Adolescence faz história no Reino Unido: série da Netflix bate todos os recordes de audiências

A minissérie britânica Adolescence, da Netflix, não é apenas um fenómeno cultural — é agora também um marco histórico na televisão do Reino Unido. Num feito inédito, a série tornou-se o primeiro programa de sempre de uma plataforma de streaming a liderar o top semanal de audiências britânicas, ultrapassando até os programas tradicionais mais populares da televisão linear.

Segundo dados da agência de audiências Barb, o primeiro episódio de Adolescence foi visto por quase 6,5 milhões de espectadores na primeira semana após a estreia, enquanto o segundo episódio ficou logo atrás com 6 milhões de visualizações. Ambos superaram o programa mais visto da televisão tradicional nesse período, The Apprentice, que registou 5,8 milhões de espectadores.

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Tudo isto aconteceu entre os dias 10 e 16 de março, sendo que Adolescence só foi lançado no dia 13. Ou seja, conseguiu dominar as tabelas em apenas três dias de exibição — um feito absolutamente notável.


📺 Um novo paradigma de consumo televisivo

Estes números sublinham a transformação em curso no modo como o público britânico consome televisão. Ainda que os canais tradicionais continuem a ter audiências significativas, o poder do streaming é agora incontestável. De facto, já em 2023, a Netflix foi o serviço de televisão mais visto no Reino Unido durante três meses consecutivos, superando a BBC One pela primeira vez.

A chefe de conteúdos da Netflix UK, Anne Mensah, tem sido amplamente elogiada por apostar numa linha editorial arrojada e relevante, que resultou em sucessos como Baby Reindeer e Adolescence.


🎬 Uma série que dá que falar — e pensar

Criada por Jack Thorne e com realização de Philip BarantiniAdolescence tem ao centro Jamie Miller, um rapaz de 13 anos detido por alegado envolvimento no homicídio de uma colega de escola. A série, protagonizada por Stephen GrahamAshley Walters e o estreante Owen Cooper, explora com profundidade temas como a radicalização masculina onlinea influência nociva das redes sociais, e a desorientação emocional de uma geração em crise.

Cada um dos quatro episódios foi filmado em plano-sequência, sem cortes, intensificando a imersão e o impacto emocional da narrativa. A série é uma produção da Warp FilmsPlan B (de Brad Pitt) e Matriarch Productions.

Com mais de 24 milhões de visualizações globais e quase 100 milhões de horas assistidas na primeira semana, Adolescence bateu também a concorrência de outros grandes títulos da Netflix, como Fool Me OnceThe Gentlemen e Baby Reindeer. A expectativa agora recai sobre os dados da segunda semana, a serem revelados ainda hoje.


🌍 Um fenómeno global com impacto social

A série tem gerado debates acesos em todo o mundo sobre misoginiaviolência juvenil e o papel dos pais num mundo digital cada vez mais opaco. O próprio Stephen Graham referiu que a ideia da série nasceu do impacto de vários casos reais de crimes cometidos por adolescentes no Reino Unido e da urgência de discutir o que está a acontecer com os jovens — em especial os rapazes — na era da internet.

Em vez de apresentar uma família disfuncional como culpada fácil, Adolescence coloca o foco na influência invisível mas letal da radicalização online, mesmo em contextos familiares amorosos e estruturados. Essa abordagem tem sido largamente aplaudida por críticos e espectadores.


📊 Conclusão: a adolescência nunca foi tão desconcertante… nem tão televisivamente arrebatadora

Com números de audiência recorde, uma abordagem narrativa inovadora e um debate social urgente, Adolescence não só entrou para a história da televisão britânica, como cimentou o lugar da Netflix como líder incontestável na produção de conteúdos relevantes e disruptivos. Em 2025, o futuro da televisão é cada vez mais em streaming — e cada vez mais feito para pensar.

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🩸 “Saw XI” fora do calendário da Lionsgate — mas o Jogo (ainda) não acabou

Os fãs da saga Saw podem respirar fundo… mas talvez não por muito tempo. A Lionsgate decidiu oficialmente retirar Saw XI da sua agenda de estreias, cancelando a data previamente marcada para 26 de setembro de 2025. Contudo, apesar do que possa parecer, isso não significa o fim da linha para Jigsaw. Afinal, como o próprio Billy, o sinistro boneco ventríloquo da saga, afirmou num comunicado enigmático:

“Dizem que o jogo acabou. Vocês deviam conhecer-me melhor do que isso. O jogo nunca acaba.”


🎬 O que aconteceu com Saw XI?

Segundo o argumentista Patrick Melton, que co-escreveu Saw XI ao lado de Marcus Dunstan, o projeto não está parado por razões criativas, mas sim devido a “conflitos internos a nível de gestão” entre os produtores e a Lionsgate. A dupla entregou o primeiro rascunho do guião em maio de 2024, e desde então, tudo ficou em suspenso.

Melton referiu que o novo argumento trazia um enredo “muito atual”, comparável ao que aconteceu em Saw VI, que abordava de forma crítica o setor dos seguros de saúde — um tema que voltou a ser relevante depois do recente homicídio do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson.

Saw XI pode ou não ser feito, mas o que escrevemos é muito pertinente. E eu espero sinceramente que venha a ser produzido”, afirmou Melton ao The Hollywood Reporter.


🩸 Substituição imediata: The Strangers – Chapter 2

Com a saída de Saw XI, a Lionsgate decidiu preencher a vaga com outro título do género: The Strangers: Chapter 2, que estreia agora a 26 de setembro. Trata-se da segunda parte da nova trilogia iniciada em 2024 com Chapter 1, que rendeu 48 milhões de dólares em bilheteira mundial.

Madelaine Petsch regressa como protagonista, ao lado de Gabriel Basso e Ema Horvath. A realização é de Renny Harlin (Die Hard 2Cliffhanger), com argumento de Alan R. Cohen e Alan Freedland. Segundo os produtores Mark Canton e Courtney Solomon, será um filme “de fazer o público assistir entre os dedos”.


💀 O legado sangrento de Saw

Mesmo sem data de estreia, a saga Saw continua a ser uma das jóias da coroa da Lionsgate, com mais de 1.000 milhões de dólares em receita mundial desde a estreia do primeiro filme, realizado por James Wan, em 2004. Com nove sequências e um spin-off protagonizado por Chris Rock (Spiral, de 2021), Saw tornou-se um fenómeno de culto e uma referência no terror de armadilhas mortais e dilemas morais.

O cancelamento temporário de Saw XI poderá ser apenas mais um capítulo numa saga feita de reviravoltas, tortura psicológica e surpresas macabras. E como qualquer fã sabe, em Saw, o jogo só acaba quando se ouve a última cassete.

“Oppenheimer” estreia nos TVCine: Um marco cinematográfico chega à televisão portuguesa

🎬 Preparem-se para um momento histórico na televisão: o épico biográfico Oppenheimer, realizado por Christopher Nolan, chega aos ecrãs portugueses esta sexta-feira, 28 de março, às 21h30, em estreia absoluta no TVCine Top e também no TVCine+. Depois de conquistar os principais prémios da temporada, o filme que abalou a crítica e o público chega finalmente a casa dos espectadores.

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Um filme, sete Óscares

Não é todos os dias que um filme se impõe como um dos mais premiados da história da Academia de Hollywood. Oppenheimer arrecadou sete Óscares: Melhor Filme, Melhor Realizador (Christopher Nolan), Melhor Ator Principal (Cillian Murphy), Melhor Ator Secundário (Robert Downey Jr.), Melhor Banda Sonora (Ludwig Göransson), Melhor Fotografia (Hoyte van Hoytema) e Melhor Edição. A estes juntam-se cinco Globos de Ouro e sete BAFTAs — um verdadeiro fenómeno cinematográfico.


A história por trás da bomba

Baseado no livro vencedor do Prémio Pulitzer American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, o filme mergulha na vida e dilemas de J. Robert Oppenheimer, o físico teórico responsável pelo desenvolvimento da primeira bomba atómica, no âmbito do Projeto Manhattan durante a Segunda Guerra Mundial.

O momento-chave? A primeira explosão nuclear do mundo, a 16 de julho de 1945. Um acontecimento que não só alterou o curso da guerra, como mudou para sempre o destino da humanidade.


Um elenco de luxo para um filme inesquecível

Para além da brilhante realização de Nolan, Oppenheimer conta com um elenco verdadeiramente estelar:

• Cillian Murphy como o atormentado cientista, num desempenho que já entrou para a história;

• Emily Blunt como Kitty Oppenheimer, sua esposa;

• Robert Downey Jr., aclamado como nunca;

• Matt DamonFlorence PughKenneth BranaghGary OldmanCasey Affleck e Josh Hartnett, completam o leque de estrelas.

É cinema de autor com escala de blockbuster, e uma profundidade emocional raramente vista em produções de grande orçamento.


Uma estreia obrigatória

Se ainda não viu Oppenheimer, esta é a sua oportunidade de testemunhar um dos maiores feitos do cinema contemporâneo. E se já viu, então sabe que este é um daqueles filmes que merecem ser revistos — de preferência com o volume alto e toda a atenção do mundo.

🗓️ Marque na agenda:

📺 28 de março (sexta-feira), às 21h30

📍 TVCine Top e TVCine+


📌 Ficha Técnica

Realizador: Christopher Nolan

Baseado em: American Prometheus, de Kai Bird e Martin J. Sherwin

Elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Matt Damon, Florence Pugh, Gary Oldman, Casey Affleck, Josh Hartnett, Kenneth Branagh

Género: Drama histórico, biografia

Duração: 180 minutos

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🎸 Dig! XX – Dois Décadas Depois, o Rock Psicadélico Continua em Guerra com os Próprios Fantasmas 🎬

Vinte anos após a estreia original, Dig! regressa com uma versão revista e aumentada — agora intitulada Dig! XX — e continua a ser um dos mais fascinantes retratos do mundo da música alternativa dos anos 90. Realizado por Ondi Timoner, o documentário volta a explorar o relacionamento de amor-ódio entre duas bandas emblemáticas do rock psicadélico moderno: os Dandy Warhols e os Brian Jonestown Massacre (BJM).

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A nova versão inclui 40 minutos de material inédito e um epílogo atual que revela um detalhe tão irónico quanto simbólico: há membros de ambas as bandas que hoje… vendem imóveis. A imagem desses antigos deuses do underground a envelhecer e a adaptar-se à vida “normal” é quase mais dolorosa do que qualquer discussão ou soco trocado durante os anos em que viveram no fio da navalha do rock’n’roll.

🎤 Glamour vs. Autodestruição

Narrado alternadamente por Courtney Taylor-Taylor, vocalista dos Dandy Warhols, e Joel Gion, o eterno percussionista carismático dos BJM, o documentário mergulha na relação agridoce entre os dois grupos: uma amizade marcada pela rivalidade, imitação mútua, admiração e sabotagem emocional. Enquanto os Dandy Warhols pareciam destinados ao sucesso comercial (e à eterna suspeita de “venderem-se”), os BJM escolheram o caminho da integridade artística… e da autodestruição.

Antón Newcombe, o líder dos BJM, é sem dúvida a figura mais magnética do filme. Um génio incompreendido? Um caos ambulante? Um artista à beira do abismo? Tudo isso. A sua figura de Adónis desleixado e a sua constante guerra contra o mundo — incluindo os próprios colegas de banda — tornam-no um protagonista irresistível e trágico.

Um dos momentos mais reveladores é quando, sem pestanejar, Newcombe gasta todo o orçamento de uma digressão em… sitares. Enquanto os Dandy Warhols posam para sessões fotográficas de estética “suja”, os BJM vivem verdadeiramente na imundície e no caos que outros apenas simulam.

🎬 Mais do que um documentário musical

Dig! XX não é apenas um filme sobre música. É uma meditação sobre a ilusão do sucesso, os mecanismos da indústria, o culto da personalidade, e o preço da autenticidade. Como alguém diz no filme: “As bandas dos anos 60 entravam nas drogas… depois de ficarem famosas.” Estes, ao contrário, mergulharam no abismo antes sequer de vislumbrarem a luz.

É também impossível ignorar o simbolismo dos nomes: os Dandy Warhols, numa homenagem (ou provocação) ao ícone da superficialidade, Andy Warhol; e os Brian Jonestown Massacre, evocando a morte precoce e misteriosa de Brian Jones, dos Rolling Stones. Desde logo, uma profecia auto-infligida de sucesso envernizado e fracasso glorioso.

Mesmo duas décadas depois, o filme não perde a atualidade. A pergunta mais urgente hoje talvez seja: até que ponto continuamos a romantizar os sinais evidentes de sofrimento mental sob o manto do “artista torturado”? A figura de Joel Gion, sempre a sorrir e a fazer palhaçadas, é outro enigma que se insinua: que verdades se escondem atrás da máscara permanente?

🎞️ O legado de Dig! continua

O reencontro com Dig! em 2024, com o epíteto XX, não é apenas nostálgico — é emocionalmente devastador. Saber que os BJM, agora envelhecidos, ainda se envolveram numa briga em palco em 2023, é simultaneamente hilariante e profundamente triste. E ao ver que alguns membros agora trabalham no mercado imobiliário, percebemos que o tempo não perdoa nem mesmo os deuses do rock psicadélico.

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Para quem viu o filme na altura, esta nova versão é um murro emocional. Para os que o descobrem agora, é um documento obrigatório sobre a linha ténue entre arte e autodestruição. Dig! XX não é apenas sobre duas bandas. É sobre todos os que alguma vez tentaram viver uma vida criativa sem ceder ao conformismo. E sobre o preço que isso cobra.

🎬 Festa do Cinema Italiano regressa com ambição, desejo e estrelas de luxo 🇮🇹

Está de volta a Festa do Cinema Italiano, e a 18.ª edição promete ser uma das mais ricas e ousadas de sempre. De 9 a 17 de abril, Lisboa volta a ser a capital do cinema transalpino com dezenas de filmes, convidados ilustres e sessões especiais, antes de o festival se estender a mais de 20 cidades por todo o país — de Braga ao Funchal, passando por Évora, Leiria, Coimbra ou Setúbal.

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A abrir esta viagem cinematográfica está A Grande Ambição, filme histórico sobre Enrico Berlinguer, lendária figura do Partido Comunista Italiano, interpretado por Elio Germano, premiado no Festival de Roma. A fechar, numa nota provocadora e simbólica dos “18 anos” do festival — e da liberdade de explorar o desejo — chega Diva Futura – Cicciolina e a Revolução do Desejo, documentário de Giulia Steigerwalt sobre a figura icónica de Cicciolina e a transformação sexual que protagonizou em Itália nos anos 80.

🎞️ Estreias, autores consagrados e temas polémicos

Entre as antestreias mais aguardadas estão dois sucessos de bilheteira em Itália: Diamantes (Diamanti), o novo melodrama de Ferzan Ozpetek, e LoucaMente (Follemente), do aclamado Paolo Genovese, autor do fenómeno Amigos, Amigos, Telemóveis à Parte. Já O Último Padrinho (Iddu), com Elio Germano e Toni Servillo, mergulha no universo da máfia siciliana e na captura de Matteo Messina Denaro após quase três décadas em fuga. Os realizadores Antonio Piazza e Fabio Grassadonia estarão presentes em Lisboa.

Outros títulos a não perder incluem Marcello Mio, de Christophe Honoré; O Regresso de Ulisses (Itaca – Il Ritorno), com Ralph Fiennes e Juliette Binoche; e Jorge: Vermiglio, vencedor do Leão de Prata em Veneza e candidato italiano ao Óscar.

Num registo bem diferente, Food For Profit, documentário de Giulia Innocenzi sobre os bastidores da indústria da pecuária intensiva na Europa, promete ser um dos momentos mais polémicos. A realizadora estará presente em Lisboa e Cascais para sessões especiais.

🎬 Competição com sangue novo

A secção competitiva foca-se na descoberta de novos talentos. Estão em competição cinco obras de estreia ou segunda longa-metragem, como O Lugar do Trabalho, estreia do ator Michele Riondino, já premiado com cinco Nastri d’Argento e três David di Donatello; Diciannove, produzido por Luca Guadagnino; ou Familia, que valeu a Francesco Gheghi o prémio de Melhor Ator no Festival de Veneza.

🎥 Redescobrir o cinema italiano: Pietrangeli em destaque

Em parceria com a Cinemateca Portuguesa, o festival propõe a retrospetiva integral de Antonio Pietrangeli, figura essencial na transição entre o neorrealismo e a commedia all’italiana. Realizador ainda pouco conhecido do grande público, Pietrangeli retratou com delicadeza e profundidade a condição feminina num período de profundas mudanças sociais em Itália.

🎶 Cinema… e mais além

O evento vai além das salas de cinema. A 11 de abril, o Musicbox recebe os C’mon Tigre!, banda revelação da música independente italiana. E no dia 13, o humorista Hugo van der Ding sobe ao palco com um espetáculo sobre cinema italiano, acompanhado ao vivo pelo Duo Contrasti.

🎟️ Uma festa que se espalha pelo país

Com projeções em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Évora, Leiria, Cascais, Funchal, Lagos, Almada, Beja, Odemira, entre outras, a Festa do Cinema Italiano atinge um número recorde de cidades nesta edição. Nunca o cinema italiano esteve tão próximo de todos.

A organização está a cargo da Associação Il Sorpasso, com o apoio da Embaixada de Itália, Instituto Italiano de Cultura, ICA, Cinecittà, BNP Paribas, Câmara Municipal de Lisboa e outras entidades públicas e privadas.

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Seja pelo charme provocador de Cicciolina ou pela densidade política de Berlinguer, esta festa celebra tudo o que o cinema italiano tem de melhor: história, desejo, reflexão, humor e música.

🎬 John Carpenter vai compor a banda sonora do próximo filme de terror de Bong Joon Ho

Preparem os nervos: dois gigantes do cinema vão juntar forças para nos arrepiar até à espinha. John Carpenter, o mestre do terror que nos deu HalloweenThe Fog e The Thing, vai compor a banda sonora do próximo filme de terror de Bong Joon Ho, o realizador sul-coreano vencedor do Óscar com Parasitas.

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A confirmação aconteceu num momento tão casual quanto épico: durante uma sessão especial de exibição da versão restaurada em 4K de The Thing, Bong subiu ao palco e revelou que o seu “próximo-próximo” projeto será um filme de terror — e que sonhava com Carpenter para a música. O cineasta norte-americano nem o deixou terminar a frase. “Quero fazer a tua banda sonora”, respondeu Carpenter, selando o acordo com um aperto de mão em palco. “Isso é legalmente vinculativo em vários estados”, brincaram, mas os fãs de ambos sabem que a promessa é coisa séria.

Bong Joon Ho já se tinha declarado abertamente fã de John Carpenter em várias ocasiões. No programa The Late Show, de Stephen Colbert, Bong não escondeu a excitação por saber que Carpenter se tinha sentado no mesmo sofá antes dele. A admiração é mútua, e agora resulta numa colaboração de sonho para qualquer cinéfilo com gosto por emoções fortes.

👻 O casamento entre dois mestres do suspense

Esta futura parceria representa mais do que uma mera curiosidade de bastidores. Trata-se da união entre duas visões profundamente autorais do terror. Carpenter é conhecido pelas suas composições electrónicas minimalistas, que criam ambientes tensos e memoráveis — basta lembrar a icónica música de Halloween, composta por ele próprio. Já Bong Joon Ho domina como poucos a arte de mesclar géneros, infundindo crítica social nos seus thrillers e terror, como vimos em Memories of MurderThe Host e o já mencionado Parasitas.

A expectativa em torno do “próximo-próximo” filme de Bong já era grande, mas com Carpenter a bordo, sobe imediatamente para outro nível. O realizador sul-coreano ainda não revelou detalhes sobre o enredo ou o título do filme, mas deixou claro que se trata de um regresso ao género de terror puro, algo que os fãs aguardam desde The Host (2006), a sua criativa abordagem ao cinema de monstros.

🧊 Um segredo revelado em The Thing

Durante o mesmo evento, Carpenter ainda partilhou com Bong (e o público) uma pista sobre um dos maiores mistérios do seu clássico The Thing (1982). No final do filme, as personagens de MacReady (Kurt Russell) e Childs (Keith David) permanecem vivas, mas o espectador nunca descobre se algum deles foi infetado pelo alienígena. Carpenter revelou que existe uma pista “a meio do filme” que resolve o mistério — mas, como é típico do realizador, não entregou o ouro. O segredo continua bem guardado… por agora.

🎹 Carpenter ainda tem “a música nos dedos”

Apesar de já ter reduzido a sua atividade como realizador, John Carpenter tem estado surpreendentemente ativo no mundo da música. Além de continuar a dar concertos com o seu filho Cody Carpenter e Daniel Davies, tem composto bandas sonoras para jogos e até regressou à saga Halloween nos últimos anos. O seu envolvimento num novo projeto cinematográfico de terror, especialmente um de Bong Joon Ho, é mais uma prova de que a sua criatividade continua intacta.

🕯️ Um futuro arrepiante (no melhor sentido)

A junção entre Bong e Carpenter promete ser um dos eventos cinematográficos mais empolgantes dos próximos anos. Não se trata apenas de nostalgia ou tributo entre gerações — mas sim de um potencial clássico moderno do terror, onde a mestria narrativa de Bong Joon Ho será complementada pelo génio sonoro de John Carpenter.

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Se Parasitas redefiniu o drama social com toques de suspense e horror, e The Thing se mantém como uma referência do terror atmosférico e psicológico, então este novo projeto tem tudo para ser inesquecível.

Ralph Macchio quer ressuscitar My Cousin Vinny com Joe Pesci — e Marisa Tomei também está pronta

💼 O advogado mais inusitado da história do cinema pode estar a caminho do seu tão esperado regresso… e com grande parte do elenco original a bordo.

Ralph Macchio, o eterno Daniel LaRusso de Karate Kid, confirmou recentemente que tem mantido conversas sobre uma potencial sequela da icónica comédia de tribunal My Cousin Vinny, de 1992. O ator deu vida a Bill Gambini, o jovem universitário acusado injustamente de homicídio, cuja salvação vem do seu irreverente e inexperiente tio, o advogado Vinny Gambini — interpretado com brilhantismo por Joe Pesci.

Durante o evento PaleyFest, Macchio revelou à revista People que a ideia está a ser considerada com seriedade. “Já tive conversas com outros argumentistas sobre isso”, disse o ator. “É uma obra muito querida. A questão está em encontrar o ângulo certo.” Quando questionado sobre o envolvimento de Pesci, que tem atualmente 82 anos e raramente aceita novos projetos, Macchio brincou: “Ele pode fazer uma chamada por FaceTime, se as filmagens forem demasiado exigentes.”

👩‍⚖️ Uma comédia de culto que conquistou Hollywood

My Cousin Vinny é considerada uma das melhores comédias de tribunal alguma vez feitas. Realizada por Jonathan Lynn, a história segue dois jovens nova-iorquinos, Bill Gambini (Macchio) e Stan Rothenstein, acusados de homicídio no Alabama após um mal-entendido. Desesperados, recorrem ao único advogado que conhecem: o primo de Bill, Vinny, um recém-licenciado sem qualquer experiência real em tribunal… e que nunca tinha sequer vencido um caso.

A alma do filme, no entanto, está tanto na performance hilária e inesperadamente carismática de Pesci, como na interpretação inesquecível de Marisa Tomei, que vive Mona Lisa Vito, noiva de Vinny. A sua atuação valeu-lhe o Óscar de Melhor Atriz Secundária — um dos momentos mais surpreendentes e memoráveis da cerimónia de 1993.

🔄 Porquê agora?

Com o encerramento da série Cobra Kai, onde Macchio retomou com sucesso o papel de LaRusso, o ator está agora mais disponível para explorar outros regressos nostálgicos. E My Cousin Vinny parece ser uma das apostas mais fortes. “O serviço aos fãs nunca vem antes da história,” disse Macchio numa entrevista à Entertainment Weekly em 2022. “É isso que torna estes regressos eficazes: contar histórias orgânicas com personagens ricas que continuam a evoluir.”

A vontade de voltar ao universo de Vinny Gambini não é exclusiva de Macchio. Marisa Tomei declarou em 2017 que adoraria revisitar Mona Lisa Vito: “Sempre quis fazer uma sequela. Acho que o Joe e eu ainda nos divertiríamos imenso.”

🎬 E o que esperar de uma possível sequela?

Embora ainda não haja um argumento fechado, é fácil imaginar o tipo de enredo que poderia ser explorado: talvez Vinny e Mona Lisa a tentarem orientar um novo caso explosivo com o Bill mais velho envolvido? Ou um novo cliente excêntrico a puxar pelo talento (e teimosia) legal do advogado ítalo-americano mais carismático do cinema?

O desafio será encontrar um argumento que equilibre o humor peculiar e as dinâmicas culturais que fizeram do original um clássico, sem cair em paródia ou nostalgia vazia. Um ponto curioso é que, mesmo 30 anos depois, o filme continua a ser estudado em escolas de Direito nos EUA pela precisão surpreendente com que retrata os procedimentos legais — algo que poderia ser aproveitado na nova história.

Para já, o projeto está em fase embrionária. Mas com Macchio pronto, Tomei disponível e o mundo de Vinny Gambini tão pertinente (e necessário) como sempre, só falta Joe Pesci dizer “sim” — nem que seja por FaceTime.

Leatherface está de volta: Hollywood prepara nova investida sobre o clássico Texas Chainsaw Massacre

🎬 A icónica serra elétrica de The Texas Chainsaw Massacre está novamente a aquecer, com vários estúdios e cineastas a disputar os direitos para dar nova vida ao franchise que aterroriza audiências desde 1974. A Verve, agência que representa o património da saga criada por Tobe Hooper e Kim Henkel desde 2017, confirmou estar a preparar uma nova estratégia multimédia para o futuro sangrento de Leatherface.

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Num momento em que o terror e os franchises são das poucas apostas seguras no cinema pós-pandemia e pós-greve, o massacre texano parece ter combustível suficiente para mais umas vítimas. E os interessados estão à porta.

🔪 Um clássico renascido com sangue novo?

Entre os nomes que surgem nos bastidores como potenciais herdeiros da motosserra está JT Mollner, realizador e argumentista responsável por Strange Darling, um sucesso indie recente que arrecadou 96% no Rotten Tomatoes. Mollner está em conversações com o produtor Roy Lee (responsável por The Ring e It), e há rumores de que Glen Powell (Top Gun: Maverick) poderá estar curioso com o projeto, caso o guião avance.

Embora ainda nada esteja assinado, fontes de Hollywood indicam que estúdios como Lionsgate, A24 e até a irreverente Neon — que tem apostado forte no terror com Longlegs e The Monkey — poderão estar na corrida para produzir este novo capítulo.

A Verve, por enquanto, joga à defesa. Um representante da agência revelou ao Deadline que ainda não apresentou oficialmente o projeto a realizadores, produtores ou estúdios, mas que vários pacotes criativos têm chegado de forma espontânea. A produção estará a cargo da Exurbia Films, com Pat Cassidy, Ian Henkel e Kim Henkel envolvidos.

🧟‍♂️ O massacre original e a herança sangrenta

Lançado em 1974, o original The Texas Chainsaw Massacre foi um marco do cinema de terror independente. Com um orçamento minúsculo de $140.000, filmado no calor sufocante do interior do Texas e com um elenco desconhecido, o filme chocou, provocou censura em vários países e tornou-se um sucesso global, arrecadando $31 milhões — o equivalente a cerca de $180 milhões atuais.

O filme baseou-se em parte nos crimes reais de Ed Gein, e imortalizou a figura de Leatherface, o assassino com máscara feita de pele humana. O projeto teve também uma história de bastidores repleta de polémicas legais, com os produtores a processarem a distribuidora por lucros não pagos.

Tobe Hooper acabaria por receber um convite de Steven Spielberg para realizar Poltergeist (1982), consolidando a sua carreira em Hollywood.

🎥 Uma saga que já vai longa

Ao longo de quase cinco décadas, a saga contou com nove filmes, que no total arrecadaram mais de $252 milhões. Pelo caminho, lançou as carreiras de nomes como Matthew McConaughey e Renée Zellweger em The Next Generation (1994), e ofereceu uma nova roupagem em 2003 com o remake produzido por Michael Bay e protagonizado por Jessica Biel, ainda hoje o mais rentável da franquia com $107 milhões em bilheteira.

Mais recentemente, a Netflix lançou uma sequela direta em 2022 que recebeu críticas mistas, mas demonstrou que o interesse por Leatherface continua vivo.

📺 Futuro multimédia?

A nova estratégia da Verve promete mais do que apenas filmes. Fala-se em expansão para videojogos, banda desenhada e até potencial para séries televisivas — à imagem do que aconteceu com outros franchises de terror como Chucky ou Evil Dead.

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Com um legado tão forte e um apetite renovado por filmes de terror que apostam em nostalgia com toque moderno (ScreamHalloweenThe Exorcist), Texas Chainsaw Massacre parece pronto para arrancar de novo — com barulho, sangue e carne fresca.

Elon Musk criticado por espalhar desinformação sobre minissérie de sucesso da Netflix

A minissérie britânica Adolescência, protagonizada por Stephen Graham, tornou-se num fenómeno desde que chegou à Netflix, alcançando mais de 24 milhões de visualizações na sua primeira semana. Dividida em quatro episódios filmados em plano-sequência, a série mergulha numa história intensa e perturbadora que acompanha Jamie, um rapaz de 13 anos acusado do homicídio de uma colega da escola. A produção tem sido amplamente elogiada pela forma realista como retrata a radicalização online e a influência de culturas misóginas sobre adolescentes do sexo masculino. No entanto, esta semana, foi envolvida numa controvérsia inesperada — alimentada por Elon Musk.

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O bilionário e proprietário da plataforma X (antigo Twitter) foi alvo de fortes críticas por ter reagido a uma publicação que promovia desinformação sobre Adolescência. O post, feito por Ian Miles Cheong (@stillgray), alegava que a série era inspirada num caso real ocorrido em Southport, no qual o agressor teria sido um migrante negro. O utilizador acusava a Netflix de “racismo anti-branco” por ter alegadamente trocado a etnia do atacante na ficção. A publicação foi amplamente partilhada, contando com mais de cinco milhões de visualizações.

Elon Musk, que tem mais de 220 milhões de seguidores, respondeu com um simples “Wow”, amplificando a mensagem e dando-lhe legitimidade. A resposta gerou uma onda de indignação por parte de utilizadores da plataforma, especialistas e fãs da série.

Factos desmentem a polémica

Vários utilizadores vieram esclarecer a origem da série. O jornalista @Shayan86 sublinhou que Adolescência não é baseada em nenhum caso específico, muito menos no trágico ataque de Southport, ocorrido a 29 de julho de 2023. O projeto estava já em produção e em filmagens desde março do mesmo ano, com as gravações a decorrerem entre março e setembro — ou seja, antes do ataque que muitos tentaram relacionar com a história de Jamie.

Além disso, o criador da série, Jack Thorne, e o ator e produtor Stephen Graham têm sido claros sobre as inspirações para Adolescência: uma série de casos reais que envolvem jovens rapazes britânicos responsáveis por crimes violentos com facas. Entre os exemplos citados por Graham estão os assassinatos de jovens raparigas em Londres e Liverpool, incluindo o chocante caso de Brianna Ghey, uma adolescente trans assassinada por dois colegas.

Graham explicou que a série foi pensada ao longo de dez anos e tem como principal objetivo explorar a pressão crescente que os jovens enfrentam, particularmente os rapazes, e como ambientes tóxicos online — incluindo figuras influentes como Andrew Tate — moldam comportamentos perigosos.

O perigo da desinformação viral

A publicação original e a resposta de Musk foram amplamente criticadas por contribuírem para a proliferação de narrativas falsas. Comentadores acusaram Musk de utilizar a sua influência para amplificar teorias conspirativas e fomentar ressentimento racial injustificado. @Sensanetional descreveu o caso como “preocupante” e outros utilizadores apelidaram a plataforma de “inferno digital”.

Este episódio sublinha um problema crescente nas redes sociais: a rapidez com que desinformação se torna viral, mesmo quando factualmente incorreta. No caso de Adolescência, a falsa ligação a um caso real e a acusação de “propaganda anti-branca” ignora o verdadeiro propósito da série — um alerta social e uma análise cuidada do que leva jovens aparentemente “normais” a cometer atos de violência extrema.

Uma reflexão necessária

Adolescência procura não apontar dedos fáceis, mas questionar as causas estruturais por detrás de um fenómeno preocupante: a radicalização de adolescentes através da internet. Mostrando um lar funcional e amoroso, a série desmonta o preconceito de que estes comportamentos resultam apenas de lares disfuncionais.

Stephen Graham sintetizou o espírito da obra numa entrevista: “E se a culpa não for dos pais? E se forem forças invisíveis, digitais, que entram no quarto à noite e moldam mentes sem que ninguém repare?”

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A série é mais do que um thriller — é uma poderosa chamada de atenção para um problema que afeta cada vez mais famílias, e cuja resposta não pode ser enviesada por narrativas simplistas ou preconceituosas. A polémica em torno da sua suposta “motivação real” apenas reforça a urgência de uma discussão informada, baseada em factos e não em desinformação viral.

Gérard Depardieu no banco dos réus: o declínio de um gigante do cinema francês chega aos tribunais

O outrora intocável Gérard Depardieu, símbolo máximo do cinema francês durante décadas, enfrenta agora o maior escândalo da sua carreira. Nos dias 24 e 25 de março de 2025, o ator será julgado pelo Tribunal Criminal de Paris, acusado de agressão sexual contra duas mulheres durante as filmagens de Les Volets Verts (Os Estores Verdes) em 2021. Aos 76 anos, a figura maior do grande ecrã é confrontada não apenas por estas queixas formais, mas por um total de mais de 20 mulheres que o acusam de violência sexual ou comportamentos inapropriados — um tsunami de denúncias que marca o maior caso do movimento #MeToo em França.

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Uma filmagem que se transformou em pesadelo

Les Volets Verts, realizado por Jean Becker, parecia feito à medida de Depardieu: a história de um ator consagrado em decadência, minado pelos excessos e pela idade. Mas, nos bastidores, o que se desenrolou foi um reflexo cruel dessa ficção: um ambiente de intimidação, silêncio e medo.

Amélie, assistente de cenografia de 54 anos, apresentou queixa por agressão sexual, assédio sexual e insultos sexistas, acusando Depardieu de a ter agarrado de forma violenta num corredor, envolvendo-a com as pernas e apalpando-lhe o corpo até aos seios. A agressão, segundo relata, só terminou graças à intervenção dos seguranças do ator. “Foi brutal”, disse à Mediapart. “No fim, ele gritou ‘vemos-nos em breve, querida!’”.

Outra queixosa, Sarah, terceira assistente de realização de 34 anos, afirmou ter sido apalpada nas nádegas em mais do que uma ocasião e nos seios, apesar de ter manifestado o seu desconforto. Ambas alegam ter informado a produção, mas garantem que as queixas foram ignoradas.

Um clima de silêncio e intimidação

A atriz Anouk Grinberg, também presente nas filmagens, criticou publicamente o realizador Jean Becker por, alegadamente, “ter conhecimento das agressões e nada fazer”. Acusou ainda a equipa de produção de impor um código de silêncio: “Antes das filmagens, disseram-nos: ‘Se houver qualquer problema, calem-se. Se falarem, são despedidos’”.

Depardieu nega as acusações. A sua defesa alega que tudo não passa de uma “campanha de difamação”. Inicialmente, o ator faltou ao julgamento marcado para outubro de 2024, alegando problemas de saúde relacionados com a sua diabetes e um historial de cirurgia cardíaca. Contudo, foi posteriormente considerado apto a comparecer em tribunal.

Um passado que regressa com força

As acusações de 2021 não são um caso isolado. Em 2018, a atriz francesa Charlotte Arnould denunciou Depardieu por violação, alegando que o ator a violou duas vezes na sua residência privada. O processo encontra-se ainda em fase de instrução, com o Ministério Público de Paris a pedir formalmente, em agosto de 2024, que o ator seja julgado por violação e agressão sexual.

A lista de denúncias contra o ator inclui, ao todo, seis queixas formais — duas por violação e quatro por agressão sexual — para além de múltiplos testemunhos anónimos e reportagens de investigação que revelam comportamentos abusivos recorrentes.

Cultura, poder e impunidade

O caso Depardieu tornou-se um símbolo maior da crise de consciência que assola o meio cultural francês. Um grupo de figuras públicas publicou uma carta aberta em 2023, acusando a imprensa de “linchamento”. Uma resposta não tardou a surgir, desta feita em defesa das vítimas e contra o silêncio que protege “os intocáveis da cultura”.

O próprio Presidente Emmanuel Macron causou polémica ao descrever Depardieu como um “imenso ator que fez a França orgulhosa”, ignorando o peso das acusações pendentes. O comentário foi recebido com indignação por movimentos feministas e por parte da sociedade civil, que exigem maior empatia para com as vítimas.

A fratura é clara: de um lado, a reverência pela arte e o estatuto; do outro, a exigência de responsabilidade e justiça, mesmo quando o acusado é um dos maiores nomes da história do cinema francês.

E agora?

A presença de Depardieu no tribunal de Paris poderá marcar um ponto de viragem. Mais do que um julgamento sobre factos concretos, é um julgamento sobre uma era e sobre um sistema que durante décadas protegeu os poderosos, silenciou vítimas e ignorou alertas.

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Independente do veredito, o impacto já é visível: festivais, distribuidoras e mesmo antigos colegas de profissão começam a distanciar-se do ator. A aura de intocabilidade que durante décadas envolveu Gérard Depardieu parece ter-se dissipado — e talvez seja esse o primeiro sinal de que algo, finalmente, está a mudar.

Branca de Neve em crise: novo remake da Disney afunda-se em críticas, polémicas e um arranque morno nas bilheteiras

A nova versão em imagem real de Branca de Neve, da Disney, está a transformar-se num dos maiores desastres comerciais da história recente do estúdio. Com um orçamento estimado em 350 milhões de dólares (entre produção e marketing), o filme registou um fim de semana de estreia apático, devendo arrecadar cerca de 100 milhões a nível mundial — valor semelhante ao do fracasso Dumbo, de Tim Burton, em 2019.

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Além da receção fria do público, a produção enfrentou tempestades mediáticas desde muito antes da estreia, envolvendo polémicas com os efeitos visuais, críticas à própria história original e até divisões internas entre os protagonistas, alimentadas por posições políticas.

Um remake que (quase) ninguém pediu

A crítica foi impiedosa com o filme. O Rotten Tomatoes atribuiu-lhe apenas 43% de aprovação, com descrições como “medíocre”, “sem originalidade” e com CGI “fraco”. O The Guardian chamou-lhe uma “enxaqueca criada por IA”, e o The New York Times lamentou que não fosse “bom o suficiente para admirar, nem suficientemente mau para satirizar com gosto”.

The Wrap ironizou: “Nada de errado com o remake de Branca de Neve que não pudesse ser resolvido fazendo-o 26 minutos mais curto, 88 anos atrás e em animação desenhada à mão.” Apenas o The Telegraph ofereceu algum consolo, com três estrelas e a afirmação de que é “melhor do que Wicked”.

Ainda assim, as reações do público mostraram-se ligeiramente mais simpáticas: CinemaScore apontou uma média B+, sugerindo que nem todos os espectadores partilham do desagrado da crítica especializada.

Rachel Zegler no centro das atenções (e das polémicas)

Rachel Zegler, que interpreta a nova Branca de Neve, esteve envolvida em várias controvérsias. Desde 2022, a atriz tem criticado abertamente o filme original de 1937, chamando-o de “estranho” por se centrar num príncipe que “persegue” a protagonista. Esta nova versão, portanto, abandona o clássico “Someday My Prince Will Come” e substitui-o por temas originais como “Waiting on a Wish” e “Princess Problems”, removendo a figura do príncipe encantado.

Mas foi a sua posição política em relação ao conflito Israel-Palestina que mais polémica gerou. Numa publicação que ligava o trailer do filme à frase “Free Palestine”, Zegler criou um “sério fosso” com a co-protagonista Gal Gadot, que interpreta a Rainha Má e é uma conhecida apoiadora do exército israelita. Segundo o New York Times, o produtor Mark Platt chegou mesmo a ter uma “conversa de coração aberto” com a atriz para tentar apaziguar tensões.

O resultado? Um ambiente dividido no set e apelos ao boicote vindos de vários grupos árabes, que veem a participação de Gadot como “uma tentativa de limpar a sua imagem pública através da arte”. Organizações da Jordânia, Bahrein e outros países do Médio Oriente têm pressionado para que o filme não seja exibido em territórios árabes.

Os “sete anões” e a polémica que ninguém esqueceu

Para além das questões políticas, o próprio conceito do filme levantou dúvidas desde o início. A decisão de substituir os sete anões por personagens CGI — e, em alguns casos, por atores de estatura média — gerou críticas. O ator Peter Dinklage, conhecido por Game of Thrones, foi um dos primeiros a denunciar a abordagem como “retrógrada”.

“Estão a tentar ser progressistas de um lado e, ao mesmo tempo, a refazer uma história em que sete anões vivem juntos numa gruta. Que raio estão a fazer?”, questionou Dinklage em 2022, criando mais uma ferida na já frágil relação entre o projeto e a opinião pública.

Um conto de fadas… que pode acabar em tragédia

Com fraca adesão nas bilheteiras, um orçamento astronómico e um rasto de polémicas à mistura, Branca de Neve pode tornar-se na pior adaptação em imagem real da história da Disney. A falta de consenso artístico, os erros estratégicos de comunicação e o contexto político complicado transformaram um clássico intemporal num campo minado moderno.

Enquanto a Disney enfrenta o desafio de recuperar o investimento e restaurar a reputação do seu catálogo de remakes, este episódio levanta questões sobre o futuro das adaptações em imagem real e a capacidade do estúdio de lidar com temas contemporâneos sem alienar o público — ou os próprios envolvidos na produção.

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Talvez, afinal, “esperar por um desejo” já não seja suficiente para salvar o reino encantado da Disney.

Pamela Anderson continua a surpreender: novo filme junta-a a dois vencedores dos Óscares

Depois de ter sido aclamada como nunca com The Last Showgirl, Pamela Anderson já está de volta aos plateaus — e desta vez, acompanhada por dois pesos-pesados de Hollywood. A atriz, que muitos ainda associam ao icónico fato de banho vermelho de Marés Vivas, continua a sua reinvenção como intérprete e vai protagonizar o filme Place to Be, realizado pelo conceituado húngaro Kornél Mundruczó.

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O projeto, atualmente em rodagem em Sydney, na Austrália, conta também com Ellen Burstyn, vencedora do Óscar por Alice Já Não Mora Aqui (1974), e Taika Waititi, vencedor da estatueta dourada por Jojo Rabbit (2019), aqui em registo de ator.

A história de Place to Be é tudo menos convencional: centra-se numa mulher idosa (Burstyn) e um homem recém-divorciado e perdido na vida (Waititi), que embarcam numa viagem de Chicago a Nova Iorque para devolver… um pombo-correio perdido. Do outro lado da história está a filha da mulher (Pamela Anderson), a tentar reerguer-se após o fim do segundo casamento e a resistir à ideia de ser enviada para um lar.

Apesar do tom ligeiro do enredo, o filme promete abordar temas como o envelhecimento, o abandono e a resistência à mudança — assuntos que não são estranhos à própria Anderson, que recentemente afirmou ter sentido, pela primeira vez, que era “uma verdadeira atriz” com The Last Showgirl.

O realizador, Kornél Mundruczó, também conhecido por Pieces of a Woman, que valeu a Vanessa Kirby uma nomeação aos Óscares, não poupou elogios à estrela canadiana: “Adoro realmente a Pamela. É uma atriz tão versátil e a sua interpretação mais recente em The Last Showgirl foi inacreditável. Demonstrou tanta coragem e estou tremendamente entusiasmado para trabalhar com ela”.

Aos 56 anos, Pamela Anderson parece finalmente estar a colher os frutos de uma carreira tantas vezes marcada por estereótipos e superficialidade. A sua entrega em The Last Showgirl, ainda inédito em Portugal, mostrou uma faceta até então desconhecida — vulnerável, madura e profundamente humana.

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Com Place to Be, tudo indica que esta nova fase da carreira poderá ser não apenas um renascimento artístico, mas a consolidação definitiva do seu lugar no cinema independente. E com nomes como Burstyn e Waititi ao seu lado, as expectativas não podiam ser mais altas.

James Corden e o mistério da bateria: vizinhos em fúria com mansão de £11,5 milhões

🥁 “Bum bum pá!” — Não é o som de um concerto numa sala de espetáculos londrina, mas sim o ritmo que está a fazer os vizinhos de James Corden perderem a paciência. Desde que o apresentador britânico regressou ao Reino Unido e se instalou numa mansão de £11,5 milhões em Londres, a vizinhança tem estado longe de ser pacata.

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Segundo queixas apresentadas à câmara local, os habitantes da exclusiva zona no noroeste de Londres estão indignados com os ruídos vindos da propriedade — mais concretamente, com uma bateria que parece dar concertos improvisados com mais frequência do que seria desejável.

“Um deles toca bateria, e consegue ouvir-se no meu terraço… e às vezes até dentro de casa com as janelas fechadas!”, reclamou um residente num tom entre a exaustão e a descrença. O verdadeiro pânico? Que o tal instrumento se mude de armas e bagagens para o novo ‘antro de barulho’ que Corden quer construir no fundo do jardim.

📀 O apresentador, que regressou do estrelato americano após oito anos à frente do Late Late Show, quer agora construir uma “garden room” digna de resort: piscina, sauna, ginásio, cozinha, escritório/den e ainda um terraço coberto. O edifício, com dimensões generosas, fez disparar os alarmes na comunidade.

“Aquilo é do tamanho de um T1! Tire-se a palavra ‘ginásio’ e ponha-se ‘quarto’ e têm lá um bangalô!”, ironizou um dos vizinhos. Outro foi mais dramático: “Será um atentado visual. Um muro ao lado do meu jardim!”

🌳 E como se não bastasse o barulho e a estética, há ainda a preocupação ecológica: os vizinhos encomendaram um relatório independente que contesta a alegação de que as árvores no local não serão afetadas. “É muito provável que árvores ‘preservadas’ sejam danificadas ou removidas”, alerta o documento.

Esta não é a primeira vez que Corden se vê em sarilhos com questões de planeamento urbanístico. No seu antigo lar em Belsize Park, opôs-se à ampliação da casa de um vizinho… e perdeu. Em Oxfordshire, onde também tem propriedade, só conseguiu autorização para demolir uma casa dos anos 60 ao fim de um ano de espera.

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🔇 Por agora, a pergunta que paira no ar (e ecoa nas paredes dos vizinhos) é: quem será o misterioso baterista da família Corden? E mais importante ainda… será que o “den” vai mesmo sair do papel e tornar-se num estúdio de percussão com vista para o caos?


🎬 Sylvester Stallone regressa em força: “Tulsa King” terá terceira temporada confirmada

Os fãs de Tulsa King já podem respirar de alívio (e excitação): Sylvester Stallone voltará a vestir o fato de mafioso para mais uma temporada da popular série da Paramount+. Esta terça-feira, o serviço de streaming confirmou oficialmente que a terceira temporada já está em produção, com filmagens a decorrer em Atlanta e no estado do Oklahoma, reforçando o investimento contínuo da plataforma na expansão do seu universo criminal televisivo.

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Criada por Taylor Sheridan — o prolífico argumentista e produtor responsável por sucessos como Yellowstone1923Mayor of Kingstown e Lioness — Tulsa King tornou-se rapidamente num fenómeno de audiência. A segunda temporada, estreada em setembro de 2024, registou o melhor arranque de sempre na história da Paramount+, consolidando a série como uma das grandes apostas da plataforma.


Stallone brilha como mafioso em reinvenção televisiva

Em Tulsa King, Sylvester Stallone encarna Dwight “The General” Manfredi, um veterano da máfia de Nova Iorque recentemente libertado da prisão, que é forçado pelos seus superiores a reconstruir um império criminoso… em Tulsa, Oklahoma. A premissa, que poderia parecer uma anedota no papel, revelou-se um cocktail explosivo de ação, humor, drama e muito carisma — mérito em grande parte da interpretação de Stallone, que dá vida a um mafioso envelhecido mas ainda astuto, duro e surpreendentemente sensível.

Ao longo das duas temporadas anteriores, o público acompanhou a ascensão de Dwight no submundo de Tulsa, as alianças improváveis que forjou, e os inimigos que atraiu — tanto da máfia de Kansas City como de empresários locais com sede de poder. A narrativa equilibra com mestria o estilo clássico dos filmes de gangsters com um ambiente moderno e quase western, onde a figura do “capo” é deslocada para o interior dos EUA com resultados inesperados e electrizantes.


O que esperar da nova temporada?

Apesar de ainda não ter sido revelada uma data oficial de estreia, fontes da indústria indicam que a terceira temporada poderá chegar no último trimestre de 2025. A promessa é clara: o caos vai continuar, e Dwight enfrentará novos desafios para manter o controlo do seu império em expansão.

Segundo a sinopse avançada pela Paramount+, o protagonista terá de lidar com a crescente pressão da máfia de Kansas City, enquanto um novo inimigo — um empresário local de grande influência — entra em cena. Ao mesmo tempo, velhas feridas de Nova Iorque ameaçam reabrir-se, tornando o equilíbrio entre negócios, lealdades e a sua própria segurança mais frágil do que nunca.

A série continuará, portanto, a explorar os temas que a tornaram num êxito: a luta pelo poder num território hostil, a família (de sangue e do crime), e a eterna questão de redenção e sobrevivência num mundo onde nem os “bons rapazes” escapam incólumes.


Um império em expansão… dentro e fora do ecrã

Tulsa King é mais uma peça-chave no ambicioso plano de Taylor Sheridan, que se tornou numa das vozes mais influentes da televisão norte-americana contemporânea. A sua capacidade de criar universos narrativos interligados, com personagens carismáticas e ambientes marcantes, tem gerado comparações com o fenómeno da Marvel — mas com cowboys, mafiosos e agentes secretos em vez de super-heróis.

O sucesso de Tulsa King também representa um marco especial na carreira de Stallone. Depois de décadas no grande ecrã como herói de ação em Rocky e Rambo, o ator provou que consegue liderar uma série televisiva de alto calibre, com uma performance cheia de nuances, humor e emoção. Aos 78 anos, Stallone não está apenas a reinventar-se: está a elevar-se a novo estatuto como ícone da televisão de prestígio.


Onde ver em Portugal?

Em Portugal, as duas primeiras temporadas de Tulsa King estão disponíveis na SkyShowtime, com 10 episódios cada. Ainda não foi confirmada a janela de estreia da terceira temporada no nosso país, mas é expectável que a SkyShowtime mantenha a exclusividade da série, dado o sucesso contínuo da colaboração com a Paramount+.

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🎬 Os Filmes de Máfia Estão a Ser “Apanhados”? Hollywood Pode Estar a Assistir ao Fim de Uma Era

Durante décadas, os filmes sobre a máfia foram o coração palpitante de Hollywood: repletos de intrigas, violência, famílias disfuncionais com códigos de honra retorcidos, e atuações memoráveis que elevaram atores como Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci ao estatuto de lendas. Mas ao assistir ao fracasso de The Alto Knights — com Robert De Niro a falar… consigo próprio, literalmente — é inevitável perguntar: estará este subgénero a respirar por aparelhos?

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🕵️ A Era de Ouro Que Já Foi

A glória começou com O Padrinho (1972), de Francis Ford Coppola, um filme que conseguiu o raro feito de unir a crítica e o grande público: venceu o Óscar de Melhor Filme e arrecadou 250 milhões de dólares na bilheteira, ou mais de 700 milhões ajustados à inflação. Seguiram-se Goodfellas (1990), Casino (1995) e Donnie Brasco (1997), entre outros, obras com enredos complexos, personagens intensas e uma realização magistral.

Mas agora, os nomes por trás destes clássicos estão, literalmente, a envelhecer. De Niro tem 81 anos. Al Pacino, 83. Martin Scorsese, 82. E Nicholas Pileggi, argumentista de Goodfellas e The Alto Knights, já conta com 92 primaveras. Com este elenco envelhecido e sem uma nova geração convincente para tomar o leme, os filmes de máfia parecem prontos para… pendurar o terno italiano.

🎭 Quando Já Só Resta o Espelho

Em The Alto Knights, De Niro interpreta dois mafiosos distintos (Frank Costello e Vito Genovese) e acaba a falar consigo mesmo. Não há parceiros à altura, nem um fio narrativo realmente cativante. O filme, recheado de clichés reciclados, está a ser um desastre de bilheteira, com apenas 3 milhões de dólares previstos no primeiro fim de semana. A comparação é dolorosa.

Mesmo o último filme “respeitável” do género, The Irishman (2019), exigiu tecnologia de CGI para rejuvenescer digitalmente os atores principais — um luxo narrativo que grita mais desespero do que inovação. E o resultado foi, para muitos, uma experiência mais artificial do que emocional.

🎬 A Geração Perdida

O problema não está apenas nos velhos nomes — está também na ausência de novos. Quem substituirá De Niro e Pacino? Timothée Chalamet a dar tiros enquanto devora spaghetti aos domingos? Difícil de imaginar.

Tentativas recentes falharam com estrondo: Gotti, com um John Travolta irreconhecível, ou Capone, com Tom Hardy a murmurar-se através de um enredo estagnado, são apenas dois exemplos. E o prequela de Os SopranosThe Many Saints of Newark, pouco ou nada acrescentou ao legado da série original.

James Gandolfini, que poderia ter sido o herdeiro legítimo do trono mafioso no grande ecrã, faleceu em 2013. A sua ausência é sentida não apenas pelos fãs, mas também por uma indústria sedenta de uma figura credível para liderar a próxima geração de wiseguys.

⚰️ O Fim de Uma Linha… ou Uma Reinvenção à Vista?

A verdade é que géneros cinematográficos também morrem. Os westerns, por exemplo, dominaram o cinema americano até aos anos 60, para depois cederem lugar a interpretações modernas, mais sombrias e revisionistas — como The Hateful Eight, de Quentin Tarantino.

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Talvez o mesmo destino aguarde os filmes de máfia. Talvez o próximo passo seja deixar para trás a obsessão com famílias italianas e códigos de honra ultrapassados, e encontrar novas formas de explorar o crime organizado, mais ajustadas ao século XXI. A máfia de hoje não está em Little Italy — está nos corredores anónimos das grandes corporações, nas redes de tráfico digital e nos meandros do poder político global.

💡 Fuggedaboudit, Mas Com Classe

O género pode não estar morto, mas está claramente em coma. E talvez o que precisa seja precisamente de alguém com coragem para desligar as máquinas — e recomeçar do zero. Um realizador ousado, um argumentista de sangue novo, que olhe para os clássicos e, em vez de tentar imitá-los, diga com orgulho: Fuggedaboudit!

O futuro dos filmes de máfia talvez não esteja em replicar o passado… mas em enterrá-lo com honra.

🎬 James Bond Está de Volta: Novo Filme Tem Data de Estreia Prevista e Produção Acelerada Após Investimento Bilionário da Amazon

Parece que o agente secreto mais famoso do cinema vai regressar com força total. Após um longo período de silêncio e especulação, a produção de Bond 26 já está oficialmente em andamento, com previsão de estreia nos cinemas até ao final de 2027. O arranque acelerado do projeto surge na sequência de um investimento colossal de mil milhões de dólares por parte da Amazon, que adquiriu o controlo criativo total da franquia 007.

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💰 Nova Era: Amazon Assume o Volante da Aston Martin

O mês passado marcou uma viragem histórica para a saga James Bond. A Amazon MGM concretizou um acordo com os veteranos produtores Michael G. Wilson e Barbara Broccoli, garantindo o controlo criativo de todos os futuros filmes da franquia. Embora os produtores continuem como coproprietários dos direitos, a decisão tem causado inquietação entre os fãs mais puristas, que temem uma diluição da identidade clássica da série.

Segundo o jornal The Sun, o orçamento estimado para Bond 26 ronda os 250 milhões de libras (cerca de 290 milhões de euros), valor semelhante ao de No Time To Die, o último filme com Daniel Craig como 007. A intenção é clara: recuperar o investimento rapidamente e lançar uma nova fase da saga que, à semelhança do que aconteceu com Casino Royale, redefina o agente secreto para uma nova geração.

📆 Estreia em 2027 e Gravações Aceleradas

As salas de cinema deverão receber Bond 26 ainda antes do final de 2027, coincidindo com o tradicional calendário de estreias da saga, geralmente entre outubro e novembro. Segundo a mesma fonte, as equipas de argumentistas já estão a ser reunidas e a produção deverá estar concluída até ao fim de 2026.

Se esta meta for cumprida, o novo filme igualará o maior hiato entre dois títulos da saga desde a sua criação em 1962. O recorde anterior pertence a GoldenEye, lançado em 1995, seis anos depois de Licence to Kill com Timothy Dalton.

🕵️‍♂️ Quem Será o Novo James Bond?

A questão que mais tem agitado os fãs prende-se, naturalmente, com o sucessor de Daniel Craig. Nomes como Aaron Taylor-Johnson, James Norton e Harris Dickinson têm sido apontados como os favoritos. Em março de 2024, chegou a circular que Taylor-Johnson já teria assegurado o papel, mas o próprio afastou-se desses rumores de forma algo enigmática, afirmando: “Não sinto que preciso de ter o meu futuro desenhado. Seja o que for que estiver reservado para mim, posso fazer ainda melhor”.

👥 Novos Produtores em Jogo

Os bastidores do projeto também contam com movimentações relevantes. De acordo com o site Puck, Amy Pascal (produtora dos filmes Homem-Aranha com Tom Holland) e David Heyman (responsável pela saga Harry Potter) estão em negociações para liderar a nova fase da franquia. Dois nomes de peso com vasto currículo em grandes sucessos de bilheteira, e que podem imprimir uma nova identidade ao universo Bond.

📺 Spin-Offs à Vista, Mas o Cinema Continua Prioritário

Com a Amazon ao leme, não é surpreendente que se equacione a expansão do universo Bond para séries de streaming. No entanto, fontes próximas do estúdio asseguram que “a prioridade é um novo filme, como os fãs esperam”. Ou seja, antes de pensar em spin-offs, o plano é ressuscitar o núcleo principal da saga no grande ecrã, respeitando a tradição que fez de James Bond um ícone da cultura popular global.

⚠️ Uma Missão Delicada

Bond 26 enfrenta o desafio de equilibrar nostalgia e modernidade, mantendo a elegância e o estilo clássico que definem a personagem, mas adaptando-a aos tempos modernos. Com a pressão de um orçamento colossal e a supervisão de um gigante do entretenimento como a Amazon, os olhos do mundo estarão postos neste projeto como nunca antes.

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Se tudo correr conforme o previsto, 2027 poderá marcar o início de uma nova era para James Bond. E os fãs — ansiosos desde 2021 — poderão finalmente ver quem será o próximo agente secreto com licença para matar.


🎬 Crítica – Black Bag: Espionagem, Ironia e o Casamento como Campo de Batalha

Black Bag, de Steven Soderbergh, é um thriller de espionagem que se move ao ritmo de uma dança elegante entre o suspense e a sátira, com Michael Fassbender e Cate Blanchett como protagonistas de uma história onde o maior inimigo pode estar mesmo à mesa do jantar — ou até no lado da cama.

Num contexto cinematográfico sedento por substitutos convincentes para o universo Bond, Black Bag surge como uma alternativa refrescante. Não tenta competir com os 007 do passado, mas antes propõe-se a subverter o género com inteligência e um sentido de humor seco e peculiar, bem ao estilo de Soderbergh. O argumento de David Koepp parece feito de bisturi na mão, cortando os clichés do género e expondo os seus nervos com ironia — mas sem nunca cair no puro pastiche.

📁 Espiões e Cônjuges: o Casamento como Enigma

A premissa é simultaneamente clássica e deliciosamente moderna: George e Kathryn (Fassbender e Blanchett) são agentes secretos e casados. Estão, aparentemente, do mesmo lado — até que uma fuga de informação coloca tudo em causa. A partir daqui, Black Bag mistura paranoia conjugal com operações secretas e pequenos gestos do quotidiano que adquirem carga simbólica: um crachá trocado no saco do pequeno-almoço, um olhar de desconfiança durante uma conversa trivial.

Soderbergh não filma com pirotecnia, mas sim com contenção elegante. Os seus ambientes — gabinetes cinzentos com vidros que se tornam opacos por controlo remoto, reuniões discretas em casas de campo luxuosas, chamadas telefónicas feitas à beira do lago — criam um tom onde o realismo tecnológico do espionagem moderna se cruza com a teatralidade dos relacionamentos secretos.

📦 Jantar com Verdade no Prato

Um dos pontos altos é um jantar de suspeitos com chana masala adulterado com um soro da verdade, onde os diálogos rapidamente se tornam surtos de culpa e confissão. O elenco secundário brilha: Marisa Abela, Naomie Harris, Regé-Jean Page e um Tom Burke absolutamente fiel ao arquétipo do espião desleixado mas arguto — como uma reencarnação londrina de Roy Bland ou Jackson Lamb. São cenas como esta que fazem o filme respirar, alternando entre o cômico e o inquietante com naturalidade.

🎭 Blanchett, Fassbender e a Força do Subtexto

Cate Blanchett, que raramente falha, entrega aqui uma performance contida e ambígua, sempre com algo por revelar sob o olhar penetrante. Fassbender, mais soturno e introspectivo, equilibra bem a frieza exterior com as hesitações internas. A dinâmica entre ambos é a verdadeira alma do filme: um casamento onde a confiança é tão fluida quanto as fronteiras nacionais.

Embora o filme se possa acusar de “cartoonish” em alguns momentos — há uma estilização algo exagerada, por vezes quase teatral —, isso parece ser parte do ponto. Black Bag não pretende um realismo exaustivo, mas antes um olhar irónico sobre a forma como a espionagem (e os casamentos) são palcos de performance constante, onde a verdade é tão rara como um agente reformado.

🎥 Conclusão: Um Thriller Inusitado com Carácter Próprio

Apesar de alguns críticos apontarem falhas na profundidade emocional ou na consistência do tom, Black Bag é um thriller elegante, divertido e, em última análise, surpreendentemente eficaz. Soderbergh não está interessado em fazer Skyfall. Está mais interessado em brincar com as ferramentas do género, desmontá-las com elegância, e oferecer-nos algo entre o rom-com neurótico e o drama de espionagem.

A verdade é que, por detrás da frieza calculada da mise-en-scène e da contenção britânica dos diálogos, Black Bagconsegue extrair o melhor de Tarantino (o humor negro, os diálogos carregados de subtexto, a tensão acumulada numa única divisão) e injectá-lo numa visão que é inequivocamente de Soderbergh. É, por isso, um dos seus filmes mais singulares dos últimos anos — e um dos mais deliciosamente enigmáticos.

🦸‍♂️ Os Irmãos Russo Dizem que Recusaram Robert Downey Jr. Antes de Aceitar “Avengers: Doomsday” e “Secret Wars”

Apesar de terem sido os responsáveis por alguns dos maiores sucessos da Marvel Studios, os Irmãos Russo (Joe e Anthony) revelaram que inicialmente recusaram o convite de Robert Downey Jr. para regressarem ao universo cinematográfico da Marvel com os próximos dois filmes dos AvengersDoomsday e Secret Wars.

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Em entrevista ao site Omelete, Joe Russo explicou que a ideia de trazer Downey Jr. de volta ao MCU — desta vez não como Tony Stark/Iron Man, mas como Doctor Doom — partiu do próprio presidente da Marvel Studios, Kevin Feige.

“Foi o Kevin”, revelou Joe. “Curiosamente, essa conversa aconteceu há algum tempo.”

Robert Downey Jr. Tentou Convencê-los… Sem Sucesso

Depois da proposta inicial de Feige, foi o próprio Robert Downey Jr. quem tentou convencer os irmãos a aceitar os projetos. Ainda assim, a dupla não cedeu de imediato.

“O Robert tentou convencer-nos a fazer [Doomsday e Secret Wars] e dissemos ‘não’”, contou Joe Russo. “Simplesmente não tínhamos uma história. Não tínhamos uma forma de entrar. Fomos resistentes durante algum tempo.”

A Viragem: Um Argumento Irrecusável

O ponto de viragem chegou quando Stephen McFeely, argumentista com quem os irmãos Russo já colaboraram em Infinity WarEndgame e Captain America: Civil War, apareceu com uma proposta concreta.

“Um dia, o Stephen McFeely disse: ‘Tenho uma ideia’”, recorda Joe. “E nós respondemos: ‘Essa é a história!’ Essa história tem mesmo de ser contada. É uma história muito poderosa!”

A Responsabilidade de Regressar ao Trono

Joe e Anthony Russo não são apenas realizadores reconhecidos — são também uma referência incontornável no cânone da Marvel. As suas contribuições anteriores transformaram profundamente o MCU, culminando no fenómeno global que foi Avengers: Endgame, na altura o filme mais lucrativo de sempre.

Por isso, a hesitação inicial face ao regresso não surpreende: depois de terminarem a Saga do Infinito com sucesso, qualquer novo projeto teria de justificar artisticamente a sua presença — e não ser apenas mais uma oportunidade de bilheteira garantida.

Doctor Doom: A Nova Face de Downey Jr.?

Embora ainda não esteja oficialmente confirmado, a ideia de Robert Downey Jr. interpretar Victor Von Doom promete virar o MCU do avesso. A personagem é um dos vilões mais icónicos da Marvel Comics — e vê-lo a ganhar vida através de um ator que foi a alma do universo durante mais de uma década será, no mínimo, fascinante.

Este tipo de reinvenção é raro — mas pode ser precisamente o tipo de risco que mantém o MCU interessante após mais de 30 filmes.


🎬 Conclusão: Resistência Inicial, Mas Agora com História Para Contar

Avengers: Doomsday e Secret Wars prometem não ser apenas mais dois capítulos no universo Marvel, mas eventos cinematográficos capazes de rivalizar com Endgame em escala e impacto emocional. Com os Irmãos Russo de volta ao leme, com um argumento que os entusiasmou, e com Downey Jr. a reinventar-se numa personagem sombria, a próxima fase do MCU pode estar a preparar um dos seus momentos mais ousados até à data.

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🎬 Cate Blanchett, a Mestra do Disfarce de Spielberg e a Vilã Favorita de Indiana Jones

No universo de Indiana Jones, há poucos vilões que se destacam com tanto estilo e intensidade como Irina Spalko, a implacável agente soviética interpretada por Cate Blanchett em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008). O que talvez poucos saibam é que Blanchett e Harrison Ford não se tinham sequer cruzado antes das filmagens deste quarto capítulo da saga. O primeiro encontro entre ambos aconteceu no exacto momento em que as suas personagens se conhecem em cena — um gesto quase teatral que acabou por servir na perfeição a aura de mistério e tensão da relação entre Indiana e Spalko.

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Blanchett, fã confessa de Indy desde jovem, descreveu como ideal conhecer Harrison Ford vestido como o lendário arqueólogo: “Sempre fui uma grande fã da personagem, por isso foi perfeito conhecê-lo já como Indiana Jones.” O fascínio não foi, no entanto, recíproco de imediato — várias semanas depois do início da rodagem, Ford viu uma mulher loira no plateau e perguntou quem era. Para seu espanto, era Blanchett sem a sua peruca preta e uniforme de vilã. Ele simplesmente nunca a tinha visto fora do disfarce de Spalko.


Irina Spalko: uma vilã inspirada em Bond

Para se preparar para o papel da impiedosa Irina Spalko, Blanchett mergulhou de cabeça no processo de transformação. Aprendeu esgrima e praticou karaté durante as filmagens, compondo uma personagem fria, metódica e letal. A inspiração veio de outra figura icónica do cinema: Rosa Klebb, a sinistra agente soviética de From Russia with Love (1963), célebre pelo seu corte de cabelo à tigela e a sua rigidez militar. Blanchett recuperou essa essência e levou-a para um território ainda mais caricatural, mas incrivelmente eficaz.

Steven Spielberg, que já tinha vontade de trabalhar com Blanchett desde finais dos anos 90 (chegou mesmo a escolhê-la para o papel de Agatha em Minority Report, substituída por Samantha Morton quando o projecto sofreu atrasos), ficou rendido. Chamou-a de “mestre do disfarce” e confessou que ela se tornou a sua vilã favorita de toda a saga Indiana Jones, precisamente por ter contribuído ativamente para construir a personagem: o sotaque, os tiques, os olhares, o modo de andar e a postura rígida — tudo passou pelo crivo criativo da atriz australiana.


Blanchett: o talento inquieto

Por detrás da precisão técnica e do virtuosismo interpretativo de Cate Blanchett, há uma artista marcada por uma espécie de “inquietação abençoada”, como a própria definiu em entrevista:

“Não sei se alguma vez quis mesmo ser atriz. Sou uma pessoa activa – a ideia de esperar que o telefone tocasse não me deixava confortável. Mas continuei a fazê-lo, tentando parar, depois voltando. Há uma inquietação constante, talvez seja isso que nos faz continuar.”

Essa inquietação é palpável no seu percurso. Após não integrar Minority Report, Blanchett entregou-se a outros desafios, como a saga O Senhor dos Anéis, consolidando-se como uma das atrizes mais respeitadas da sua geração. Em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, ela demonstra porque é que é considerada uma das intérpretes mais versáteis e inventivas de sempre: ao mesmo tempo ameaçadora e quase cómica, a sua Spalko é memorável por ser, paradoxalmente, exagerada e verosímil.


Um filme controverso, mas com brilho de Tarantino?

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal pode não ser o favorito dos fãs mais puristas da saga — o seu tom mais “cartoonish”, o argumento rebuscado e a introdução de elementos sci-fi geraram alguma divisão. Mas é impossível negar que, no meio da extravagância, há uma química brilhante entre os actores e uma composição visual que beira o experimental, algo que ecoa um certo espírito tarantinesco de amor pelo exagero e pela reinvenção estilizada dos géneros clássicos.

E se o filme tem esse sabor agridoce de blockbuster desenfreado, é precisamente Blanchett que lhe dá o toque de elegância e inteligência que o eleva. Apesar de todos os altos e baixos, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristalconsegue reunir o melhor de dois mundos: a sofisticação irónica que Tarantino tanto valoriza e o maximalismo visual típico de Oliver Stone ou Spielberg em modo arrojado. Uma combinação improvável, sim — mas que funciona graças a uma vilã absolutamente inesquecível.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal está disponível em streaming no SkyShowtime, e está disponível para aluguer no Prime e no Apple +

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🎬 Natural Born Killers: Quando Tarantino encontrou Stone… e não gostou do que viu

Lançado em 1994, Natural Born Killers é um daqueles filmes que continua a dividir opiniões e a alimentar debates intensos, décadas depois da sua estreia. Realizado por Oliver Stone, a partir de um argumento original de Quentin Tarantino — que viria a renegar o resultado final — o filme é um frenesim audiovisual que mistura sátira, violência estilizada, crítica à cultura mediática e um retrato distorcido da obsessão americana com o crime.

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Mas por trás do filme existe também uma história de bastidores que envolve egos, visões artísticas incompatíveis e uma disputa sobre o verdadeiro significado do texto original. Afinal, como é que um dos argumentos mais brutos e irónicos de Tarantino se transformou num dos delírios mais psicadélicos da carreira de Stone?


O argumento original de Quentin Tarantino

O argumento de Natural Born Killers foi escrito por Quentin Tarantino antes de se tornar um nome consagrado em Hollywood. Na época, o jovem argumentista tentava vender os seus roteiros, e NBK (como é frequentemente abreviado) era um dos seus projectos favoritos. A história gira em torno de Mickey e Mallory Knox, um casal de assassinos em série que se tornam celebridades mediáticas devido à cobertura sensacionalista dos seus crimes.

Tarantino pretendia que o filme fosse mais cru, contido e carregado de ironia — uma espécie de Bonnie and Clydereimaginado para a era pós-moderna. O seu guião era marcado por diálogos afiados, violência estilizada mas realista, e uma crítica subtil mas corrosiva ao culto da fama na América. Em suma, um filme tipicamente tarantinesco.

No entanto, ao vender os direitos do guião por cerca de 10 mil dólares (valor irrisório, tendo em conta o futuro prestígio do seu nome), Tarantino perdeu o controlo criativo sobre o projecto. Quando Oliver Stone foi contratado para o realizar, a história tomou um rumo radicalmente diferente.


A visão psicadélica de Oliver Stone

Conhecido por obras de forte carga política e estilo visual arrojado (PlatoonJFKThe Doors), Oliver Stone viu em Natural Born Killers uma oportunidade para fazer uma crítica feroz à sociedade mediática americana, mas à sua maneira: exagerada, barulhenta e profundamente estilizada.

Stone reescreveu extensivamente o argumento de Tarantino, colaborando com David Veloz e Richard Rutowski. O tom tornou-se muito mais surreal e alegórico, e o realismo seco que Tarantino desejava foi substituído por uma abordagem quase psicadélica, com múltiplos formatos de imagem, colagens visuais, animações, sequências de estilo “sitcom”, e uma banda sonora frenética coordenada por Trent Reznor, dos Nine Inch Nails.

O resultado é um filme que funciona como uma descarga sensorial: frenético, esquizofrénico, deliberadamente desconfortável e tão auto-consciente que por vezes parece paródico. Stone não queria apenas criticar os media — queria explodir a forma como os media moldam e glorificam a violência, criando heróis a partir de monstros. E fá-lo com uma estética que, para muitos, é genial… e para outros, insuportável.


Tarantino rejeita… mas não consegue escapar à influência

A reacção de Tarantino ao filme de Stone foi imediata e negativa. Chegou mesmo a declarar publicamente que odiava o resultado final e que nunca mais quis ver nada relacionado com o filme. Para o realizador de Pulp FictionNatural Born Killers era uma traição ao espírito do seu argumento, que considerava ter sido “violentamente deturpado”.

Não era apenas uma questão de mudanças no guião — Tarantino abominava a direcção visual e ideológica que Stone impôs ao material. Numa das suas entrevistas, chegou a afirmar que “se tivessem feito o filme como eu o escrevi, teriam tido o próximo Bonnie and Clyde. Em vez disso, fizeram um cartoon”. Essa crítica ficou para sempre colada ao filme, como uma espécie de ferida aberta entre dois gigantes do cinema.

Curiosamente, no entanto, os elementos essenciais do ADN de Tarantino permanecem no filme: a relação simbiótica entre violência e cultura pop, o casal fora-da-lei com charme letal, e o humor negro que permeia até os momentos mais brutais. Ainda que envolto numa embalagem psicadélica e delirante, Natural Born Killers carrega consigo ecos inconfundíveis do seu criador original.


Um filme singular, imperfeito… mas fascinante

Com o passar do tempo, Natural Born Killers foi ganhando o estatuto de filme de culto. É, simultaneamente, uma relíquia do seu tempo (marcada pelos excessos visuais dos anos 90) e um objeto artístico intemporal na sua crítica aos media. Stone, num dos seus momentos mais ousados, usa o cinema como um espelho deformado da sociedade americana — onde assassinos em série são celebridades e os jornalistas são parasitas.

Apesar das críticas ferozes, das polémicas e das discussões com Tarantino, o filme sobrevive como uma das obras mais ousadas e originais da década. Sim, o look pode ser “demasiado cartoonish”, como muitos acusam. Sim, a mensagem nem sempre é subtil. Mas também é inegável que Stone conseguiu criar algo que tem a essência de Tarantino, mas através de uma lente completamente diferente — mais política, mais psicadélica, mais suja e, ao mesmo tempo, incrivelmente artística.

Natural Born Killers não é apenas um filme — é um manifesto visual, uma descarga de raiva e sátira que nos obriga a questionar a nossa própria relação com a violência e com os media. Um filme que, goste-se ou não, continua a provocar, a incomodar e a fascinar. E isso, convenhamos, é uma conquista raríssima.

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