Skip to content

Um tríptico sobre família, silêncio e distância: Pai Mãe Irmã Irmão  estreia nos cinemas portugueses

Jim Jarmusch regressa ao grande ecrã com um olhar sereno sobre encontros e desencontros familiares

O novo filme de Jim JarmuschPai Mãe Irmã Irmão, chega às salas de cinema portuguesas no próximo 8 de Janeiro, trazendo consigo um dos mais sólidos selos de prestígio do cinema de autor contemporâneo. A longa-metragem, distinguida com o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza, propõe uma reflexão intimista sobre as relações familiares, a distância emocional e a dificuldade de comunicar entre gerações.  

ler também : Já chegou o primeiro trailer de Odisseia, o novo épico de Christopher Nolan

Estruturado como um tríptico, o filme é composto por três histórias independentes, ligadas por temas comuns e por uma abordagem narrativa coerente. Cada segmento acompanha filhos adultos e a forma como se relacionam entre si e com figuras parentais emocionalmente distantes, em contextos geográficos e culturais distintos.

Três histórias, três países, o mesmo desconforto emocional

As narrativas decorrem no presente e repartem-se por três locais: o episódio “Pai”, situado no nordeste dos Estados Unidos; “Mãe”, passado em Dublin, na Irlanda; e “Irmã Irmão”, que decorre em Paris, França. Esta fragmentação espacial reforça a ideia central do filme: apesar das diferenças culturais, as dinâmicas familiares marcadas pelo silêncio, pela ausência e pela incomunicabilidade são universais.

Mais do que contar uma história tradicional, Jarmusch opta por uma sucessão de estudos de personagem, observados com distanciamento, sem julgamentos morais nem explicações fáceis. O resultado é um cinema de gestos mínimos, pausas significativas e diálogos contidos, onde o não dito assume tanta importância como as palavras.

Um elenco de luxo ao serviço de um cinema contido

O elenco reúne Adam Driver e Cate Blanchett, vencedora de dois Óscares, acompanhados por nomes como Tom WaitsCharlotte RamplingVicky Krieps e Indya Moore.

As interpretações seguem a linha habitual do cinema de Jarmusch: discretas, precisas e despidas de exibicionismo. Cada actor parece existir dentro do espaço emocional da personagem, respeitando o tom observador e melancólico que atravessa todo o filme.

Humor subtil e melancolia como marca autoral

Apesar do peso emocional dos temas abordados, Pai Mãe Irmã Irmão não abdica de um humor subtil, quase invisível, que surge em pequenos detalhes, situações absurdas ou silêncios prolongados. Esta combinação de leveza e melancolia é uma das marcas mais reconhecíveis do realizador, aqui aplicada com particular maturidade.

O filme foi também o filme de abertura do LEFFEST, em Novembro passado, reforçando o seu percurso de destaque no circuito de festivais antes da estreia comercial. A distribuição em Portugal está a cargo da NOS Audiovisuais, que traz assim às salas nacionais uma das obras mais elogiadas do ano.  

ler também : Quando Roger Moore Mudou de Ideias — e Tirou James Brolin do Caminho de James Bond

Pai Mãe Irmã Irmão não procura respostas fáceis nem reconciliações forçadas. É um filme sobre o que fica por dizer, sobre a distância que se instala mesmo entre quem partilha laços de sangue — e sobre a humanidade que persiste, apesar disso tudo. Um regresso notável de Jim Jarmusch ao centro do cinema de autor contemporâneo 🎬

Artigos relacionados

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment

Segue-nos nas redes Sociais

Os nossos Patrocinadores

Posts Recentes

Os nossos Patrocinadores

<--!-->