O Projeto Blair Witch regressa para assombrar uma nova geração, com a mesma força perturbadora que o tornou um fenómeno global.
Há filmes que assustam. Há filmes que perturbam. E depois há O Projeto Blair Witch, a pequena produção independente que, em 1999, virou o cinema de cabeça para baixo e redefiniu por completo o terror moderno. Com menos de 470 mil euros de orçamento, o filme arrecadou cerca de 230 milhões em todo o mundo — um feito tão improvável quanto a própria premissa que o tornou lendário. Agora, este marco do género já pode ser visto na Netflix, onde promete reencontrar velhos fãs e aterrorizar quem ainda não se aventurou na floresta de Maryland.
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A história, para muitos, tornou-se quase um mito contemporâneo: três estudantes de cinema partem para investigar a lenda da Bruxa de Blair e desaparecem sem deixar rasto. O que o público vê é apresentado como a filmagem recuperada dos seus últimos dias. Este conceito simples — mas incrivelmente eficaz — foi elevado por decisões artísticas que, mesmo passadas mais de duas décadas, continuam a surpreender: improvisação dos actores, câmaras baratas, estética crua e um realismo desconcertante. Nada parecia encenado… e muita gente acreditou que não era.
Mas o verdadeiro golpe de génio esteve no marketing. Em tempos em que a Internet ainda engatinhava, os produtores criaram um site que apresentava o desaparecimento dos protagonistas como um caso real, com fichas dos alegados estudantes, supostas provas retiradas do local e recortes de notícias inventadas. Os actores foram instruídos a desaparecer da vida pública — literalmente — alimentando a dúvida global. Resultado? Uma avalanche de especulação online e um fenómeno de passa a palavra que transformou um filme minúsculo num gigante absoluto.
Foi tão convincente que até enganou a mãe da actriz Heather Donahue, que recebeu cartas de pêsames de pessoas que acreditavam que a filha estava morta ou desaparecida. Neste ponto, já não era apenas cinema: era uma experiência colectiva de histeria mediática como nunca se tinha visto.
Não é exagero dizer que O Projeto Blair Witch abriu caminho para toda uma nova era do terror. O subgénero found footage, popularizado por esta obra, tornou-se um pilar do cinema dos anos seguintes e influenciou directamente sucessos como Atividade Paranormal. Jason Blum, fundador da Blumhouse, não hesitou em admitir: “Não teria existido um Atividade Paranormal se não existisse primeiro um Blair Witch.” E, em 2024, revelou que está em preparação uma nova sequela — prova de que o mito continua vivo.
A crítica mantém-se do lado do filme. No Rotten Tomatoes, ostenta uma sólida pontuação de 86% entre os críticos, consolidando o seu estatuto de clássico moderno. Agora, com a chegada à Netflix, prepara-se para conquistar — ou traumatizar — mais uma geração de espectadores.
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Se ainda não viu: boa sorte. Se vai rever: prepare-se, porque a floresta continua escura como sempre.



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