Channing Tatum Reinventa-se em Roofman: Da Síndrome do Impostor à Nova Vida como Ator

Estreia mundial em Toronto com Kirsten Dunst

Channing Tatum regressou em grande ao Festival Internacional de Cinema de Toronto, apresentando Roofman, a comédia romântica inspirada na história verídica de Jeffrey Manchester, um ex-militar que assaltou dezenas de restaurantes McDonald’s nos anos 90, entrando sempre pelos telhados.

Ao lado de Kirsten Dunst, que interpreta a funcionária de uma loja de brinquedos com quem Manchester se envolve, Tatum confessou que este filme o fez superar um dos maiores bloqueios da sua carreira: a síndrome do impostor.

“Já conseguia trabalhos como ator antes mesmo de saber o que estava a fazer. Pela primeira vez, talvez até neste filme, sinto que realmente conquistei o meu lugar à mesa”, disse o ator de 45 anos.

O homem por trás da lenda

Conhecido pela alcunha de Roofman, Manchester regressou à vida civil após servir no Exército dos EUA, mas acabou mergulhado em dificuldades financeiras. Nos assaltos, era notado pela forma quase cortês como tratava os funcionários: chegava a garantir que tinham casacos antes de os trancar nas câmaras frigoríficas.

Preso e condenado a várias décadas, fugiu em 2004 e passou meses escondido numa loja Toys “R” Us, em Charlotte, Carolina do Norte, onde sobreviveu a bolachas e M&Ms, lavava-se nas casas de banho e saía apenas de noite. Foi durante esse período que conheceu a funcionária que inspirou o romance retratado no filme.

O tom do filme: comédia romântica com um toque agridoce

O realizador Derek Cianfrance (Blue ValentineThe Place Beyond the Pines) optou por dar à história um tom mais leve, quase jovial, em vez de focar apenas nos crimes. “A sociedade já o julgou com severidade, e ele está a cumprir 45 anos de prisão. No nosso filme, quisemos olhar para ele com um pouco mais de graciosidade”, explicou.

Entre a vida e o papel

Para se preparar, Tatum falou diversas vezes com Manchester por telefone a partir da prisão. Apesar dos erros do homem que interpreta, mostrou empatia: “Olhem, eu era stripper. Às vezes, a ladeira escorregadia fica cada vez mais escorregadia, e depois damos por nós lá em baixo sem saber como voltar a levantar.”

A experiência pessoal de Tatum acabou por ser chave para dar humanidade ao personagem. “Consegui ver nele um homem que tomou decisões terríveis, mas sempre com o objetivo de sustentar os seus três filhos”, disse o ator.

Estreia marcada

Com estreia mundial em Toronto e chegada aos cinemas prevista para 16 de outubroRoofman apresenta-se como uma mistura ousada de romance, humor e drama humano, e pode muito bem redefinir a carreira de Channing Tatum, marcando o início de uma fase mais madura e consciente na sua filmografia.

Hamnet: Chloé Zhao Regressa em Força com Shakespeare e Paul Mescal

Um drama íntimo que já sonha com os Óscares

Depois do êxito arrebatador de Nomadland, que lhe valeu três estatuetas douradas, incluindo o Óscar de Melhor Realização, Chloé Zhao regressa ao cinema de autor com Hamnet. O filme, exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto, surge já como um dos favoritos para a temporada de prémios e promete emocionar plateias em todo o mundo.

Inspirado no romance homónimo de Maggie O’Farrell, o filme imagina a vida íntima de William Shakespeare(interpretado por Paul Mescal) e da sua esposa Agnes (papel de Jessie Buckley), centrando-se na tragédia da perda do filho, Hamnet — cujo nome, segundo estudiosos, seria praticamente indistinguível de Hamlet na Inglaterra isabelina.

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Shakespeare, amor e luto

A narrativa especula que Agnes terá encorajado William a seguir sozinho para Londres, acreditando na força do seu amor. Mas numa época assolada pela peste e pela mortalidade infantil, a dor da separação e da perda acaba por transformar o casamento numa ferida aberta.

Chloé Zhao assume aqui uma abordagem mais cronológica do que no livro, colocando em primeiro plano o luto e a dor que terão marcado o dramaturgo e inspirado a sua obra-prima. A intensidade das cenas levou muitos em Toronto às lágrimas, num retrato cru e poético do amor e da tragédia.

O percurso de Zhao: entre horizontes e intimismo

A realizadora recordou em Toronto a sua própria jornada — desde os tempos em que era uma “aluna de intercâmbio esquisita” num colégio britânico, sem saber falar inglês, até ao reconhecimento máximo em Hollywood.

Depois de The Rider (2017) e do fenómeno Nomadland (2020), Zhao teve uma incursão atribulada nos super-heróis da Marvel com Eternals, mas em Hamnet reencontra o território que a consagrou: um cinema mais íntimo, poético e profundamente humano.

“Passei os meus trintas a fazer filmes sobre horizontes e pores do sol”, confessou a realizadora. “Agora, nos meus quarentas, percebo que estava a fugir de mim mesma — tal como o Will em Hamnet.”

Paul Mescal e Jessie Buckley em destaque

O filme volta a reunir dois dos atores mais talentosos da sua geração. Mescal, nomeado ao Óscar por Aftersun, e Buckley, também já distinguida pela Academia, dão corpo a um casal dilacerado pela distância e pela perda, em interpretações que a crítica descreve como intensas e devastadoras.

Há ainda espaço para o jovem Noah Jupe, que interpreta um ator no mítico Globe Theatre. Mesmo com o papel em reescrita durante a rodagem, Zhao exigiu que decorasse cada linha da peça, para estar sempre preparado — uma prova da exigência e perfeccionismo da realizadora.

De Toronto para os Óscares

Sem data de estreia em Portugal, Hamnet já é visto como um dos grandes concorrentes da próxima temporada de prémios. Mais do que preencher lacunas históricas, Zhao oferece uma visão pessoal de Shakespeare: menos génio distante, mais homem vulnerável.

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Se Nomadland foi o filme que a colocou no mapa dos Óscares, Hamnet pode muito bem consolidar Chloé Zhao como uma das vozes mais importantes e ousadas do cinema contemporâneo.

Queer de Luca Guadagnino Estreia em Exclusivo no TVCine

Daniel Craig em papel visceral sobre desejo e autodescoberta

O aclamado realizador italiano Luca Guadagnino, autor de Chama-me Pelo Teu Nome, traz à televisão portuguesa o seu mais recente trabalho, Queer. A adaptação do romance homónimo de William S. Burroughs estreia este domingo, 14 de setembro, às 21h25, no TVCine Top e também no TVCine+.

Passado na Cidade do México dos anos 1950, o filme acompanha William Lee (interpretado por um poderoso Daniel Craig), um expatriado americano de meia-idade que vive à deriva até se apaixonar por Eugene (Drew Starkey), um jovem estudante misterioso. Entre ambos nasce uma paixão obsessiva que, em viagem pela América do Sul, mergulha em territórios de desejo, dependência e experiências alucinatórias com a planta yagé.

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Entre a Beat Generation e o drama íntimo

Guadagnino constrói aqui um filme que é tanto uma história de amor e vício como uma homenagem à Beat Generation. Craig, em registo profundamente frágil e contraditório, oferece uma das interpretações mais marcantes da sua carreira — que lhe valeu uma nomeação para o Globo de Ouro de Melhor Ator em Filme Dramático.

A crítica internacional destacou a força estética da obra, com uma fotografia imersiva e uma banda sonora envolvente, capazes de traduzir a atmosfera febril de Burroughs para o grande ecrã.

Reconhecimento internacional

Apresentado em competição no Festival de Veneza de 2024Queer foi ainda eleito um dos Dez Melhores Filmes do Ano pelo National Board of Review, reforçando a sua posição como um dos títulos mais importantes da temporada.

Onde ver

A estreia em televisão portuguesa acontece este domingo, 14 de setembro, às 21h25, em exclusivo no TVCine Top e em sessão disponível no TVCine+. Uma oportunidade rara para ver Daniel Craig num registo inesperado, num filme de Luca Guadagnino que promete tanto provocar como emocionar.

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Jared Leto Lidera o Choque de Mundos em Tron: Ares

Novo trailer revela a missão impossível entre o digital e o real

A Disney acaba de lançar o novo trailer de Tron: Ares, o aguardado terceiro capítulo da saga de ficção científica que começou em 1982 e que regressa agora com Jared Leto no papel principal. A estreia está marcada para 9 de outubro nos cinemas.

Segundo a sinopse oficial, Leto interpreta Ares, “um programa altamente sofisticado que é enviado do mundo digital para o mundo real numa missão perigosa, marcando o primeiro encontro da humanidade com seres de Inteligência Artificial”.

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O regresso de Jeff Bridges e um elenco de luxo

A nova produção dá continuidade direta às histórias contadas em Tron (1982) e Tron: O Legado (2010). Jeff Bridges, figura central da saga, volta a marcar presença, agora acompanhado por um elenco renovado que inclui Greta LeeEvan PetersHasan MinhajJodie Turner-SmithArturo CastroCameron Monaghan e Gillian Anderson.

Música: a estreia dos Nine Inch Nails no cinema

Outro dos grandes trunfos é a banda sonora, entregue aos Nine Inch Nails, que se estreiam neste formato. O primeiro single, As Alive As You Need Me To Be, foi lançado em simultâneo com o trailer e marca o primeiro tema original da banda em cinco anos. O álbum completo chega a 19 de setembro pela Interscope Records.

Vale lembrar que Trent Reznor e Atticus Ross, membros do grupo, já venceram dois Óscares — por A Rede Social(2010) e Soul: Uma Aventura com Alma (2020).

A visão de Joachim Rønning

A realização está a cargo de Joachim Rønning, nome associado a grandes produções como Maléfica: Mestre do Mal(2019), Kon-Tiki: A Viagem Impossível (2012) e Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias (2017, coassinado com Espen Sandberg).

O legado de Tron

Lançado em 1982, o primeiro Tron transportava os espectadores para o interior de um computador com efeitos visuais que pareciam impossíveis para a época. Embora não tenha sido um êxito de bilheteira imediato, tornou-se um filme de culto, inspirando nomes como John Lasseter, futuro mentor da Pixar.

Quase três décadas depois, Tron: O Legado (2010) trouxe de volta Jeff Bridges — rejuvenescido digitalmente — e uma banda sonora marcante dos Daft Punk. O filme voltou a ser inovador e conquistou resultados sólidos, reforçando o estatuto da saga como uma das mais visionárias da ficção científica.

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O que esperar de Tron: Ares

Com Leto no centro da ação, Bridges de regresso, um elenco de peso e a energia eletrónica dos Nine Inch Nails, Tron: Ares promete explorar como nunca o choque entre realidades digitais e humanas. Mais de uma década após O Legado, a saga prepara-se para provar que continua na linha da frente da inovação visual e sonora do cinema.

Julia Roberts Brilha aos 57 Anos na Capa da Nova Revista de Edward Enninful

Depois de deixar a direcção da edição britânica da Vogue, Edward Enninful não perdeu tempo a marcar novamente o mundo da moda com a sua visão arrojada. A sua nova aventura editorial, a 72 Magazine, chega oficialmente esta sexta-feira, 12 de setembro, e promete ser o novo farol na interseção entre moda, beleza, cultura e luxo. E quem melhor para abrir esta nova era do que a eterna estrela de Hollywood, Julia Roberts?

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Uma nova visão editorial

72 Magazine é o primeiro grande projeto da EE72, a empresa de media e entretenimento fundada por Edward Enninful e a sua irmã, Akua Enninful. A nova revista, que será publicada trimestralmente tanto em papel como em formato digital, nasce com a ambição de refletir e acompanhar as profundas transformações culturais do mundo contemporâneo.

“Este lançamento com uma publicação dedicada é um exemplo brilhante da nossa visão de defender a integridade criativa e a colaboração”, explicaram Edward e Akua numa declaração conjunta citada pelo Business of Fashion. A missão da 72 Magazine é clara: prestar homenagem a ícones estabelecidos, enquanto dá palco a vozes emergentes.

Uma equipa de luxo nos bastidores

O projecto conta com nomes bem conhecidos do universo editorial: Sarah Harris, antiga editora da Vogue britânica, assume o cargo de diretora editorial, enquanto Simone Oliver, com passagens pelo New York Times e pela Allure, reforça a equipa. Na direcção criativa estão Lee Swillingham e Stuart Spalding, dupla que passou pela Harper’s Bazaar Italia e fundou a agência londrina Suburbia.

Com uma equipa deste calibre, a expectativa estava alta — e Edward Enninful não desiludiu.

Julia Roberts em grande estilo

A escolha de Julia Roberts para a capa inaugural não foi um acaso. “Escolher a Julia foi uma decisão estratégica que sinaliza exatamente o que estamos a construir — uma empresa de media que homenageia ícones estabelecidos e, em simultâneo, dá palco a novas vozes”, afirmou Enninful.

Fotografada por Craig McDean em Londres, com styling da reputada Elizabeth Stewart, Julia surge deslumbrante com peças desenhadas por Phoebe Philo e joias exuberantes da Tiffany & Co. O look é clássico e contemporâneo, tal como a própria atriz, que aos 57 anos continua a esbanjar elegância, carisma e presença.

Uma entrevista especial conduzida por George Clooney

No interior da revista, a entrevista principal é conduzida por ninguém menos do que George Clooney, cúmplice de longa data de Julia em inúmeros filmes. O elenco de colaboradores e convidados da revista inclui ainda nomes como Jonathan Anderson, Stella McCartney, Marc Jacobs, Gwyneth Paltrow, Oprah Winfrey e a artista Amy Sherald — um alinhamento que promete diversidade, sofisticação e relevância cultural.

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Apesar de ainda pouco se saber sobre o editorial completo com Julia Roberts, as imagens que já circulam confirmam: a atriz está num dos seus melhores momentos. Com uma beleza natural que resiste ao tempo e uma carreira sólida e inspiradora, Julia encarna na perfeição o espírito que Edward Enninful quer imprimir nesta nova etapa editorial — a celebração do passado com olhos postos no futuro.

First Date de Luís Filipe Borges Triunfa no CineFest em Angola

Quatro prémios em Luanda para a estreia do realizador açoriano

O Jardim Municipal de Viana, em Luanda, foi o palco da consagração de First Date, a primeira curta-metragem de Luís Filipe Borges, que conquistou o grande prémio do CineFest Angola 2025. Rodado integralmente na ilha do Pico, Açores, o filme venceu como Melhor Filme e arrecadou ainda os galardões de Melhor Filme da CPLPMelhor Realizador (para Borges) e Melhor Fotografia (para Diogo Rola).

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“Foi um prazer ter este filme no nosso festival”, destacou Edgar de Carvalho, diretor do Viana CineFest, sublinhando a relevância de uma produção portuguesa num evento que aposta em aproximar o cinema das comunidades angolanas.

Um festival que aproxima o cinema das pessoas

O CineFest, organizado anualmente pela SedFilmes, assume-se como um dos principais dinamizadores do cinema rural em Angola. As sessões ao ar livre, combinadas com mostras temáticas, não só atraem público variado como também incentivam o aparecimento de novos realizadores locais.

Este espírito comunitário e de partilha cultural tornou ainda mais simbólica a vitória de First Date, que, ao contar com raízes açorianas, estabelece pontes entre os países da CPLP através da sétima arte.

Um percurso internacional de peso

A curta de Borges não se fica por Angola. First Date soma já 15 prémios internacionais:

  • Menção Honrosa de Melhor Realizador no Cine Tejo, em Benavente, Portugal;
  • Duas distinções no Loveland Shorts Film Festival, em Ohio (EUA), incluindo “Sweetheart of the Fest” para melhor filme temático e Best First Time Filmmaker para Borges.

Produzido pela Advogado do Diabo e pela MiratecArts, o filme continua o seu percurso por festivais internacionais e pode ser acompanhado através da página oficial no Facebook (FirstDateShortFilm2025).

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Luís Filipe Borges: da escrita ao cinema

Conhecido como argumentista, escritor e humorista, Luís Filipe Borges estreia-se agora na realização cinematográfica com um impacto notável. A aclamação que tem recebido em festivais mostra que First Date não é apenas uma primeira experiência, mas o início promissor de um novo capítulo na carreira do criador açoriano.

AKA Charlie Sheen: A Verdade por Trás do Colapso — e a Recuperação

Um retrato cru, mas sem verdadeira expiação

O documentário em dois episódios AKA Charlie Sheen, agora disponível na Netflix, é descrito como uma experiência emocionalmente extenuante — e não exclusivamente pela duração de mais de três horas. Segundo a crítica da The Guardian, a série oferece “deixa pouco espaço para arrependimento genuíno”, com Sheen muitas vezes se vangloriando dos seus dias de festa em vez de assumir todas as suas ações, particularmente no que toca às consequências sobre as pessoas à sua volta  .

Apesar de entrevistas com ex-mulheres, amigos e colegas — como Heidi Fleiss, que não escondeu a sua raiva, e Jon Cryer, visivelmente exausto pelo ciclo de destruição — o filme acaba por dar demasiado controlo à narrativa do próprio Sheen, suavizando partes mais sombrias e dolorosas da sua trajetória  .

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Revelações chocantes, mas a superfície permanece

Aka Charlie Sheen traz à tona factos sensacionais — ele pilotou um avião embriagado na sua lua-de-mel, cresceu numa casa de nudistas, teve encontros sexuais com homens durante fases de dependência, teve overdoses, e sofreu do HIV — mas muitos críticos apontam que a sua honestidade é calculada, contemplando destempero e glamour como parte do mesmo pacote de sofrimento e redenção  .

Tratando-se de um relato belamente cronometrado, há momentos poderosos, como o telefonema de Clint Eastwood a convencê-lo a ir para a reabilitação, e a intervenção familiar que quase não aconteceu. “Foi realmente poderoso”, admite Sheen sobre essa viragem decisiva  .


O homem por trás da lenda — ainda escapando à autocrítica

A narrativa atravessa as fases “Festas”, “Festas com problemas” até aos “Puros problemas”, com um arco que culmina na sobriedade desde 2017. Mas, como nota o The Guardian, a série enfatiza recordações nostálgicas em vez de responsabilização, com pouca contrição palpável  .

A omissão de Martin Sheen e Emilio Estevez, que recusaram participar, foi tratada de forma respeitosa — Sheen insiste que mantêm um vínculo firme — e descreve o filme como uma espécie de “carta de amor” ao pai  .


Um sobrevivente que ainda não se perdoa

Apesar dos deslizes grotescos que entraram para a história — como relatar que já “voou um avião enquanto estava bêbado” — ou usar cubos de gelo em locais inusitados para se manter acordado em cena  , Sheen parece ambivalente: aliviado por expor tudo, mas ainda relutante em encarar integralmente quem feriu. Como ele próprio descreve sobre a vergonha, “a vergonha sufoca… mas pode tornar-se uma Estrela do Norte, ou da Morte” — uma frase que oscila entre reflexão e confusão  .

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Em síntese:

AKA Charlie Sheen é uma viagem brutal e barulhenta pela queda e ressurgimento de uma estrela danoosa, exibindo-se mais como um espetáculo do que como uma rendição emocional. Existem momentos genuínos de remissão e humor negro revelador, mas a falta de verdadeira autocrítica aprofunda o desconforto em vez de oferecer reconciliação — tanto para Charlie como para quem o rodeia.

Sirât: O Filme Que “Despenteou” Cannes Já Estreou em Portugal

Do choque na Croisette às salas portuguesas

Corrigindo o que escrevemos antes: Sirât, do franco-espanhol Oliver Laxejá estreou em Portugal a 31 de Julho de 2025. Depois de ter conquistado o Prémio do Júri (ex-aequo) em Cannes e de ter sido descrito como “experiência espectacular”, “vertigem” e até “dinguerie” pela crítica francesa, o filme chegou às salas portuguesas no pico do Verão — e não em Setembro. 🎬

Uma viagem alucinada pelo deserto

Rodado em 16 mm, que acentua a textura da imagem e dá uma profundidade cromática rara, Sirât acompanha um pai e o filho mais novo na busca da filha desaparecida pelas montanhas do sul de Marrocos. O caminho cruza-se com um grupo de ravers rumo a uma festa perdida no deserto, e a narrativa transforma-se num road movie alucinatório, onde a paisagem opera como miragem, ameaça e promessa. 🌵

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O cinema do gesto, da luz e do som

Laxe assume um minimalismo radical: os diálogos são escassos; o sentido constrói-se no gesto, na luz e na composição sonora. A banda sonora electrónica/techno funciona como pulso narrativo, convocando uma experiência sensório-imersiva que pede ao espectador atenção ao detalhe e entrega ao ritmo. Não é um filme “sobre” o que se explica; é um filme que se sente. 🎧

Temas: espiritualidade, pertença, fim do mundo (ou começo?)

Entre travessias, ritmos e ruídos, Sirât devolve questões espirituais e existenciais: o que é pertença? que fronteira separa êxtase de vazio? há redenção no fim de linha? A atmosfera por vezes quase apocalíptica sustém o filme na corda bamba entre o transe e a contemplação.

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Para quem é — e por que importa vê-lo em sala

É provável que parte do grande público o ache “radical” ou “contemplativo”. Precisamente por isso, ganha em ecrã grande: pela escala dos planos, pela granulação do 16 mm, pela fisicalidade do som. Para quem procura um cinema que desafia o hábito e reconfigura a percepção, Sirât é obrigatório.

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O regresso da casa mais temida do cinema

A mansão de Amityville, sinónimo de terror no grande ecrã desde 1979, prepara-se para regressar com uma nova versão produzida pela Amazon MGM Studios. Segundo a Deadline, o estúdio já escolheu o realizador: David F. Sandberg, conhecido por Lights Out – Nunca Apagues a Luz e Annabelle: Creation, além das suas incursões no cinema de super-heróis com Shazam! e a sequela.

Trata-se de uma “reimaginação” da história, ainda sem detalhes de elenco, mas que promete recuperar o mito da mais famosa casa assombrada da América.

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Um clássico que marcou gerações

O primeiro Terror em Amityville (The Amityville Horror), realizado por Stuart Rosenberg e protagonizado por James BrolinMargot Kidder e Rod Steiger, foi um sucesso estrondoso de bilheteira em 1979, arrecadando mais de 86 milhões de dólares apenas nos EUA e Canadá. Tornou-se o segundo filme mais visto desse ano, apenas atrás de Kramer Contra Kramer, superando títulos como AlienApocalypse Now e Star Trek.

Inspirado nos supostos fenómenos paranormais ocorridos em 1975, o filme seguia a família Lutz, que abandonou a casa menos de um mês após se mudar, aterrorizada por uma presença maligna. A aura de “baseado em factos reais” contribuiu para cimentar a fama da história, ligada ainda ao massacre de 1974, quando Ronald DeFeo Jr. assassinou toda a família durante a noite.

A nova aposta de Sandberg

Com esta bagagem histórica, Amazon MGM Studios procura agora dar nova vida à lenda. O argumento ficará a cargo de Ian Goldberg e Richard Naing, dupla com vasta experiência no género: participaram em Fear the Walking DeadA Autópsia de Jane Doe e A Freira II.

Para Sandberg, é mais um regresso ao terror depois de Until Dawn, adaptação do popular videojogo. A promessa é clara: recuperar a essência da mansão assombrada mais célebre do cinema e atualizá-la para o público contemporâneo.

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Uma casa que nunca descansa

Desde 1979, a história de Amityville gerou sequelas, prequelas, reboots e até adaptações televisivas. Nenhuma conseguiu igualar o impacto do original, mas a casa continua a ser um terreno fértil para o cinema de terror. Resta agora saber se Sandberg e a nova equipa conseguirão reinventar o mito para uma nova geração.

Alien: Planeta Terra Deixa Sigourney Weaver Fascinada — E Já Conquista Também os Portugueses

Ripley rendida ao novo capítulo da saga

Se há alguém que pode falar com propriedade sobre o universo Alien, é Sigourney Weaver. A eterna Ellen Ripley protagonizou quatro filmes da saga — de Alien: O 8.º Passageiro até Alien: Ressurreição — e ainda emprestou a sua voz ao videojogo Alien: Isolation.

Agora, a atriz assiste à série Alien: Planeta Terra, criada por Noah Hawley (Fargo), transmitida em Portugal pelo Disney+, e não poupa elogios: “Francamente, não consigo acreditar que isto é televisão. Tem um alcance maior do que qualquer projeto de Alien.”

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A visão de Weaver sobre a série

Em entrevista no Festival de Toronto, Weaver destacou que a série não se limita a mostrar monstros:

“Admiro o facto de não se centrar apenas no Alien. Fala sobre o mundo daqui a 100 anos, sobre a ganância, sobre o que será importante. Explora os temas que sempre fizeram parte da saga, mas com uma visão mais ampla.”

A atriz elogia ainda o elenco e a realização, sublinhando que Hawley conseguiu capturar a essência de Alien sem precisar de depender de Ripley como personagem central — algo que, para muitos fãs, é uma lufada de ar fresco.

O impacto em Portugal

Por cá, Alien: Planeta Terra já conquistou uma sólida base de espectadores. O facto de estar disponível no Disney+ Portugal desde a estreia internacional fez com que muitos fãs portugueses acompanhassem a emissão semanalmente, discutindo teorias nas redes sociais e comparando a atmosfera da série ao legado de Ridley Scott e James Cameron.

Com seis episódios já lançados e apenas mais dois por estrear para completar a primeira temporada, a série tornou-se uma das mais comentadas no panorama televisivo em Portugal em 2025. Muitos fãs nacionais partilham da opinião de Weaver: esta não é apenas mais uma história de terror espacial, mas também uma reflexão sobre o futuro da humanidade.

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O futuro da franquia

Entre Alien: Romulus, filme que chegou aos cinemas este verão, e esta aposta televisiva, a saga vive uma nova fase de expansão. Para o público português, que sempre acompanhou com entusiasmo as estreias da saga nas salas de cinema, esta nova vertente seriada mostra que o universo de Alien ainda tem muito para explorar.

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Atores e realizadores unem-se em protesto contra a guerra em Gaza

Mais de 1.300 profissionais do cinema, entre atores, realizadores, produtores e argumentistas, assinaram um compromisso público onde declaram boicotar festivais, instituições e empresas de cinema israelitas. O movimento, liderado pelo coletivo Film Makers for Palestine, acusa essas entidades de estarem “implicadas em genocídio e apartheid contra o povo palestiniano”.

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Entre os nomes mais conhecidos que subscrevem o apelo estão Olivia ColmanJavier BardemSusan Sarandon e Tilda Swinton, a par de figuras como Riz AhmedMiriam MargolyesJuliet Stevenson e Ken Loach.

Do lado dos realizadores e produtores

O boicote conta também com a assinatura de cineastas como Yorgos Lanthimos (The Lobster), Asif Kapadia (SennaAmyDiego Maradona), e produtores premiados como James Wilson (duas vezes vencedor de BAFTA), Robyn Slovo(Tinker, Tailor, Soldier, Spy) e Rebecca O’Brien, colaboradora de Ken Loach em I, Daniel Blake.

Em declarações à Sky News, O’Brien foi clara: “Recuso que o meu trabalho seja usado para branquear um genocídio. Durante décadas, festivais e empresas israelitas desempenharam um papel em mascarar e justificar crimes de guerra.”

Israel rejeita acusações

O governo israelita tem reiterado que as suas ações em Gaza são uma forma de autodefesa, rejeitando a qualificação de genocídio. O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel classificou como “mentirosa e mal fundamentada” a declaração da International Association of Genocide Scholars, que na semana passada considerou que o país está a cometer genocídio no enclave.

Ecos históricos e apelos a uma indústria ativa

A declaração inspira-se no movimento Filmmakers United Against Apartheid, fundado em 1987 por Martin ScorseseJonathan Demme, quando mais de 100 cineastas recusaram exibir os seus filmes na África do Sul durante o regime do apartheid.

O compromisso atual exorta a indústria a “recusar o silêncio, o racismo e a desumanização, e a fazer tudo o que for humanamente possível para acabar com a cumplicidade na opressão”.

Contexto da guerra em Gaza

Segundo as autoridades de saúde locais, mais de 64 mil palestinianos já morreram em Gaza desde o início do conflito, desencadeado pelo ataque do Hamas a Israel, em que 1.200 pessoas foram mortas e cerca de 250 feitas reféns. Atualmente, estima-se que 48 reféns continuem detidos em Gaza, sendo que apenas 20 estarão vivos.

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Entretanto, as Forças de Defesa de Israel (IDF) preparam uma intensificação da ofensiva, depois de o governo prometer conquistar controlo total da Faixa de Gaza.

Baz Luhrmann Descobre Filmagens Perdidas de Elvis em Minas de Sal no Kansas

EPiC: Elvis Presley in Concert estreia em Toronto

Baz Luhrmann e Elvis Presley parecem estar ligados para sempre. Depois do sucesso mundial de Elvis (2022), filme que rendeu mais de 288 milhões de dólares e oito nomeações para os Óscares, o realizador regressa ao universo do Rei do Rock com o documentário EPiC: Elvis Presley in Concert, que acaba de estrear no Festival de Toronto 2025.

A produção traz à luz filmagens inéditas da residência de Elvis em Las Vegas nos anos 70, restauradas por Luhrmann a partir de material há muito considerado perdido. O filme será distribuído pela Warner Bros., incluindo em IMAX e outros formatos premium

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Tesouro escondido no subsolo

As primeiras pistas sobre as gravações chegaram ainda durante a preparação de Elvis. A existência dos registos era quase um mito, até que a equipa de Luhrmann foi investigar os arquivos da MGM, armazenados em minas de sal no Kansas.

“O cofre era como Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida. Não estou a exagerar”, contou o realizador. O achado: 35 horas de negativo sem som magnético. Para reconstruir o áudio, Luhrmann contou com a colaboração de Peter Jackson e a sua equipa da Park Road, especialistas em restauro de material histórico, que já tinham trabalhado em documentários dos Beatles.

O processo implicou misturar gravações originais de palco, registos alternativos e novas orquestrações, criando o que o cineasta descreve como “um sonho audiovisual”.

Elvis em Las Vegas: glória e prisão

Para Luhrmann, as filmagens revelam o paradoxo da carreira de Presley nos anos 70: “Las Vegas foi um ponto de viragem. Ele tinha ambições de ir a Inglaterra e ao Japão. Mas ficou preso, como um pássaro a bater contra o vidro. Nunca devia ter ficado em Las Vegas mais do que uma vez. E lá esteve até ao dia da sua morte.”

O documentário recupera também imagens nunca vistas de outros projetos, como Elvis: That’s the Way It Is (1970) e Elvis on Tour (1972), e inclui um concerto completo em Hampton Road que, segundo Luhrmann, custaria meio milhão de dólares a preparar para exibição.

Do cinema ao palco

Além do documentário, Luhrmann confirmou que está em desenvolvimento uma adaptação musical de palco de Elvis, prolongando ainda mais a relação do realizador com a figura do cantor.

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Atualmente, Luhrmann encontra-se já em pré-produção do seu próximo projeto, um filme sobre Joana d’Arc, mas reconhece: “Melhor ou pior, Elvis vai fazer parte da minha vida para sempre. De alguma forma, estamos inextricavelmente ligados.”

Brooke Hogan Vai ao Lançamento de Documentário Polémico Sobre o Pai Enquanto Nick Hogan Avança com Processo Judicial

Divisão familiar em torno do legado de Hulk Hogan

A morte de Hulk Hogan, em julho deste ano, continua a gerar polémica dentro da própria família do lendário lutador. Enquanto o filho, Nick Hogan, tenta travar judicialmente a estreia de um documentário sobre o escândalo da sex tape do pai, a filha, Brooke Hogan, confirmou a sua presença na primeira exibição do filme em Tampa.

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Intitulado Video Killed The Radio Star: The Untold Story Of The Hulk Hogan Sex Tape Scandal, o documentário foi produzido em parceria com Bubba “The Love Sponge”, ex-amigo próximo de Hogan e figura central no caso.

Brooke defende o projeto e a memória do pai

Brooke justificou a sua decisão como um gesto de solidariedade para com Bubba, que descreve como uma presença constante na vida do pai: “Sei que ele foi um verdadeiro amigo para o meu pai e um tio para nós”, declarou.

A ex-estrela de reality show acrescentou que o documentário ajudará a expor as injustiças do escândalo: “Se há algo que este filme mostra, é que o meu pai foi vítima de um crime. O sistema falhou e deixou os culpados saírem impunes.”

Nick Hogan recorre aos tribunais

Do outro lado, Nick apresentou uma ação judicial para travar o lançamento do filme, alegando que Bubba está a usar a imagem e a marca do pai sem autorização. O filho de Hogan denuncia ainda que o documentário inclui imagens não autorizadas da sex tape, algumas das quais já terão surgido num trailer.

Nick sustenta que a divulgação violaria um acordo confidencial assinado entre Hogan e Bubba em 2012, após o escândalo vir a público.

Questões em torno da morte do lutador

A controvérsia em torno do documentário soma-se às dúvidas levantadas pela família sobre a morte de Hulk Hogan. Brooke chegou a inspecionar pessoalmente o corpo do pai na morgue, temendo que tivesse sido cremado sem autópsia completa, e garantiu que ele ainda estava com a sua icónica bandana.

Já a viúva, Sky Daily, sugeriu possível negligência médica após uma cirurgia ao pescoço realizada em maio. Segundo a família, a operação pode ter danificado um nervo crucial, comprometendo a respiração de Hogan e agravando os problemas cardíacos que levaram à sua morte.

Um legado marcado por glória e polémica

Enquanto fãs e familiares continuam a homenagear a carreira de Hulk Hogan, a estreia do documentário ameaça acentuar divisões internas. Brooke aposta que o filme trará justiça à memória do pai; Nick luta para o impedir.

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Resta saber se o projeto será exibido sem restrições — e como o resto da família reagirá a mais este capítulo de uma história que mistura glória, escândalo e mistério em torno da lenda do wrestling.

TVCine Edition: De Veneza a Cannes, Um Desfile de Cinema de Autor

Alterações na programação e novos destaques

Já tínhamos dado conta da aposta especial dos canais TVCine em trazer o melhor dos grandes festivais de cinema, mas houve algumas alterações na grelha — e nunca é demais lembrar os títulos imperdíveis que vão passar nos próximos dias. Depois de uma seleção de filmes de Veneza, chega agora a vez de Cannes, num ciclo que o TVCine Edition exibe este domingo, 14 de setembro, em exclusivo na televisão portuguesa (e também no TVCine+).

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O que ver este domingo, 14 de setembro

  • 14h40 – Volveréis – Voltareis, de Jonás TruebaPrémio Label Europa Cinemas na Quinzena dos Cineastas, conta a história de um casal que, após 15 anos juntos, celebra a separação com uma festa inesquecível. Uma comédia melancólica que redefine a ideia de “re-casamento”.
  • 16h30 – Riddle of Fire, de Weston RazooliPrimeira longa do realizador, rodada em 16 mm, é um conto de fadas moderno que acompanha um trio de miúdos numa aventura que começa com a missão aparentemente simples de encontrar uma tarte de mirtilo. Nomeado para a Caméra d’Or.
  • 18h20 – A Prisioneira de Bordéus, de Patricia MazuyCom Isabelle Huppert e Hafsia Herzi, é um drama intenso sobre dinâmicas de classe e género, centrado na improvável amizade entre uma mulher burguesa e uma jovem mãe em dificuldades.
  • 20h10 – Cão Preto, de Guan HuVencedor do prémio principal da secção Un Certain Regard, narra a improvável amizade entre um ex-recluso e um cão vadio num retrato de redenção, ambientado na China em plena transformação social.
  • 22h00 – Diamante Bruto, de Agathe RiedingerPrimeira longa da realizadora, esteve na competição pela Palma de Ouro. Retrata o percurso de uma jovem obcecada pela beleza e pela fama através dos reality shows, numa reflexão sobre identidade e emancipação.

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Um ciclo a não perder

Com estes títulos, o TVCine Edition reafirma-se como a casa do cinema de autor em Portugal, trazendo obras que marcaram presença nos palcos mais prestigiados do mundo. Uma oportunidade rara para ver, no pequeno ecrã, filmes que definem o presente e o futuro da sétima arte.

MOTELX 2025: Programa de Hoje (10 de Setembro, 2.º Dia do Festival)

MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa segue para o seu segundo dia com um alinhamento de luxo no Cinema São Jorge: clássicos, estreias portuguesas, sessões de competição e convidados de peso. Eis o que pode ver hoje:


Almoço com Terror (13h00 – Sala 3)

Curtas ao Almoço: Internacionais #1

Uma seleção de pequenas pérolas internacionais que mostram a diversidade do género: DefectShadowVowelsGreyingHammer, Wrench & ScrewdriverSammi, Who Can Detach His Body Parts e Based Amy.


Tarde de Experiências e Competição

  • 14h50 – Sala 3A Maldição de Marialva (88’) de António de MacedoUm clássico do cinema fantástico português regressa em cópia especial, integrado na secção Quarto Perdido: O Baile das Bruxas.
  • 15h30 – Sala 2Digital Film Festival: Apresentação FestivalSessão inaugural dedicada às novas linguagens digitais.
  • 15h45 – Sala 2Digital Film Festival: Short Movies & MobileO cinema em formato curto e em suporte móvel em foco.
  • 16h15 – Sala Manoel de OliveiraResut (curta, 12’) + The Ice Tower (118’) de Lucile HadžihalilovićEm competição para o Prémio Méliès d’Argent – Melhor Longa Europeia, com a presença de convidados.
  • 16h30 – Sala 2Digital Film Festival: Webséries (Projetos Piloto)
  • 17h00 – Sala 3Honey Bunch (113’) de Madeleine Sims-Fewer e Dusty MancinelliIncluído na secção Serviço de Quarto, dedicada a cinema ousado e intimista.
  • 17h45 – Sala 2Digital Film Festival: Menção Honrosa
  • 18h00 – Lounge MOTELXMOTELX Lab | Encontros: Imagens e ReflexosConversa dedicada às novas formas de ver e fazer cinema.

Noite de Clássicos, Estreias e DJ Set

  • 19h00 – Sala Manoel de OliveiraAliens: Director’s Cut (154’) de James CameronO regresso em grande ecrã de um dos maiores clássicos da ficção científica e do terror, com convidado especial.
  • 19h30 – Sala 3Curtas Méliès d’Argent PT #01Programa competitivo com Atom & VoidCão SozinhoGardunhaBorbulha e BeNice.
  • 19h45 – Sala 2Alquimia Digital | Curtas: SectionX #02Seleção experimental e arriscada, com títulos como HitoPrimaldial Magma_Zygmutrophooze e The Crust That Came Back To Life.
  • 20h00 – Lounge MOTELXDJ Set: TRËMAO terror também se dança.

Sessões da Noite

  • 21h30 – Sala 2The Killer with a Thousand Eyes (83’) de Juan BoschUm thriller ítalo-espanhol rodado em Lisboa antes do 25 de Abril, exibido na secção Sala de Culto.
  • 21h35 – Sala 3Bulk (91’) de Ben WheatleyEstreia em Portugal de um dos cineastas mais irreverentes do género. Em competição para o Prémio Méliès d’Argent, com a presença do realizador.
  • 22h30 – Sala Manoel de OliveiraArroio Negro (curta, 15’) + A Pianista (98’) de Nuno BernardoSessão especial com a presença do realizador português Nuno Bernardo e do ator Lucas de Lima.
  • 23h55 – Sala 3Mother’s Baby (108’) de Johanna ModerEncerramento da noite com uma longa em competição ao Prémio Méliès d’Argent.

👉 Hoje o MOTELX 2025 oferece uma mistura irresistível: clássicos como Aliens, cinema português em estreia com A Pianista, raridades históricas como The Killer with a Thousand Eyes e até um DJ set para prolongar a noite.

Dwayne Johnson emociona Veneza em “The Smashing Machine: Coração de Lutador”

O Festival de Veneza foi palco de um dos momentos mais surpreendentes deste ano: Dwayne Johnson conquistou a crítica internacional com a sua interpretação em The Smashing Machine: Coração de Lutador, filme realizado por Benny Safdie, que arrecadou o Leão de Prata de Melhor Realizador. A sessão terminou com mais de 15 minutos de aplausos, sinal da intensidade emocional que marcou a estreia mundial.

Com estreia marcada para 2 de outubro nas salas portuguesas, o filme promete revelar um lado diferente de Johnson, conhecido pela sua carreira na WWE e pelos sucessos de bilheteira de Hollywood. Aqui, o ator assume um dos papéis mais exigentes da sua trajetória, dando vida a Mark Kerr, lenda do MMA que enfrenta os próprios limites físicos, emocionais e morais.

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Ao seu lado, Emily Blunt — nomeada ao Óscar® por Oppenheimer — interpreta Dawn Staples, a mulher que o acompanha numa espiral de instabilidade e luta pela sobrevivência emocional do casal. A química entre os dois foi amplamente destacada pelos críticos, que consideraram a performance de Johnson a mais poderosa da sua carreira.

Mais do que um filme de combate

Passado no início dos anos 2000, The Smashing Machine: Coração de Lutador explora o lado sombrio da glória desportiva. A narrativa acompanha a queda e a busca de redenção de um campeão, confrontando o peso da fama, o vício, a pressão constante para vencer e as fragilidades que a força física não consegue esconder.

Inspirado na vida real de Mark Kerr, figura incontornável da UFC no ano 2000, o filme equilibra momentos de intensidade dentro do octógono com o drama íntimo de um homem dividido entre a vitória e a autodestruição.

Com Safdie no comando, conhecido por obras intensas como Uncut Gems e Good Time, a promessa é clara: um retrato cru, realista e profundamente humano, que vai além das convenções dos filmes de desporto.

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Estreia nacional

Distribuído pela NOS Audiovisuais, o filme chega aos cinemas portugueses a 2 de outubro, prometendo ser um dos destaques da temporada.

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Um arranque apocalíptico com Stephen King

Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa (MOTELX) regressa esta semana ao Cinema São Jorge para a sua 19.ª edição, e fá-lo com pompa e sangue novo. O filme de abertura é The Long Walk, adaptação do primeiro romance de Stephen King, realizado por Francis Lawrence (ConstantineThe Hunger Games).

A narrativa transporta os espectadores para uma América totalitária onde jovens são obrigados a participar numa competição mortal de caminhada: parar significa morrer. Um thriller apocalíptico que promete começar o festival com intensidade máxima.

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Prémio Noémia Delgado e homenagem a Gale Anne Hurd

A grande homenageada deste ano é Gale Anne Hurd, produtora e argumentista de clássicos como Aliens – O Reencontro FinalO AbismoArmageddon e, claro, O Exterminador Implacável.

Hurd receberá o Prémio Noémia Delgado para Mulheres Notáveis no Terror, criado para destacar pioneiras muitas vezes esquecidas e dar visibilidade a novos talentos femininos no género. Além da distinção, a produtora vai conduzir uma masterclass em Lisboa.

O prémio leva o nome da realizadora e poeta Noémia Delgado (1933-2016), referência no cinema português fantástico e no género feito por mulheres.

O terror português em destaque

O MOTELX mantém a tradição de dar palco ao cinema nacional, com três longas-metragens em competição pelo Prémio Méliès d’Argent – Melhor Longa Europeia:

  • Sombras, estreia de Jorge Cramez no terror;
  • A Pianista, de Nuno Bernardo;
  • Crendices, o primeiro filme de terror inteiramente madeirense, realizado pelo grupo humorístico 4Litro.

Na competição de curtas portuguesas, 12 obras exploram temas que vão desde a precariedade habitacional em O Próximo Passo (Pedro Batalha) até à saúde mental em Resut (Mafalda Jacob).

Cinema internacional e descobertas raras

O cartaz internacional é vasto e inclui títulos como A Useful Ghost (premiado em Cannes), Opus (estreia de Mark Anthony Green, com Ayo Edebiri e John Malkovich), o brasileiro Enterre Seus Mortos de Marco Dutra e ainda Freaky Tales (Anna Boden e Ryan Fleck) e The Toxic Avenger de Macon Blair.

Um dos destaques curiosos é Los mil ojos del asesino, thriller ítalo-espanhol rodado em Lisboa antes do 25 de Abril de 1974, agora exibido pela primeira vez em Portugal.

O Japão também ganha espaço na programação com títulos como Chime de Kiyoshi Kurosawa, Hotspring Sharkattack de Morihito Inoue e New Group de Yuta Shimotsu.

Convidados e encerramento

Entre os convidados estão nomes de peso como Ben WheatleyDennis IliadisJulia Kowalski, o produtor Rodrigo Teixeira e o austríaco Norbert Pfaffenbichler, que apresenta a sua trilogia 2551.

O festival termina a 15 de setembro com The Home, novo filme de James DeMonaco, criador da saga The Purge, passado numa casa de repouso para idosos.

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Lisboa como palco do terror

O Cinema São Jorge, a Cinemateca Portuguesa e os Jardins do Bombarda são os principais espaços de exibição e atividades paralelas. Como sempre, o MOTELX reforça-se como um dos grandes festivais europeus dedicados ao género, onde o medo, a memória e a inovação caminham lado a lado.

Chris Evans Alimenta Rumores de Regresso Como Capitão América em Avengers: Doomsday

Físico em destaque no Festival de Toronto

Bastaram algumas fotografias recentes para incendiar a internet. Durante a passagem pelo Festival de Cinema de Toronto 2025, onde apresentou o filme de ação e aventura Sacrifice (com Anya Taylor-JoySalma Hayek e John Malkovich), Chris Evans surgiu em excelente forma física. O detalhe não passou despercebido aos fãs da Marvel, que rapidamente começaram a especular sobre um possível regresso do ator como Capitão América em Avengers: Doomsday.

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Um dos presentes no festival, o crítico Brandon Lewis, escreveu nas redes sociais: “Estava muito musculado na vida real, de uma forma surpreendente. Toda a gente à minha volta ficou de boca aberta. Sim, Chris Evans voltou para Doomsday/Secret Wars.”

O peso da nostalgia

Evans deixou o escudo em Avengers: Endgame (2019), quando Steve Rogers decidiu regressar aos anos 50 para viver com Peggy Carter (Hayley Atwell). No entanto, rumores de produção indicam que tanto Evans como Atwell poderão regressar em Doomsday, desta vez com a felicidade do casal em risco.

Histórias por contar

Os próprios irmãos Joe e Anthony Russo, realizadores de Endgame, já tinham sugerido em 2021 que ainda havia histórias por explorar sobre o período em que Rogers viajou para devolver as Gemas do Infinito. Essa deixa alimentou esperanças de uma possível continuação ou até de um projeto derivado em Disney+.

O regresso de Evans seria não só um trunfo nostálgico para o público que vibrou com Endgame, mas também uma oportunidade de ouro para o reencontro com Robert Downey Jr.. Só que, desta vez, o confronto não seria entre Capitão América e Iron Man, mas sim entre Steve Rogers e o Doutor Doom, papel que Downey Jr. vai interpretar no novo filme.

Expectativas para 2026

A lista de estrelas confirmadas para Avengers: Doomsday já é extensa, reunindo veteranos e novos rostos do MCU. Ainda assim, o sexto mês de rodagem deixa em aberto a possibilidade de mais surpresas no elenco.

Por agora, tudo não passa de rumores e análises ao físico de Evans — mas o entusiasmo dos fãs mostra que o Capitão continua a ser um dos pilares emocionais da saga.

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Avengers: Doomsday tem estreia prevista para 18 de dezembro de 2026. Até lá, a grande questão permanece: estará Steve Rogers pronto para regressar?

Orlando Bloom Não Quer Ver Outro Ator a Ser Legolas em The Hunt for Gollum 

“Eu odiaria ver outra pessoa no papel”

Para Orlando Bloom, há papéis que não se partilham. O ator britânico, hoje com 48 anos, deixou claro em entrevista ao programa Today (via EW) que não gostaria de ver outro ator a assumir a pele do elfo Legolas no próximo filme da Terra Média, The Hunt for Gollum, realizado por Andy Serkis.

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“Escutem, eu odiaria ver outra pessoa que não eu a interpretar o Legolas. O que é que vão fazer? Pôr outro no papel? Hoje em dia, com a IA, tudo é possível…”, disse Bloom, meio a brincar, meio a sério.

O enredo: entre 

O Hobbit

 e 

O Senhor dos Anéis

A nova produção da Warner Bros. situar-se-á entre os acontecimentos de O Hobbit e A Irmandade do Anel. A trama vai acompanhar a perseguição a Gollum, levado a cabo por Gandalf e Aragorn, numa tentativa de impedir que o Um Anel volte às mãos de Sauron.

Essa busca já tinha sido brevemente mencionada na trilogia de Peter Jackson, nomeadamente na cena em que Gollum, sob tortura, revela as palavras “Bolseiro” e “Comarca”.

Regressos confirmados — e uma dúvida chamada Legolas

O veterano Ian McKellen já confirmou o regresso como Gandalf, e Elijah Wood voltará a interpretar Frodo. Quanto a Legolas, a presença ainda não está confirmada. Bloom confessou que não recebeu qualquer convite oficial até ao momento:

“Para ser honesto, não ouvi nada sobre isso. Eu sei que o filme é centrado no Gollum, por isso tudo é possível. Até porque já voltei ao papel nos filmes de O Hobbit.”

Um papel que marcou gerações

Bloom viveu Legolas nas três longas-metragens de O Senhor dos Anéis e nos dois últimos filmes da trilogia O Hobbit. Apesar das incertezas, o ator não esconde o carinho pelo personagem: “É um papel incrível. Sou muito grato por ter feito parte destes filmes.”

Em junho, Bloom já tinha admitido que voltaria “sem hesitar” a ser Legolas, embora reconhecesse que hoje em dia precisaria de algum retoque digital para recuperar a juventude do elfo.

A caminho da Nova Zelândia

As filmagens de The Hunt for Gollum arrancam no próximo ano na Nova Zelândia, com estreia marcada para 15 de dezembro de 2027. Até lá, a grande questão que permanece é: veremos Orlando Bloom novamente com arco e flechas em Lothlórien?

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Exit 8: O Labirinto Psicológico de Genki Kawamura Que Transforma o Metro Num Purgatório

Do jogo de culto ao grande ecrã

O realizador Genki Kawamura (A Hundred Flowers) mergulha no universo dos videojogos para criar Exit 8, adaptação de um jogo japonês de culto que estreou a 3 de setembro. Longe de ser apenas mais uma experiência estilística, o filme reinventa a lógica minimalista do jogo e transforma-a numa metáfora poderosa sobre o conformismo e as ansiedades de uma sociedade que parece andar em círculos.

Uma rotina que se torna pesadelo

O protagonista — um homem comum, sem traços distintivos — é apresentado num longo plano-sequência em primeira pessoa, enquanto ouve o Bolero de Ravel numa carruagem de metro lotada. A monotonia cede lugar à inquietação quando, ao sair, percebe que está preso num corredor interminável.

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A lógica é simples, mas implacável: se encontrar uma anomalia — um néon que pisca, um som fora do lugar, uma diferença subtil numa parede — deve recuar; se nada detetar, deve avançar. Um erro, e tudo recomeça do nível zero. O objetivo: alcançar o enigmático “nível 8” para escapar do ciclo.

Entre Escher, Ravel e Kubrick

Kawamura transforma este mecanismo numa experiência cinematográfica hipnótica. O motivo do “8” é explorado como símbolo de infinito, enquanto o Bolero de Ravel, com a sua cadência repetitiva, reforça a sensação de claustrofobia. As ilusões de ótica de M. C. Escher surgem como referência visual, tal como o cinema de Stanley Kubrick, evocado numa cena que cita diretamente The Shining.

O resultado é um thriller psicológico que prende o espectador ao mesmo jogo do protagonista: observar compulsivamente a imagem, à procura do detalhe que denuncia a anomalia.

Capítulos que renovam o enigma

Para evitar que o conceito se esgote, o filme divide-se em três capítulos, mudando de perspetiva: do Homem Perdido ao Homem que Caminha, até chegar à visão da Criança. Kawamura mantém o mistério sobre a ligação entre estas figuras, relançando constantemente a narrativa sem entregar respostas fáceis.

A metáfora da paternidade e do conformismo

Para além da superfície lúdica, Exit 8 é atravessado por uma reflexão simbólica: o medo da paternidade e da responsabilidade, tema que se repete na trajetória das personagens. Ao mesmo tempo, o ciclo infinito no labirinto do metro ecoa como alegoria de uma sociedade incapaz de reconhecer as suas próprias falhas e disfunções.

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O resultado é um grande oito psicológico e existencial, onde suspense, estranheza e reflexão se entrelaçam. Uma obra que, tal como o seu herói, desafia o público a não se perder no labirinto.