Disney Prepara Apresentação de Resultados — E o Futuro do Streaming Pode Mudar Já Esta Semana

O último relatório com números de subscrições antes de uma nova era

A Disney prepara-se para divulgar os seus resultados trimestrais esta quinta-feira, antes da abertura dos mercados, num momento decisivo para a estratégia de streaming e para a confiança de Wall Street no império mediático da empresa. É um relatório particularmente simbólico: será a última vez que a Disney revela o número de subscritores dos seus serviços, incluindo Disney+, Hulu e a nova app de streaming da ESPN.

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Tal como a Netflix fez recentemente, a empresa vai deixar de divulgar dois dos indicadores mais acompanhados pelos analistas:

  • total de subscritores,
  • ARPU (receita média por utilizador).

Uma mudança que pode indicar um virar de página no sector — e que promete gerar debate.

O que Wall Street espera ver

De acordo com estimativas da LSEG, o mercado antecipa:

  • Lucro por ação: 1,05 dólares
  • Receitas totais: 22,75 mil milhões de dólares

Mas, mais do que os números, os investidores querem perceber o rumo das divisões de media — tanto o streaming, onde cresce a expectativa, como os canais tradicionais, onde se acumulam sinais de erosão.

Em agosto, a Disney tinha:

  • 128 milhões de subscritores Disney+,
  • 55,5 milhões na Hulu,
  • e lançou a nova app ESPN direct-to-consumer, que agrega toda a programação dos canais da marca.

O relatório de amanhã revelará se estes números foram afetados pelo episódio mais polémico da empresa nos últimos meses: a suspensão temporária do Jimmy Kimmel Live! em setembro, na sequência de comentários do apresentador sobre Charlie Kirk e o movimento MAGA de Donald Trump.

Vários meios norte-americanos reportaram uma fuga significativa de subscritores durante esse período.

A pressão sobre o streaming… e o declínio inevitável da televisão tradicional

O streaming continua a ser a estrela — e a dor de cabeça — das contas da Disney. A empresa voltou a aumentar preços em outubro, numa tentativa de reduzir perdas operacionais e aproximar os serviços do ponto de equilíbrio.

Mas os analistas também estão atentos ao desempenho dos canais tradicionais: ABC, ESPN, FX e restantes redes lineares. A indústria tem sofrido quedas acentuadas de receitas publicitárias à medida que o público migra cada vez mais para serviços on demand.

Os resultados de empresas vizinhas, como a Warner Bros. Discovery, reforçam a tendência:

  • menos assinantes de TV por cabo,
  • menos receitas de publicidade,
  • competição feroz do streaming por tempo de ecrã e investimento publicitário.

A Disney já vinha reportando baixas no rendimento operacional e publicidade das redes lineares — e a expectativa é que este trimestre não seja exceção.

Um relatório que redefine prioridades

Este momento marca uma viragem na estratégia da Disney. Ao abandonar métricas como subscritores e ARPU, a empresa quer que o mercado se concentre noutras dimensões:

  • rentabilidade,
  • receitas globais,
  • tempo de visualização,
  • valor do ecossistema de media,
  • e sinergias entre streaming, parques temáticos e cinema.

Com a indústria em mutação constante, a apresentação desta quinta-feira será uma leitura fundamental para perceber como a Disney planeia equilibrar o futuro digital com o declínio dos seus pilares históricos.

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É uma manhã em que os analistas vão estar de olhos postos no relógio — e nas curvas de tendência.

Palhaço Diabólico — O Slasher Que Vai Estragar a Festa (e o Sono)

A estreia arrepiante de 15 de novembro no TVCine Top

Prepare-se para nunca mais confiar num campo de milho — nem num sorriso pintado. Palhaço Diabólico, inspirado no romance de terror de Adam Cesare, chega em estreia exclusiva ao TVCine Top, no sábado, 15 de novembro às 21h30, e promete ser aquele tipo de filme que transforma uma vila pacata no centro do caos… e os espectadores em cúmplices involuntários de um pesadelo bem vivo.

A realização é de Eli Craig (Tucker e Dale Contra o Mal), que volta a brincar com as convenções do terror, desta vez com uma abordagem mais sombria, visceral e absolutamente slasher — do tipo que cheira a fita VHS dos anos 80, mas com um polimento moderno e uma crítica social inesperada.

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Bem-vindos a Kettle Springs — onde a diversão acabou

A história acompanha Quinn (Katie Douglas), uma adolescente que tenta recomeçar a vida numa pequena vila do Missouri depois de uma tragédia familiar. À superfície, tudo parece tranquilo: vizinhos simpáticos, tradições rurais, festividades locais. Mas como em qualquer boa história de terror, por trás da calma existe sempre um segredo — ou vários.

Em Kettle Springs, o conflito entre gerações é palpável. Os mais velhos vivem presos à nostalgia e a um passado que insistem em preservar; os mais novos sonham com o que há para lá dos milheirais. E é precisamente nesse choque que algo desperta…

Do meio dos campos de milho surge Frendo, a antiga mascote da fábrica local — um palhaço com sorriso assustador, chapéu de palha e intenções mais afiadas do que uma lâmina de ceifa.

O que antes era apenas uma figura festiva transforma-se num assassino implacável, decidido a limpar a vila de tudo o que represente mudança.

E como manda o manual do slasher, os adolescentes começam a desaparecer um a um, enquanto Quinn percebe que o seu “novo começo” se tornou numa corrida desesperada pela sobrevivência.

Um slasher moderno com alma dos anos 80

Palhaço Diabólico combina:

  • terror visceral,
  • estética sombria,
  • efeitos práticos deliciosamente perturbadores,
  • e uma crítica social afiada, que usa o fosso geracional como motor da narrativa.

É um filme que presta homenagem aos clássicos slasher — de Halloween a Friday the 13th — mas que os atualiza com temas contemporâneos, especialmente o conflito entre tradição e futuro.

Frendo, a mascote homicida, promete entrar para o catálogo dos palhaços mais assustadores do cinema — essa categoria honrosa que já inclui Pennywise e Art the Clown

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A data de terror a não perder

🎃 15 de novembro

🕣 21h30

📺 TVCine Top e TVCine+

Se gosta de terror com personalidade, sangue quanto baste e aquele humor negro que morde sem aviso, esta é a estreia perfeita para aquecer — ou gelar — a noite de sábado.

Porque Hoje é Sábado — Animação Portuguesa Premiada nos Açores

O novo triunfo de Alice Eça Guimarães no AnimaPIX 2025

A animação portuguesa volta a brilhar — desta vez na ilha do Pico, onde o AnimaPIX 2025 distinguiu Porque Hoje é Sábado, o novo filme de Alice Eça Guimarães, com o Prémio AnimaPIX. A curta-metragem, um retrato delicado e profundamente humano sobre uma mulher que tenta equilibrar a rotina doméstica com o desejo de evasão, conquistou o júri e o público pela sensibilidade, pela poesia visual e pela forma como transforma o quotidiano num território emocional de grande ressonância.

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O prémio surge numa edição especial para o festival: o 10.º aniversário do AnimaPIX, uma década dedicada “à criança em todos nós”, como sublinha Terry Costa, director artístico da associação MiratecArts, responsável pela organização. A festa inclui não só os vencedores mais recentes, mas também figuras incontornáveis do cinema de animação português, entre eles Abi Feijó e Regina Pessoa, a madrinha do festival.

A autora e o seu universo animado

Alice Eça Guimarães é um nome cada vez mais presente na animação nacional. Dividindo a carreira entre publicidade e cinema, tem construído um percurso marcado pela atenção ao detalhe, pela força da imagem e por uma sensibilidade profundamente cinematográfica. Não é a sua primeira distinção: os seus trabalhos já lhe valeram prémios importantes, incluindo o Sophia para Melhor Curta-Metragem Portuguesa.

Com Porque Hoje é Sábado, a realizadora volta a mostrar a capacidade de transformar temas íntimos em histórias universais — um cinema que se diz com silêncio, textura e movimento, sempre de forma elegante e emocionalmente honesta.

Uma década de AnimaPIX: o festival que celebra a imaginação

primeira semana de dezembro será marcada por uma programação intensa no Auditório da Madalena, com actividades pensadas para escolas e público geral. Entre 2 e 5 de dezembro, o festival celebra não só a nova vencedora, mas também os criadores que têm marcado o panorama da animação portuguesa.

Entre os nomes em destaque estão:

  • João Gonzalez, cuja obra foi nomeada ao Óscar;
  • Alice GuimarãesAlexandra RamiresLaura Gonçalves e Maria Trigo Teixeira, todas vencedoras anteriores do prémio AnimaPIX.

As realizadoras e realizadores estarão presentes numa sessão especial a 5 de dezembro, às 10:00, aberta ao público, num momento que promete ser um dos grandes destaques da edição.

Cultura, parceria e futuro

O evento é possível graças à colaboração entre a Câmara Municipal da Madalena e o Governo dos Açores, através da Direção Regional da Cultura. É mais um sinal do papel fundamental que o cinema de animação assume no panorama nacional: um cruzamento entre arte, educação e identidade que continua a ganhar reconhecimento dentro e fora do país.

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Com Porque Hoje é Sábado, Alice Eça Guimarães reafirma-se como uma voz singular da animação portuguesa — e o AnimaPIX reforça o seu estatuto como uma das plataformas mais importantes para descobrir, celebrar e projetar o futuro do género.

Uma espada por todos: Os Três Mosqueteiros chega ao Canal Cinemundo no dia 16 de Novembro

Prepare-se para embrenhar-se numa espada, numa capa ondulante e numa aventura de honra — porque dia 16 de Novembro, às 20h50, o Canal Cinemundo exibe “Os Três Mosqueteiros”.  

Ambientado na França do século XVII, o filme adapta o clássico de Alexandre Dumas e junta-nos a D’Artagnan, o jovem idealista, aos lendários mosqueteiros Athos, Porthos e Aramis, que juraram pelo lema “Um por todos, todos por um”.  

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Neste momento em que a coroa francesa vacila entre as maquinações do Cardeal Richelieu e os rumores de traição, o jovem D’Artagnan chega a Paris e junta-se aos mosqueteiros para defender o rei e o reino — mas percebe rapidamente que a espada nem sempre é suficiente quando os verdadeiros inimigos se escondem nas sombras.  

Por que vale ver esta versão?

Esta adaptação distingue-se por uma envolvência visual cuidada e um sentimento renovado de aventura. O elenco franco-belga, a acção vigorosa e as intrigas de corte conferem à história de capa e espada uma nova vitalidade. Mesmo que conheça a trama, há algo de sempre fresco em ver camaradagem, honra e duelos ao luar — e, no canal Cinemundo, este momento ganha proporções especiais.

Para quem é?

Se procura um filme que combine bravura, cavalaria, fios de prata entre espadas e promessas de lealdade, esta é uma escolha certeira. Perfeito para uma noite de domingo com espírito de aventura e nostalgia clássica — com o conforto de assistir em casa, mas com o sabor da grande sala.

🗓 Quando? Domingo, 16 de Novembro

⏰ Hora? 20h50

📍 Onde? Canal Cinemundo

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Com este clássico em exibição, o cinema de outrora encontra-se com o prazer simples de uma grande narrativa — e, com capa, espada e coração, a aventura promete.

Playback — A Vida de Carlos Paião Ganha Som e Imagem no Grande Ecrã

Sérgio Graciano leva ao cinema o génio que pôs Portugal a cantar

Já começaram as filmagens de Playback, o aguardado biopic sobre Carlos Paião, o músico e compositor que marcou a cultura pop portuguesa com temas como Pó de Arroz e, claro, Playback. Realizado por Sérgio Graciano, o filme promete ser uma celebração vibrante da criatividade, humor e ousadia de um artista que partiu demasiado cedo, mas que deixou uma marca indelével na música portuguesa.

As rodagens arrancaram a 3 de novembro na Grande Lisboa e seguem agora para Ílhavo, a cidade natal de Paião — um local simbólico que será também um dos eixos centrais da narrativa. A estreia está prevista para o verão de 2026, com posterior exibição na RTP em formato de minissérie, ampliando o alcance deste retrato íntimo e inspirador.

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Um sonho entre a medicina e a música

Com argumento de Mário CenicantePlayback acompanha o percurso de um jovem estudante de Medicina que, movido pela paixão pela música, decide trocar a estabilidade da bata branca pelo risco do palco. É o retrato de um criador autodidata, espirituoso e cheio de curiosidade — alguém que ousou seguir o coração numa época em que o país começava, ele próprio, a descobrir o seu novo ritmo.

O filme mistura comédia, drama e nostalgia, captando o espírito transformador das décadas de 70 e 80 — um período de contrastes, entre o moralismo herdado e o entusiasmo de uma geração que se abria ao mundo.

“Queremos mostrar o homem por detrás do artista — o estudante sonhador que acreditava que a música podia mudar tudo. Este filme é uma celebração da sua coragem e da sua autenticidade”, explica o realizador Sérgio Graciano.

Rafael Ferreira é Carlos Paião

O papel principal cabe a Rafael Ferreira, jovem actor descoberto através de um casting nacional que contou com mais de duzentos candidatos e que terminou, simbolicamente, em Ílhavo. Ao lado de Ferreira, o elenco inclui Laura Dutra, Rita Durão, António Mortágua, Anabela Moreira e Albano Jerónimo, entre outros nomes de peso do cinema e da televisão portuguesa.

Com este elenco e a direcção de Graciano — conhecido pela sua sensibilidade na construção de personagens e pela capacidade de equilibrar emoção com ritmo narrativo —, Playback promete ser muito mais do que um retrato biográfico: será uma viagem emocional, musical e cultural ao coração de uma época.

Produção com selo português

O filme é uma produção da Caos Calmo Filmes, com produção executiva de José Amaral, e conta com distribuição da NOS Audiovisuaisapoio da RTPPIC PortugalCâmara Municipal de Ílhavo e Câmara Municipal de Oeiras.

Tal como a música de Paião, a produção pretende manter um espírito irreverente e apaixonado, cruzando o humor com a ternura e a melancolia de quem viveu intensamente, sempre entre o génio e o improviso.

Um tributo ao artista e ao homem

Mais do que um biopic, Playback quer ser um retrato humano e familiar, que devolve a Carlos Paião a dimensão que o público sempre pressentiu — a de um criador que via a vida como um palco e a música como uma forma de liberdade.

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Ao revisitarmos o seu percurso — do estudante que compunha entre exames ao músico que enchia palcos e corações —, Playback recorda-nos porque é que a música de Carlos Paião continua viva: porque tinha alma, alegria e uma vontade genuína de fazer Portugal sorrir.

🎬 Playback

📅 Estreia: Verão de 2026

🎥 Realização: Sérgio Graciano

✍️ Argumento: Mário Cenicante

⭐ Elenco: Rafael Ferreira, Laura Dutra, Rita Durão, António Mortágua, Anabela Moreira, Albano Jerónimo

🎵 Produção: Caos Calmo Filmes

🎬 Distribuição: NOS Audiovisuais

📺 Em breve também na RTP

Keeper: Para Sempre — O Amor, o Medo e os Segredos Que Nunca Deveriam Sair da Cabana

O novo pesadelo psicológico de Osgood Perkins chega aos cinemas portugueses

O terror elegante e profundamente psicológico de Osgood Perkins regressa às salas portuguesas este mês com Keeper: Para Sempre, um thriller inquietante onde o amor e a loucura dançam de mãos dadas. O filme, que estreia a 20 de novembro nos cinemas, promete ser uma das experiências cinematográficas mais intensas da estação — uma viagem ao interior de uma relação e aos abismos da mente.

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Perkins, realizador de O Colecionador de Almas (The Blackcoat’s Daughter) e do aclamado Longlegs, volta a explorar a fragilidade humana através de uma narrativa que começa como um drama íntimo e termina num pesadelo de segredos, sombras e arrependimento.

Um aniversário de casamento… e um inferno à espera

A premissa é simples, mas o resultado promete ser devastador: um casal viaja até uma cabana isolada para celebrar o aniversário de casamento. O cenário é idílico — neve, silêncio e promessas de reconciliação. Mas, à medida que a noite cai, algo começa a mexer-se nas paredes, nas vozes e nas memórias.

O que deveria ser um refúgio romântico transforma-se num labirinto de culpa e paranóia, onde o tempo parece distorcer-se e os laços de amor se confundem com as correntes da possessão. As “forças sombrias” que emergem naquela cabana não são apenas sobrenaturais — são também os fantasmas da intimidade, as verdades enterradas e os segredos que nenhuma relação sobrevive a ouvir.

Perkins descreve o filme como “uma história de terror emocional disfarçada de conto de amor”, e, conhecendo a sua obra, é seguro esperar o inesperado: ambientes minimalistas, silêncios longos e uma tensão que se infiltra lentamente, até que já é tarde demais para fugir.

O estilo Perkins: terror com elegância e alma

Filho do lendário Anthony Perkins (Psycho), Osgood construiu o seu próprio espaço no cinema contemporâneo com uma assinatura distinta — o terror atmosférico, cerebral e profundamente humano.

Em Keeper: Para Sempre, essa abordagem parece atingir nova maturidade. Perkins não se contenta com sustos fáceis: prefere explorar a psicologia das personagens, a dor do passado e o peso das escolhas. O resultado é um terror que se sente na pele, mas também no coração.

Visualmente, o filme promete a habitual estética fria e milimetricamente composta — cada plano uma pintura gótica, cada sombra um eco de culpa. A banda sonora, minimalista e dissonante, reforça o desconforto emocional que atravessa toda a narrativa.

O terror como metáfora

O que distingue o cinema de Osgood Perkins é a forma como o sobrenatural serve de espelho para o que é profundamente humano. Em Keeper: Para Sempre, a cabana isolada funciona como uma metáfora de confinamento — o local onde os segredos do casal, cuidadosamente trancados ao longo dos anos, encontram forma e voz.

É um filme sobre o que escondemos das pessoas que amamos e o que acontece quando o passado exige ser ouvido. E, como em Longlegs, o medo não vem apenas do exterior, mas da inevitabilidade do confronto interior.

A promessa de um novo clássico moderno

Com Keeper: Para Sempre, a Neon e Osgood Perkins consolidam uma parceria que tem redefinido o terror contemporâneo: inteligente, visualmente sofisticado e emocionalmente devastador.

Em tempos em que o género é dominado por sustos fáceis e clichés, Perkins propõe outra coisa: um mergulho no íntimo, onde o horror nasce da empatia e da dor, não apenas do medo.

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Prepare-se para um filme que não grita — sussurra. Que não assusta com monstros, mas com verdades. Que não se esquece quando termina.

🎬 Keeper: Para Sempre

📅 Estreia: 20 de novembro de 2025

🎭 Género: Thriller Psicológico

🎥 Realização: Osgood Perkins (O Colecionador de AlmasLonglegs)

🏠 Distribuição em Portugal: Estreia nacional nas principais salas de cinema

Allison Mack Quebra o Silêncio: “Não Me Vejo Como Inocente”

A ex-estrela de Smallville  fala pela primeira vez sobre o culto NXIVM e a prisão

Durante anos, Allison Mack foi recordada como Chloe Sullivan, a jovem repórter destemida de Smallville. Mas, fora do ecrã, a actriz viveu uma das quedas mais sombrias e mediáticas de Hollywood: o seu envolvimento com o culto sexual NXIVM, liderado por Keith Raniere. Agora, aos 43 anos, Mack decidiu falar — pela primeira vez — no novo podcast documental da CBC, Allison After NXIVM, produzido por Vanessa Grigoriadis e apresentado por Natalie Robehmed, uma das jornalistas que acompanhou o caso desde o início.

O podcast, com sete episódios, tenta responder a uma pergunta que tem dividido o público e a crítica: quem é, afinal, Allison Mack? Uma vítima manipulada ou uma cúmplice que perpetuou abusos?

De estrela juvenil a cúmplice do horror

No primeiro episódio, intitulado It Happened in Vancouver, Mack recorda o momento em que conheceu o grupo. Foi em 2006, durante as filmagens de Smallville, através da colega Kristin Kreuk, que assistiu a uma sessão introdutória da organização. Inicialmente apresentada como uma “comunidade de auto-aperfeiçoamento”, NXIVM revelou-se, com o tempo, um esquema de controlo psicológico, abuso sexual e manipulação emocional orquestrado por Raniere.

Seduzida pelas promessas de empoderamento, Mack acabou por cair sob o domínio total do líder, tornando-se uma das suas seguidoras mais próximas. O podcast revela que ela abandonou a carreira e mudou-se para Albany, onde se localizava a sede do grupo. No interior da chamada “irmandade” feminina DOS, Mack não era apenas seguidora — era mestre: controlava mulheres, regulava o que comiam, quando dormiam e até quem podiam amar.

Pior ainda, foi ela quem recrutou várias vítimas para o círculo interno de Raniere, incluindo India Oxenberg, filha da actriz Catherine Oxenberg, uma das primeiras a denunciar publicamente o culto.

Prisão, culpa e tentativa de redenção

Allison Mack foi presa em 2018 e, após um longo processo judicial, condenada em 2021 por crimes de tráfico sexual, extorsão e conspiração. Cumpriu quase dois anos numa prisão federal e foi libertada em julho de 2023.

No podcast, a actriz descreve o dia da sentença como um dos momentos mais devastadores da sua vida:

“Oh, meu Deus, o meu pobre irmão atrás de mim, a ouvir tudo o que eu fiz. A minha mãe… foi horrível. Eu não me vejo como inocente. Eles eram inocentes. Eu não.”

Hoje, Mack diz estar casada, a estudar para um mestrado em Serviço Social, e a tentar compreender — e reparar — o que viveu e causou.

O passado que não desaparece

A história de NXIVM tornou-se pública em 2017, após a publicação da investigação Inside a Secretive Group Where Women Are Branded no New York Times. O artigo, assinado por Sarah Edmondson, expôs pela primeira vez os horrores do culto, incluindo a marcação a ferro das seguidoras com as iniciais de Raniere.

O caso ganhou ainda mais notoriedade com a série documental da HBO, The Vow, que retratou o colapso da organização e a lenta desprogramação das suas vítimas. Nas gravações originais, feitas pelo próprio Raniere, Mack aparece como uma figura silenciosa mas central — uma espécie de Ghislaine Maxwell do universo NXIVM.

Raniere foi condenado em 2019 a 120 anos de prisão, enquanto Nancy Salzman, cofundadora do grupo, e a filha, Lauren Salzman, receberam penas mais leves após colaborarem com as autoridades.

“Não sou vítima pura, nem vilã total”

Ao longo dos episódios, Allison After NXIVM não tenta redimir Mack, mas também não a reduz a um estereótipo. O podcast mostra uma mulher fragmentada, entre o trauma e a responsabilidade, entre o arrependimento e a vergonha. Mack reconhece que foi manipulada, mas também teve poder — e abusou dele.

“Houve um tempo em que eu acreditava que o que estava a fazer era bom. Hoje percebo que contribuí para algo monstruoso. E não posso fugir disso.”

Apesar das críticas ao facto de lhe ser dada uma plataforma, a produção não poupa nas perguntas difíceis e confronta Mack com os depoimentos das vítimas. Pela primeira vez, ela escuta as consequências das suas ações, sem edições nem filtros.

Uma voz que incomoda

“Allison After NXIVM” não é um exercício de autopiedade. É um retrato desconfortável — e necessário — sobre como a manipulação, a fé cega e a sede de pertença podem transformar vítimas em cúmplices.

Allison Mack nunca voltará a ser apenas a rapariga de Smallville. Mas, nesta nova fase, tenta, pelo menos, ser alguém que não fuja da verdade.

Florence Pugh Fala Sem Filtros Sobre as Cenas Íntimas em Hollywood: “Há Coordenadores Bons e Maus”

A atriz britânica aborda os bastidores de um tema sensível

Florence Pugh, uma das intérpretes mais talentosas e respeitadas da nova geração, abriu o jogo sobre um tema que continua a gerar debate em Hollywood: o papel dos coordenadores de intimidade.

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Durante uma conversa franca no The Louis Theroux Podcast, a actriz nomeada ao Óscar partilhou as suas experiências com estes profissionais, criados para assegurar que as cenas de sexo e nudez sejam filmadas com segurança, respeito e consentimento.

“Já trabalhei com bons e maus”, admitiu Pugh. “O objectivo não é complicar, nem tornar tudo mais estranho — é garantir que todos se sintam protegidos. Mas o trabalho ainda está a encontrar o seu equilíbrio.”

Entre o apoio e o desconforto

Desde a sua criação, o papel do coordenador de intimidade tem dividido opiniões. Algumas estrelas, como Jennifer Lawrence e Gwyneth Paltrow, afirmaram recentemente não sentir necessidade de recorrer a esses profissionais. Lawrence revelou que não teve um coordenador em Die My Love, explicando: “Senti-me segura com o Rob [Pattinson]. Ele não é nada inconveniente.”

Já Paltrow contou que, durante as filmagens de Marty Supreme (ao lado de Timothée Chalamet), pediu ao coordenador que “se afastasse um pouco”:

“Se alguém me disser ‘agora ele vai pôr a mão aqui’, eu sinto-me limitada como artista. Prefiro que a cena flua com naturalidade.”

Florence Pugh, por sua vez, reconheceu que o papel ainda se está a definir — e que, como em qualquer função, há profissionais exemplares e outros que “só atrapalham”.

“Tive uma má experiência, em que a pessoa tornou tudo tão estranho e tão desconfortável que deixou de ser útil”, confessou. “Parecia apenas querer fazer parte do set, sem perceber o impacto da sua presença.”

A importância de encontrar “a dança da intimidade”

Apesar das críticas, Pugh defende que os bons coordenadores são essenciais — não apenas pela segurança, mas pelo valor artístico que acrescentam à narrativa.

“Trabalhar com excelentes coordenadores ensinou-me que uma cena íntima pode ter camadas e significado”, explicou. “Não se trata só de mostrar sexo — é descobrir que tipo de intimidade existe entre aquelas pessoas, quanto tempo estão juntas, o que sentem. É uma dança, não uma coreografia mecânica.”

A actriz sublinha que essa abordagem permite humanizar o erotismo e proteger os intérpretes, especialmente as mulheres, num meio onde o poder e o abuso de autoridade ainda são temas delicados.

“Ser mulher no set é mais complicado”

Florence Pugh também abordou o peso de ser mulher em filmagens emocionalmente intensas, lembrando um episódio em que teve de filmar repetidamente uma cena de choro exaustiva.

“Fiz a cena seis vezes, sempre a começar do zero, e o realizador queria mais uma. Eu estava de rastos, mas não consegui dizer que não”, contou.

Foi o colega masculino quem interveio, pedindo ao realizador que parasse.

“Ele disse: ‘Não a faças passar por isto outra vez, já tens o que precisas.’ Nesse momento percebi: eu nunca teria dito isso, porque seria mal recebida.”

A actriz reconhece que a cultura do silêncio ainda pesa sobre as mulheres, que temem ser vistas como “difíceis” ou “problemáticas” se impuserem limites. É precisamente aí que, segundo Pugh, os coordenadores de intimidade podem ser cruciais — funcionando como mediadores de respeito num ambiente onde a vulnerabilidade é inevitável.

Uma voz necessária no debate

Com apenas 28 anos, Florence Pugh já trabalhou com alguns dos realizadores mais exigentes de Hollywood — de Greta Gerwig (Little WomenBarbie) a Christopher Nolan (Oppenheimer). E o seu testemunho vem reforçar uma ideia que a indústria ainda aprende a aceitar: filmar cenas de intimidade requer tanto rigor técnico como qualquer outra sequência dramática.

Pugh encerrou a entrevista com uma nota de otimismo:

“Agora que trabalhei com coordenadores realmente bons, percebo o que tem faltado a muitas cenas — o respeito pela história e pelas pessoas que a contam.”

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Num Hollywood que ainda se ajusta ao pós-#MeToo, a mensagem de Pugh é clara: a intimidade, tal como a arte, exige confiança, empatia e coragem.

Nicole Kidman Junta-se a The Young People — O Novo Thriller de Osgood Perkins

A rainha do suspense regressa ao terror com o realizador de Longlegs

Nicole Kidman está de volta ao género que a consagrou como uma das grandes damas do cinema contemporâneo. A actriz australiana, vencedora de um Óscar e recordada por papéis que equilibram vulnerabilidade e frieza, juntou-se ao elenco de The Young People — o novo filme de Osgood Perkins, o realizador que arrepiou o público com Longlegs e The Monkey.

O projecto, produzido pela Neon, será lançado nos cinemas norte-americanos e promete continuar a ascensão meteórica de Perkins como o novo mestre do terror psicológico. O estúdio descreve The Young People como o início de uma parceria prolongada com o realizador, depois do sucesso estrondoso de Longlegs, que se tornou o filme independente mais lucrativo de 2024, com mais de 75 milhões de dólares nas bilheteiras dos EUA.

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Um elenco jovem, mas de peso

Além de Kidman, o elenco principal inclui Lola Tung (The Summer I Turned Pretty) e Nico Parker (How to Train Your Dragon), duas estrelas emergentes que assumem o protagonismo da história, ao lado de um grupo diversificado de nomes de culto e talento televisivo: Brendan Hines (The Tick), Cush Jumbo (The Good Wife), Heather Graham (Drugstore Cowboy), Johnny Knoxville (Jackass), Lexi MinetreeLily Collias (Good One) e Tatiana Maslany (Orphan Black).

Detalhes sobre o enredo ainda estão sob sigilo — o que, vindo de Osgood Perkins, só aumenta a expectativa. Conhecido pela sua abordagem subtil e profundamente atmosférica, o realizador raramente entrega histórias lineares. Em The Young People, espera-se mais uma viagem pela psicologia do medo, onde a juventude e a inocência se tornam terreno fértil para o horror.

O terror elegante de Nicole Kidman

Nicole Kidman não é estranha ao género. Antes de brilhar em dramas como The Hours ou Big Little Lies, a actriz já tinha arrepiado o público em “The Others” (2001), de Alejandro Amenábar — um dos grandes clássicos do terror moderno. A sua interpretação da mãe isolada numa mansão assombrada valeu-lhe nomeações ao BAFTA e ao Globo de Ouro, além de ter transformado o filme num fenómeno mundial, com mais de 210 milhões de dólares arrecadados.

Agora, com The Young People, Kidman regressa às sombras, prometendo um papel que mistura o seu domínio emocional com o toque inquietante de Perkins — um realizador que prefere sugerir o medo a mostrá-lo, e que, como poucos, sabe transformar o silêncio em desconforto.

Entre Scarpetta (para a Prime Video) e Margo’s Got Money Trouble (para a Apple TV+), Kidman volta a demonstrar uma versatilidade raramente igualada. Aos 58 anos, continua a desafiar-se com papéis que fogem à previsibilidade de Hollywood — e o terror, com o seu magnetismo sombrio, parece ser o terreno ideal para esse novo capítulo.

O futuro do horror tem assinatura Neon

Com The Young People, a Neon reforça o seu papel como casa do cinema de autor contemporâneo. A produtora e distribuidora — que lançou títulos como Parasite e Titane — aposta agora em Osgood Perkins como figura central de uma nova era do terror: inteligente, estético e desconcertante.

Depois de Longlegs, considerado por muitos críticos o filme mais perturbador dos últimos anos, e de The Monkey, que teve uma das melhores estreias da história do estúdio, The Young People surge como o próximo passo lógico — e, com Nicole Kidman a bordo, o mais ambicioso até agora.

Um segredo à espera de ser revelado

Ainda sem sinopse oficial, o filme promete manter o estilo enigmático que tornou Osgood Perkins uma das vozes mais singulares do cinema contemporâneo. O que se sabe é que o realizador continua obcecado com os temas da juventude, da culpa e da herança emocional — tópicos que, nas suas mãos, se transformam em terror puro.

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Com estreia prevista para 2026The Young People promete ser um dos filmes mais aguardados do próximo ano — e, com Kidman à frente do elenco, há razões de sobra para acreditar que o terror vai continuar a ser o género mais sofisticado de Hollywood.

Sally Kirkland — A Atriz Que Viveu Sem Medo das Câmaras (Nem da Vida)

Uma carreira feita de coragem, entrega e intensidade

O cinema norte-americano despede-se de uma das suas intérpretes mais genuínas e imprevisíveis. Sally Kirkland, nome maior do teatro e do cinema independente, morreu aos 84 anos num hospital de cuidados paliativos em Palm Springs. A actriz, que começou como modelo antes de se tornar presença constante nos palcos e ecrãs, deixa uma filmografia marcada pela ousadia e pela vulnerabilidade — duas qualidades que definiam não apenas a sua arte, mas a própria mulher.

A notícia foi confirmada pelo seu representante, Michael Greene, que revelou que Kirkland enfrentava sérios problemas de saúde desde o início do outono, após fraturas múltiplas no pescoço, punho e anca, agravadas por infeções. Amigos e colegas chegaram a criar uma campanha de apoio para custear os tratamentos médicos — um gesto que espelha o carinho e respeito que inspirava na comunidade artística.

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De modelo precoce a actriz de culto

Nascida em Nova Iorque, filha de uma editora de moda da Vogue e da Life Magazine, Sally Kirkland começou a posar aos cinco anos de idade, antes de se formar na American Academy of Dramatic Arts. Foi aluna de Lee Strasberg e Philip Burton, mestres do method acting, e cedo revelou uma entrega sem limites.

A sua carreira começou no teatro experimental dos anos 60, com destaque para a performance ousada em Sweet Eros, de Terrence McNally, onde apareceu totalmente nua — um gesto que a imprensa da época descreveu como “a fronteira entre arte e provocação”.

Em 1964, participou no filme de Andy Warhol 13 Most Beautiful Women, e nos anos seguintes tornou-se presença habitual nas produções off-Broadway. Encenou Shakespeare, interpretando Helena em Sonho de uma Noite de Verão e Miranda em A Tempestade, defendendo até ao fim da vida que “ninguém pode chamar-se actor sem ter passado por Shakespeare”.


“Anna”: o papel que lhe deu o mundo

Depois de dezenas de papéis secundários em filmes como The Way We Were (com Barbra Streisand), The Sting (com Paul Newman e Robert Redford) e JFK (de Oliver Stone), Sally Kirkland teve, finalmente, o seu grande momento com “Anna” (1987), de Yurek Bogayevicz.

No papel de uma actriz checa em declínio que tenta reconstruir a vida nos Estados Unidos, Kirkland ofereceu uma das interpretações mais intensas e comoventes da década, conquistando o Globo de Ouro de Melhor Actriz e uma nomeação ao Óscar.

A crítica do Los Angeles Times foi peremptória:

“Kirkland é uma dessas intérpretes cujo talento era um segredo aberto entre actores, mas um mistério para o público. Com esta performance incandescente, não haverá mais dúvidas sobre quem ela é.”

Na cerimónia dos Óscares, competiu lado a lado com Cher (Moonstruck), Glenn Close (Fatal Attraction), Holly Hunter(Broadcast News) e Meryl Streep (Ironweed) — uma prova do respeito conquistado pela sua entrega absoluta à arte.


Um percurso entre o cinema, a televisão e o activismo

Ao longo das décadas seguintes, Kirkland manteve uma carreira prolífica, alternando entre cinema e televisão. Participou em séries como Criminal MindsRoseanne e Charlie’s Angels, e em filmes como Revenge (com Kevin Costner), EDtv (de Ron Howard), Bruce Almighty (com Jim Carrey) e Heatwave (com Cicely Tyson).

Mas a actriz também ficou conhecida pelo seu espírito livre e compromisso humanitário. Foi voluntária junto de pessoas com SIDA, cancro e doenças cardíacas, colaborou com a Cruz Vermelha Americana no apoio a sem-abrigo e participou em telemaratonas para hospícios. Também foi uma defensora ativa de prisioneiros e jovens em risco, uma faceta menos visível mas profundamente admirada.

Kirkland era adepta de movimentos espirituais alternativos, ensinando seminários de transformação pessoal e associando-se à Church of the Movement of Spiritual Inner Awareness, dedicada à transcendência da alma.

A actriz que nunca se escondeu

Sally Kirkland nunca temeu o risco. Do teatro experimental à nudez em protestos e causas sociais, o seu corpo e a sua voz foram sempre instrumentos de expressão, arte e convicção. Time Magazine chegou a chamá-la, com humor, “a Isadora Duncan do nudismo teatral”, um título que ela aceitava com orgulho.

A sua carreira teve altos e baixos — chegou a ser alvo de chacota pela participação em Futz (1969), um filme tão desastroso que um crítico do The Guardian o chamou “o pior filme que já vi”. Mas nem isso abalou o espírito da actriz. Kirkland continuou a trabalhar, a ensinar e a inspirar.

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Hoje, ao recordar Sally Kirkland, o que fica não é a nudez nem o escândalo — é a autenticidade feroz de uma mulher que viveu a arte como uma forma de libertação.

Marty Supreme — Timothée Chalamet Entra em CampoPara Conquistar o Óscar

O novo épico desportivo da A24 já faz furor

Preparem as raquetas e os corações cinéfilos: a A24 acaba de lançar o novo trailer de Marty Supreme, a aguardada comédia dramática de Josh Safdie que promete transformar Timothée Chalamet num dos grandes favoritos à próxima temporada de prémios. O actor interpreta Marty Mauser, um prodígio do ténis de mesa nos anos 50 que luta para ser levado a sério num desporto dominado por egos, extravagância e obsessão pela vitória.

Inspirado livremente na vida real do lendário jogador Marty Reisman, vencedor de cinco medalhas em campeonatos mundiais, o filme apresenta-se como uma fábula retro sobre ambição, talento e o preço da glória — tudo embrulhado na energia crua e nervosa que se tornou marca registada de Safdie desde Uncut Gems.

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Uma história à medida de um “dark horse”

Marty Supreme marca o regresso de Josh Safdie à realização a solo — o seu primeiro filme sem o irmão Benny desde The Pleasure of Being Robbed (2008). Escrito em parceria com Ronald Bronstein, o projecto conta com uma equipa de peso na produção: Safdie, Bronstein, Eli Bush, Anthony Katagas, Chalamet e o próprio estúdio A24.

O elenco é tão improvável quanto fascinante: Gwyneth PaltrowFran DrescherTyler, The CreatorPenn JilletteOdessa A’zionKevin O’Leary (de Shark Tank) e até o lendário Abel Ferrara participam nesta mistura vibrante entre sátira desportiva e drama existencial.

Durante uma sessão secreta no Festival de Nova Iorque, em Outubro, o filme recebeu uma ovação de pé, com Chalamet, Safdie e parte do elenco a surgirem de surpresa. Em palco, o actor descreveu a obra como “uma carta de amor a Nova Iorque”, sublinhando o orgulho de estrear o filme na sua cidade natal.

O renascimento de um artista e o prenúncio dos Óscares

Desde a exibição surpresa, a crítica norte-americana não tem poupado elogios. O editor de prémios da VarietyClayton Davis, afirmou que Marty Supreme pode ser o “spoiler” da temporada:

“Num ano em que quatro filmes já se destacam com mais de dez previsões de nomeações, Marty Supreme surge como o cavalo negro que ninguém esperava — tal como o seu protagonista, um jovem com um sonho em que ninguém acredita e que vai até ao inferno e volta em busca da grandeza.”

Com a performance de Chalamet a ser descrita como “hipnótica, nervosa e vulnerável”, muitos apostam que o actor possa finalmente conquistar o Óscar de Melhor Actor que lhe tem escapado, após indicações por Call Me By Your Name e Dune: Part Two.

Safdie, Chalamet e a estética da intensidade

A junção de Josh Safdie e Timothée Chalamet é uma combinação que faz sentido: ambos são obcecados pela energia do detalhe e pela verdade do caos. Safdie filma a pressão como poucos — basta recordar Uncut Gems e a claustrofobia que o acompanha —, e Chalamet, com a sua fisicalidade nervosa e olhar febril, parece ter encontrado aqui o papel ideal.

Visualmente, o filme promete ser um banquete retro, com estética inspirada em revistas desportivas dos anos 50, trilha sonora jazzística e o habitual grão sujo de 16mm que dá à A24 o seu charme autoral.

Um Natal com cheiro a Óscar

Com estreia marcada para 25 de dezembroMarty Supreme chega às salas como o presente de Natal mais desejado para os amantes de cinema de autor. A crítica vê nele um concorrente inesperado, a A24 aposta num novo fenómeno, e o público prepara-se para ver Chalamet em modo total: carismático, obsessivo e, como sempre, à beira do colapso.

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Se Uncut Gems era o caos urbano e pulsante da Nova Iorque moderna, Marty Supreme é o seu espelho nostálgico — uma história de suor, sonho e redenção em mesa de pingue-pongue.

George Clooney — O Batman Que Ninguém Queria Ser

Como um episódio de ER levou Bruce Wayne à urgência

Antes de ser o galã de Hollywood e o realizador respeitado que hoje todos conhecem, George Clooney era o Dr. Doug Ross da icónica série médica ER – Serviço de Urgência. E foi precisamente um episódio dessa série, segundo o realizador Christopher Chulack, que mudou o rumo da sua carreira — e, involuntariamente, o destino do pior filme de Batman alguma vez feito.

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Em entrevista à TV Insider, Chulack revelou que o episódio “Hell and High Water”, emitido em Novembro de 1995, foi o catalisador que levou Clooney a vestir o capuz do Cavaleiro das Trevas. Nesse episódio, o médico Doug Ross protagoniza uma operação de resgate heróica, salvando um rapaz preso num esgoto inundado — uma sequência intensa que captou 45 milhões de espectadores e deixou a América colada ao ecrã.

“No dia seguinte, os presidentes da Warner Bros. Television bateram à porta do camarim do George e disseram-lhe: ‘Vais ser o próximo Batman por causa do heroísmo deste episódio’”, contou Chulack.

Pouco depois, Clooney estava em filmagens para Batman & Robin (1997), realizado por Joel Schumacher e com um elenco estelar: Uma ThurmanArnold SchwarzeneggerChris O’Donnell e Alicia Silverstone.

O herói que caiu no ridículo

Mas o sonho depressa se tornou pesadelo. Para os fãs da DC Comics e para a crítica em geral, Batman & Robin foi unanimemente considerado o pior filme de toda a saga Batman — e, inevitavelmente, o pior Batman de sempre.

Com vilões caricatos, frases de antologia (“Everybody chill!”), cores berrantes e fatos anatómicos com mamilos em relevo, o filme foi um fracasso tanto artístico como comercial. Clooney, que herdava o papel após Michael Keaton e Val Kilmer, viu-se transformado num meme cinematográfico antes dos memes existirem.

O próprio actor nunca escondeu o embaraço. Em várias entrevistas, Clooney confessou que rever o filme “ainda dói” e que proibiu a família de o ver — incluindo a mulher, Amal Clooney. “Nunca mostrei Batman & Robin à minha mulher. Quero que continue a respeitar-me”, disse com ironia numa conversa com o Variety.

O resgate da carreira

Apesar do fiasco monumental, Clooney rapidamente fez o que o seu Batman não conseguiu: salvou-se a si próprio. Após o desastre de 1997, o actor afastou-se de blockbusters e mergulhou em projetos mais sérios e pessoais, apostando em papéis exigentes e colaborações com realizadores de peso.

Em Three Kings (1999) e Syriana (2005) mostrou a sua veia dramática; em O Brother, Where Art Thou? (2000) revelou talento cómico; e em Good Night, and Good Luck (2005) e Michael Clayton (2007) consolidou o estatuto de actor e realizador de prestígio.

Hoje, Clooney é sinónimo de elegância, inteligência e filantropia — um dos rostos mais respeitados de Hollywood. Mas, por mais prémios que acumule, o espectro do seu Batman camp e sorridente continuará a persegui-lo.

Entre a dor e a redenção

É curioso pensar que tudo começou com um herói da medicina numa série televisiva e terminou com um super-herói que se tornou piada. Clooney conseguiu redimir-se, mas Batman & Robin permanece como uma cicatriz na sua filmografia — uma ferida antiga que ainda o faz estremecer sempre que alguém menciona “mamilos no fato”.

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E, sejamos honestos: se até o próprio diz que o filme dói, talvez devêssemos poupá-lo de mais uma revisita.

Ruby Rose Ataca Sydney Sweeney: “Arruinaste o Filme”

Uma polémica que agita Hollywood

Hollywood nunca dorme — e quando o drama não vem do grande ecrã, vem das redes sociais. Desta vez, o palco da discórdia chama-se Christy, o novo biopic sobre a lendária pugilista Christy Martin, e as protagonistas do combate fora do ringue são Ruby Rose e Sydney Sweeney. A actriz australiana, conhecida por Orange Is the New Black, lançou farpas públicas a Sweeney, acusando-a de ter “arruinado o filme” e de transformar uma história inspiradora numa oportunidade desperdiçada.

A faísca acendeu-se quando Christy estreou nos cinemas, arrecadando apenas 1,3 milhões de dólares na estreia americana — um resultado decepcionante para um projecto que prometia impacto emocional e visibilidade para o boxe feminino. Sweeney interpreta Christy Martin, figura histórica que, nos anos 90, quebrou barreiras num desporto dominado por homens e cuja vida pessoal foi marcada por coragem, violência e superação.

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Ruby Rose: “Christy merecia melhor”

Na terça-feira, Ruby Rose utilizou a rede Threads para desabafar a sua frustração com o filme e com a actriz principal. No texto, revelou ter estado originalmente ligada ao projecto, quando este ainda estava em desenvolvimento:

“O guião original de Christy Martin era incrível. Mudava vidas. Eu estava ligada para interpretar a Cherry — era assim que chamávamos a Christy. A maioria de nós era gay, e tínhamos ligação verdadeira com a história. Foi isso que me manteve na representação.”

Rose criticou abertamente o rumo que o filme tomou e o que considera ter sido uma falta de autenticidade na escolha do elenco, insinuando que Sweeney não teria ligação emocional nem compreensão suficiente do universo retratado:

“As pessoas não querem ver alguém que nos despreza a fingir ser um de nós. És uma cretina e arruinaste o filme. Ponto final. Christy merecia melhor.”

Sydney Sweeney responde com serenidade

As declarações de Rose surgem na sequência de uma publicação de Sydney Sweeney no Instagram, onde a actriz procurou reagir à fraca performance comercial de Christy. Num tom diplomático, Sweeney agradeceu aos fãs pelo apoio e afirmou orgulhar-se da mensagem do filme:

“Nem sempre fazemos arte pelos números. Fazemo-la pelo impacto.”

Mas as palavras não bastaram para conter a onda de críticas — especialmente vindas de quem, como Ruby Rose, defende que histórias queer ou de minorias devem ser contadas por quem vive essas realidades.

A actriz australiana reforçou ainda que o filme perdeu a “voz autêntica” que o tornava especial e lamentou ver uma oportunidade desperdiçada de representar uma mulher complexa e inspiradora como Christy Martin com a verdade que ela merecia.

Um debate que vai além de um filme

A controvérsia reacendeu um debate antigo em Hollywood: quem tem o direito de contar certas histórias? Será a interpretação uma questão de talento e empatia ou de representatividade real?

Kathryn Bigelow — A Mestra da Tensão Que Mudou as Regras de Hollywood

Enquanto Christy enfrenta críticas mornas e resultados de bilheteira abaixo do esperado, Ruby Rose e Sydney Sweeney tornam-se, involuntariamente, símbolos de uma discussão maior sobre autenticidade, identidade e poder criativo na indústria cinematográfica.

No fim, resta uma certeza: mesmo longe do ringue, as lutas de Christy Martin continuam — agora no coração de Hollywood.

“Sem Tempo” — Quando o Tempo se Torna Dinheiro

Um futuro onde o relógio dita a vida

Num futuro não muito distante, o dinheiro deixou de ser a medida de valor. Em Sem Tempo (In Time, 2011), Andrew Niccol, o realizador de Gattaca e argumentista de The Truman Show, imagina uma sociedade onde o tempo de vida é literalmente a moeda corrente. Cada pessoa tem um contador luminoso no antebraço que indica quanto tempo lhe resta. Trabalhar dá tempo; gastar, custa tempo. E quando o relógio chega a zero, o coração pára.

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A ideia é tão simples quanto perturbadora: as desigualdades sociais deixaram de se medir em riqueza, mas em segundos. Os ricos vivem séculos, praticamente imortais; os pobres lutam dia após dia por mais umas horas de existência.

É neste mundo de injustiça programada que conhecemos Will Salas (Justin Timberlake), um jovem operário da zona pobre que, por acaso do destino, recebe uma fortuna em tempo. A sua nova riqueza transforma-o num alvo — e num fugitivo. Ao lado de Sylvia Weis (Amanda Seyfried), filha de um magnata que controla as “bancas do tempo”, Will decide desafiar o sistema e devolver os minutos roubados aos que vivem condenados à pressa.

Entre a ficção científica e a crítica social

Andrew Niccol constrói uma parábola moral de precisão quase matemática. O conceito do tempo como moeda é uma metáfora poderosa para o capitalismo extremo, onde cada segundo tem preço e a vida humana se transforma num bem transacionável. A estética do filme — fria, limpa, sem excessos — reforça essa sensação de artificialidade e controlo.

Sem Tempo é um daqueles filmes em que a ficção científica serve de espelho à realidade. O contraste entre os distritos miseráveis de Dayton e as luxuosas “zonas temporais” dos mais abastados lembra uma versão futurista de Metrópolis com estética retro-futurista, onde carros clássicos deslizam por ruas impecáveis enquanto, nas sombras, as massas lutam por respirar.

Performances e energia

Justin Timberlake, num dos papéis mais sérios da sua carreira, surpreende ao equilibrar vulnerabilidade e revolta. Amanda Seyfried é o contraponto ideal — fria e ingénua no início, cúmplice e ousada à medida que o filme acelera. E Cillian Murphy, como o impiedoso “guarda do tempo”, empresta à narrativa a tensão necessária para manter o público colado ao ecrã.

O ritmo do filme é constante, quase como o tique-taque de um relógio. Niccol filma perseguições elegantes, diálogos curtos e olhares carregados de urgência. Há um charme particular em ver a ficção científica tratada com esta clareza moral: aqui, a ação e a ideia correm lado a lado, sem que nenhuma se perca no caminho.

Um filme que nos deixa a pensar

Apesar de algumas críticas que apontaram falhas no desenvolvimento do enredo, Sem Tempo mantém um encanto próprio. A sua força não está na complexidade do argumento, mas na simplicidade da metáfora — e na forma como esta ressoa em tempos de desigualdade crescente. Num mundo onde a expressão “tempo é dinheiro” nunca foi tão literal, Niccol lembra-nos que o tempo, mais do que uma moeda, é o que nos torna humanos.

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O resultado é um filme elegante e provocador, que mistura ação, romance e filosofia numa só corrida contra o inevitável. Ao final, o espectador fica com a sensação de ter desperdiçado nada — apenas de ter gasto quase duas horas da melhor forma possível: a pensar no valor do próprio tempo.

Marque na sua agenda para quinta-feira 13 de Novembro às 22:30 no canal Cinemundo.

Kathryn Bigelow — A Mestra da Tensão Que Mudou as Regras de Hollywood

A mulher que transformou a ação em arte

Kathryn Bigelow não é apenas uma realizadora — é uma força da natureza. Desde os primeiros passos como pintora conceptual até à consagração nos Óscares, a sua carreira tem sido um desafio permanente às expectativas da indústria. Nascida em 1951, na Califórnia, Bigelow começou por estudar pintura no prestigioso San Francisco Art Institute, mas cedo percebeu que o seu verdadeiro meio de expressão era o cinema. E o resto é história — uma história feita de adrenalina, explosões e personagens em permanente confronto com os seus próprios limites.

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Quando, em 2010, se tornou a primeira mulher a ganhar o Óscar de Melhor Realização por Estado de Guerra (The Hurt Locker), Bigelow não apenas quebrou um recorde: rasgou um estereótipo. Provou que o cinema de guerra, de ação e de ritmo frenético podia ter assinatura feminina — e que essa assinatura podia ser a mais incisiva de todas.

O olhar feminino sobre a tensão masculina

O cinema de Bigelow distingue-se pelo domínio absoluto da tensão. Cada plano é uma corda esticada ao limite, cada sequência um estudo de pulsação. Filmes como Ruptura Explosiva (Point Break, 1991) redefiniram o género de ação dos anos 90, misturando o espírito rebelde do surf com o caos urbano dos assaltos a bancos — e fizeram de Keanu Reeves e Patrick Swayze ícones de uma geração.

Depois, vieram obras mais sombrias e psicológicas como Strange Days (1995), um retrato de um futuro distópico que antecipou o debate sobre vigilância e tecnologia, e K-19: The Widowmaker (2002), com Harrison Ford e Liam Neeson, onde Bigelow explorou o medo e a honra dentro de um submarino nuclear soviético à beira da catástrofe.

Em todas estas histórias há uma constante: personagens à beira do colapso, testadas até ao limite — física e emocionalmente.

Novembro no Cinemundo: tensão garantida

Canal Cinemundo dedica o mês de novembro a celebrar o talento feroz de Kathryn Bigelow, com um ciclo que mostra o melhor da sua carreira. E ainda há dois filmes imperdíveis por ver:

  • 17 de novembro — K-19: O Submarino (22h30)
  • 24 de novembro — Estado de Guerra (The Hurt Locker, 22h30)

Do frio claustrofóbico das profundezas do oceano à poeira sufocante do deserto iraquiano, Bigelow mostra duas faces do mesmo tema: o preço da coragem.

Em K-19, mergulhamos numa missão soviética à beira do desastre nuclear; em Estado de Guerra, seguimos uma equipa de artificieiros no Iraque, onde cada segundo pode ser o último. São dois filmes que captam na perfeição o que faz de Bigelow uma autora única — a capacidade de nos deixar sem fôlego e, ainda assim, completamente imersos na humanidade das suas personagens.

E na Netflix… prestes a explodir

Para quem quiser continuar mergulhado no universo de Bigelow, há mais uma razão para não perder o fôlego: o filme Prestes a Explodir (Blue Steel) está disponível na Netflix. Este thriller dos anos 90, protagonizado por Jamie Lee Curtis, é um exemplo clássico da tensão psicológica que viria a definir o estilo da realizadora — uma história de obsessão e violência urbana que ainda hoje permanece surpreendentemente atual.

Uma autora que desafia géneros

Kathryn Bigelow é uma daquelas raras realizadoras cuja obra tem a mesma intensidade de uma detonação controlada: precisa, brutal e fascinante. O seu cinema desafia géneros, redefinindo a ação com uma sensibilidade quase documental e uma estética que nunca faz concessões.

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De The Loveless a Estado de Guerra, passando por Zero Dark Thirty, Bigelow construiu uma filmografia onde a adrenalina é arte e o silêncio pode ser mais explosivo do que qualquer bomba.

Em novembro, o Cinemundo dá-lhe o palco que merece — e nós, espectadores, só temos de segurar a respiração

Michelle Pfeiffer Traz Espírito Natalício e Rebeldia em “Oh. What. Fun.” — A Nova Comédia Festiva da Prime Video

A eterna estrela de Hollywood lidera um elenco de luxo numa história sobre o cansaço das mães no Natal — e a deliciosa liberdade de simplesmente… desaparecer.

Preparem-se para rir, identificar-se e talvez soltar uma lágrima: Michelle Pfeiffer está de volta em grande forma na nova comédia natalícia da Prime Video, intitulada Oh. What. Fun.. O filme, realizado por Michael Showalter (The Big SickThe Eyes of Tammy Faye), promete ser o retrato hilariante — e surpreendentemente honesto — do que acontece quando a “mãe perfeita” decide tirar férias do caos natalício.

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Com estreia marcada para 3 de dezembro, a produção reúne um elenco impressionanteChloë Grace MoretzDanielle BrooksDenis LearyDominic SessaHavana Rose LiuMaude ApatowEva LongoriaJason SchwartzmanDevery Jacobs e Joan Chen.

Quando a supermãe diz “basta” 🎄

Pfeiffer interpreta Claire Clauster, a matriarca de uma família numerosa que, ano após ano, transforma o Natal num verdadeiro espetáculo de organização e perfeição. Das bolachas decoradas à mão às pilhas de presentes impecavelmente embrulhados, Claire é o coração e a alma das festividades — até que, um dia, ninguém repara que ela desapareceu.

O enredo dá uma reviravolta deliciosa quando, esgotada e esquecida, Claire decide fugir da rotina familiar e embarcar numa aventura natalícia só sua — sem filhos, sem listas de tarefas e, sobretudo, sem espírito de sacrifício. Enquanto a família entra em pânico e tenta encontrá-la, Claire redescobre a alegria de viver… e o verdadeiro significado do Natal, longe da exaustão e da obrigação.

Uma sátira doce sobre o Natal moderno

A história, coescrita por Showalter e Chandler Baker, mistura humor, ternura e crítica social num tom que lembra clássicos como A Christmas Story e Bad Moms. Tal como Ralphie dizia que a mãe “não tem uma refeição quente há quinze anos”, Oh. What. Fun. questiona quem é que realmente faz a magia natalícia — e porque é que o Pai Natal recebe todo o crédito.

A julgar pelo trailer, o filme oferece uma boa dose de comédia de costumes, com diálogos espirituosos, ritmo acelerado e momentos de puro caos familiar. Pfeiffer — numa performance carismática e irónica — assume o centro da ação, mostrando o que acontece quando a mulher que sempre cuidou de todos decide, pela primeira vez, cuidar de si.

Michelle Pfeiffer em modo “grinch libertador”

A atriz, que nos últimos anos tem alternado entre dramas e papéis secundários, parece divertir-se imenso neste regresso à comédia. A crítica já aponta Oh. What. Fun. como uma das apostas mais promissoras da temporada de Natal, pela sua combinação de humor afiado, energia familiar e uma mensagem reconfortante sobre amor-próprio e equilíbrio.

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No papel de Claire, Pfeiffer transita entre o riso e a ternura com a elegância que a tornou uma das intérpretes mais queridas de Hollywood — e o resultado promete aquecer corações (e provocar gargalhadas) em igual medida.

Onde e quando ver

Oh. What. Fun. estreia a 3 de dezembro de 2025 na Prime Video, em todo o mundo, e deverá tornar-se uma das grandes escolhas para a maratona natalícia deste ano.

Se há lição que este filme nos deixa é simples: o Natal não acontece por magia — acontece porque há sempre uma mãe a garantir que tudo corre bem.

“The Wizard of the Kremlin”: Jude Law e Paul Dano Brilham no Retrato Implacável da Ascensão de Putin

Realizado por Olivier Assayas, o novo drama político que conquistou Veneza chega carregado de tensão, intriga e poder — com um elenco de luxo liderado por Jude Law e Paul Dano.

O realizador francês Olivier Assayas, conhecido por obras como Personal Shopper e Carlos, regressa com um dos filmes políticos mais aguardados do ano: “The Wizard of the Kremlin”, uma poderosa incursão nos bastidores do poder russo e na ascensão de Vladimir Putin. O filme, que recebeu uma ovação de 12 minutos no Festival de Veneza, promete ser um dos grandes destaques da temporada cinematográfica europeia.

Inspirado no romance homónimo de Giuliano da Empoli, vencedor do Grande Prémio da Academia Francesa, o argumento foi adaptado por Assayas em parceria com o escritor e argumentista Emmanuel Carrère. O resultado é uma obra ambiciosa que mistura ficção e realidade, mergulhando nas entranhas do Kremlin durante o caótico período pós-soviético.

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Paul Dano e Jude Law em duelo de poder

No centro da narrativa está Paul Dano, que interpreta Vadim Baranov, um “spin doctor” — conselheiro político e manipulador de imagem — inspirado livremente em Vladislav Surkov, o enigmático estratega russo conhecido por ser o arquiteto da propaganda moderna do Kremlin.

Ao seu lado, Jude Law encarna Vladimir Putin, retratado inicialmente como um agente da KGB frio e calculista, cuja sede de poder o transforma num líder implacável. O filme acompanha, ao longo de duas décadas, a forma como Putin ascende e consolida o seu domínio, manipula aliados e destrói adversários, num jogo político que mistura lealdade, medo e sedução.

O trailer revela também Alicia Vikander como Ksenia, a esposa de Baranov, cuja relação conjugal é corroída pelo peso da ambição e do segredo; Tom Sturridge no papel de um banqueiro e oligarca inspirado em Mikhail KhodorkovskyWill Keen como o magnata Boris Berezovsky, morto em exílio em Londres em circunstâncias suspeitas; e Jeffrey Wright como um jornalista americano em Moscovo, confidente e testemunha de um regime em mutação.

Política, manipulação e o espelho do Ocidente

Mais do que um retrato biográfico de Putin, The Wizard of the Kremlin é um estudo sobre o poder e a ilusão, um retrato do nascimento de um sistema político sustentado pela desinformação e pelo controlo narrativo — um tema particularmente atual.

O crítico Damon Wise, da Deadline, descreveu o filme como “um aviso ao Ocidente sobre como o mundo chegou a este estado de coisas”, sublinhando a forma como Assayas transforma os bastidores do Kremlin num labirinto psicológico e moral, onde cada gesto político é também um ato de teatro.

Visualmente, o filme mantém a assinatura estética do realizador: planos longos, atmosfera densa e fotografia fria, que sublinha a distância emocional e o peso do poder. A banda sonora minimalista, aliada à montagem precisa, reforça o tom inquietante de um país a moldar o seu próprio mito.

Um sucesso de crítica e festivais

Após a sua estreia triunfal em Veneza, onde foi recebido com aplausos prolongados, The Wizard of the Kremlin percorreu os festivais de Toronto, San Sebastián e Londres, consolidando-se como uma das produções europeias mais relevantes de 2025. O filme seguirá em dezembro para o Red Sea Film Festival, no Médio Oriente, antes da estreia comercial em França pela Gaumont, responsável também pela distribuição internacional.

Produzido por Olivier Delbosc (Curiosa Films) e Sidonie Dumas (Gaumont), o projeto contou com a participação de France TélévisionsDisney+ e France 2 Cinéma, confirmando a aposta francesa em narrativas políticas de alcance global.

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Com Paul Dano e Jude Law em estado de graça, e uma abordagem que alia realismo e introspeção, The Wizard of the Kremlin promete tornar-se uma das obras cinematográficas mais comentadas do ano — um retrato inquietante de como o poder absoluto nasce, cresce e se perpetua.

“Frankenstein” de Guillermo del Toro: Um Final Que Humaniza o Monstro — e o Criador

A nova adaptação de Frankenstein pela Netflix dá vida à obra de Mary Shelley com o toque gótico e emocional de Guillermo del Toro — e um final profundamente diferente do original literário.

Depois de anos de espera e expectativas elevadas, Guillermo del Toro apresentou finalmente a sua versão de Frankenstein, disponível na Netflix. O filme, que conquistou a crítica em festivais internacionais, conta com Jacob ElordiOscar Isaac e Mia Goth em interpretações poderosas e carregadas de emoção.

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Como seria de esperar de del Toro, o cineasta não se limitou a uma simples adaptação: reimaginou o final do clássico de Mary Shelley, oferecendo uma leitura mais compassiva e simbólica da história — onde a culpa, o perdão e a humanidade assumem o papel central.

Um clássico renascido com o toque de del Toro

O realizador mexicano mantém-se fiel ao tom gótico e trágico do romance de 1818, mas introduz alterações subtis e significativas. O filme decorre na mesma época vitoriana e preserva a melancolia sombria do original, mas a sua criatura — interpretada de forma magistral por Jacob Elordi — é mais dócil, mais reflexiva e mais humana.

A personagem de Elizabeth, por sua vez, sofre uma transformação importante: de esposa de Victor Frankenstein no livro, passa a ser o amor do irmão do cientista e uma figura que sente empatia pela criatura. Essa mudança dá nova dimensão emocional à história e distancia-a da leitura tradicional do “cientista louco e do monstro incompreendido”.

Um final de redenção, não de tragédia

No romance de Shelley, o desfecho é sombrio: Victor persegue o monstro até ao Ártico, em busca de vingança pela morte de Elizabeth, mas acaba por morrer esgotado. O capitão Walton, que recolhe o cientista moribundo no seu navio, presencia a cena final — o monstro a chorar sobre o corpo do criador, antes de desaparecer nas trevas geladas para pôr termo à própria vida.

Guillermo del Toro decide inverter essa tragédia. Na sua versão, Victor é quem acidentalmente mata Elizabeth ao tentar atacar a criatura. Ainda vivo quando o monstro o encontra, os dois acabam por reconciliar-se num momento de puro lirismo: Victor chama-lhe “meu filho” e pede perdão.

Num gesto de compaixão rara, a criatura perdoa-o e ajuda a libertar o navio preso no gelo. O filme termina com o monstro a observar o nascer do sol — uma imagem que del Toro transforma num símbolo de renascimento e paz interior, em vez da desolação existencial que encerra o livro.

O toque de del Toro: monstros com alma

Ao longo da sua carreira, o realizador de O Labirinto do Fauno e A Forma da Água tem mostrado fascínio pelos “monstros humanos” — seres que, apesar de deformados ou temidos, revelam mais humanidade do que aqueles que os criam ou perseguem.

Em Frankenstein (2025), essa ideia atinge o seu auge. Del Toro transforma a relação entre criador e criatura numa história de reconciliação e perdão, em que ambos reconhecem a dor que causaram um ao outro. A tragédia dá lugar à compaixão, e o terror cede ao humanismo.

O resultado é uma obra visualmente deslumbrante e emocionalmente avassaladora — um Frankenstein que não fala apenas de morte e ambição, mas de aceitação e redenção.

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Frankenstein (2025) está disponível na Netflix, depois de uma passagem de sucesso pelos festivais de Veneza e Toronto, onde foi aplaudido como uma das melhores obras da carreira de Guillermo del Toro.

“Stranger Things”: Netflix Investigou Queixa de Bullying de Millie Bobby Brown Contra David Harbour

A poucos meses da estreia da temporada final, a Netflix confirmou ter conduzido uma investigação interna sobre alegações de comportamento abusivo entre duas das maiores estrelas da série.

A tensão nos bastidores de Stranger Things voltou a ser notícia. Segundo revelou a Variety, a Netflix abriu uma investigação interna para apurar uma queixa apresentada por Millie Bobby Brown contra o colega de elenco David Harbour, intérprete do icónico xerife Jim Hopper. A alegação, classificada como “comportamento abusivo e intimidação”, foi analisada em sigilo durante vários meses, antes do início das filmagens da quinta e última temporada.

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De acordo com o Deadline, o incidente em causa poderá ter ocorrido há vários anos — possivelmente durante as primeiras temporadas da série — e não imediatamente antes da produção da nova temporada, como sugeriram os primeiros rumores. As fontes citadas pelo meio afirmam que houve de facto um “desentendimento” entre ambos, que Millie apresentou uma queixa formal, e que o caso foi resolvido internamente sem novos incidentes desde então.

A Netflix concluiu a investigação antes do arranque das filmagens e considerou a situação “encerrada”. Nenhuma das partes envolvidas — nem os representantes de Brown ou Harbour — comentou oficialmente o caso, e os detalhes do alegado comportamento nunca foram divulgados publicamente.

Reconciliação pública e gestos de cordialidade

Curiosamente, poucos dias após o Daily Mail publicar a história a 1 de novembro, Brown e Harbour surgiram juntos no tapete vermelho da antestreia de “Stranger Things” em Los Angeles, no dia 6 do mesmo mês. O duo chegou lado a lado, posou para as câmaras e trocou elogios em entrevistas.

“Ele é realmente especial”, disse Millie à imprensa, enquanto David Harbour declarou estar “orgulhoso por ver todos eles crescerem”. O momento foi registado num vídeo publicado pela Netflix nas suas redes sociais e posteriormente partilhado pela marca de Brown, Florence by Mills, com um simples emoji de coração — um gesto interpretado como tentativa de pôr fim à especulação mediática.

Criadores reagem e garantem “ambiente seguro” no set

Durante o evento, os irmãos Matt e Ross Duffer, criadores da série, e o produtor Shawn Levy abordaram as preocupações sobre o ambiente de trabalho e segurança da equipa.

Levy afirmou ao The Hollywood Reporter: “É essencial criar um local de trabalho respeitador, onde todos se sintam confortáveis e seguros — e fizemos tudo para garantir isso.” Já Ross Duffer acrescentou: “Trabalhamos juntos há dez anos; somos uma família. Nada é mais importante do que ter um set onde todos estejam felizes.”

A coincidência temporal com o divórcio mediático de David Harbour e Lily Allen, cuja nova canção faz alusões à separação, deu ainda mais combustível às manchetes, embora ambas as situações não estejam relacionadas.

A reta final de uma série icónica

Apesar das polémicas, o ambiente entre o elenco parece estabilizado. Millie Bobby Brown e David Harbour partilham várias cenas importantes na temporada final, que marcará o encerramento da saga iniciada em 2016.

A Netflix confirmou que a quinta temporada será dividida em três partes, com lançamentos programados entre 26 de novembro e 31 de dezembro de 2025. A expectativa é enorme: Stranger Things é não só uma das séries mais populares da história da plataforma, mas também um fenómeno cultural que moldou toda uma geração de espectadores.

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Com ou sem controvérsias, Hawkins prepara-se para o seu derradeiro confronto — e todos os olhos estarão postos, mais uma vez, em Eleven e no xerife Hopper.

“Pluribus”: A Nova Série da Apple TV Que Reinventa o Clássico “Invasion of the Body Snatchers”

Criada por Vince Gilligan e protagonizada por Rhea Seehorn, Pluribus mistura ficção científica, filosofia e terror psicológico numa reflexão sobre o perigo de perder a individualidade em nome da harmonia.

A Apple TV volta a investir forte na ficção científica, e desta vez com uma aposta de peso: Vince Gilligan, o criador de Breaking Bad e Better Call Saul, regressa com uma nova série intrigante — Pluribus. Com Rhea Seehorn (a inesquecível Kim Wexler de Better Call Saul) no papel principal, a produção estreou com dois episódios que já estão a dar muito que falar.

À primeira vista, Pluribus parece uma história sobre um sinal vindo do espaço. Mas rapidamente percebemos que há muito mais por baixo da superfície: trata-se de uma reinterpretação moderna do clássico Invasion of the Body Snatchers(A Invasão dos Violadores de Corpos), de Jack Finney, obra que desde 1955 tem servido de metáfora para medos sociais e políticos — do comunismo à conformidade moderna.

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Um vírus que une… e apaga

O primeiro episódio, “We Is Us”, começa com um grupo de cientistas a investigar um sinal proveniente do planeta Kepler 22b. Pouco depois, descobre-se que o sinal transporta um vírus que liga as mentes humanas num único organismo coletivo — uma colmeia de bondade, empatia e amor… mas sem liberdade individual.

É aqui que entra Carol Sturka, interpretada por Rhea Seehorn, uma romancista de Albuquerque que, por motivos desconhecidos, é imune ao vírus. Num mundo onde todos se tornam versões perfeitas de si mesmos, Carol sente-se alienada e até perseguida por esta humanidade unida e sem conflito.

Nos diálogos com outros sobreviventes, Carol chama-lhes “Pod People” — uma referência direta aos seres sem emoção do Invasion of the Body Snatchers. E, tal como o Dr. Bennell (Kevin McCarthy) do filme original de 1956, Carol é a última linha de defesa contra um futuro onde todos pensam da mesma maneira.

Um espelho da nossa era

Pluribus não se limita a reciclar ideias antigas. Gilligan e a sua equipa transformam o conceito da “invasão” numa reflexão sobre o presente: vivemos mergulhados em redes sociais, algoritmos e bolhas ideológicas que nos moldam e aproximam, mas também nos tornam previsíveis, uniformes e — em muitos casos — emocionalmente anestesiados.

A série sugere uma pergunta inquietante: será que o sonho de uma humanidade harmoniosa, livre de conflito, não seria também o fim da nossa essência individual?

As semelhanças com o clássico são evidentes. Na versão de 1978, realizada por Philip Kaufman e com Leonard Nimoynum papel arrepiante, os invasores prometiam “um mundo sem medo, ansiedade ou ódio”. Em Pluribus, o “hive” promete um mundo de amor constante — mas o resultado é o mesmo: um planeta cheio de pessoas gentis, mas sem alma.

As cenas em que o “enxame humano” age em silêncio, movendo-se com precisão maquinal, evocam diretamente o final gelado do filme de 1978, quando San Francisco cai nas mãos dos duplicados alienígenas.

Rhea Seehorn brilha — e a crítica aplaude

Rhea Seehorn mostra mais uma vez a sua subtileza como atriz: a Carol que interpreta é vulnerável mas feroz, uma mulher comum a resistir à pressão da unanimidade. As críticas têm destacado a forma como Gilligan explora o contraste entre a empatia coletiva e o terror da perda de identidade — uma parábola perfeita para 2025, num mundo que confunde harmonia com obediência.

Com realização atmosférica e fotografia fria, Pluribus equilibra momentos de puro terror psicológico com uma sátira mordaz à nossa obsessão por “consenso” e “positividade”.

Uma reflexão sobre o pensamento único

Tal como Invasion of the Body Snatchers se tornou símbolo da paranoia anticomunista dos anos 50, Pluribus funciona como um alerta para o perigo do pensamento único contemporâneo. Num mundo saturado de opiniões polarizadas e discursos pré-fabricados, a série lembra-nos que o maior ato de rebeldia pode ser simplesmente continuar a pensar — e a sentir — por conta própria.

Gilligan, fiel à sua tradição, oferece uma ficção científica que é tanto espetáculo como comentário social, com humor negro e tensão crescente.

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Quando e onde ver

Os dois primeiros episódios de Pluribus já estão disponíveis na Apple TV+, com novos capítulos lançados todas as sextas-feiras. Uma série que promete deixar os espectadores divididos — mas a pensar.