Leatherface estĂĄ de volta: Hollywood prepara nova investida sobre o clĂĄssico Texas Chainsaw Massacre

🎬 A icĂłnica serra elĂ©trica de The Texas Chainsaw Massacre estĂĄ novamente a aquecer, com vĂĄrios estĂșdios e cineastas a disputar os direitos para dar nova vida ao franchise que aterroriza audiĂȘncias desde 1974. A Verve, agĂȘncia que representa o patrimĂłnio da saga criada por Tobe Hooper e Kim Henkel desde 2017, confirmou estar a preparar uma nova estratĂ©gia multimĂ©dia para o futuro sangrento de Leatherface.

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Num momento em que o terror e os franchises sĂŁo das poucas apostas seguras no cinema pĂłs-pandemia e pĂłs-greve, o massacre texano parece ter combustĂ­vel suficiente para mais umas vĂ­timas. E os interessados estĂŁo Ă  porta.

đŸ”Ș Um clĂĄssico renascido com sangue novo?

Entre os nomes que surgem nos bastidores como potenciais herdeiros da motosserra estĂĄ JT Mollner, realizador e argumentista responsĂĄvel por Strange Darling, um sucesso indie recente que arrecadou 96% no Rotten Tomatoes. Mollner estĂĄ em conversaçÔes com o produtor Roy Lee (responsĂĄvel por The Ring e It), e hĂĄ rumores de que Glen Powell (Top Gun: Maverick) poderĂĄ estar curioso com o projeto, caso o guiĂŁo avance.

Embora ainda nada esteja assinado, fontes de Hollywood indicam que estĂșdios como Lionsgate, A24 e atĂ© a irreverente Neon — que tem apostado forte no terror com Longlegs e The Monkey â€” poderĂŁo estar na corrida para produzir este novo capĂ­tulo.

A Verve, por enquanto, joga Ă  defesa. Um representante da agĂȘncia revelou ao Deadline que ainda nĂŁo apresentou oficialmente o projeto a realizadores, produtores ou estĂșdios, mas que vĂĄrios pacotes criativos tĂȘm chegado de forma espontĂąnea. A produção estarĂĄ a cargo da Exurbia Films, com Pat Cassidy, Ian Henkel e Kim Henkel envolvidos.

đŸ§Ÿâ€â™‚ïž O massacre original e a herança sangrenta

Lançado em 1974, o original The Texas Chainsaw Massacre foi um marco do cinema de terror independente. Com um orçamento minĂșsculo de $140.000, filmado no calor sufocante do interior do Texas e com um elenco desconhecido, o filme chocou, provocou censura em vĂĄrios paĂ­ses e tornou-se um sucesso global, arrecadando $31 milhĂ”es — o equivalente a cerca de $180 milhĂ”es atuais.

O filme baseou-se em parte nos crimes reais de Ed Gein, e imortalizou a figura de Leatherface, o assassino com måscara feita de pele humana. O projeto teve também uma história de bastidores repleta de polémicas legais, com os produtores a processarem a distribuidora por lucros não pagos.

Tobe Hooper acabaria por receber um convite de Steven Spielberg para realizar Poltergeist (1982), consolidando a sua carreira em Hollywood.

đŸŽ„ Uma saga que jĂĄ vai longa

Ao longo de quase cinco dĂ©cadas, a saga contou com nove filmes, que no total arrecadaram mais de $252 milhĂ”es. Pelo caminho, lançou as carreiras de nomes como Matthew McConaughey e RenĂ©e Zellweger em The Next Generation (1994), e ofereceu uma nova roupagem em 2003 com o remake produzido por Michael Bay e protagonizado por Jessica Biel, ainda hoje o mais rentĂĄvel da franquia com $107 milhĂ”es em bilheteira.

Mais recentemente, a Netflix lançou uma sequela direta em 2022 que recebeu críticas mistas, mas demonstrou que o interesse por Leatherface continua vivo.

đŸ“ș Futuro multimĂ©dia?

A nova estratĂ©gia da Verve promete mais do que apenas filmes. Fala-se em expansĂŁo para videojogos, banda desenhada e atĂ© potencial para sĂ©ries televisivas — Ă  imagem do que aconteceu com outros franchises de terror como Chucky ou Evil Dead.

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Com um legado tĂŁo forte e um apetite renovado por filmes de terror que apostam em nostalgia com toque moderno (ScreamHalloweenThe Exorcist), Texas Chainsaw Massacre parece pronto para arrancar de novo — com barulho, sangue e carne fresca.

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A minissĂ©rie britĂąnica AdolescĂȘncia, protagonizada por Stephen Graham, tornou-se num fenĂłmeno desde que chegou Ă  Netflix, alcançando mais de 24 milhĂ”es de visualizaçÔes na sua primeira semana. Dividida em quatro episĂłdios filmados em plano-sequĂȘncia, a sĂ©rie mergulha numa histĂłria intensa e perturbadora que acompanha Jamie, um rapaz de 13 anos acusado do homicĂ­dio de uma colega da escola. A produção tem sido amplamente elogiada pela forma realista como retrata a radicalização online e a influĂȘncia de culturas misĂłginas sobre adolescentes do sexo masculino. No entanto, esta semana, foi envolvida numa controvĂ©rsia inesperada — alimentada por Elon Musk.

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O bilionĂĄrio e proprietĂĄrio da plataforma X (antigo Twitter) foi alvo de fortes crĂ­ticas por ter reagido a uma publicação que promovia desinformação sobre AdolescĂȘncia. O post, feito por Ian Miles Cheong (@stillgray), alegava que a sĂ©rie era inspirada num caso real ocorrido em Southport, no qual o agressor teria sido um migrante negro. O utilizador acusava a Netflix de “racismo anti-branco” por ter alegadamente trocado a etnia do atacante na ficção. A publicação foi amplamente partilhada, contando com mais de cinco milhĂ”es de visualizaçÔes.

Elon Musk, que tem mais de 220 milhĂ”es de seguidores, respondeu com um simples “Wow”, amplificando a mensagem e dando-lhe legitimidade. A resposta gerou uma onda de indignação por parte de utilizadores da plataforma, especialistas e fĂŁs da sĂ©rie.

Factos desmentem a polémica

VĂĄrios utilizadores vieram esclarecer a origem da sĂ©rie. O jornalista @Shayan86 sublinhou que AdolescĂȘncia nĂŁo Ă© baseada em nenhum caso especĂ­fico, muito menos no trĂĄgico ataque de Southport, ocorrido a 29 de julho de 2023. O projeto estava jĂĄ em produção e em filmagens desde março do mesmo ano, com as gravaçÔes a decorrerem entre março e setembro — ou seja, antes do ataque que muitos tentaram relacionar com a histĂłria de Jamie.

AlĂ©m disso, o criador da sĂ©rie, Jack Thorne, e o ator e produtor Stephen Graham tĂȘm sido claros sobre as inspiraçÔes para AdolescĂȘncia: uma sĂ©rie de casos reais que envolvem jovens rapazes britĂąnicos responsĂĄveis por crimes violentos com facas. Entre os exemplos citados por Graham estĂŁo os assassinatos de jovens raparigas em Londres e Liverpool, incluindo o chocante caso de Brianna Ghey, uma adolescente trans assassinada por dois colegas.

Graham explicou que a sĂ©rie foi pensada ao longo de dez anos e tem como principal objetivo explorar a pressĂŁo crescente que os jovens enfrentam, particularmente os rapazes, e como ambientes tĂłxicos online — incluindo figuras influentes como Andrew Tate — moldam comportamentos perigosos.

O perigo da desinformação viral

A publicação original e a resposta de Musk foram amplamente criticadas por contribuĂ­rem para a proliferação de narrativas falsas. Comentadores acusaram Musk de utilizar a sua influĂȘncia para amplificar teorias conspirativas e fomentar ressentimento racial injustificado. @Sensanetional descreveu o caso como “preocupante” e outros utilizadores apelidaram a plataforma de “inferno digital”.

Este episĂłdio sublinha um problema crescente nas redes sociais: a rapidez com que desinformação se torna viral, mesmo quando factualmente incorreta. No caso de AdolescĂȘncia, a falsa ligação a um caso real e a acusação de “propaganda anti-branca” ignora o verdadeiro propĂłsito da sĂ©rie — um alerta social e uma anĂĄlise cuidada do que leva jovens aparentemente “normais” a cometer atos de violĂȘncia extrema.

Uma reflexĂŁo necessĂĄria

AdolescĂȘncia procura nĂŁo apontar dedos fĂĄceis, mas questionar as causas estruturais por detrĂĄs de um fenĂłmeno preocupante: a radicalização de adolescentes atravĂ©s da internet. Mostrando um lar funcional e amoroso, a sĂ©rie desmonta o preconceito de que estes comportamentos resultam apenas de lares disfuncionais.

Stephen Graham sintetizou o espĂ­rito da obra numa entrevista: “E se a culpa nĂŁo for dos pais? E se forem forças invisĂ­veis, digitais, que entram no quarto Ă  noite e moldam mentes sem que ninguĂ©m repare?”

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A sĂ©rie Ă© mais do que um thriller — Ă© uma poderosa chamada de atenção para um problema que afeta cada vez mais famĂ­lias, e cuja resposta nĂŁo pode ser enviesada por narrativas simplistas ou preconceituosas. A polĂ©mica em torno da sua suposta “motivação real” apenas reforça a urgĂȘncia de uma discussĂŁo informada, baseada em factos e nĂŁo em desinformação viral.

GĂ©rard Depardieu no banco dos rĂ©us: o declĂ­nio de um gigante do cinema francĂȘs chega aos tribunais

O outrora intocĂĄvel GĂ©rard Depardieu, sĂ­mbolo mĂĄximo do cinema francĂȘs durante dĂ©cadas, enfrenta agora o maior escĂąndalo da sua carreira. Nos dias 24 e 25 de março de 2025, o ator serĂĄ julgado pelo Tribunal Criminal de Paris, acusado de agressĂŁo sexual contra duas mulheres durante as filmagens de Les Volets Verts (Os Estores Verdes) em 2021. Aos 76 anos, a figura maior do grande ecrĂŁ Ă© confrontada nĂŁo apenas por estas queixas formais, mas por um total de mais de 20 mulheres que o acusam de violĂȘncia sexual ou comportamentos inapropriados — um tsunami de denĂșncias que marca o maior caso do movimento #MeToo em França.

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Uma filmagem que se transformou em pesadelo

Les Volets Verts, realizado por Jean Becker, parecia feito Ă  medida de Depardieu: a histĂłria de um ator consagrado em decadĂȘncia, minado pelos excessos e pela idade. Mas, nos bastidores, o que se desenrolou foi um reflexo cruel dessa ficção: um ambiente de intimidação, silĂȘncio e medo.

AmĂ©lie, assistente de cenografia de 54 anos, apresentou queixa por agressĂŁo sexual, assĂ©dio sexual e insultos sexistas, acusando Depardieu de a ter agarrado de forma violenta num corredor, envolvendo-a com as pernas e apalpando-lhe o corpo atĂ© aos seios. A agressĂŁo, segundo relata, sĂł terminou graças Ă  intervenção dos seguranças do ator. “Foi brutal”, disse Ă  Mediapart. “No fim, ele gritou ‘vemos-nos em breve, querida!’”.

Outra queixosa, Sarah, terceira assistente de realização de 34 anos, afirmou ter sido apalpada nas nådegas em mais do que uma ocasião e nos seios, apesar de ter manifestado o seu desconforto. Ambas alegam ter informado a produção, mas garantem que as queixas foram ignoradas.

Um clima de silĂȘncio e intimidação

A atriz Anouk Grinberg, tambĂ©m presente nas filmagens, criticou publicamente o realizador Jean Becker por, alegadamente, “ter conhecimento das agressĂ”es e nada fazer”. Acusou ainda a equipa de produção de impor um cĂłdigo de silĂȘncio: “Antes das filmagens, disseram-nos: ‘Se houver qualquer problema, calem-se. Se falarem, sĂŁo despedidos’”.

Depardieu nega as acusaçÔes. A sua defesa alega que tudo nĂŁo passa de uma “campanha de difamação”. Inicialmente, o ator faltou ao julgamento marcado para outubro de 2024, alegando problemas de saĂșde relacionados com a sua diabetes e um historial de cirurgia cardĂ­aca. Contudo, foi posteriormente considerado apto a comparecer em tribunal.

Um passado que regressa com força

As acusaçÔes de 2021 nĂŁo sĂŁo um caso isolado. Em 2018, a atriz francesa Charlotte Arnould denunciou Depardieu por violação, alegando que o ator a violou duas vezes na sua residĂȘncia privada. O processo encontra-se ainda em fase de instrução, com o MinistĂ©rio PĂșblico de Paris a pedir formalmente, em agosto de 2024, que o ator seja julgado por violação e agressĂŁo sexual.

A lista de denĂșncias contra o ator inclui, ao todo, seis queixas formais — duas por violação e quatro por agressĂŁo sexual — para alĂ©m de mĂșltiplos testemunhos anĂłnimos e reportagens de investigação que revelam comportamentos abusivos recorrentes.

Cultura, poder e impunidade

O caso Depardieu tornou-se um sĂ­mbolo maior da crise de consciĂȘncia que assola o meio cultural francĂȘs. Um grupo de figuras pĂșblicas publicou uma carta aberta em 2023, acusando a imprensa de “linchamento”. Uma resposta nĂŁo tardou a surgir, desta feita em defesa das vĂ­timas e contra o silĂȘncio que protege “os intocĂĄveis da cultura”.

O prĂłprio Presidente Emmanuel Macron causou polĂ©mica ao descrever Depardieu como um “imenso ator que fez a França orgulhosa”, ignorando o peso das acusaçÔes pendentes. O comentĂĄrio foi recebido com indignação por movimentos feministas e por parte da sociedade civil, que exigem maior empatia para com as vĂ­timas.

A fratura Ă© clara: de um lado, a reverĂȘncia pela arte e o estatuto; do outro, a exigĂȘncia de responsabilidade e justiça, mesmo quando o acusado Ă© um dos maiores nomes da histĂłria do cinema francĂȘs.

E agora?

A presença de Depardieu no tribunal de Paris poderå marcar um ponto de viragem. Mais do que um julgamento sobre factos concretos, é um julgamento sobre uma era e sobre um sistema que durante décadas protegeu os poderosos, silenciou vítimas e ignorou alertas.

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Independente do veredito, o impacto jĂĄ Ă© visĂ­vel: festivais, distribuidoras e mesmo antigos colegas de profissĂŁo começam a distanciar-se do ator. A aura de intocabilidade que durante dĂ©cadas envolveu GĂ©rard Depardieu parece ter-se dissipado — e talvez seja esse o primeiro sinal de que algo, finalmente, estĂĄ a mudar.

Branca de Neve em crise: novo remake da Disney afunda-se em críticas, polémicas e um arranque morno nas bilheteiras

A nova versĂŁo em imagem real de Branca de Neve, da Disney, estĂĄ a transformar-se num dos maiores desastres comerciais da histĂłria recente do estĂșdio. Com um orçamento estimado em 350 milhĂ”es de dĂłlares (entre produção e marketing), o filme registou um fim de semana de estreia apĂĄtico, devendo arrecadar cerca de 100 milhĂ”es a nĂ­vel mundial — valor semelhante ao do fracasso Dumbo, de Tim Burton, em 2019.

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AlĂ©m da receção fria do pĂșblico, a produção enfrentou tempestades mediĂĄticas desde muito antes da estreia, envolvendo polĂ©micas com os efeitos visuais, crĂ­ticas Ă  prĂłpria histĂłria original e atĂ© divisĂ”es internas entre os protagonistas, alimentadas por posiçÔes polĂ­ticas.

Um remake que (quase) ninguém pediu

A crĂ­tica foi impiedosa com o filme. O Rotten Tomatoes atribuiu-lhe apenas 43% de aprovação, com descriçÔes como “medĂ­ocre”, “sem originalidade” e com CGI “fraco”. O The Guardian chamou-lhe uma “enxaqueca criada por IA”, e o The New York Times lamentou que nĂŁo fosse “bom o suficiente para admirar, nem suficientemente mau para satirizar com gosto”.

The Wrap ironizou: “Nada de errado com o remake de Branca de Neve que nĂŁo pudesse ser resolvido fazendo-o 26 minutos mais curto, 88 anos atrĂĄs e em animação desenhada Ă  mĂŁo.” Apenas o The Telegraph ofereceu algum consolo, com trĂȘs estrelas e a afirmação de que Ă© “melhor do que Wicked”.

Ainda assim, as reaçÔes do pĂșblico mostraram-se ligeiramente mais simpĂĄticas: CinemaScore apontou uma mĂ©dia B+, sugerindo que nem todos os espectadores partilham do desagrado da crĂ­tica especializada.

Rachel Zegler no centro das atençÔes (e das polémicas)

Rachel Zegler, que interpreta a nova Branca de Neve, esteve envolvida em vĂĄrias controvĂ©rsias. Desde 2022, a atriz tem criticado abertamente o filme original de 1937, chamando-o de “estranho” por se centrar num prĂ­ncipe que “persegue” a protagonista. Esta nova versĂŁo, portanto, abandona o clĂĄssico “Someday My Prince Will Come” e substitui-o por temas originais como “Waiting on a Wish” e “Princess Problems”, removendo a figura do prĂ­ncipe encantado.

Mas foi a sua posição polĂ­tica em relação ao conflito Israel-Palestina que mais polĂ©mica gerou. Numa publicação que ligava o trailer do filme Ă  frase “Free Palestine”, Zegler criou um “sĂ©rio fosso” com a co-protagonista Gal Gadot, que interpreta a Rainha MĂĄ e Ă© uma conhecida apoiadora do exĂ©rcito israelita. Segundo o New York Times, o produtor Mark Platt chegou mesmo a ter uma “conversa de coração aberto” com a atriz para tentar apaziguar tensĂ”es.

O resultado? Um ambiente dividido no set e apelos ao boicote vindos de vĂĄrios grupos ĂĄrabes, que veem a participação de Gadot como “uma tentativa de limpar a sua imagem pĂșblica atravĂ©s da arte”. OrganizaçÔes da JordĂąnia, Bahrein e outros paĂ­ses do MĂ©dio Oriente tĂȘm pressionado para que o filme nĂŁo seja exibido em territĂłrios ĂĄrabes.

Os “sete anĂ”es” e a polĂ©mica que ninguĂ©m esqueceu

Para alĂ©m das questĂ”es polĂ­ticas, o prĂłprio conceito do filme levantou dĂșvidas desde o inĂ­cio. A decisĂŁo de substituir os sete anĂ”es por personagens CGI — e, em alguns casos, por atores de estatura mĂ©dia — gerou crĂ­ticas. O ator Peter Dinklage, conhecido por Game of Thrones, foi um dos primeiros a denunciar a abordagem como “retrĂłgrada”.

“EstĂŁo a tentar ser progressistas de um lado e, ao mesmo tempo, a refazer uma histĂłria em que sete anĂ”es vivem juntos numa gruta. Que raio estĂŁo a fazer?”, questionou Dinklage em 2022, criando mais uma ferida na jĂĄ frĂĄgil relação entre o projeto e a opiniĂŁo pĂșblica.

Um conto de fadas
 que pode acabar em tragédia

Com fraca adesĂŁo nas bilheteiras, um orçamento astronĂłmico e um rasto de polĂ©micas Ă  mistura, Branca de Neve pode tornar-se na pior adaptação em imagem real da histĂłria da Disney. A falta de consenso artĂ­stico, os erros estratĂ©gicos de comunicação e o contexto polĂ­tico complicado transformaram um clĂĄssico intemporal num campo minado moderno.

Enquanto a Disney enfrenta o desafio de recuperar o investimento e restaurar a reputação do seu catĂĄlogo de remakes, este episĂłdio levanta questĂ”es sobre o futuro das adaptaçÔes em imagem real e a capacidade do estĂșdio de lidar com temas contemporĂąneos sem alienar o pĂșblico — ou os prĂłprios envolvidos na produção.

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Talvez, afinal, “esperar por um desejo” já não seja suficiente para salvar o reino encantado da Disney.

Pamela Anderson continua a surpreender: novo filme junta-a a dois vencedores dos Óscares

Depois de ter sido aclamada como nunca com The Last Showgirl, Pamela Anderson jĂĄ estĂĄ de volta aos plateaus — e desta vez, acompanhada por dois pesos-pesados de Hollywood. A atriz, que muitos ainda associam ao icĂłnico fato de banho vermelho de MarĂ©s Vivas, continua a sua reinvenção como intĂ©rprete e vai protagonizar o filme Place to Be, realizado pelo conceituado hĂșngaro KornĂ©l MundruczĂł.

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O projeto, atualmente em rodagem em Sydney, na AustrĂĄlia, conta tambĂ©m com Ellen Burstyn, vencedora do Óscar por Alice JĂĄ NĂŁo Mora Aqui (1974), e Taika Waititi, vencedor da estatueta dourada por Jojo Rabbit (2019), aqui em registo de ator.

A histĂłria de Place to Be Ă© tudo menos convencional: centra-se numa mulher idosa (Burstyn) e um homem recĂ©m-divorciado e perdido na vida (Waititi), que embarcam numa viagem de Chicago a Nova Iorque para devolver
 um pombo-correio perdido. Do outro lado da histĂłria estĂĄ a filha da mulher (Pamela Anderson), a tentar reerguer-se apĂłs o fim do segundo casamento e a resistir Ă  ideia de ser enviada para um lar.

Apesar do tom ligeiro do enredo, o filme promete abordar temas como o envelhecimento, o abandono e a resistĂȘncia Ă  mudança — assuntos que nĂŁo sĂŁo estranhos Ă  prĂłpria Anderson, que recentemente afirmou ter sentido, pela primeira vez, que era “uma verdadeira atriz” com The Last Showgirl.

O realizador, KornĂ©l MundruczĂł, tambĂ©m conhecido por Pieces of a Woman, que valeu a Vanessa Kirby uma nomeação aos Óscares, nĂŁo poupou elogios Ă  estrela canadiana: “Adoro realmente a Pamela. É uma atriz tĂŁo versĂĄtil e a sua interpretação mais recente em The Last Showgirl foi inacreditĂĄvel. Demonstrou tanta coragem e estou tremendamente entusiasmado para trabalhar com ela”.

Aos 56 anos, Pamela Anderson parece finalmente estar a colher os frutos de uma carreira tantas vezes marcada por estereĂłtipos e superficialidade. A sua entrega em The Last Showgirl, ainda inĂ©dito em Portugal, mostrou uma faceta atĂ© entĂŁo desconhecida — vulnerĂĄvel, madura e profundamente humana.

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Com Place to Be, tudo indica que esta nova fase da carreira poderĂĄ ser nĂŁo apenas um renascimento artĂ­stico, mas a consolidação definitiva do seu lugar no cinema independente. E com nomes como Burstyn e Waititi ao seu lado, as expectativas nĂŁo podiam ser mais altas.

James Corden e o mistĂ©rio da bateria: vizinhos em fĂșria com mansĂŁo de ÂŁ11,5 milhĂ”es

đŸ„ “Bum bum pĂĄ!” — NĂŁo Ă© o som de um concerto numa sala de espetĂĄculos londrina, mas sim o ritmo que estĂĄ a fazer os vizinhos de James Corden perderem a paciĂȘncia. Desde que o apresentador britĂąnico regressou ao Reino Unido e se instalou numa mansĂŁo de ÂŁ11,5 milhĂ”es em Londres, a vizinhança tem estado longe de ser pacata.

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Segundo queixas apresentadas Ă  cĂąmara local, os habitantes da exclusiva zona no noroeste de Londres estĂŁo indignados com os ruĂ­dos vindos da propriedade — mais concretamente, com uma bateria que parece dar concertos improvisados com mais frequĂȘncia do que seria desejĂĄvel.

“Um deles toca bateria, e consegue ouvir-se no meu terraço
 e Ă s vezes atĂ© dentro de casa com as janelas fechadas!”, reclamou um residente num tom entre a exaustĂŁo e a descrença. O verdadeiro pĂąnico? Que o tal instrumento se mude de armas e bagagens para o novo ‘antro de barulho’ que Corden quer construir no fundo do jardim.

📀 O apresentador, que regressou do estrelato americano apĂłs oito anos Ă  frente do Late Late Show, quer agora construir uma “garden room” digna de resort: piscina, sauna, ginĂĄsio, cozinha, escritĂłrio/den e ainda um terraço coberto. O edifĂ­cio, com dimensĂ”es generosas, fez disparar os alarmes na comunidade.

“Aquilo Ă© do tamanho de um T1! Tire-se a palavra ‘ginĂĄsio’ e ponha-se ‘quarto’ e tĂȘm lĂĄ um bangalĂŽ!”, ironizou um dos vizinhos. Outro foi mais dramĂĄtico: “SerĂĄ um atentado visual. Um muro ao lado do meu jardim!”

🌳 E como se nĂŁo bastasse o barulho e a estĂ©tica, hĂĄ ainda a preocupação ecolĂłgica: os vizinhos encomendaram um relatĂłrio independente que contesta a alegação de que as ĂĄrvores no local nĂŁo serĂŁo afetadas. “É muito provĂĄvel que ĂĄrvores ‘preservadas’ sejam danificadas ou removidas”, alerta o documento.

Esta nĂŁo Ă© a primeira vez que Corden se vĂȘ em sarilhos com questĂ”es de planeamento urbanĂ­stico. No seu antigo lar em Belsize Park, opĂŽs-se Ă  ampliação da casa de um vizinho
 e perdeu. Em Oxfordshire, onde tambĂ©m tem propriedade, sĂł conseguiu autorização para demolir uma casa dos anos 60 ao fim de um ano de espera.

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🔇 Por agora, a pergunta que paira no ar (e ecoa nas paredes dos vizinhos) Ă©: quem serĂĄ o misterioso baterista da famĂ­lia Corden? E mais importante ainda
 serĂĄ que o “den” vai mesmo sair do papel e tornar-se num estĂșdio de percussĂŁo com vista para o caos?


🎬 Sylvester Stallone regressa em força: “Tulsa King” terá terceira temporada confirmada

Os fĂŁs de Tulsa King jĂĄ podem respirar de alĂ­vio (e excitação): Sylvester Stallone voltarĂĄ a vestir o fato de mafioso para mais uma temporada da popular sĂ©rie da Paramount+. Esta terça-feira, o serviço de streaming confirmou oficialmente que a terceira temporada jĂĄ estĂĄ em produção, com filmagens a decorrer em Atlanta e no estado do Oklahoma, reforçando o investimento contĂ­nuo da plataforma na expansĂŁo do seu universo criminal televisivo.

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Criada por Taylor Sheridan — o prolĂ­fico argumentista e produtor responsĂĄvel por sucessos como Yellowstone1923Mayor of Kingstown e Lioness â€” Tulsa King tornou-se rapidamente num fenĂłmeno de audiĂȘncia. A segunda temporada, estreada em setembro de 2024, registou o melhor arranque de sempre na histĂłria da Paramount+, consolidando a sĂ©rie como uma das grandes apostas da plataforma.


Stallone brilha como mafioso em reinvenção televisiva

Em Tulsa King, Sylvester Stallone encarna Dwight “The General” Manfredi, um veterano da mĂĄfia de Nova Iorque recentemente libertado da prisĂŁo, que Ă© forçado pelos seus superiores a reconstruir um impĂ©rio criminoso
 em Tulsa, Oklahoma. A premissa, que poderia parecer uma anedota no papel, revelou-se um cocktail explosivo de ação, humor, drama e muito carisma — mĂ©rito em grande parte da interpretação de Stallone, que dĂĄ vida a um mafioso envelhecido mas ainda astuto, duro e surpreendentemente sensĂ­vel.

Ao longo das duas temporadas anteriores, o pĂșblico acompanhou a ascensĂŁo de Dwight no submundo de Tulsa, as alianças improvĂĄveis que forjou, e os inimigos que atraiu — tanto da mĂĄfia de Kansas City como de empresĂĄrios locais com sede de poder. A narrativa equilibra com mestria o estilo clĂĄssico dos filmes de gangsters com um ambiente moderno e quase western, onde a figura do “capo” Ă© deslocada para o interior dos EUA com resultados inesperados e electrizantes.


O que esperar da nova temporada?

Apesar de ainda nĂŁo ter sido revelada uma data oficial de estreia, fontes da indĂșstria indicam que a terceira temporada poderĂĄ chegar no Ășltimo trimestre de 2025. A promessa Ă© clara: o caos vai continuar, e Dwight enfrentarĂĄ novos desafios para manter o controlo do seu impĂ©rio em expansĂŁo.

Segundo a sinopse avançada pela Paramount+, o protagonista terĂĄ de lidar com a crescente pressĂŁo da mĂĄfia de Kansas City, enquanto um novo inimigo — um empresĂĄrio local de grande influĂȘncia — entra em cena. Ao mesmo tempo, velhas feridas de Nova Iorque ameaçam reabrir-se, tornando o equilĂ­brio entre negĂłcios, lealdades e a sua prĂłpria segurança mais frĂĄgil do que nunca.

A sĂ©rie continuarĂĄ, portanto, a explorar os temas que a tornaram num ĂȘxito: a luta pelo poder num territĂłrio hostil, a famĂ­lia (de sangue e do crime), e a eterna questĂŁo de redenção e sobrevivĂȘncia num mundo onde nem os “bons rapazes” escapam incĂłlumes.


Um império em expansão
 dentro e fora do ecrã

Tulsa King Ă© mais uma peça-chave no ambicioso plano de Taylor Sheridan, que se tornou numa das vozes mais influentes da televisĂŁo norte-americana contemporĂąnea. A sua capacidade de criar universos narrativos interligados, com personagens carismĂĄticas e ambientes marcantes, tem gerado comparaçÔes com o fenĂłmeno da Marvel — mas com cowboys, mafiosos e agentes secretos em vez de super-herĂłis.

O sucesso de Tulsa King tambĂ©m representa um marco especial na carreira de Stallone. Depois de dĂ©cadas no grande ecrĂŁ como herĂłi de ação em Rocky e Rambo, o ator provou que consegue liderar uma sĂ©rie televisiva de alto calibre, com uma performance cheia de nuances, humor e emoção. Aos 78 anos, Stallone nĂŁo estĂĄ apenas a reinventar-se: estĂĄ a elevar-se a novo estatuto como Ă­cone da televisĂŁo de prestĂ­gio.


Onde ver em Portugal?

Em Portugal, as duas primeiras temporadas de Tulsa King estĂŁo disponĂ­veis na SkyShowtime, com 10 episĂłdios cada. Ainda nĂŁo foi confirmada a janela de estreia da terceira temporada no nosso paĂ­s, mas Ă© expectĂĄvel que a SkyShowtime mantenha a exclusividade da sĂ©rie, dado o sucesso contĂ­nuo da colaboração com a Paramount+.

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🎬 Os Filmes de Máfia Estão a Ser “Apanhados”? Hollywood Pode Estar a Assistir ao Fim de Uma Era

Durante dĂ©cadas, os filmes sobre a mĂĄfia foram o coração palpitante de Hollywood: repletos de intrigas, violĂȘncia, famĂ­lias disfuncionais com cĂłdigos de honra retorcidos, e atuaçÔes memorĂĄveis que elevaram atores como Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci ao estatuto de lendas. Mas ao assistir ao fracasso de The Alto Knights â€” com Robert De Niro a falar
 consigo prĂłprio, literalmente — Ă© inevitĂĄvel perguntar: estarĂĄ este subgĂ©nero a respirar por aparelhos?

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đŸ•”ïž A Era de Ouro Que JĂĄ Foi

A glĂłria começou com O Padrinho (1972), de Francis Ford Coppola, um filme que conseguiu o raro feito de unir a crĂ­tica e o grande pĂșblico: venceu o Óscar de Melhor Filme e arrecadou 250 milhĂ”es de dĂłlares na bilheteira, ou mais de 700 milhĂ”es ajustados Ă  inflação. Seguiram-se Goodfellas (1990), Casino (1995) e Donnie Brasco (1997), entre outros, obras com enredos complexos, personagens intensas e uma realização magistral.

Mas agora, os nomes por trĂĄs destes clĂĄssicos estĂŁo, literalmente, a envelhecer. De Niro tem 81 anos. Al Pacino, 83. Martin Scorsese, 82. E Nicholas Pileggi, argumentista de Goodfellas e The Alto Knights, jĂĄ conta com 92 primaveras. Com este elenco envelhecido e sem uma nova geração convincente para tomar o leme, os filmes de mĂĄfia parecem prontos para
 pendurar o terno italiano.

🎭 Quando JĂĄ SĂł Resta o Espelho

Em The Alto Knights, De Niro interpreta dois mafiosos distintos (Frank Costello e Vito Genovese) e acaba a falar consigo mesmo. NĂŁo hĂĄ parceiros Ă  altura, nem um fio narrativo realmente cativante. O filme, recheado de clichĂ©s reciclados, estĂĄ a ser um desastre de bilheteira, com apenas 3 milhĂ”es de dĂłlares previstos no primeiro fim de semana. A comparação Ă© dolorosa.

Mesmo o Ășltimo filme “respeitĂĄvel” do gĂ©nero, The Irishman (2019), exigiu tecnologia de CGI para rejuvenescer digitalmente os atores principais — um luxo narrativo que grita mais desespero do que inovação. E o resultado foi, para muitos, uma experiĂȘncia mais artificial do que emocional.

🎬 A Geração Perdida

O problema nĂŁo estĂĄ apenas nos velhos nomes — estĂĄ tambĂ©m na ausĂȘncia de novos. Quem substituirĂĄ De Niro e Pacino? TimothĂ©e Chalamet a dar tiros enquanto devora spaghetti aos domingos? DifĂ­cil de imaginar.

Tentativas recentes falharam com estrondo: Gotti, com um John Travolta irreconhecĂ­vel, ou Capone, com Tom Hardy a murmurar-se atravĂ©s de um enredo estagnado, sĂŁo apenas dois exemplos. E o prequela de Os SopranosThe Many Saints of Newark, pouco ou nada acrescentou ao legado da sĂ©rie original.

James Gandolfini, que poderia ter sido o herdeiro legĂ­timo do trono mafioso no grande ecrĂŁ, faleceu em 2013. A sua ausĂȘncia Ă© sentida nĂŁo apenas pelos fĂŁs, mas tambĂ©m por uma indĂșstria sedenta de uma figura credĂ­vel para liderar a prĂłxima geração de wiseguys.

⚰ O Fim de Uma Linha
 ou Uma Reinvenção Ă  Vista?

A verdade Ă© que gĂ©neros cinematogrĂĄficos tambĂ©m morrem. Os westerns, por exemplo, dominaram o cinema americano atĂ© aos anos 60, para depois cederem lugar a interpretaçÔes modernas, mais sombrias e revisionistas — como The Hateful Eight, de Quentin Tarantino.

ver tambĂ©m : 🎬 James Bond EstĂĄ de Volta: Novo Filme Tem Data de Estreia Prevista e Produção Acelerada ApĂłs Investimento BilionĂĄrio da Amazon

Talvez o mesmo destino aguarde os filmes de mĂĄfia. Talvez o prĂłximo passo seja deixar para trĂĄs a obsessĂŁo com famĂ­lias italianas e cĂłdigos de honra ultrapassados, e encontrar novas formas de explorar o crime organizado, mais ajustadas ao sĂ©culo XXI. A mĂĄfia de hoje nĂŁo estĂĄ em Little Italy — estĂĄ nos corredores anĂłnimos das grandes corporaçÔes, nas redes de trĂĄfico digital e nos meandros do poder polĂ­tico global.

💡 Fuggedaboudit, Mas Com Classe

O gĂ©nero pode nĂŁo estar morto, mas estĂĄ claramente em coma. E talvez o que precisa seja precisamente de alguĂ©m com coragem para desligar as mĂĄquinas — e recomeçar do zero. Um realizador ousado, um argumentista de sangue novo, que olhe para os clĂĄssicos e, em vez de tentar imitĂĄ-los, diga com orgulho: Fuggedaboudit!

O futuro dos filmes de máfia talvez não esteja em replicar o passado
 mas em enterrá-lo com honra.

🎬 James Bond Está de Volta: Novo Filme Tem Data de Estreia Prevista e Produção Acelerada Após Investimento Bilionário da Amazon

Parece que o agente secreto mais famoso do cinema vai regressar com força total. ApĂłs um longo perĂ­odo de silĂȘncio e especulação, a produção de Bond 26 jĂĄ estĂĄ oficialmente em andamento, com previsĂŁo de estreia nos cinemas atĂ© ao final de 2027. O arranque acelerado do projeto surge na sequĂȘncia de um investimento colossal de mil milhĂ”es de dĂłlares por parte da Amazon, que adquiriu o controlo criativo total da franquia 007.

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💰 Nova Era: Amazon Assume o Volante da Aston Martin

O mĂȘs passado marcou uma viragem histĂłrica para a saga James Bond. A Amazon MGM concretizou um acordo com os veteranos produtores Michael G. Wilson e Barbara Broccoli, garantindo o controlo criativo de todos os futuros filmes da franquia. Embora os produtores continuem como coproprietĂĄrios dos direitos, a decisĂŁo tem causado inquietação entre os fĂŁs mais puristas, que temem uma diluição da identidade clĂĄssica da sĂ©rie.

Segundo o jornal The Sun, o orçamento estimado para Bond 26 ronda os 250 milhĂ”es de libras (cerca de 290 milhĂ”es de euros), valor semelhante ao de No Time To Die, o Ășltimo filme com Daniel Craig como 007. A intenção Ă© clara: recuperar o investimento rapidamente e lançar uma nova fase da saga que, Ă  semelhança do que aconteceu com Casino Royale, redefina o agente secreto para uma nova geração.

📆 Estreia em 2027 e GravaçÔes Aceleradas

As salas de cinema deverĂŁo receber Bond 26 ainda antes do final de 2027, coincidindo com o tradicional calendĂĄrio de estreias da saga, geralmente entre outubro e novembro. Segundo a mesma fonte, as equipas de argumentistas jĂĄ estĂŁo a ser reunidas e a produção deverĂĄ estar concluĂ­da atĂ© ao fim de 2026.

Se esta meta for cumprida, o novo filme igualarĂĄ o maior hiato entre dois tĂ­tulos da saga desde a sua criação em 1962. O recorde anterior pertence a GoldenEye, lançado em 1995, seis anos depois de Licence to Kill com Timothy Dalton.

đŸ•”ïžâ€â™‚ïž Quem SerĂĄ o Novo James Bond?

A questĂŁo que mais tem agitado os fĂŁs prende-se, naturalmente, com o sucessor de Daniel Craig. Nomes como Aaron Taylor-Johnson, James Norton e Harris Dickinson tĂȘm sido apontados como os favoritos. Em março de 2024, chegou a circular que Taylor-Johnson jĂĄ teria assegurado o papel, mas o prĂłprio afastou-se desses rumores de forma algo enigmĂĄtica, afirmando: “NĂŁo sinto que preciso de ter o meu futuro desenhado. Seja o que for que estiver reservado para mim, posso fazer ainda melhor”.

đŸ‘„ Novos Produtores em Jogo

Os bastidores do projeto tambĂ©m contam com movimentaçÔes relevantes. De acordo com o site Puck, Amy Pascal (produtora dos filmes Homem-Aranha com Tom Holland) e David Heyman (responsĂĄvel pela saga Harry Potter) estĂŁo em negociaçÔes para liderar a nova fase da franquia. Dois nomes de peso com vasto currĂ­culo em grandes sucessos de bilheteira, e que podem imprimir uma nova identidade ao universo Bond.

đŸ“ș Spin-Offs Ă  Vista, Mas o Cinema Continua PrioritĂĄrio

Com a Amazon ao leme, nĂŁo Ă© surpreendente que se equacione a expansĂŁo do universo Bond para sĂ©ries de streaming. No entanto, fontes prĂłximas do estĂșdio asseguram que â€œa prioridade Ă© um novo filme, como os fĂŁs esperam”. Ou seja, antes de pensar em spin-offs, o plano Ă© ressuscitar o nĂșcleo principal da saga no grande ecrĂŁ, respeitando a tradição que fez de James Bond um Ă­cone da cultura popular global.

⚠ Uma MissĂŁo Delicada

Bond 26 enfrenta o desafio de equilibrar nostalgia e modernidade, mantendo a elegĂąncia e o estilo clĂĄssico que definem a personagem, mas adaptando-a aos tempos modernos. Com a pressĂŁo de um orçamento colossal e a supervisĂŁo de um gigante do entretenimento como a Amazon, os olhos do mundo estarĂŁo postos neste projeto como nunca antes.

ver tambĂ©m: đŸŠžâ€â™‚ïžÂ Os IrmĂŁos Russo Dizem que Recusaram Robert Downey Jr. Antes de Aceitar “Avengers: Doomsday” e “Secret Wars”

Se tudo correr conforme o previsto, 2027 poderá marcar o início de uma nova era para James Bond. E os fãs — ansiosos desde 2021 — poderão finalmente ver quem será o próximo agente secreto com licença para matar.


🎬 Crítica – Black Bag: Espionagem, Ironia e o Casamento como Campo de Batalha

Black Bag, de Steven Soderbergh, Ă© um thriller de espionagem que se move ao ritmo de uma dança elegante entre o suspense e a sĂĄtira, com Michael Fassbender e Cate Blanchett como protagonistas de uma histĂłria onde o maior inimigo pode estar mesmo Ă  mesa do jantar — ou atĂ© no lado da cama.

Num contexto cinematogrĂĄfico sedento por substitutos convincentes para o universo Bond, Black Bag surge como uma alternativa refrescante. NĂŁo tenta competir com os 007 do passado, mas antes propĂ”e-se a subverter o gĂ©nero com inteligĂȘncia e um sentido de humor seco e peculiar, bem ao estilo de Soderbergh. O argumento de David Koepp parece feito de bisturi na mĂŁo, cortando os clichĂ©s do gĂ©nero e expondo os seus nervos com ironia — mas sem nunca cair no puro pastiche.

📁 EspiĂ”es e CĂŽnjuges: o Casamento como Enigma

A premissa Ă© simultaneamente clĂĄssica e deliciosamente moderna: George e Kathryn (Fassbender e Blanchett) sĂŁo agentes secretos e casados. EstĂŁo, aparentemente, do mesmo lado — atĂ© que uma fuga de informação coloca tudo em causa. A partir daqui, Black Bag mistura paranoia conjugal com operaçÔes secretas e pequenos gestos do quotidiano que adquirem carga simbĂłlica: um crachĂĄ trocado no saco do pequeno-almoço, um olhar de desconfiança durante uma conversa trivial.

Soderbergh nĂŁo filma com pirotecnia, mas sim com contenção elegante. Os seus ambientes — gabinetes cinzentos com vidros que se tornam opacos por controlo remoto, reuniĂ”es discretas em casas de campo luxuosas, chamadas telefĂłnicas feitas Ă  beira do lago — criam um tom onde o realismo tecnolĂłgico do espionagem moderna se cruza com a teatralidade dos relacionamentos secretos.

📩 Jantar com Verdade no Prato

Um dos pontos altos Ă© um jantar de suspeitos com chana masala adulterado com um soro da verdade, onde os diĂĄlogos rapidamente se tornam surtos de culpa e confissĂŁo. O elenco secundĂĄrio brilha: Marisa Abela, Naomie Harris, RegĂ©-Jean Page e um Tom Burke absolutamente fiel ao arquĂ©tipo do espiĂŁo desleixado mas arguto — como uma reencarnação londrina de Roy Bland ou Jackson Lamb. SĂŁo cenas como esta que fazem o filme respirar, alternando entre o cĂŽmico e o inquietante com naturalidade.

🎭 Blanchett, Fassbender e a Força do Subtexto

Cate Blanchett, que raramente falha, entrega aqui uma performance contida e ambígua, sempre com algo por revelar sob o olhar penetrante. Fassbender, mais soturno e introspectivo, equilibra bem a frieza exterior com as hesitaçÔes internas. A dinùmica entre ambos é a verdadeira alma do filme: um casamento onde a confiança é tão fluida quanto as fronteiras nacionais.

Embora o filme se possa acusar de “cartoonish” em alguns momentos — hĂĄ uma estilização algo exagerada, por vezes quase teatral —, isso parece ser parte do ponto. Black Bag nĂŁo pretende um realismo exaustivo, mas antes um olhar irĂłnico sobre a forma como a espionagem (e os casamentos) sĂŁo palcos de performance constante, onde a verdade Ă© tĂŁo rara como um agente reformado.

đŸŽ„ ConclusĂŁo: Um Thriller Inusitado com CarĂĄcter PrĂłprio

Apesar de alguns crĂ­ticos apontarem falhas na profundidade emocional ou na consistĂȘncia do tom, Black Bag Ă© um thriller elegante, divertido e, em Ășltima anĂĄlise, surpreendentemente eficaz. Soderbergh nĂŁo estĂĄ interessado em fazer Skyfall. EstĂĄ mais interessado em brincar com as ferramentas do gĂ©nero, desmontĂĄ-las com elegĂąncia, e oferecer-nos algo entre o rom-com neurĂłtico e o drama de espionagem.

A verdade Ă© que, por detrĂĄs da frieza calculada da mise-en-scĂšne e da contenção britĂąnica dos diĂĄlogos, Black Bagconsegue extrair o melhor de Tarantino (o humor negro, os diĂĄlogos carregados de subtexto, a tensĂŁo acumulada numa Ășnica divisĂŁo) e injectĂĄ-lo numa visĂŁo que Ă© inequivocamente de Soderbergh. É, por isso, um dos seus filmes mais singulares dos Ășltimos anos — e um dos mais deliciosamente enigmĂĄticos.

đŸŠžâ€â™‚ïžÂ Os IrmĂŁos Russo Dizem que Recusaram Robert Downey Jr. Antes de Aceitar “Avengers: Doomsday” e “Secret Wars”

Apesar de terem sido os responsĂĄveis por alguns dos maiores sucessos da Marvel Studios, os IrmĂŁos Russo (Joe e Anthony) revelaram que inicialmente recusaram o convite de Robert Downey Jr. para regressarem ao universo cinematogrĂĄfico da Marvel com os prĂłximos dois filmes dos AvengersDoomsday e Secret Wars.

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Em entrevista ao site Omelete, Joe Russo explicou que a ideia de trazer Downey Jr. de volta ao MCU — desta vez nĂŁo como Tony Stark/Iron Man, mas como Doctor Doom â€” partiu do prĂłprio presidente da Marvel Studios, Kevin Feige.

“Foi o Kevin”, revelou Joe. “Curiosamente, essa conversa aconteceu há algum tempo.”

Robert Downey Jr. Tentou ConvencĂȘ-los
 Sem Sucesso

Depois da proposta inicial de Feige, foi o prĂłprio Robert Downey Jr. quem tentou convencer os irmĂŁos a aceitar os projetos. Ainda assim, a dupla nĂŁo cedeu de imediato.

“O Robert tentou convencer-nos a fazer [Doomsday e Secret Wars] e dissemos ‘nĂŁo’”, contou Joe Russo. “Simplesmente nĂŁo tĂ­nhamos uma histĂłria. NĂŁo tĂ­nhamos uma forma de entrar. Fomos resistentes durante algum tempo.”

A Viragem: Um Argumento IrrecusĂĄvel

O ponto de viragem chegou quando Stephen McFeely, argumentista com quem os irmĂŁos Russo jĂĄ colaboraram em Infinity WarEndgame e Captain America: Civil War, apareceu com uma proposta concreta.

“Um dia, o Stephen McFeely disse: ‘Tenho uma ideia’”, recorda Joe. “E nĂłs respondemos: ‘Essa Ă© a histĂłria!’ Essa histĂłria tem mesmo de ser contada. É uma histĂłria muito poderosa!”

A Responsabilidade de Regressar ao Trono

Joe e Anthony Russo nĂŁo sĂŁo apenas realizadores reconhecidos — sĂŁo tambĂ©m uma referĂȘncia incontornĂĄvel no cĂąnone da Marvel. As suas contribuiçÔes anteriores transformaram profundamente o MCU, culminando no fenĂłmeno global que foi Avengers: Endgame, na altura o filme mais lucrativo de sempre.

Por isso, a hesitação inicial face ao regresso nĂŁo surpreende: depois de terminarem a Saga do Infinito com sucesso, qualquer novo projeto teria de justificar artisticamente a sua presença â€” e nĂŁo ser apenas mais uma oportunidade de bilheteira garantida.

Doctor Doom: A Nova Face de Downey Jr.?

Embora ainda nĂŁo esteja oficialmente confirmado, a ideia de Robert Downey Jr. interpretar Victor Von Doom promete virar o MCU do avesso. A personagem Ă© um dos vilĂ”es mais icĂłnicos da Marvel Comics — e vĂȘ-lo a ganhar vida atravĂ©s de um ator que foi a alma do universo durante mais de uma dĂ©cada serĂĄ, no mĂ­nimo, fascinante.

Este tipo de reinvenção Ă© raro — mas pode ser precisamente o tipo de risco que mantĂ©m o MCU interessante apĂłs mais de 30 filmes.


🎬 ConclusĂŁo: ResistĂȘncia Inicial, Mas Agora com HistĂłria Para Contar

Avengers: Doomsday e Secret Wars prometem nĂŁo ser apenas mais dois capĂ­tulos no universo Marvel, mas eventos cinematogrĂĄficos capazes de rivalizar com Endgame em escala e impacto emocional. Com os IrmĂŁos Russo de volta ao leme, com um argumento que os entusiasmou, e com Downey Jr. a reinventar-se numa personagem sombria, a prĂłxima fase do MCU pode estar a preparar um dos seus momentos mais ousados atĂ© Ă  data.

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 e nĂŁo gostou do que viu

🎬 Cate Blanchett, a Mestra do Disfarce de Spielberg e a Vilã Favorita de Indiana Jones

No universo de Indiana Jones, hĂĄ poucos vilĂ”es que se destacam com tanto estilo e intensidade como Irina Spalko, a implacĂĄvel agente soviĂ©tica interpretada por Cate Blanchett em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008). O que talvez poucos saibam Ă© que Blanchett e Harrison Ford nĂŁo se tinham sequer cruzado antes das filmagens deste quarto capĂ­tulo da saga. O primeiro encontro entre ambos aconteceu no exacto momento em que as suas personagens se conhecem em cena — um gesto quase teatral que acabou por servir na perfeição a aura de mistĂ©rio e tensĂŁo da relação entre Indiana e Spalko.

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Blanchett, fĂŁ confessa de Indy desde jovem, descreveu como ideal conhecer Harrison Ford vestido como o lendĂĄrio arqueĂłlogo: “Sempre fui uma grande fĂŁ da personagem, por isso foi perfeito conhecĂȘ-lo jĂĄ como Indiana Jones.” O fascĂ­nio nĂŁo foi, no entanto, recĂ­proco de imediato — vĂĄrias semanas depois do inĂ­cio da rodagem, Ford viu uma mulher loira no plateau e perguntou quem era. Para seu espanto, era Blanchett sem a sua peruca preta e uniforme de vilĂŁ. Ele simplesmente nunca a tinha visto fora do disfarce de Spalko.


Irina Spalko: uma vilĂŁ inspirada em Bond

Para se preparar para o papel da impiedosa Irina Spalko, Blanchett mergulhou de cabeça no processo de transformação. Aprendeu esgrima e praticou karatĂ© durante as filmagens, compondo uma personagem fria, metĂłdica e letal. A inspiração veio de outra figura icĂłnica do cinema: Rosa Klebb, a sinistra agente soviĂ©tica de From Russia with Love (1963), cĂ©lebre pelo seu corte de cabelo Ă  tigela e a sua rigidez militar. Blanchett recuperou essa essĂȘncia e levou-a para um territĂłrio ainda mais caricatural, mas incrivelmente eficaz.

Steven Spielberg, que jĂĄ tinha vontade de trabalhar com Blanchett desde finais dos anos 90 (chegou mesmo a escolhĂȘ-la para o papel de Agatha em Minority Report, substituĂ­da por Samantha Morton quando o projecto sofreu atrasos), ficou rendido. Chamou-a de “mestre do disfarce” e confessou que ela se tornou a sua vilĂŁ favorita de toda a saga Indiana Jones, precisamente por ter contribuĂ­do ativamente para construir a personagem: o sotaque, os tiques, os olhares, o modo de andar e a postura rĂ­gida — tudo passou pelo crivo criativo da atriz australiana.


Blanchett: o talento inquieto

Por detrĂĄs da precisĂŁo tĂ©cnica e do virtuosismo interpretativo de Cate Blanchett, hĂĄ uma artista marcada por uma espĂ©cie de “inquietação abençoada”, como a prĂłpria definiu em entrevista:

“NĂŁo sei se alguma vez quis mesmo ser atriz. Sou uma pessoa activa – a ideia de esperar que o telefone tocasse nĂŁo me deixava confortĂĄvel. Mas continuei a fazĂȘ-lo, tentando parar, depois voltando. HĂĄ uma inquietação constante, talvez seja isso que nos faz continuar.”

Essa inquietação Ă© palpĂĄvel no seu percurso. ApĂłs nĂŁo integrar Minority Report, Blanchett entregou-se a outros desafios, como a saga O Senhor dos AnĂ©is, consolidando-se como uma das atrizes mais respeitadas da sua geração. Em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, ela demonstra porque Ă© que Ă© considerada uma das intĂ©rpretes mais versĂĄteis e inventivas de sempre: ao mesmo tempo ameaçadora e quase cĂłmica, a sua Spalko Ă© memorĂĄvel por ser, paradoxalmente, exagerada e verosĂ­mil.


Um filme controverso, mas com brilho de Tarantino?

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal pode nĂŁo ser o favorito dos fĂŁs mais puristas da saga — o seu tom mais “cartoonish”, o argumento rebuscado e a introdução de elementos sci-fi geraram alguma divisĂŁo. Mas Ă© impossĂ­vel negar que, no meio da extravagĂąncia, hĂĄ uma quĂ­mica brilhante entre os actores e uma composição visual que beira o experimental, algo que ecoa um certo espĂ­rito tarantinesco de amor pelo exagero e pela reinvenção estilizada dos gĂ©neros clĂĄssicos.

E se o filme tem esse sabor agridoce de blockbuster desenfreado, Ă© precisamente Blanchett que lhe dĂĄ o toque de elegĂąncia e inteligĂȘncia que o eleva. Apesar de todos os altos e baixos, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristalconsegue reunir o melhor de dois mundos: a sofisticação irĂłnica que Tarantino tanto valoriza e o maximalismo visual tĂ­pico de Oliver Stone ou Spielberg em modo arrojado. Uma combinação improvĂĄvel, sim — mas que funciona graças a uma vilĂŁ absolutamente inesquecĂ­vel.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal estĂĄ disponĂ­vel em streaming no SkyShowtime, e estĂĄ disponĂ­vel para aluguer no Prime e no Apple +

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🎬 Natural Born Killers: Quando Tarantino encontrou Stone
 e não gostou do que viu

Lançado em 1994, Natural Born Killers Ă© um daqueles filmes que continua a dividir opiniĂ”es e a alimentar debates intensos, dĂ©cadas depois da sua estreia. Realizado por Oliver Stone, a partir de um argumento original de Quentin Tarantino — que viria a renegar o resultado final — o filme Ă© um frenesim audiovisual que mistura sĂĄtira, violĂȘncia estilizada, crĂ­tica Ă  cultura mediĂĄtica e um retrato distorcido da obsessĂŁo americana com o crime.

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Mas por trås do filme existe também uma história de bastidores que envolve egos, visÔes artísticas incompatíveis e uma disputa sobre o verdadeiro significado do texto original. Afinal, como é que um dos argumentos mais brutos e irónicos de Tarantino se transformou num dos delírios mais psicadélicos da carreira de Stone?


O argumento original de Quentin Tarantino

O argumento de Natural Born Killers foi escrito por Quentin Tarantino antes de se tornar um nome consagrado em Hollywood. Na Ă©poca, o jovem argumentista tentava vender os seus roteiros, e NBK (como Ă© frequentemente abreviado) era um dos seus projectos favoritos. A histĂłria gira em torno de Mickey e Mallory Knox, um casal de assassinos em sĂ©rie que se tornam celebridades mediĂĄticas devido Ă  cobertura sensacionalista dos seus crimes.

Tarantino pretendia que o filme fosse mais cru, contido e carregado de ironia — uma espĂ©cie de Bonnie and Clydereimaginado para a era pĂłs-moderna. O seu guiĂŁo era marcado por diĂĄlogos afiados, violĂȘncia estilizada mas realista, e uma crĂ­tica subtil mas corrosiva ao culto da fama na AmĂ©rica. Em suma, um filme tipicamente tarantinesco.

No entanto, ao vender os direitos do guiĂŁo por cerca de 10 mil dĂłlares (valor irrisĂłrio, tendo em conta o futuro prestĂ­gio do seu nome), Tarantino perdeu o controlo criativo sobre o projecto. Quando Oliver Stone foi contratado para o realizar, a histĂłria tomou um rumo radicalmente diferente.


A visão psicadélica de Oliver Stone

Conhecido por obras de forte carga polĂ­tica e estilo visual arrojado (PlatoonJFKThe Doors), Oliver Stone viu em Natural Born Killers uma oportunidade para fazer uma crĂ­tica feroz Ă  sociedade mediĂĄtica americana, mas Ă  sua maneira: exagerada, barulhenta e profundamente estilizada.

Stone reescreveu extensivamente o argumento de Tarantino, colaborando com David Veloz e Richard Rutowski. O tom tornou-se muito mais surreal e alegĂłrico, e o realismo seco que Tarantino desejava foi substituĂ­do por uma abordagem quase psicadĂ©lica, com mĂșltiplos formatos de imagem, colagens visuais, animaçÔes, sequĂȘncias de estilo “sitcom”, e uma banda sonora frenĂ©tica coordenada por Trent Reznor, dos Nine Inch Nails.

O resultado Ă© um filme que funciona como uma descarga sensorial: frenĂ©tico, esquizofrĂ©nico, deliberadamente desconfortĂĄvel e tĂŁo auto-consciente que por vezes parece parĂłdico. Stone nĂŁo queria apenas criticar os media — queria explodir a forma como os media moldam e glorificam a violĂȘncia, criando herĂłis a partir de monstros. E fĂĄ-lo com uma estĂ©tica que, para muitos, Ă© genial
 e para outros, insuportĂĄvel.


Tarantino rejeita
 mas nĂŁo consegue escapar Ă  influĂȘncia

A reacção de Tarantino ao filme de Stone foi imediata e negativa. Chegou mesmo a declarar publicamente que odiava o resultado final e que nunca mais quis ver nada relacionado com o filme. Para o realizador de Pulp FictionNatural Born Killers era uma traição ao espĂ­rito do seu argumento, que considerava ter sido “violentamente deturpado”.

NĂŁo era apenas uma questĂŁo de mudanças no guiĂŁo — Tarantino abominava a direcção visual e ideolĂłgica que Stone impĂŽs ao material. Numa das suas entrevistas, chegou a afirmar que “se tivessem feito o filme como eu o escrevi, teriam tido o prĂłximo Bonnie and Clyde. Em vez disso, fizeram um cartoon”. Essa crĂ­tica ficou para sempre colada ao filme, como uma espĂ©cie de ferida aberta entre dois gigantes do cinema.

Curiosamente, no entanto, os elementos essenciais do ADN de Tarantino permanecem no filme: a relação simbiĂłtica entre violĂȘncia e cultura pop, o casal fora-da-lei com charme letal, e o humor negro que permeia atĂ© os momentos mais brutais. Ainda que envolto numa embalagem psicadĂ©lica e delirante, Natural Born Killers carrega consigo ecos inconfundĂ­veis do seu criador original.


Um filme singular, imperfeito
 mas fascinante

Com o passar do tempo, Natural Born Killers foi ganhando o estatuto de filme de culto. É, simultaneamente, uma relĂ­quia do seu tempo (marcada pelos excessos visuais dos anos 90) e um objeto artĂ­stico intemporal na sua crĂ­tica aos media. Stone, num dos seus momentos mais ousados, usa o cinema como um espelho deformado da sociedade americana — onde assassinos em sĂ©rie sĂŁo celebridades e os jornalistas sĂŁo parasitas.

Apesar das crĂ­ticas ferozes, das polĂ©micas e das discussĂ”es com Tarantino, o filme sobrevive como uma das obras mais ousadas e originais da dĂ©cada. Sim, o look pode ser “demasiado cartoonish”, como muitos acusam. Sim, a mensagem nem sempre Ă© subtil. Mas tambĂ©m Ă© inegĂĄvel que Stone conseguiu criar algo que tem a essĂȘncia de Tarantino, mas atravĂ©s de uma lente completamente diferente — mais polĂ­tica, mais psicadĂ©lica, mais suja e, ao mesmo tempo, incrivelmente artĂ­stica.

Natural Born Killers nĂŁo Ă© apenas um filme — Ă© um manifesto visual, uma descarga de raiva e sĂĄtira que nos obriga a questionar a nossa prĂłpria relação com a violĂȘncia e com os media. Um filme que, goste-se ou nĂŁo, continua a provocar, a incomodar e a fascinar. E isso, convenhamos, Ă© uma conquista rarĂ­ssima.

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🎯 Hunger Games está de volta! Novo livro e filme prequela sobre Haymitch prometem relançar o fenómeno distópico

A saga The Hunger Games estĂĄ a viver um novo renascimento. Quinze anos apĂłs a publicação do primeiro livro e mais de uma dĂ©cada desde a estreia do filme com Jennifer Lawrence no papel de Katniss Everdeen, Suzanne Collins voltou ao universo de Panem com o novo romance Sunrise on the Reaping, que explora o passado do carismĂĄtico (e alcoĂłlico) mentor Haymitch Abernathy. E, como seria de esperar, a adaptação cinematogrĂĄfica jĂĄ estĂĄ confirmada, com estreia marcada para novembro de 2026.

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A revelação do novo livro foi feita em simultĂąneo com o anĂșncio do filme, demonstrando a confiança da Lionsgate na vitalidade desta franquia — e nos seus fĂŁs dedicados. Quem estĂĄ novamente ao leme da produção Ă© Nina Jacobson, que esteve envolvida em todos os filmes anteriores e que, em entrevista Ă  Variety, partilhou detalhes empolgantes sobre o que aĂ­ vem.

Um novo olhar sobre Haymitch

A prequela segue Haymitch Abernathy nos tempos em que venceu os 50.Âș Jogos da Fome. Quem viu os filmes lembra-se do Haymitch interpretado por Woody Harrelson: cĂ­nico, desiludido, mas com uma faĂ­sca de humanidade. O novo livro — e, em breve, o filme — quer mostrar quem ele era antes de tudo isso: o jovem de espĂ­rito combativo que ainda nĂŁo tinha sido consumido pela dor, trauma e culpa.

A equipa de produção estĂĄ Ă  procura de um ator que capte essa essĂȘncia, mas sem imitar Harrelson. Segundo Jacobson, querem alguĂ©m que represente credivelmente o Haymitch do passado, com o mesmo brilho de inteligĂȘncia, o mesmo sarcasmo que esconde uma ferida profunda. “NinguĂ©m pode ser o Woody, a nĂŁo ser o prĂłprio Woody”, afirmou. Mas hĂĄ que encontrar quem possa mostrar o que havia antes da escuridĂŁo.

Livro e filme em paralelo

O desenvolvimento do filme decorre a um ritmo acelerado, muito graças ao facto de a equipa ter tido acesso ao manuscrito muito antes do lançamento do livro. Jacobson e o realizador Francis Lawrence leram uma cĂłpia Ășnica — guardada na casa do agente de Collins — e começaram imediatamente a trabalhar.

“Foi emocionante e esmagador ao mesmo tempo. NĂŁo podĂ­amos contar a ninguĂ©m o que estĂĄvamos a fazer. Mas agora podemos finalmente falar com os fĂŁs e partilhar este entusiasmo”, disse Jacobson.

A produtora garante que o guiĂŁo estĂĄ bem avançado e que jĂĄ escolheram locais de rodagem. O casting ainda nĂŁo foi anunciado, mas tudo indica que a escolha do jovem Haymitch serĂĄ um dos anĂșncios mais aguardados dos prĂłximos meses.

Por que continua The Hunger Games a cativar geraçÔes?

Nina Jacobson nĂŁo tem dĂșvidas: o segredo estĂĄ na profundidade dos temas e das personagens. A saga nunca foi tratada como uma tĂ­pica histĂłria juvenil. HĂĄ camadas de anĂĄlise polĂ­tica, comentĂĄrios sociais e traumas Ă­ntimos que ressoam fortemente com o pĂșblico.

Desde o momento icĂłnico em que Katniss se oferece como tributo, que o franchise sublinha a complexidade das escolhas humanas num mundo distorcido. “Suzanne Collins escreve a partir do tema e da personagem. HĂĄ sempre algo para debater quando se sai do cinema. Nunca simplificĂĄmos a histĂłria, nunca a tornĂĄmos fĂĄcil — e o pĂșblico respeita isso”, afirma Jacobson.

A nova prequela Sunrise on the Reaping promete aprofundar ainda mais essas questĂ”es. O passado de Haymitch — um jovem lançado numa arena de morte 24 anos antes dos eventos do primeiro livro — permitirĂĄ explorar a evolução dos Jogos e o efeito destrutivo que tĂȘm sobre os seus vencedores. É uma oportunidade para ver como o sistema corrompe atĂ© os mais nobres e como a sobrevivĂȘncia exige compromissos que nem sempre deixam espaço para a inocĂȘncia.

O que esperar de Sunrise on the Reaping no cinema?

Com estreia marcada para novembro de 2026, o filme contarå, mais uma vez, com a realização de Francis Lawrence e produção de Nina Jacobson. Embora os detalhes ainda estejam sob embargo, a expectativa é que o tom seja igualmente maduro e provocador. A Lionsgate quer manter a qualidade cinematogråfica da saga e garantir que este novo capítulo esteja à altura do seu legado.

Enquanto isso, os fĂŁs jĂĄ se estĂŁo a reunir para debater teorias, especular sobre o elenco e revisitar os filmes anteriores. O entusiasmo continua vivo — prova de que The Hunger Games permanece relevante, numa era em que o entretenimento se consome mais depressa do que nunca.

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E sim: “Que a sorte esteja sempre a vosso favor”
 porque Panem está de regresso.


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Em tempos de centros comerciais decadentes e lojas a fechar portas, Ă© difĂ­cil imaginar que houve uma altura em que estes espaços eram verdadeiros templos de convĂ­vio e consumo. Mas foi precisamente essa realidade que inspirou um grupo de oito artistas a realizar um dos actos mais audaciosos — e criativos — da arte contemporĂąnea: viver secretamente num centro comercial durante quatro anos. Secret Mall Apartment, o novo documentĂĄrio de Jeremy Workman, com produção de Jesse Eisenberg, resgata essa histĂłria fascinante e dĂĄ-lhe o tratamento cinematogrĂĄfico que merece.

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Um feito artĂ­stico ou uma travessura genial?

Em 2003, Michael Townsend e os seus cĂșmplices construĂ­ram, mobilaram e habitaram um apartamento escondido no Providence Place Mall, em Rhode Island. Sem que ninguĂ©m desse por isso, os artistas criaram ali um espaço de 70 metros quadrados, decorado com sofĂĄ, TV, consola PlayStation, armĂĄrios, mesa, cadeiras e atĂ© uma mĂĄquina de waffles. Alimentavam-se com pipocas do cinema do centro comercial e alimentavam os aparelhos com electricidade “emprestada” atravĂ©s de uma extensĂŁo furtiva. Tudo parecia tirado de uma sitcom
 e, de certa forma, era.

O documentårio mistura imagens de arquivo (absolutamente deliciosas) com entrevistas atuais aos protagonistas, agora reunidos pela primeira vez em 17 anos. O tom é simultaneamente nostålgico e provocador: estaríamos perante arte performativa, activismo, vandalismo ou um simples golpe de génio?

Mais do que um esconderijo — uma crítica social encenada

Michael Townsend não é um delinquente, mas sim um artista conceptual com uma longa carreira em tape art e projectos comunitårios. A sua escolha de viver num centro comercial não foi apenas uma partida à sociedade de consumo, mas uma crítica concreta às transformaçÔes urbanísticas e à gentrificação agressiva de Providence. Como se quisesse lembrar ao mundo que os espaços pensados para nos fazer consumir podiam também ser ocupados para existir, criar e resistir.

Jeremy Workman faz um trabalho notåvel ao posicionar este insólito episódio dentro de um contexto sociopolítico mais vasto. A montagem é ågil, o humor estå sempre presente e o respeito pela criatividade dos protagonistas nunca é posto em causa. Hå também uma certa ternura no modo como o documentårio humaniza todos os envolvidos, mostrando não apenas o plano genial, mas também a amizade, a ingenuidade e a vontade de fazer parte de algo especial.

Arte de guerrilha no coração do consumismo

Secret Mall Apartment nunca recorre a dramatizaçÔes exageradas nem tenta glorificar excessivamente os protagonistas. Pelo contrĂĄrio, deixa espaço para que o espectador pense por si mesmo: foi esta ocupação um acto de liberdade? Ou um sintoma desesperado da alienação de uma geração sem lugar nas grandes narrativas urbanas?

O filme nĂŁo oferece respostas definitivas, mas entrega-nos uma histĂłria real cheia de camadas — e acima de tudo, inspiradora. Ao estilo de um heist movie com coração, esta Ă© uma celebração da criatividade, da resistĂȘncia quotidiana e do poder da arte em lugares improvĂĄveis. Se alguma vez olhou para um centro comercial como uma prisĂŁo disfarçada, este documentĂĄrio vai fazĂȘ-lo ver as suas paredes de betĂŁo com outros olhos.

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đŸŽ„ Secret Mall Apartment ainda nĂŁo tem data confirmada de estreia em Portugal, mas promete ser um dos documentĂĄrios mais comentados do ano nas plataformas de streaming.


Bill SkarsgĂ„rd fica preso no SUV de Anthony Hopkins e o resultado Ă© um thriller tenso e excĂȘntrico

HĂĄ filmes que vivem de uma ideia simples mas eficaz — e Locked Ă© um desses casos. Uma espĂ©cie de Phone Booth sobre rodas, esta nova produção coloca Bill SkarsgĂ„rd dentro de um carro de luxo com demasiadas funcionalidades tecnolĂłgicas e um proprietĂĄrio com um sentido de justiça
 peculiar. A premissa? Um ladrĂŁo de ocasiĂŁo entra num SUV topo de gama que rapidamente se transforma numa armadilha mortal, enquanto uma voz familiar — a de Anthony Hopkins — o desafia a prestar contas pelos seus pecados. O resultado Ă© um thriller tenso, claustrofĂłbico e por vezes deliciosamente exagerado, que lembra uma versĂŁo mais leve de Saw com aspiraçÔes morais.

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Uma armadilha sobre rodas

Locked Ă© a adaptação do thriller argentino 4×4 e segue a tradição dos filmes com espaço limitado e grande intensidade dramĂĄtica. David Yarovesky realiza com energia e criatividade uma histĂłria que decorre praticamente toda no interior de um veĂ­culo. O protagonista, Eddie Barrish (SkarsgĂ„rd), Ă© um pai em dificuldades financeiras que, num ato desesperado, decide roubar o que conseguir de um SUV aparentemente abandonado. O que ele nĂŁo sabe Ă© que o carro pertence a William (Hopkins), um homem terminalmente doente, cansado da criminalidade e decidido a transformar o automĂłvel numa lição moral ambulante.

Eddie rapidamente se apercebe de que estĂĄ preso num autĂȘntico campo de reeducação motorizado: o carro responde Ă  voz de William, que controla tudo, desde a climatização extrema atĂ© Ă  inclusĂŁo de tasers escondidos nos bancos. A dada altura, o carro torna-se autĂłnomo e ameaça conduzir-se atĂ© Ă  morte do seu ocupante, exigindo uma escolha final entre amputaçÔes ou suicĂ­dio. Tudo, claro, ao estilo de uma moralidade imposta por um justiceiro improvĂĄvel.

Dois atores, dois mundos

Bill SkarsgĂ„rd convence com uma interpretação contida, mais emocional do que verbal, adequada ao desespero crescente de um homem sem alternativas. O seu Eddie Ă© uma figura trĂĄgica, marcada por uma vida de pobreza e culpa parental, que contrasta fortemente com o requinte e privilĂ©gio do seu antagonista invisĂ­vel. Anthony Hopkins, por sua vez, diverte-se imensamente no papel de William. A sua voz grave ecoa como um juiz invisĂ­vel, debitando monĂłlogos sobre Ă©tica, responsabilidade e a decadĂȘncia da sociedade moderna com a pompa de quem estĂĄ a escrever o seu prĂłprio epitĂĄfio. E fĂĄ-lo com classe.

Moralidades enlatadas e entretenimento eficaz

Embora o guiĂŁo tente explorar dilemas Ă©ticos e a diferença entre classes sociais, as ideias apresentadas em Locked nĂŁo sĂŁo propriamente novas. A luta entre sobrevivĂȘncia e justiça, ou entre o quotidiano do pobre e as filosofias do rico, jĂĄ foi explorada de forma mais profunda noutros contextos. Contudo, este nĂŁo Ă© um filme que pretenda mudar o mundo — Ă© uma experiĂȘncia concentrada em prender a atenção, alimentar a tensĂŁo e explorar o potencial de um conceito engenhoso.

Visualmente, Yarovesky aproveita bem os ùngulos das cùmaras internas do veículo, criando dinamismo mesmo em espaços fechados. As cenas exteriores, porém, perdem-se em iluminação exagerada e metåforas visuais algo óbvias.

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Apesar de alguns momentos forçados e um argumento que por vezes pisa o limite do absurdo, Locked cumpre a sua missĂŁo: entreter. Quem entra para ver Bill SkarsgĂ„rd a lutar pela vida dentro de um carro possuĂ­do pela voz de Anthony Hopkins nĂŁo sairĂĄ defraudado. Locked nĂŁo Ă© um clĂĄssico instantĂąneo, mas Ă© um thriller eficaz, com ritmo, boas interpretaçÔes e um conceito curioso que agarra do inĂ­cio ao fim.


🎬 Locked ainda não tem data de estreia confirmada em Portugal

📊 Contagem de palavras: 656 palavras

💔 Stephen Graham ofereceu-se para adotar jovem ator apĂłs tragĂ©dia pessoal

Conhecido pela sua intensidade dramĂĄtica no ecrĂŁ e por um talento que atravessa gĂ©neros e dĂ©cadas, Stephen Graham voltou a conquistar a admiração do pĂșblico nĂŁo apenas pela sua atuação na nova minissĂ©rie AdolescĂȘncia, da Netflix, mas tambĂ©m por uma histĂłria de vida comovente que mostra o verdadeiro alcance da sua generosidade fora das cĂąmaras.

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O gesto que agora vem Ă  tona aconteceu em 2006, durante as filmagens de This is England, uma aclamada produção britĂąnica realizada por Shane Meadows. Foi nesse projeto que Graham contracenou com Thomas Turgoose, um adolescente de apenas 13 anos, estreante no mundo da representação e com uma vida pessoal marcada por uma dor profunda: a morte da sua mĂŁe devido a um cancro.

A ligação entre os dois atores rapidamente ultrapassou os limites do set. Num episĂłdio comovente do podcast Private Parts, gravado em 2021, Thomas Turgoose revelou que Graham e o realizador Shane Meadows chegaram a discutir a possibilidade de o adotar, caso percebessem que o jovem nĂŁo estaria bem entregue ao pai biolĂłgico — um homem que Thomas mal conhecia na altura e com quem foi viver apĂłs a morte da mĂŁe.

“Sentei-me no meu quarto por dias, semanas, estava muito confuso”, partilhou Turgoose sobre o difícil período de transição. “Passei muito tempo com o Shane Meadows e com o Stephen Graham. Eles acordaram entre eles que, se não fossem ‘com a cara’ do meu pai, ou se vissem que ele não me estava a fazer bem, adotavam-me”, contou.

Felizmente, a situação tomou um rumo positivo. Graham e Meadows conheceram o pai de Thomas, e ficaram rapidamente convencidos de que era um homem Ă­ntegro e dedicado. “Ele Ă© uma rocha! Trabalhou que nem um louco a vida toda, e Ă© um homem respeitĂĄvel. Eu e ele somos os melhores amigos agora”, disse o ator, sublinhando que, apesar da relação prĂłxima que hoje partilham, no inĂ­cio mal se conheciam.

Este episĂłdio comovente volta a destacar o lado mais humano de Stephen Graham, atualmente elogiado pelo seu papel em AdolescĂȘncia, uma sĂ©rie que tambĂ©m se distingue por apostar em novos talentos — algo que o ator fez questĂŁo de exigir Ă  produção. A sua influĂȘncia, tanto na frente como atrĂĄs das cĂąmaras, demonstra um profundo compromisso com a inclusĂŁo, o apoio aos jovens e a transformação real na indĂșstria do entretenimento.

Num tempo em que o estrelato é muitas vezes associado a distanciamento e egocentrismo, histórias como esta lembram-nos que os verdadeiros heróis da televisão e do cinema não são apenas aqueles que interpretam papéis marcantes, mas também aqueles que, nos bastidores, mudam vidas.

🎭 Christoph Waltz junta-se ao elenco da 5.ÂȘ temporada de Only Murders in the Building

A sĂ©rie Only Murders in the Building continua a surpreender com o seu leque de estrelas. A mais recente confirmação Ă© a entrada do aclamado ator Christoph Waltz, vencedor de dois Óscares, que se junta Ă  quinta temporada da comĂ©dia de mistĂ©rio da Hulu (exibida em Portugal atravĂ©s da Disney+). A informação foi avançada pela revista Variety.

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Waltz junta-se assim a outro novo nome jå anunciado: Keegan-Michael Key. Como tem sido habitual na série, os detalhes sobre a personagem que irå interpretar, bem como a trama da nova temporada, estão a ser mantidos em segredo. A produção da nova temporada jå estå em curso.

Reconhecido internacionalmente pelas suas colaboraçÔes com Quentin Tarantino, Christoph Waltz venceu o Óscar de Melhor Ator SecundĂĄrio por dois papĂ©is inesquecĂ­veis: o Coronel Hans Landa em Inglourious Basterds (2010) e o caçador de recompensas Dr. King Schultz em Django Unchained (2013). Ambos os papĂ©is valeram-lhe ainda Globos de Ouro, BAFTAs e inĂșmeros outros prĂ©mios.

O ator alemĂŁo conta ainda no currĂ­culo com participaçÔes em obras de renome como Dead for a Dollar (Walter Hill), PinĂłquio de Guillermo del Toro e The French Dispatch de Wes Anderson. Para os fĂŁs de cinema de espionagem, serĂĄ sempre lembrado como o icĂłnico vilĂŁo Blofeld nos filmes de James Bond Spectre e No Time to Die. Na televisĂŁo, destacou-se na sĂ©rie The Consultant (Amazon) e foi nomeado aos Emmys por Most Dangerous Game (Quibi).

A sĂ©rie criada por Steve Martin e John Hoffman tornou-se um fenĂłmeno desde a sua estreia, combinando humor, crime e uma boa dose de ironia. Com um trio improvĂĄvel de protagonistas — Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez — Only Murders in the Building ganhou milhĂ”es de fĂŁs e nĂŁo para de acrescentar talento ao seu elenco. A quarta temporada, transmitida em 2024, contou com nomes de peso como Meryl Streep, Eugene Levy, Zach Galifianakis, Eva Longoria, Melissa McCarthy, Kumail Nanjiani e Molly Shannon.

O sucesso da série tem sido inegåvel: só a terceira temporada arrecadou 21 nomeaçÔes aos Emmy, um recorde para a produção. Hoffman assume também o cargo de showrunner, e entre os produtores executivos destacam-se os próprios protagonistas (Martin, Short e Gomez), Dan Fogelman (This Is Us) e Jess Rosenthal.

Com Christoph Waltz no elenco, a expectativa para a quinta temporada cresce ainda mais. A sua capacidade de interpretar personagens com camadas complexas e carisma magnético promete trazer um novo fÎlego (e talvez novas reviravoltas sinistras) à narrativa que jå é conhecida por surpreender a cada episódio.

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đŸ“ș Only Murders in the Building pode ser visto em Portugal atravĂ©s da plataforma Disney+.

🧠 “Fight Club”: A Ira Sublime Contra o Vazio da Modernidade

Mais do que um simples filme, Fight Club Ă© um murro no estĂŽmago da sociedade contemporĂąnea — uma obra que continua a ecoar com força mais de duas dĂ©cadas apĂłs a sua estreia. Realizado por David Fincher e protagonizado por Edward Norton e Brad Pitt, o filme oferece uma crĂ­tica visceral Ă  monotonia, alienação e futilidade do consumismo desenfreado que marca o mundo moderno.

À primeira vista, a premissa parece simples: um homem comum, preso num ciclo de tĂ©dio existencial e insĂłnia, conhece o enigmĂĄtico Tyler Durden e juntos fundam um clube secreto onde homens se agridem brutalmente como forma de libertação e catarse. Mas rapidamente se percebe que este Fight Club Ă© muito mais do que uma sala de pancadaria subterrĂąnea — Ă© um grito de revolta contra a anestesia emocional e a perda de identidade num mundo saturado de bens, marcas e mĂĄscaras sociais.

As frases emblemĂĄticas como “As coisas que possuis acabam por possuir-te” ou “Esta Ă© a tua vida e ela estĂĄ a acabar um minuto de cada vez” tornaram-se quase mantras de uma geração Ă  procura de significado. A personagem de Tyler Durden, interpretada com carisma anĂĄrquico por Brad Pitt, tornou-se um sĂ­mbolo de rebeliĂŁo contra as normas e convençÔes. Em contraste, o narrador de Edward Norton, sem nome e repleto de fragilidade, representa o homem esmagado pelo vazio existencial — atĂ© ao momento em que decide explodir, literalmente, a estrutura que o prende.

A estrutura narrativa nĂŁo-linear e os reviravoltas brilhantes subvertem as expectativas do espectador e desafiam as convençÔes tradicionais de contar histĂłrias. A revelação final nĂŁo sĂł redefine toda a narrativa como tambĂ©m reforça a tensĂŁo entre as forças internas do ser humano — razĂŁo e instinto, obediĂȘncia e caos, apatia e revolução.

Aquando da sua estreia, Fight Club gerou controvĂ©rsia e reaçÔes mistas, sendo acusado de glorificar a violĂȘncia e promover uma filosofia perigosa. No entanto, com o tempo, o filme cimentou o seu estatuto como clĂĄssico de culto, aplaudido pela profundidade filosĂłfica, pelo humor negro e pela estĂ©tica arrojada.

Hoje, Fight Club Ă© considerado uma das obras mais influentes dos anos 90, nĂŁo apenas no cinema, mas tambĂ©m como reflexo da ansiedade coletiva que persiste na sociedade actual. É um espelho sombrio onde muitos ainda se veem — na luta para serem autĂȘnticos num mundo que insiste em vendĂȘ-los uma versĂŁo prĂ©-fabricada de felicidade.


đŸ“ș Fight Club encontra-se disponĂ­vel na Disney + e na Amazon e Apple + para aluguer — uma obra obrigatĂłria para qualquer cinĂ©filo que goste de ser desafiado.

đŸ•ŻïžÂ Morreu Jack Lilley, ator de ‘Uma Casa na Pradaria’ e rosto querido do velho oeste televisivo

Jack Lilley, veterano ator associado ao clĂĄssico da televisĂŁo Uma Casa na Pradaria, faleceu aos 91 anos. A notĂ­cia foi partilhada com emoção por Melissa Gilbert, protagonista da sĂ©rie, atravĂ©s de uma publicação no Instagram que jĂĄ estĂĄ a comover fĂŁs em todo o mundo.

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“A famĂ­lia de Uma Casa na Pradaria perdeu um dos nossos”, escreveu Melissa Gilbert, lembrando o colega como “uma das minhas pessoas favoritas no planeta”. A atriz destacou a ligação afetiva que mantinha com Jack Lilley, partilhando memĂłrias de infĂąncia e da cumplicidade que existia entre os dois no set da emblemĂĄtica sĂ©rie. “Ele ensinou-me a montar a cavalo quando eu era pequena. Era tĂŁo paciente comigo, nunca me dizia que ‘nĂŁo’”, escreveu, referindo-se Ă  sua vontade constante de cavalgar durante as filmagens.

Embora tenha desempenhado diversos papĂ©is ao longo da sua carreira, Jack Lilley ficou sobretudo conhecido pelas suas apariçÔes em Uma Casa na Pradaria, sĂ©rie de sucesso que estreou em 1974 e teve nove temporadas. Adaptada dos livros de Laura Ingalls Wilder, a produção tornou-se num sĂ­mbolo da televisĂŁo norte-americana e numa referĂȘncia internacional de valores familiares, perseverança e vida rural no sĂ©culo XIX.

AlĂ©m do seu trabalho na sĂ©rie que conquistou coraçÔes por todo o mundo, Melissa Gilbert destacou tambĂ©m a “magnificĂȘncia absoluta” de Lilley no filme Blazing Saddles (BalbĂșrdia no Oeste, 1974), a cĂ©lebre comĂ©dia satĂ­rica de Mel Brooks. A versatilidade de Jack Lilley permitiu-lhe brilhar tanto no registo dramĂĄtico como no cĂłmico, o que o tornou uma figura estimada entre colegas e espectadores.

Para muitos fĂŁs, Uma Casa na Pradaria representa nĂŁo apenas uma sĂ©rie de televisĂŁo, mas uma verdadeira cĂĄpsula nostĂĄlgica de tempos mais simples. A perda de Jack Lilley reforça esse sentimento de fim de uma era e Ă© sentida com pesar por vĂĄrias geraçÔes que cresceram com os ensinamentos e histĂłrias da famĂ­lia Ingalls.

A carreira de Lilley Ă© tambĂ©m um testemunho da Ă©poca dourada da televisĂŁo americana e do contributo de inĂșmeros atores que, mesmo sem estarem sempre em primeiro plano, ajudaram a construir mundos ficcionais memorĂĄveis.

Jack Lilley deixa para trĂĄs um legado de talento, generosidade e calor humano. A sua presença continuarĂĄ viva na memĂłria dos fĂŁs de Uma Casa na Pradaria e nos coraçÔes daqueles que tiveram o privilĂ©gio de trabalhar com ele.