O Novo Inimigo de Woody e Buzz? Toy Story 5 Declara Guerra aos Ecrãs no Primeiro Teaser

O teaser recém-lançado pela Pixar coloca a eterna pergunta: conseguem os brinquedos sobreviver numa era dominada por tablets?

A Pixar decidiu mexer onde dói — nos nossos sentimentos e na nossa nostalgia — com o primeiro teaser de Toy Story 5, e a pergunta que abre esta nova aventura é incisiva: estará a era dos brinquedos a chegar ao fim? A breve prévia divulgada esta terça-feira posiciona-se numa guerra inesperada, mas muito contemporânea: brinquedos contra ecrãs.

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Ao som de “Never Tear Us Apart”, dos INXS, o vídeo mostra uma cena familiar e, simultaneamente, inquietante. Bonnie Anderson — a menina que herdou os brinquedos de Andy em 2010, naquele final que nos deixou meio desidratados — recebe um novo pacote. Woody, Buzz, Jessie, Rex, Sr. e Sra. Cabeça de Batata e o resto da equipa observam com tensão crescente, como quem pressente uma catástrofe silenciosa a caminho.

E a catástrofe chega: o embrulho revela… um tablet em forma de sapo, chamado Lilypad, que cumprimenta Bonnie com um animado “Let’s play!”. O sorriso imediato da menina deixa claro que a ameaça é real. Para estes brinquedos já habituados a sobreviver a mudanças de donos, doações, infantários, antiquários e parques de diversões, este pode ser o maior desafio até agora: continuar relevantes num mundo onde a atenção das crianças cabe num rectângulo luminoso.

O teaser não revela muito mais, mas o subtexto é delicioso — e irónico. Afinal, estes mesmos brinquedos são eles próprios parte de uma saga de cinema com 30 anos, um dos maiores motores da cultura dos ecrãs. Será que o filme vai abordar esta meta-ironía, ou vamos fingir que não reparámos? A Pixar mantém o suspense.

O que sabemos é que o elenco de vozes continua intacto. Tom Hanks regressa como Woody, Tim Allen volta a dar vida a Buzz Lightyear, e Joan Cusack retoma Jessie. A esta equipa veterana juntam-se novos nomes: Ernie Hudson, Conan O’Brien e Greta Lee, que dá voz à recém-chegada Lilypad — a encantadora, mas potencialmente apocalíptica, rival tecnológica.

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A Pixar marcou a estreia de Toy Story 5 para o verão de 2026, o que significa que ainda teremos muito tempo para teorizar sobre o destino dos brinquedos, o impacto da tecnologia e se Woody vai finalmente aprender a lidar com o facto de que, às vezes, a concorrência tem bateria recarregável.

Uma coisa é certa: se a guerra entre brinquedos e ecrãs começar, nós estaremos na primeira fila para assistir.

Atriz de Succession Afastada por Agência e Perde Papel Após Entrevista com Nick Fuentes

Dasha Nekrasova enfrenta forte reação em Hollywood depois de participar num polémico episódio do podcast Red Scarecom o comentador da extrema-direita Nick Fuentes.

Hollywood tem memória curta para sucessos, mas longuíssima para polémicas — e Dasha Nekrasova está a descobrir isso da pior forma. A actriz, conhecida sobretudo pelo seu papel em Succession e pelo recente trabalho com a A24 em Materialists, viu a sua carreira sofrer um abanão significativo depois de dar uma entrevista ao lado de Nick Fuentes, uma das figuras mais controversas da extrema-direita norte-americana.

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A agência Gersh, que representava Nekrasova, confirmou que a despediu após o episódio começar a circular amplamente em Hollywood nos últimos dias. A entrevista, publicada há um mês no YouTube, integra o podcast Red Scare, que Nekrasova apresenta com Anna Khachiyan desde 2018. Se inicialmente passou despercebida, a conversa ganhou novo fôlego quando começou a ser partilhada por executivos, agentes e jornalistas, desencadeando reacções imediatas.

A consequência não se ficou pela perda de representação. A actriz tinha sido recentemente anunciada para o elenco de Iconoclast, thriller que marca a estreia na realização de Gabriel Basso (The Night Agent). No entanto, o contrato — ainda não assinado — foi cancelado. Em poucas horas, Nekrasova perdeu um papel e a sua agência, tudo devido ao conteúdo altamente problemático presente no episódio.

Um episódio carregado de polémica

O vídeo, com mais de 220 mil visualizações, inclui discussões sobre “international jewery”, comentários estereotipados sobre judeus, italianos, asiáticos e outros grupos, além de observações inquietantes sobre o Holocausto e imigração, especialmente no que toca a pessoas de países em desenvolvimento e não-brancas.

Nick Fuentes, convidado do episódio, é amplamente conhecido como líder do movimento “Groyper”, um grupo de jovens activistas de extrema-direita com uma ideologia “America First”, frequentemente mais radical do que aquela defendida por figuras como Charlie Kirk — personalidade conservadora que foi assassinada em Setembro durante um debate em Utah.

Segundo a CNN, Fuentes é um “nacionalista branco e negacionista do Holocausto”, além de assumido opositor de direitos LGBTQ, feminismo e outros avanços sociais. O facto de duas apresentadoras com visibilidade cultural se envolverem numa conversa que ecoa parte deste discurso tornou-se rapidamente um escândalo involuntário — mas inevitável — para Nekrasova.

Reacções e silêncio (para já)

Tanto a actriz como o seu advogado, Mark A. Gochman, foram contactados, mas ainda não emitiram qualquer declaração. Em Hollywood, onde a imagem pública é um activo tão valioso como o talento, o impacto desta entrevista poderá ter repercussões prolongadas na carreira de Nekrasova.

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Para já, o episódio serve como lembrete de que, na indústria cinematográfica, tudo o que se diz — especialmente quando gravado durante duas horas e meia — tem potencial para redefinir carreiras inteiras.

O Papa que Conquistou Hollywood — E Defendeu o Cinema Como Arte que Une e Faz Pensar

Pope Leo XIV recebeu Spike Lee, Cate Blanchett, Greta Gerwig e outras estrelas numa audiência inédita no Vaticano, celebrando o poder transformador do cinema.

O Vaticano já foi palco de muitos encontros improváveis, mas poucos tão cinematográficos como este: Pope Leo XIV recebeu um autêntico desfile de estrelas de Hollywood para celebrar o cinema e a sua capacidade de unir, inspirar e provocar reflexão. Spike Lee, Cate Blanchett, Greta Gerwig, Chris O’Donnell, Judd Apatow, Monica Bellucci e Alba Rohrwacher foram apenas alguns dos nomes que atravessaram os corredores do Palácio Apostólico para ouvir o que o pontífice tinha a dizer sobre a sétima arte.

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Numa audiência repleta de frescos e flashes, Leo XIV descreveu o cinema como “uma arte popular no sentido mais nobre, destinada a todos”. Para ele, um filme bom não se limita a entreter: desafia, inquieta e até arranca lágrimas que nem sabíamos que precisávamos de derramar. O pontífice, o primeiro americano da história, cresceu na era dourada de Hollywood e confessou recentemente os seus quatro filmes favoritos: Do Céu Caiu uma Estrela (It’s a Wonderful Life), Música no CoraçãoGente Vulgar (Ordinary People) e A Vida é Bela.

Talvez por isso tenha passado quase uma hora — algo muito raro numa audiência tão grande — a cumprimentar e conversar individualmente com os convidados, claramente entusiasmado com o momento. Spike Lee, por exemplo, ofereceu-lhe uma camisola dos Knicks personalizada com o nome “Leo” e o número 14, enquanto explicava que a equipa conta actualmente com três jogadores oriundos da universidade onde o Papa estudou. Blanchett, por sua vez, destacou a sensibilidade com que Leo falou da importância da sala escura, aquele espaço onde desconhecidos se tornam comunidade.

O Papa não ignorou o declínio dos cinemas e alertou para o perigo da sua perda enquanto espaços sociais de encontro. Pediu às instituições que não desistam e reforçou a importância cultural destes locais, que descreveu como pontos essenciais na vida colectiva. As palavras foram recebidas com aplausos, especialmente por quem vive diariamente entre plateias vazias, estreias tímidas e orçamentos cada vez mais apertados.

A audiência, organizada pelo departamento cultural do Vaticano, contou com a ajuda de contactos próximos de Hollywood — incluindo Martin Scorsese — e foi montada em apenas três meses. O maior desafio? Convencer os agentes de que o convite era real. Uma vez confirmada a sua autenticidade, vários nomes até pediram para se juntar à iniciativa, numa espécie de corrida espiritual ao tapete vermelho do Vaticano.

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Entre os convidados, as reacções foram de surpresa e inspiração. Sally Potter elogiou o tempo que Leo dedicou a cada artista e a forma como valorizou o silêncio e a lentidão no cinema. Gus Van Sant, sempre conciso, resumiu tudo: “Tinha uma vibração fantástica.” O objectivo declarado do encontro era simples mas ambicioso — reforçar o diálogo contínuo com o mundo da cultura, onde o cinema se destaca como uma das artes mais democráticas e influentes.

Sentados na escuridão de uma sala de cinema, lado a lado com desconhecidos, experimentamos algo raro e precioso: a sensação de que, apesar de tudo, ainda há histórias que nos aproximam. E, se depender de Pope Leo XIV, continuará a haver espaço — literal e simbólico — para essas histórias serem vistas, discutidas e celebradas.

O Filme Português que Está a Surpreender a Estónia e a Argentina — e a Levar o Alentejo pelo Mundo

«18 Buracos para o Paraíso», de João Nuno Pinto, estreia em dois festivais internacionais e torna-se o primeiro filme português distinguido com o selo Green Film.

Há filmes que nascem de uma paisagem. Outros, de uma inquietação profunda. 18 Buracos para o Paraíso nasce dos dois. A nova longa-metragem de João Nuno Pinto, inspirada no território alentejano, está a dar que falar muito para lá das fronteiras portuguesas. Ontem estreou na 29.ª edição do Tallinn Black Nights Film Festival, na Estónia, e hoje chega ao prestigiado Mar del Plata Film Festival, na Argentina — o único festival de classe A na América Latina, ao lado de gigantes como Berlim, Cannes ou Veneza.

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A obra, com 108 minutos, percorre a ruralidade alentejana através de uma narrativa fragmentada, construída a partir de três olhares femininos. No elenco encontramos nomes como Margarida Marinho, Beatriz Batarda, Rita Cabaço e Jorge Andrade, acompanhados por membros da comunidade local onde decorreu a rodagem. A história passa-se numa herdade assolada pela seca, onde proprietários e trabalhadores relatam os mesmos acontecimentos, cada um segundo a sua visão, como se cada perspetiva fosse um raio de sol a bater de forma diferente na mesma terra.

Além da presença internacional, o filme já conquistou um marco importante: tornou-se o primeiro filme português a receber a certificação Green Film. Este selo reconhece práticas ambientais responsáveis no processo de produção audiovisual — um detalhe particularmente simbólico, tendo em conta o tema central da obra. Afinal, 18 Buracos para o Paraíso é tão sobre o que vemos no ecrã como sobre o modo como o próprio cinema impacta o mundo que retrata.

A produção é da Wonder Maria Filmes, liderada por Andreia Nunes, em co-produção com a italiana Albolina Film e a argentina Aurora Cine. A distribuição internacional cabe à Alpha Violet. Em Portugal, o público terá de esperar mais um pouco: a estreia comercial está prevista apenas para 2026.

As sessões no Mar del Plata decorrem no Auditorium e voltam a repetir-se a 15 de Novembro, às 14h30, no Colon — apresentando a história alentejana a públicos de dois continentes diferentes no espaço de 24 horas.

Uma reflexão nascida da terra

João Nuno Pinto revela que o filme nasceu da urgência de retratar uma realidade que conhece de perto. A viver no Alentejo desde 2020, o realizador tem observado “a seca, a desertificação e as pressões do turismo e da especulação imobiliária”. O filme, explica, procura olhar para a crise ambiental não como um alerta distante, mas como uma presença quotidiana, que molda a vida das pessoas e o futuro da região.

A estrutura tripartida — três mulheres, três narrativas, três formas de interpretar os mesmos factos — reorganiza constantemente a perceção do público, criando uma teia emocional onde cada revelação altera o significado da anterior. Para o realizador, esta abordagem coloca o espectador “dentro dos mundos inquietos e frágeis destas mulheres”, tornando a história simultaneamente íntima e universal.

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No fundo, como sublinha João Nuno Pinto, o filme é “uma reflexão sobre fragilidade: da terra, da sociedade e da conexão humana”. Um tema local que ecoa uma realidade partilhada em todo o mundo — e que agora encontra voz em palcos internacionais, onde o Alentejo se revela não apenas cenário, mas personagem viva.

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“Playdate” tornou-se um fenómeno global de visualizações, mas os críticos não poupam nas palavras. Afinal, estamos perante um sucesso merecido ou apenas um desastre divertido?

Escolher um filme no streaming pode ser tão complicado como montar um móvel sem instruções: há sempre demasiadas opções, e metade parece prestes a desabar. Ainda assim, há títulos que — por razões misteriosas ou simplesmente porque nos apetece rir sem pensar muito — disparam para o topo das tendências mundiais. É exactamente isso que está a acontecer com Playdate, o filme mais visto do momento na Amazon Prime Video a nível global.

A produção, lançada a 12 de Novembro, mistura comédia e acção num cocktail que parece ter acertado no gosto do público, mesmo que os críticos estejam a preparar tochas e forquilhas. Com Kevin James, Alan Ritchson, Sarah Chalke e Isla Fisher a liderar o elenco, Playdate promete energia, caos e muita correria — e entrega tudo isso com orgulho.

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A história segue Brian, um contabilista desempregado que só queria uma tarde tranquila de brincadeira entre crianças. Em vez disso, vê-se perseguido por mercenários, metido em sarilhos absurdos e obrigado a improvisar como se a sua vida fosse um videojogo dos anos 90. A premissa é simples: um pai suburbano, muita trapalhada e uma inesperada descida para o universo dos filmes de acção.

Até aqui, tudo parece inofensivo. Porém, basta espreitar a recepção crítica para perceber o contraste gigante entre o entusiasmo do público e a fúria dos especialistas. No Rotten Tomatoes, Playdate exibe uns modestíssimos 18%, com comentários tão delicados como “um filme incrivelmente estúpido que também acha que tu és incrivelmente estúpido”. No IMDb, o cenário não é muito mais simpático: 5,5 em 10 possíveis.

E, no entanto, milhões estão a carregar no “Play”. Porquê? Parte da culpa — ou mérito — está na tal “vibe de comédia dos anos 90” que muitos espectadores têm elogiado. A dupla Kevin James e Alan Ritchson também parece ter conquistado o público, oferecendo aquele tipo de química que nos faz pensar: “isto é tão parvo… mas estou a gostar.”

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Se procuras um filme profundo, inovador e com potencial para ganhar prémios… continua a procurar. Mas se o objectivo é desligar o cérebro, rir de situações absurdas e passar uma hora e meia de boa disposição, Playdate pode ser exactamente aquilo de que precisas. Pode estar a ser arrasado pela crítica, mas o mundo está a vê-lo — e, pelos vistos, a divertir-se à grande.

George Clooney Enfrenta o Lado Sombrio da Fama em Jay Kelly

(Estreia nos EUA hoje; chega à Netflix em todo o mundo a 5 de dezembro)

George Clooney não tem medo de interpretar homens complicados, mas Jay Kelly coloca-o perante um espelho distorcido: o de um actor tão famoso que perdeu quase tudo — principalmente a família — enquanto corria atrás do estrelato. O novo filme de Noah Baumbach, escrito com Emily Mortimer e produzido para a Netflix, estreia hoje nos cinemas norte-americanos e chega à plataforma a 5 de dezembro, também em Portugal.

A premissa é incómoda, quase provocadora: Clooney interpreta um actor cuja fama global é tão avassaladora que engoliu tudo à sua volta, desde amizades até à relação com as filhas. Para muitos, a personagem pode parecer um reflexo suavemente ficcionado do próprio Clooney — uma estrela mundial, omnipresente, acarinhada por várias gerações. Mas Clooney cortou essa ideia pela raiz durante a conferência de imprensa em Los Angeles, onde esteve presente a agência Lusa.

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“Dizem-me que estou a fazer de mim próprio”, afirmou, “mas eu não tenho os arrependimentos que este tipo tem. Os meus filhos ainda gostam de mim”. O actor descreve Jay Kelly com uma franqueza quase desconfortável: “Ele é um idiota. O desafio era perceber se conseguiria torná-lo simpático apesar disso.”

Baumbach, com o seu olhar habitual sobre a vulnerabilidade humana, confessa que a intenção do filme é outra: explorar aquele momento da vida em que a mortalidade deixa de ser uma ideia abstracta e passa a ser um facto concreto. É o instante em que a pessoa percebe que não há um segundo tempo, que as escolhas feitas foram as escolhas feitas — e que tudo aquilo que foi adiado pode já não voltar.

O filme acompanha não apenas Jay Kelly, mas também o seu círculo íntimo: Ron Sukenick, o agente interpretado por Adam Sandler, e Liz, a assessora que ganha vida pela mão de Laura Dern. Baumbach sublinha que todos eles gravitam em torno de Jay, como se a sua carreira fosse um sol demasiado quente para abandonar — mas que, com o tempo, começa a queimar quem está demasiado perto.

Laura Dern inspirou-se directamente na sua própria assessora, Anett Wolf, para construir Liz, incluindo o lenço Hermès sempre preso à mala. “Estas pessoas são como família e mentores”, disse. “Têm de ser insuportavelmente pacientes.” Adam Sandler, por seu lado, vê a sua participação como uma espécie de espelho profissional: “A minha fala favorita é quando digo ‘Tu és o Jay Kelly, mas eu também sou o Jay Kelly’. Acho que as nossas equipas sentem o mesmo.”

A verdade é que Jay Kelly promete muito mais do que o típico drama sobre Hollywood. É um retrato da máquina da fama e, sobretudo, das suas consequências invisíveis — aquilo que se perde quando todos pensam que se tem tudo. Clooney, sempre perspicaz, sempre confortável a brincar com a própria imagem, oferece aqui uma performance que parece tanto uma provocação como uma reflexão.

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E enquanto o filme chega primeiro às salas norte-americanas, será na Netflix, a 5 de dezembro, que o mundo inteiro — Portugal incluído — poderá ver Clooney desfiar este actor falhado de si mesmo, nesta história onde o glamour, a culpa e a auto-ilusão se misturam sem piedade.

O Pátio da Saudade — O Fenómeno Nacional de 2025 Já Chegou ao Streaming

O cinema português ganhou, este ano, um novo campeão de bilheteira — e fê-lo com uma velocidade impressionante. Bastou um único fim de semana para O Pátio da Saudade se tornar o filme português mais visto de 2025, ultrapassando os 15 mil espectadores logo após a estreia, a 14 de agosto. Os números oficiais do ICA ainda não foram actualizados, mas o impacto já é incontornável: este é o título nacional do ano.

gora, o filme entra numa nova fase da sua vida. Desde 14 de novembroO Pátio da Saudade está disponível na Prime Video, permitindo que o público que não pôde ir ao cinema descubra — ou revisite — a mais recente obra de Leonel Vieira, quase uma década depois do seu êxito com O Pátio das Cantigas.

Uma herança inesperada. Um teatro em ruínas. E o renascimento de uma arte.

A história segue Vanessa, interpretada por Sara Matos, uma actriz de televisão que se vê confrontada com uma herança tão inesperada quanto simbólica: um antigo teatro no Porto, deixado por uma tia com quem tinha perdido o contacto. O edifício está longe dos seus dias gloriosos, mas mantém intacta a memória dos tempos de ouro da Revista à Portuguesa — um género onde humor, música e sátira se misturavam numa celebração muito nossa.

A tentação de vender o espaço é grande — pressionada pelo agente, Tozé Leal — mas Vanessa sente uma ligação profunda àquele lugar. Decide então juntar dois amigos, Joana e Ribeiro, para montar um espectáculo que devolva alma ao teatro e tente recuperar a sua glória perdida. É um plano feito de entusiasmo, sonho… e uma boa dose de ingenuidade.

Mas cada renascimento tem os seus antagonistas. E aqui, o obstáculo atende pelo nome de Armando, dono de um teatro rival que fará tudo para impedir a recuperação daquele espaço histórico. O conflito transforma-se numa batalha pela memória cultural, pela relevância e pelo direito de sonhar num país onde, tantas vezes, o teatro vive entre a paixão e o sufoco financeiro.

Um elenco que une gerações do humor e da ficção portuguesa

Sara Matos lidera o elenco com a determinação de uma protagonista que tenta equilibrar humor, emoção e fragilidade. À sua volta, um verdadeiro desfile de rostos conhecidos garante que cada cena tem vida própria: Ana Guiomar, Manuel Marques, José Pedro Vasconcelos, José Raposo, Gilmário Vemba, José Martins, Alexandra Lencastre, José Pedro Gomes e Aldo Lima dão corpo a personagens que oscilam entre o exagero cómico e a humanidade mais terna.

As filmagens passaram por Lisboa, com destaque para o Jardim do Torel, e recriam uma estética visual que combina modernidade com aquela saudade luminosa que o título promete.

Uma homenagem à nossa memória — e um sucesso merecido

O Pátio da Saudade não tenta reinventar a roda. Faz outra coisa: olha para o teatro português com carinho, humor e alguma melancolia. E talvez seja por isso que o público respondeu tão rapidamente. É uma história sobre a vontade de reerguer o que caiu, de celebrar o que foi nosso, de acreditar que os velhos palcos ainda têm futuro.

Agora, com a chegada ao streaming, o filme pode finalmente encontrar o resto do seu público — aquele que, como Vanessa, sabe que certos lugares só voltam a viver quando alguém acredita neles.