, 170 sessões no total e um programa formativo que trouxe 40 profissionais de topo da indústria para partilhar saber, visão e paixão pelo cinema.

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Mais do que um festival de cinema, o FEST é uma celebração de ideias, talento e futuro — e esta edição provou que os novos realizadores estão mais do que prontos para dar cartas no cinema mundial.

Tesouro Cinematográfico: 32 filmes de Ingmar Bergman restaurados chegam ao streaming em Portugal 🎥✨

Obras inéditas do mestre sueco estreiam-se finalmente no nosso país — e sem precisar sair do sofá

Se o cinema é uma forma de arte, então Ingmar Bergman é um dos seus pintores mais profundos, meticulosos e intensos. Agora, pela primeira vez, grande parte da sua obra vai estar disponível — legalmente e em versão restaurada — para o público português. E não é numa sala escura de cinema, mas sim no conforto do lar.

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A partir desta quinta-feira, a plataforma Filmin estreia 32 filmes de Ingmar Bergman, muitos deles inéditos no circuito comercial português, numa coleção cuidadosamente restaurada que promete fazer as delícias de cinéfilos e curiosos. A iniciativa é mais do que uma estreia: é uma reparação histórica.

Bergman em todo o seu esplendor (e angústia)

Entre os títulos mais conhecidos da coleção estão alguns dos clássicos imortais do sueco: Mónica e o Desejo (1953), O Sétimo Selo (1957), Morangos Silvestres (1957), A Hora do Lobo (1968), Lágrimas e Suspiros (1972), Cenas da Vida Conjugal (1973), A Flauta Mágica (1975) e o majestoso Fanny e Alexandre (1982).

Mas o verdadeiro trunfo está nas raridades: filmes que, apesar do prestígio internacional de Bergman, nunca chegaram a ser exibidos comercialmente em Portugal. Entre eles, destacam-se Cidade Portuária (1948), A Sede (1949), Mulheres que Esperam (1952) e Depois do Ensaio (1984). Para os mais aficionados, isto é equivalente a encontrar um manuscrito perdido de Shakespeare numa arrecadação.

Um olhar íntimo sobre o génio

Para complementar esta maratona bergmaniana, a Filmin disponibiliza ainda o documentário Ingmar Bergman – A Vida e Obra do Génio (2018), realizado por Margarethe von Trotta. Nesta homenagem íntima e informada, von Trotta percorre os lugares simbólicos da vida e carreira do realizador — da Suécia à França e Alemanha — e junta testemunhos de colaboradores, familiares e realizadores da nova geração influenciados pelo seu legado.

Com excertos emblemáticos, reflexões sobre os temas obsessivos da sua obra (a morte, a fé, o silêncio de Deus, o amor, a crise conjugal…), o documentário é a porta de entrada ideal para quem ainda não se aventurou pelos labirintos psicológicos e existenciais de Bergman.

Um mestre eterno

Ingmar Bergman (1918–2007) realizou 41 longas-metragens, 12 curtas e centenas de peças de teatro. Morreu com 89 anos na ilha báltica de Fårö, que tão frequentemente serviu de cenário para os seus filmes — um local que ele transformou num território mental, cinematográfico e espiritual.

Se nunca viu O Sétimo Selo, agora é a altura certa para conhecer a morte mais icónica da história do cinema. Se já viu, talvez esteja na hora de descobrir Mulheres que Esperam ou Cidade Portuária, títulos que agora finalmente chegam a Portugal — ainda que com décadas de atraso.

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Mas como bem nos ensinou Bergman, nunca é tarde demais para encarar os fantasmas — ou o génio.

🎬 Jodie Foster Brilha em Cannes com Vie Privée: Um Thriller Francês que Encanta o Público

A atriz norte-americana regressa ao cinema francês com uma performance aclamada no Festival de Cannes 2025

Jodie Foster regressa ao cinema francês com Vie Privée, um thriller psicológico realizado por Rebecca Zlotowski, que estreou fora de competição no Festival de Cannes 2025. A atuação de Foster como Lilian Steiner, uma terapeuta americana em Paris que investiga a morte suspeita de uma paciente, foi recebida com entusiasmo, culminando numa ovação de pé de oito minutos.  

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🎭 Um Elenco de Peso e uma Narrativa Intrigante

Além de Foster, o filme conta com Daniel Auteuil, Virginie Efira, Mathieu Amalric, Vincent Lacoste e Luàna Bajrami. A trama explora temas de identidade, privacidade e as complexidades da psique humana, elementos que Zlotowski aborda com maestria. 

🎥 Uma Produção Franco-Americana de Excelência

Vie Privée é uma coprodução entre Les Films Velvet e France 3 Cinéma, com distribuição internacional a cargo da Sony Pictures Classics. O filme foi rodado em Paris e na Normandia entre setembro e novembro de 2024.  

🌟 Um Regresso Triunfal ao Cinema Francês

Esta é a primeira vez em mais de duas décadas que Foster protagoniza um filme em francês, língua que domina fluentemente. A atriz expressou sentir-se “mais livre” ao atuar em francês, destacando a profundidade emocional que a língua lhe permite alcançar.  

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Em Busca da Quimera: Josh O’Connor Brilha Num Poético Assalto ao Passado e à Alma 💎🎥

Alice Rohrwacher assina um filme mágico sobre aquilo que todos procuramos mas nunca encontramos

Há filmes que se vêem com os olhos, outros com o coração. La Chimera, da realizadora italiana Alice Rohrwacher, pertence ao segundo grupo — uma obra melancólica, terrosa e encantada sobre perdas, luto, beleza e a eterna procura de algo que talvez não exista. Josh O’Connor, o actor britânico que brilhou recentemente em Challengers, dá corpo (e alma) a um salteador arqueológico que escava muito mais do que túmulos. Escava o passado. E a sua própria dor.

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Um arqueólogo fora da lei, mas dentro da poesia

O filme situa-se na Itália dos anos 80, onde Arthur (O’Connor), um arqueólogo britânico de passado misterioso, junta-se a um grupo de “tombaroli” — saqueadores de túmulos etruscos — que procuram artefactos para vender no mercado negro. Mas o que move Arthur não é apenas ganância. É a ausência. A perda de Beniamina, o grande amor da sua vida. A sua quimera.

Enquanto os companheiros de crime procuram objectos de valor, Arthur parece escavar obsessivamente na esperança de encontrar algo intangível: um vestígio, um sinal, uma ligação ao que perdeu. A câmara de Rohrwacher, sempre sensível ao mundo rural, às tradições e à fantasia do quotidiano, capta tudo com uma leveza quase mágica, como se estivéssemos num sonho filmado em película desgastada pelo tempo.

Um filme que flutua entre o real e o imaginário

Alice Rohrwacher — autora de As Maravilhas e Lazzaro Felice — volta a mostrar que ninguém filma como ela as margens da Itália: as casas em ruínas, as festas populares, os rostos marcados e os rituais perdidos. Mas aqui vai mais longe, misturando elementos mitológicos com um tom quase de fábula — sem nunca perder o pé no mundo real.

Há humor (muito, aliás), mas também uma tristeza profunda, quase mineral, que atravessa o filme como uma corrente subterrânea. As personagens secundárias — entre elas uma velhinha encantadora interpretada por Isabella Rossellini — ajudam a criar um universo excêntrico, mas de uma humanidade desarmante.

Josh O’Connor: um actor com alma antiga

É impossível falar de La Chimera sem destacar a interpretação de Josh O’Connor. O seu Arthur é contido, ferido, distante — e, ainda assim, magnético. Há nele algo de santo e de ladrão, de arqueólogo e de fantasma. Com um sotaque italiano vacilante (propositado), o actor parece sempre deslocado, como alguém que vive entre dois mundos — o dos vivos e o dos mortos, o do presente e o da memória.

Depois de papéis marcantes em The Crown e no recente sucesso Challengers, esta é talvez a sua interpretação mais delicada e madura. Um homem a quem falta algo — e que decide procurar esse algo nos lugares mais improváveis.

A quimera somos todos nós

O título do filme, claro, remete para a criatura mitológica feita de partes incompatíveis. Mas também para o conceito de um desejo impossível. E é isso que Rohrwacher nos mostra com mestria: que todos temos uma quimera. Algo que perdemos, algo que queremos, algo que talvez nunca tenha existido.

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La Chimera é uma carta de amor ao que está perdido — no solo, no tempo e no coração. Um filme sobre a beleza da busca, mesmo quando não há nada para encontrar.

🐾 Flow – À Deriva  conquista o Prémio do Público LUX do Parlamento Europeu

A longa-metragem de animação Flow – À Deriva, realizada pelo letão Gints Zilbalodis, foi distinguida com o Prémio do Público LUX 2025, atribuído pelo Parlamento Europeu e pela Academia Europeia de Cinema. Este reconhecimento soma-se ao já conquistado Óscar de Melhor Filme de Animação no mesmo ano . 

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🌍 Uma jornada visual sem palavras

Flow narra a história de um gato solitário que, num mundo pós-apocalíptico sem humanos, embarca numa viagem de sobrevivência ao lado de outras espécies animais. Sem diálogos, o filme destaca-se pela sua narrativa visual envolvente e pela trilha sonora atmosférica, explorando temas como empatia, cooperação e resiliência.

O filme teve estreia mundial no Festival de Cinema de Cannes em maio de 2024 e chegou às salas de cinema portuguesas a 20 de fevereiro de 2025 . 


🏆 Reconhecimento internacional

Além do Óscar e do Prémio LUX, Flow foi também distinguido com o Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação e recebeu nomeações para os Prémios Annie e para os BAFTA. O realizador Zilbalodis, ao receber o Óscar, enfatizou a importância da colaboração: “Estamos todos no mesmo barco. Temos de ultrapassar as nossas diferenças e encontrar formas de trabalhar juntos” . 


🎥 Os finalistas do Prémio LUX 2025

Na corrida ao Prémio do Público LUX, Flow competiu com outras quatro obras europeias de destaque: 

  • Animal, de Sofia Exarchou (Grécia, Áustria, Roménia, Chipre e Bulgária)
  • Dahomey, de Mati Diop (França, Senegal e Benin)
  • Intercepted, de Oksana Karpovych (Canadá, França e Ucrânia)
  • O Silêncio de Julie, de Leonardo Van Dijl (Bélgica e Suécia) 

O Prémio LUX visa promover a diversidade cultural europeia e sensibilizar para questões sociais relevantes. Os filmes finalistas são legendados nas 24 línguas oficiais da União Europeia e exibidos gratuitamente em sessões por toda a Europa, permitindo que o público e os eurodeputados votem em igualdade de peso (50% cada) para determinar o vencedor . 

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Wolfgang: Quando o Silêncio Diz Tudo — A Emoção Chega em Forma de Cinema Catalão

Numa altura em que o cinema de empatia, escuta e reflexão anda muitas vezes esquecido por entre explosões e universos partilhados, surge uma pequena pérola catalã que está a conquistar quem se atreve a parar para ouvir: Wolfgang. Realizado por Javier Ruiz Caldera, baseado no livro homónimo de Laia Aguilar, e protagonizado por Miki Esparbé, o filme é um verdadeiro acto de resistência cinematográfica: lento, sensível e profundamente humano.

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A história de um reencontro… e de muitas primeiras vezes

Wolfgang conta a história de um menino de 10 anos, pianista prodígio e no espectro do autismo, que acaba de perder a mãe. Forçado a viver com um pai que nunca conheceu — interpretado por Miki Esparbé —, Wolfgang entra num mundo novo, onde a ausência de palavras é tão ensurdecedora quanto as emoções contidas.

Para o actor, esta foi uma experiência transformadora. “É uma personagem perdida, emocionalmente desastrada. Não tem ferramentas para comunicar com uma criança, muito menos com uma como o Wolfgang”, diz Esparbé. E é aí que reside a beleza do arco narrativo: na descoberta mútua, na escuta, na tentativa e erro, no desconforto que se transforma, pouco a pouco, em relação.

Uma história de três gerações e o que fazemos com a dor

O filme é, também, uma reflexão sobre como diferentes gerações lidam com o luto e com as emoções: a avó (interpretada por Àngels Gonyalons) representa o silêncio dos tempos antigos, em que os problemas não existiam se não fossem ditos; o pai, uma geração em transição; e o filho, o espelho de uma geração que já nasceu a falar de tudo — e que, mesmo no silêncio, comunica com clareza desarmante.

Wolfgang, como personagem, ensina. Ensina ao pai, à avó, aos espectadores. E não só com palavras — também com música, com silêncio, com presença.

Um filme feito com cuidado, sensibilidade e muito talento

No papel de Wolfgang, o jovem Jordi Catalán faz uma estreia absolutamente desarmante. O cuidado nos bastidores foi exemplar: Claudia Costas, também actriz, acompanhou o jovem durante as filmagens, garantindo o conforto e a naturalidade das cenas. O resultado é visível no ecrã: uma actuação cheia de autenticidade e nuance.

Para além disso, Wolfgang tem também um tom meta-cinematográfico interessante: o pai é actor, e essa escolha narrativa permite momentos de humor e homenagem à profissão. O próprio filme inclui vários cameos do meio artístico catalão: J.A. BayonaCarlos CuevasDafnis BalduzJordi Oriol, entre outros.

Em catalão — como tem de ser

Para Miki Esparbé, fazer o filme em catalão não foi uma escolha — foi uma exigência natural. “É a língua do livro, da personagem, da emoção”, afirmou. E, mesmo com uma versão dobrada em castelhano (pelos próprios actores), a versão original é a que mais respira verdade.

A aposta em cinema feito na língua própria do território é, aliás, reflexo de um renascimento do cinema catalão. Depois de anos de cortes orçamentais, as ajudas voltaram e os filmes voltaram a ter fôlego. “Estamos de volta ao orçamento pré-pandemia”, diz o actor — e isso nota-se.

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🎬 Wolfgang não é apenas um filme comovente sobre a relação entre pai e filho. É uma ode à escuta, à lentidão, à empatia, e ao poder da arte (e da música) para nos reconectar com aquilo que mais importa. Um daqueles filmes que fica connosco — mesmo depois do silêncio.

Nanni Moretti Sobrevive a Enfarte e Recebe Alta: O Cinema Europeu Respira de Alívio


🎬 O mundo do cinema europeu suspirou de alívio esta semana com a notícia de que o aclamado realizador italiano Nanni Moretti, de 71 anos, recebeu alta hospitalar após ter sofrido um enfarte. Moretti, uma das vozes mais singulares e introspectivas do cinema de autor, esteve internado na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital San Camillo, em Roma, desde quarta-feira passada, mas já se encontra em casa e em recuperação.

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A notícia foi confirmada durante o festival Custodi di sogni – I tesori della Cineteca Nazionale, que decorre em Roma, onde Moretti chegou mesmo a participar por telefone, num gesto simbólico que demonstrou não apenas a sua recuperação, mas também o seu eterno compromisso com o cinema e a cultura italiana. Os organizadores do evento divulgaram um vídeo em que o realizador fala com clareza, embora com voz contida, revelando o seu desejo de regressar ao trabalho “em breve”.

Na quinta-feira, o chefe do serviço de cardiologia do hospital confirmava que o estado clínico de Moretti era estável. Um dia depois, a boa notícia da alta hospitalar foi recebida com entusiasmo por fãs e colegas de profissão.

Um autor com assinatura própria

Nanni Moretti é conhecido tanto pelo seu olhar profundamente pessoal como pelo seu humor subtil e crítica social afiada. Os seus filmes, muitas vezes autobiográficos, são um reflexo das suas inquietações políticas, filosóficas e familiares. Em obras como Caro Diário (1994), onde passeia por Roma numa Vespa enquanto comenta o mundo ao seu redor, ou O Quarto do Filho (2001), vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Moretti revelou-se um mestre da introspecção cinematográfica.

O seu estilo foi frequentemente comparado ao de Woody Allen, mas com um cunho profundamente italiano — mais político, mais católico, mais contido no absurdo, e sempre emocionalmente ressonante. Em Habemus Papam (2011), por exemplo, apresentou-nos um Papa em crise existencial, humanizando uma figura tradicionalmente inatingível. Mais recentemente, Tre Piani (2021) voltou a colocá-lo em Cannes, desta vez como autor de um drama coral sobre a vida urbana e os laços familiares.

A importância de Moretti no cinema europeu

O cinema de Moretti nunca foi feito para agradar massas — e é precisamente por isso que o seu impacto é tão profundo. Ao longo de décadas, construiu uma obra coerente, poética e combativa, abordando temas como o comunismo, a fé, a perda e a condição humana. Em Itália, a sua figura é quase reverenciada, não apenas como artista, mas como um intelectual activo, que participou do debate público de forma constante.

Além disso, Moretti é o proprietário e programador da mítica sala Nuovo Sacher em Roma, onde exibe cinema de autor e promove novos realizadores. É também um dos fundadores da produtora Sacher Film, que tem sido responsável por apoiar muitos talentos emergentes.

Uma pausa forçada, mas temporária

Embora o ataque cardíaco seja um alerta claro para abrandar o ritmo, os admiradores do realizador esperam que esta pausa forçada sirva apenas para fortalecer o seu regresso. O próprio Moretti já demonstrou interesse em retomar os seus projectos assim que for possível. O seu último filme, Il Sol dell’Avvenire (2023), foi recebido com entusiasmo e reforçou a ideia de que o realizador ainda tem muito para oferecer.

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Para já, o mais importante é que está de volta a casa, em recuperação, e com vontade de continuar a sonhar — e a fazer sonhar — através da sétima arte.


Onde ver os filmes de Nanni Moretti em Portugal:

  • Caro Diário, Habemus Papam e O Quarto do Filho têm passado regularmente na RTP2 e estão disponíveis ocasionalmente na Filmin e na MUBI.
  • Também podem ser encontrados em DVD nas bibliotecas municipais e videotecas especializadas.

“Fogo do Vento”: Primeira Longa-Metragem de Marta Mateus Conquista Prémio em Festival Italiano 🇵🇹🔥🎬

O cinema português continua a dar cartas além-fronteiras. Desta vez foi Fogo do Vento, a estreia na longa-metragem de Marta Mateus, a conquistar aplausos internacionais: o filme venceu esta segunda-feira o prémio de Melhor Primeiro Filme Internacional no Festival de Busto Arsizio, em Itália.

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Num anúncio entusiástico, o júri do certame italiano justificou a distinção com a “linguagem pessoal” da realizadora portuguesa, elogiando a forma como a obra “narra, com originalidade, o crepúsculo do mundo rural e proletário”. A vitória ganha ainda mais relevo por se tratar do único filme português em competição.

Uma viagem sensorial entre passado, presente e futuro

Descrito como uma fábula que atravessa gerações, Fogo do Vento mergulha nas histórias de uma comunidade alentejana, misturando realismo, memória e um forte lirismo visual. A obra aprofunda personagens e temas já sugeridos por Marta Mateus na sua curta-metragem premiada Farpões Baldios (2017), apresentada na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.

O filme explora os ecos do passado — da resistência ao regime salazarista — até às tensões contemporâneas do mundo rural, num gesto de cinema que tanto convoca a tradição como dá espaço à imaginação.

Em nota de intenções, a realizadora partilha a origem sensorial e simbólica do projeto: “Um dia, no Verão de 2017, apareceu-me um touro negro no pensamento. Dias depois, chegou-me a imagem de um incêndio, de terra queimada.” E completa: “Aprendi a dar atenção aos signos, aos sonhos, às visões, a guardar os mais leves prenúncios presentes numa ideia, num sopro de vento.”

Um percurso internacional sólido

Desde a sua estreia mundial no prestigiado Festival de Locarno em 2023, Fogo do Vento tem sido um verdadeiro caso de sucesso nos circuitos de festivais. Foi selecionado para os festivais de Nova Iorque, Londres (BFI), Tóquio, Viennale (Áustria) e Valdivia (Chile), onde foi amplamente elogiado.

Entre os prémios recebidos contam-se o Prémio Especial do Júri no Avant-Garde Film Festival de Atenas, o Prémio FIPRESCI no Festival de Gijón (atribuído pela Federação Internacional de Críticos de Cinema) e o Prémio de Melhor Realização no Festival Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.

A longa-metragem é uma coprodução entre Portugal (Clarão Companhia), Suíça (Casa Azul Films) e França (Les Films d’Ici), revelando o crescente interesse internacional pela nova geração do cinema português.

Do Alentejo para o mundo

Com o Alentejo como cenário e fonte de inspiração, Fogo do Vento é, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre identidade, pertença, resistência e transformação. Não é um filme de narrativa linear ou convencional — mas sim uma tapeçaria sensorial, onde as imagens e os sons respiram ao ritmo da terra e das suas gentes.

Marta Mateus não faz concessões ao estilo “fácil”. O seu cinema é de presença, de escuta e de resistência poética. E por isso está a conquistar o respeito de quem procura no grande ecrã mais do que entretenimento: procura visão, coragem e autenticidade.

Estreia nacional marcada para setembro

Com um percurso notável em festivais internacionais, Fogo do Vento prepara-se agora para chegar ao público português. A estreia comercial está marcada para setembro de 2025, logo após o verão — uma oportunidade para os espectadores nacionais descobrirem uma das obras mais marcantes e pessoais do recente cinema luso.

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Enquanto isso, é tempo de celebrar mais um triunfo da criatividade portuguesa além-fronteiras — e de Marta Mateus, uma cineasta que, com apenas dois filmes, já se afirma como uma voz singular no panorama do cinema europeu contemporâneo.

Fanny Ardant Vai Rodar Novo Filme nos Açores com Gérard Depardieu e Victoria Guerra 🎬🌊

A icónica atriz e realizadora francesa Fanny Ardant prepara-se para filmar nos Açores a sua mais recente longa-metragem, Ela Olhava Sem Nada Ver. O filme, que contará com Gérard Depardieu e Victoria Guerra no elenco, será rodado integralmente na ilha de São Miguel, entre abril e maio.

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Uma História de Poesia e Destino

O enredo do filme gira em torno de duas mulheres à deriva que enfrentam os seus destinos num mundo onde a poesia parece estar a desaparecer. A sinopse oficial levanta questões sobre a sobrevivência da arte e da beleza num cenário cada vez mais cético e pragmático.

Fanny Ardant, que já tem um historial de colaborações com Gérard Depardieu, escolheu Portugal para este projeto, depois de ter filmado no país O Divã de Estaline (2016) e Cadências Obstinadas (2013). A realizadora e atriz tem uma carreira consagrada no cinema europeu, tendo trabalhado com nomes como François Truffaut, Alain Resnais e Michelangelo Antonioni.

Um Elenco de Prestígio

Além de Depardieu e Victoria Guerra, o elenco conta ainda com Ana Padrão, Miguel Borges, Paulo Pires, Ricardo Pereira, Anabela Moreira, Marcello Urgeghe e Miguel Monteiro. O filme será produzido com apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) e da RTP.

Portugal no Radar Internacional

Nos últimos anos, os Açores têm vindo a afirmar-se como um destino cada vez mais procurado para produções internacionais. A beleza natural e a atmosfera única do arquipélago tornam-no num cenário perfeito para histórias cinematográficas com forte carga poética e emocional.

Foi anunciada a data de chegada de “Mufasa: O Rei Leão” ao Disney+.

📅 Com filmagens a decorrer nos próximos meses, ainda não há uma data oficial de estreia para Ela Olhava Sem Nada Ver, mas o filme deverá chegar aos cinemas em 2025.

🎬 Festa do Cinema Italiano 2024: Uma Celebração Imperdível da Sétima Arte Italiana em Portugal 🇮🇹

A 18.ª edição da Festa do Cinema Italiano está a chegar e promete uma semana recheada de grandes filmes, eventos culturais e, claro, muito espírito italiano. De 9 a 17 de abril, Lisboa transforma-se na capital do cinema transalpino, com sessões espalhadas por várias salas da cidade. Mas a festa não se fica por aqui: o evento chega também a mais de 20 cidades em Portugal, garantindo que ninguém fica de fora desta celebração cinematográfica.

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O filme de abertura será A Grande Ambição, de Andrea Segre, que retrata a vida de Enrico Berlinguer, o histórico líder do Partido Comunista Italiano, interpretado por Elio Germano, vencedor do prémio de melhor ator no Festival de Roma. A obra chegará aos cinemas portugueses em breve, através da Risi Film.

Antonio Pietrangeli: O Grande Desconhecido 🎥

Uma das grandes apostas desta edição será o ciclo “Antonio Pietrangeli, esse desconhecido”, uma retrospetiva integral do cineasta que ainda hoje permanece marginal no panorama do cinema italiano, apesar do seu enorme talento.

Pietrangeli (1919-1968) navegou entre o neorrealismo e a ‘commedia all’italiana’, oferecendo um olhar único sobre a condição humana, especialmente o papel das mulheres na sociedade italiana.

Se és fã de cinema clássico e queres descobrir um realizador que merece muito mais reconhecimento, este ciclo é imperdível.

🎭 Muito Mais do que Cinema: Música, Poesia e Gastronomia 🍕🎶

A Festa do Cinema Italiano não é só cinema! Antes mesmo do arranque oficial, há uma série de eventos para aquecer os motores:

🍕 Quizza no Māteria Pizza & Amore – Uma noite de quiz e pizza para testar os teus conhecimentos sobre cinema e Itália.

🎞️ Sessão do filme “Quanto Basta” – Integrado num ciclo de cinema gastronómico.

📖 Poesiaperta – Um evento dedicado à poeta Mariangela Gualtieri, no Liquid Love.

🎤 Lasciatemi Cantare! – Uma noite de karaoke italiano e DJ set, na Casa do Comum.

Além disso, no dia 22 de março, os Jardins da Bombarda acolhem nove horas de festa italiana, com um mercado de produtos típicos, gastronomia para explorar e uma programação recheada de música e cultura.

🎬 Antes do Festival: “Confidência” nos cinemas

Antes do arranque oficial da Festa do Cinema Italiano, estreia a 13 de março o filme Confidência, de Daniele Luchetti, que foi o grande destaque do encerramento da edição passada do festival.

O realizador de Laços, A Nossa Vida e O Meu Irmão é Filho Único adapta aqui um romance best-seller de Domenico Starnone, um dos mais importantes escritores italianos da atualidade. Segundo a crítica, esta é a obra mais madura e complexa do cineasta.

🎟️ Onde Ver a Festa do Cinema Italiano?

📍 Lisboa: Cinema São Jorge, El Corte Inglés, Cine-Teatro Turim, Cinema Fernando Lopes e Cinemateca Portuguesa

📍 Outras cidades: Mais de 20 localidades espalhadas pelo país (programação a divulgar brevemente).

A Festa do Cinema Italiano é organizada pela Associação Il Sorpasso, contando este ano com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, Embaixada de Itália, Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) e Cinecittà. Pela primeira vez, o evento tem o BNP Paribas como patrocinador principal.

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🎞️ Pronto para uma viagem pelo melhor do cinema italiano?

De clássicos imperdíveis a filmes contemporâneos, a Festa do Cinema Italiano é uma oportunidade única para mergulhar no melhor da cinematografia transalpina. Já viste algum dos filmes em destaque? Qual é o que mais te entusiasma nesta edição? Partilha a tua opinião nos comentários! 🍿👇

A Messias: O Novo Filme de Bruno Dumont Promete Desafiar Expectativas 🎥✨

O realizador Bruno Dumont regressa com A Messias, um filme que promete desafiar convenções e provocar debates. Esta nova obra do cineasta francês, conhecido pelo seu estilo provocador e singular, chega aos cinemas portugueses a 21 de março, depois de ter passado pelo Festival de Cannes, onde integrou a seleção oficial.

Uma História Fora do Comum 📖

A Messias apresenta uma narrativa que mistura sátira e elementos religiosos num tom que oscila entre o humor e o drama. O filme segue uma jovem mulher, chamada Jeanne, cuja vida ganha uma reviravolta inesperada ao ser considerada uma espécie de messias moderna. No entanto, longe de ser uma figura de devoção intocável, Jeanne encontra-se no centro de um mundo repleto de interesses, manipulação e conflitos.

Com este enredo provocador, Bruno Dumont volta a explorar temas como fé, poder e identidade, tal como fez em filmes anteriores, como Joana, a Donzela (2017) e A Vida de Jesus (1997).

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Elenco e Direção 🎭

O elenco inclui nomes que se destacam no cinema europeu, trazendo ao filme um equilíbrio entre atores experientes e novos talentos. A direção de Dumont mantém a sua assinatura visual e narrativa, utilizando imagens impactantes e uma abordagem que mistura realismo e surrealismo.

Dumont é conhecido por não seguir fórmulas convencionais e, em A Messias, não será diferente. O filme promete questionar as noções de crença e verdade, desafiando o espectador a refletir sobre o papel das figuras messiânicas na sociedade contemporânea.

Uma Obra que Gera Debate 🎬🧐

Desde a sua estreia em Cannes, A Messias tem gerado reações polarizadas, o que não é uma surpresa para um filme de Bruno Dumont. Se há algo que se pode esperar deste realizador, é a capacidade de dividir opiniões e fazer com que o público saia da sala de cinema a pensar.

“Ainda Estou Aqui”: Produtor Espera Que o Filme Ajude os Americanos Num Momento Difícil 🎥

A estreia nos cinemas portugueses está marcada para 21 de março e será uma oportunidade imperdível para os apreciadores de cinema de autor e para quem gosta de narrativas que desafiam o convencional.


Festival de Cinema de Berlim abre com tom político e resistência contra a extrema-direita

Tilda Swinton recebe Urso de Ouro e faz discurso crítico na Berlinale

A 75.ª edição do Festival de Cinema de Berlim arrancou com um forte tom político, refletindo o clima de tensão que se vive na Alemanha, a poucos dias das eleições legislativas. A atriz escocesa Tilda Swinton, homenageada com o Urso de Ouro honorário pela sua carreira, fez um discurso contundente sobre o estado atual do mundo, denunciando a violência, os extremismos e as injustiças sociais.

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“O desumano está a ser perpetuado perante os nossos próprios olhos”, declarou Swinton, de 64 anos, sublinhando a sua preocupação com os assassinatos em massa organizados por Estados e permitidos em escala internacional.

A Berlinale, conhecida pelo seu caráter progressista e politicamente engajado, tornou-se um palco de resistência, num momento em que a extrema-direita cresce na Alemanha. A noite de abertura incluiu também um gesto de solidariedade, com vários atores alemães e Tricia Tuttle, diretora do festival, a segurarem uma fotografia do ator israelita David Cunio, atualmente refém do Hamas.

A presença de Cunio no festival prende-se com o filme “A Letter to David”, do realizador Tom Shoval, que será apresentado nos próximos dias.

Eleições na Alemanha e a ascensão da extrema-direita

O contexto político da Berlinale este ano não passa despercebido. A Alemanha está prestes a realizar eleições parlamentares a 23 de fevereiro, e as sondagens indicam que o partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha) poderá conquistar o segundo lugar, atrás apenas dos conservadores.

Na conferência de imprensa do júri, Tricia Tuttle reforçou a importância do festival como um espaço de resistência ao autoritarismo, enquanto o realizador Todd Haynes, presidente do júri, mencionou a crise política global e os desafios que os EUA enfrentam atualmente.

O festival também prestou homenagem às vítimas de um atropelamento em massa em Munique, ocorrido na quinta-feira, protagonizado por um requerente de asilo afegão que feriu 30 pessoas.

A competição e os filmes em destaque

A edição deste ano da Berlinale apresenta 19 filmes na competição oficial, com um júri presidido por Todd Haynes, conhecido por filmes como Carol e Velvet Goldmine.

Entre os destaques estão:

• “Dreams”, do realizador mexicano Michel Franco, protagonizado por Jessica Chastain e Isaac Hernandez, sobre uma bailarina mexicana que tenta vencer nos EUA.

• “O Último Azul”, do brasileiro Gabriel Mascaro.

• “El Mensaje”, do argentino Iván Fund.

• Filmes de cineastas consagrados como Richard Linklater e Hong Sang-soo também integram a competição.

O festival procura este ano atrair mais estrelas para a passadeira vermelha, com nomes como Timothée Chalamet, Jessica Chastain, Marion Cotillard, Ethan Hawke e Robert Pattinson a marcarem presença.

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Pattinson protagoniza “Mickey 17”, novo filme de Bong Joon-ho, que está fora de competição e marca o regresso do realizador sul-coreano desde o sucesso de “Parasitas”. O filme, uma comédia de ficção científica, satiriza um multimilionário que faz lembrar Elon Musk, líder da Tesla e SpaceX, próximo de Donald Trump e simpatizante do AfD alemão.

Festival de Cinema de Berlim 2025: Política e Cinema em Equilíbrio Delicado

🎬 Berlinale arranca sob tensão política, mas quer manter o foco nos filmes

Festival de Cinema de Berlim começa esta quinta-feira, 15 de fevereiro, e enfrenta um desafio que tem dominado a indústria artística ocidental: como impedir que a política tome conta do debate cinematográfico?

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O evento, conhecido pela sua inclinação para temas sociais e políticos, viu a sua edição de 2024 ser ofuscada por polémicas relacionadas com os ataques de Israel a Gaza, algo que gerou fortes reações entre cineastas e políticos alemães.

Além disso, a Berlinale deste ano coincide com um momento crítico para a Alemanha, onde as eleições nacionais, marcadas para 23 de fevereiro, poderão trazer ganhos históricos para o partido de extrema-direita AfD, de acordo com sondagens.

A nova diretora do festival, Tricia Tuttle, garantiu que a Berlinale não vai evitar temas controversos, mas espera que as discussões não eclipsam o verdadeiro protagonista do evento: o cinema.

🗣️ “A agenda noticiosa pode dominar todos os festivais, mas esperamos que os filmes consigam ser o foco principal do debate.” – Tricia Tuttle

Abertura com um filme de tom político

O festival arrancará com “Das Licht” (“A Luz”) do realizador Tom Tykwer, um filme que aborda a imigração na Alemanha – um dos temas políticos mais sensíveis no país.

A história segue uma família alemã de classe média cuja vida é transformada pela chegada de uma misteriosa governanta síria. A escolha deste filme para a noite de abertura não é inocente, já que a crise migratória de 2015-2016 foi um dos fatores que impulsionaram o crescimento da extrema-direita alemã.

Em 2023, os organizadores do festival barraram cinco políticos da AfD que tinham sido previamente convidados, afirmando que “não eram bem-vindos”.

🎙️ “Seria bom se os principais debates fossem sobre os filmes, mas esse não é o mundo em que vivemos hoje.” – Scott Roxborough, The Hollywood Reporter

Os grandes destaques da Berlinale 2025

A Berlinale continua a ser um espaço de descoberta para cineastas independentes, mas contará também com grandes estrelas e produções de prestígio.

🔥 Na competição oficial:

• “Blue Moon” – O novo filme de Richard Linklater, protagonizado por Ethan Hawke

• Filmes de realizadores emergentes da América Latina, Europa e Ásia

🎥 Exibições especiais:

• “Mickey 17” – O novo filme de Bong Joon-ho (Parasitas), com Robert Pattinson

• Homenagem a Tilda Swinton pela sua carreira

• Jessica Chastain, Marion Cotillard e Timothée Chalamet entre os convidados

🎭 Júri do festival: Liderado pelo realizador Todd Haynes (CarolMay December).

Polémica do ano passado ainda assombra a Berlinale

A edição de 2024 ficou marcada por discursos políticos inflamados durante a entrega de prémios. O cineasta Ben Russell, usando um lenço palestiniano, acusou Israel de cometer “genocídio”, enquanto o cineasta palestiniano Basel Adraafirmou que a população de Gaza estava a ser “massacrada”.

A resposta do governo alemão foi imediata, classificando os comentários como “inaceitáveis”.

A nova diretora, Tricia Tuttle, reconhece que este ambiente politizado levou alguns cineastas a ponderar a sua participação no evento.

🎙️ “Houve realizadores que decidiram não regressar até verem como gerimos esta questão.” – Tricia Tuttle

Temas sensíveis no festival de 2025

Entre as exibições confirmadas, dois títulos chamam a atenção:

🎞️ Documentário sobre um ator israelita feito refém pelo Hamas

🎞️ “Shoah” (1985), o monumental épico de Claude Lanzmann sobre o Holocausto (+9 horas de duração!)

A inclusão destes filmes demonstra que a Berlinale continua a abraçar debates políticos, quer queira, quer não.

🎙️ “Berlim sempre foi um local de grande debate político.” – Scott Roxborough

Conclusão: Cinema ou política?

Berlinale 2025 promete ser mais uma edição marcada pela tensão entre arte e política. Embora a organização tente manter o foco nos filmes, o contexto internacional e as eleições alemãs tornam isso um desafio.

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Será possível assistir ao festival sem que a política domine o debate?

📅 O Festival de Cinema de Berlim decorre de 15 a 25 de fevereiro de 2025.

🎬 Rooney e Kate Mara Juntas no Novo Filme de Werner Herzog! 🎥✨

A lendária carreira de Werner Herzog vai ganhar um novo capítulo com um projeto inédito e surpreendente! O realizador alemão escolheu as irmãs Rooney e Kate Mara para protagonizarem o seu próximo filme, “Bucking Fastard”, um drama baseado numa história verídica.

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🔹 Será a primeira vez que as atrizes trabalham juntas num filme.

🎭 O Que Sabemos Sobre “Bucking Fastard”?

📌 O filme será realizado e escrito por Werner Herzog, conhecido pelos seus retratos de personagens à margem da sociedade e pelo seu estilo documental único.

📌 A história é baseada na vida real de duas irmãs gémeas inseparáveis, Joan e Jean, que vivem à margem da sociedade.

📌 A produção arranca na primavera de 2025, com filmagens na Irlanda e na Eslovénia.

📌 Produção a cargo de:

✅ Ariel Leon Isacovitch

✅ Agnes Chu

✅ Andrea Bucko

✅ Emanuele Moretti (Cobalt Sky Motion Picture Group)

✅ Clara Wu Tsai

🏆 O Regresso de Rooney Mara e Kate Mara ao Cinema

🔹 Rooney Mara, nomeada duas vezes ao Óscar, foi recentemente vista no drama Women Talking, de Sarah Polley, um dos filmes mais aclamados de 2022.

🔹 Kate Mara, por sua vez, brilhou na minissérie da FX Class of ’09 e regressará ao grande ecrã com o thriller sci-fi The Astronaut.

👀 Ambas as irmãs são conhecidas por escolher papéis desafiantes e por trabalharem com realizadores visionários. A união entre elas e Werner Herzog promete uma das colaborações mais intrigantes dos últimos tempos!

🎥 Por Que Este Projeto Gera Tanta Expectativa?

🔹 Werner Herzog é um dos realizadores mais respeitados da história do cinema, com filmes icónicos como Aguirre, a Cólera dos Deuses (1972) e Fitzcarraldo (1982).

🔹 O cineasta tem uma fascinação por histórias de personagens marginalizados, e a escolha das irmãs Mara para interpretar duas mulheres que vivem fora da sociedade encaixa perfeitamente no seu estilo.

🔹 Será também um marco na carreira das atrizes, que nunca haviam trabalhado juntas no mesmo filme.

📢 “Bucking Fastard” tem tudo para ser um dos filmes mais esperados do próximo ano!

📅 Quando Estreia?

❌ Ainda não há uma data oficial de lançamento, mas com a produção a arrancar na primavera, o filme poderá estrear em 2026, possivelmente com passagem por festivais como Cannes ou Veneza.

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📺 Enquanto esperamos, que outro projeto de Werner Herzog ou das irmãs Mara recomendarias? Deixa a tua opinião nos comentários! 👇🎬

Prémios Europeus de Cinema: O Reconhecimento do Talento Português na Europa

Os Prémios Europeus de Cinema, uma das mais prestigiadas celebrações do cinema no continente, serão entregues hoje numa cerimónia que promete brilhar com talento e criatividade. Entre os destaques deste ano estão as nomeações de filmes portugueses, reafirmando a relevância do cinema nacional no panorama europeu.

Produções como “Mal Viver”, de João Canijo, e “Légua”, de Filipa Reis e João Miller Guerra, conquistaram lugar entre os indicados, competindo lado a lado com obras de grande impacto internacional. Estas nomeações refletem a força do cinema português em abordar narrativas universais com um toque único, explorando temas como relações familiares, identidade e dinâmicas sociais.

Cinema Português em Crescente Destaque Internacional

Nos últimos anos, o cinema nacional tem-se afirmado em festivais e premiações de prestígio, graças à sua abordagem estética cuidada e ao investimento em histórias intimistas. Obras como “A Metamorfose dos Pássaros”, de Catarina Vasconcelos, abriram caminho para que uma nova geração de cineastas explorasse o potencial de temas locais com um apelo global.

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Os Prémios Europeus de Cinema são, assim, uma plataforma fundamental para ampliar o alcance destas produções, atraindo a atenção de críticos, distribuidores e público além-fronteiras.

Uma Celebração do Melhor da Europa

A cerimónia deste ano conta com nomeações que vão desde grandes produções até obras independentes, representando a diversidade criativa do cinema europeu. Os vencedores serão conhecidos hoje, mas a simples presença de filmes portugueses já é motivo de celebração, demonstrando que o talento nacional está a alcançar novos patamares de reconhecimento.

Ad Vitam: Um Thriller Policial Francês que Chega à Netflix em Janeiro

A Netflix continua a expandir o seu catálogo de produções europeias com Ad Vitam, um thriller policial francês que promete capturar o público com a sua narrativa intensa e visualmente cativante. O filme, com estreia marcada para 10 de Janeiro, conta com Guillaume Canet no papel principal e explora temas como vingança, mistério e redenção.

Um Enredo Repleto de Tensão

Na história, o protagonista vê-se numa situação desesperada quando a sua esposa é raptada. A busca por respostas leva-o a descobrir um escândalo explosivo com ligações inesperadas ao seu passado. À medida que as peças do quebra-cabeças se juntam, a linha entre justiça e vingança começa a desfazer-se, mergulhando o personagem num conflito moral.

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Com Stéphane Caillard e Nassim Lyes a completarem o elenco, o filme promete ser uma experiência cinematográfica envolvente. A realização foca-se em criar um ambiente de suspense constante, com cenas que exploram tanto a ação como os dilemas emocionais das personagens.

Expectativas para a Produção

A Netflix tem apostado fortemente em produções europeias, e Ad Vitam é um exemplo do esforço contínuo para diversificar o seu catálogo. Este thriller não só destaca o talento do cinema francês, como também reforça a capacidade do serviço de streaming de competir com grandes produções internacionais.

Com uma estreia em pleno início do ano, Ad Vitam já está a gerar interesse entre os fãs de thrillers e promete ser uma das produções mais vistas no mês de Janeiro.