Ainda há poucos dias falámos deste documentário que está a agitar as notícias destes dias. Finalmente temos algo de concreto para o público português.
Durante anos, Melania Trump foi uma das figuras mais enigmáticas da política americana. Discreta, controlada, muitas vezes reduzida a imagens protocolares e a frases cuidadosamente escolhidas, a antiga Primeira-Dama sempre pareceu manter o mundo à distância. Melania, o novo documentário dos Amazon MGM Studios, promete precisamente o contrário: abrir as portas de um período decisivo e mostrar, sem filtros, os 20 dias que antecederam a Tomada de Posse Presidencial de 2025.
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Com estreia mundial nos cinemas a 30 de Janeiro, o filme acompanha o regresso de Melania Trump à Casa Branca, num momento de enorme tensão política, mediática e pessoal. Não se trata de um retrato histórico convencional, nem de um panfleto político. O documentário aposta antes num registo intimista, observacional, centrado na logística, nas decisões e no peso simbólico de reassumir um dos papéis mais escrutinados do planeta.
O grande trunfo de Melania está no acesso sem precedentes concedido à câmara. Reuniões decisivas, conversas privadas e bastidores nunca antes filmados compõem um retrato raro da transição presidencial vista através dos olhos da própria Primeira-Dama. O espectador acompanha a coordenação da tomada de posse, a complexa mudança da família de volta para Washington e o equilíbrio delicado entre vida familiar, compromissos institucionais e estratégias de comunicação.
Nas suas próprias palavras, Melania Trump sublinha a natureza excepcional do projecto, assumindo que este período representa “um capítulo decisivo” da sua vida. O filme procura captar exactamente isso: não apenas a figura pública, mas a mulher que gere pressões contraditórias, expectativas globais e uma imagem construída ao longo de décadas sob o olhar permanente dos media.
Com 104 minutos de duração, Melania evita o tom sensacionalista e aposta numa narrativa contida, quase silenciosa em certos momentos, que reflecte a própria personalidade da protagonista. Há uma clara intenção de controlo da narrativa, mas também uma vontade de mostrar o peso real do cargo e a dimensão humana por detrás da coreografia política.
Para o Clube de Cinema, este documentário interessa menos pelo debate ideológico e mais pelo seu valor enquanto objecto cinematográfico e documento de época. É um raro exemplo de cinema político centrado não no líder, mas na figura que gravita à sua volta, muitas vezes subestimada, mas crucial na construção simbólica do poder.
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Independentemente da posição que cada espectador tenha em relação à família Trump, Melania surge como um retrato revelador de como o poder se organiza, se encena e se vive nos bastidores. Um filme que, sem levantar a voz, diz mais do que muitos discursos.



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