Hotel Amor: A Comédia Portuguesa Que Está a Conquistar o Público

Jessica Athayde brilha num filme rodado num só dia… com hóspedes reais! 🎬🇵🇹

A comédia Hotel Amor acaba de conquistar o título de filme português com melhor abertura de 2025 — e a proeza não foi pequena. Com mais de 3.500 espectadores nas primeiras sessões e uma receita de bilheteira superior a 22.500 euros, o filme de Hermano Moreira provou que o público português continua a gostar de boas histórias contadas com humor e alma.

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Mas o que tem este Hotel Amor de tão especial? Para começar, o filme foi inteiramente rodado no icónico Hotel Roma, em Lisboa… durante um dia normal de funcionamento! Sim, leu bem: hóspedes reais, imprevistos verdadeiros e actores a improvisar em cenários que, literalmente, não podiam ser controlados. Uma ousadia logística que deu ao filme um tom caótico, fresco e muito real.

No centro da história está Catarina, interpretada por uma surpreendente Jessica Athayde. Gerente de um hotel à beira do colapso (emocional e literal), Catarina vê-se forçada a provar o seu valor no espaço de 24 horas — entre funcionários desastrados, hóspedes excêntricos e a visita inesperada de um antigo amor com segredos por resolver.

Com um elenco recheado de caras conhecidas, como Francisco Froes, Vera Moura, Júlia Palha, Igor Regalla, Cléo Malulo e até Marcelo Adnet, Hotel Amor aposta num ritmo acelerado, num humor ora subtil ora escancarado, e num coração emocional que bate forte nas entrelinhas. É um filme que faz rir, sim, mas também toca em temas como o envelhecimento, o cansaço do mundo laboral e os fantasmas do passado que todos carregamos.

A realização de Hermano Moreira, mais conhecido no Brasil, mostra aqui uma notável maturidade ao serviço de um registo difícil: a comédia com alma. E quando o próprio realizador afirma que foi “uma aventura arriscada”, não está a exagerar — o resultado, no entanto, é uma comédia energética, irreverente e com sabor a verão lisboeta.

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Se ainda não visitou o Hotel Amor, está na altura de fazer o check-in. A comédia está em exibição nas salas portuguesas e promete ser uma das grandes surpresas do cinema nacional este ano.

Santuário: A Série Distópica Que Vai Deixar os Espectadores a Arfar por Respostas

📺 Estreia a 25 de junho, às 22h10, no TVCine Edition e TVCine+

Num futuro em que o ar já não é respirável e o medo é disfarçado de cuidado, a nova série espanhola Santuário promete agarrar os espectadores ao ecrã com uma proposta inquietante que mistura a opressão silenciosa de The Handmaid’s Talecom a estética e inteligência de Westworld. Produzida por Álex de la Iglesia (30 MonedasA Casa de Papel), esta distopia climática é uma das grandes estreias do mês nos Canais TVCine — e já nasceu com selo de prestígio, tendo feito parte da seleção oficial da Berlinale.

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Bem-vindo ao Santuário — onde tudo é perfeito… ou não

A premissa é simples e, talvez por isso, ainda mais arrepiante: após uma catástrofe ambiental, as mulheres grávidas são levadas para viver numa instalação futurista chamada Santuário. A promessa? Um ambiente controlado, livre da poluição que assola o mundo exterior. Um lugar de serenidade, onde tudo é feito “pelo bem do bebé”.

Mas, como é habitual em histórias que cheiram a utopia higienizada, a fachada depressa começa a rachar.

É quando Pilar (Lucía Guerrero), grávida de três meses, chega ao Santuário, que as primeiras suspeitas surgem. E é com Valle (Aura Garrido), uma engenheira de Inteligência Artificial que aceita um emprego nas instalações, que começamos a perceber que este paraíso tem regras… e consequências.

Maternidade, controlo e inteligência artificial

Baseada num podcast de culto criado por Manuel Bartual e Carmen Pacheco, Santuário é muito mais do que uma simples série de ficção científica. É uma reflexão séria (e bastante atual) sobre o corpo feminino, a maternidade como espaço político, o uso da tecnologia como ferramenta de poder e a desigualdade social num mundo cada vez mais desigual — e tóxico, literalmente.

Com apenas 8 episódios, esta produção da Atresmedia é uma bomba em forma de série: envolvente, tensa e provocadora. E sim, há inteligência artificial, mas não do tipo que ajuda a fazer listas de compras. Esta IA observa, analisa… e manipula.

Uma estética fria para um futuro demasiado próximo

O visual da série reforça o desconforto. A cúpula onde vivem as grávidas é asséptica, branca, impecavelmente calma — e profundamente inquietante. O mundo lá fora está destruído, mas será que o verdadeiro perigo não mora mesmo dentro do Santuário?

Com interpretações poderosas de Aura Garrido (O Ministério do Tempo) e Lucía Guerrero (Caminantes), Santuário está pronta para provocar debate e gerar teorias semana após semana. Afinal, quantas vezes é que um lugar seguro se transforma numa prisão?

Conclusão: Um thriller para quem gosta de pensar (e desconfiar)

Santuário estreia a 25 de junho no TVCine Edition, e será exibida semanalmente às quartas-feiras. Para quem gosta de thrillers psicológicos, distopias que parecem demasiado plausíveis e ficção científica com substância, esta é uma aposta obrigatória.

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E a pergunta fica no ar: será mesmo pelo bem do bebé?

Jason Statham & Simon West: Velhos Parceiros de Ação Prontos para Mais Uma Explosão?

Realizador de The Mechanic e Os Mercenários 2 admite que está à espera do “projecto certo” para voltar a trabalhar com o duro de roer mais querido do cinema de ação

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🔫 Explosões? Check. Caras fechadas? Check. Frases secas ditas com sotaque britânico e um soco à mistura? Check e mais check. Simon West e Jason Statham criaram, durante alguns anos da década passada, uma espécie de bromance cinematográfico com filmes como The MechanicWild Card e Os Mercenários 2. Mas depois… silêncio. Agora, West diz que está mais do que pronto para voltar à carga com o seu ator-fetiche.

“Temos orgulho nos filmes que fizemos juntos”

Em entrevista recente, o realizador britânico deixou claro que continua a imaginar Statham em vários papéis e que o reencontro entre ambos não está fora de questão. “Sempre que surge algo, penso: ‘O Jason pode gostar disto’”, diz Simon West, revelando que só falta mesmo aparecer o projecto certo — aquele que traga algo de novo para os dois e que não seja uma repetição do que já fizeram antes.

Statham, por seu lado, continua a fazer… bem, de Statham. Saltos de prédios, combates corpo-a-corpo, tiroteios e aquele charme impassível que o transformou num dos pilares do cinema de ação contemporâneo. E sejamos honestos: é exatamente isso que o público espera e adora.

“The Mechanic 3”? Já podemos ver o cartaz…

É inevitável pensar na possibilidade de um The Mechanic 3. A série de filmes que começou em 2011 com Jason Statham no papel de Arthur Bishop — o assassino profissional mais meticuloso do planeta — é talvez o ponto alto da colaboração entre ator e realizador. O segundo filme foi realizado por Dennis Gansel, e Simon West não esconde que gostaria de ter voltado à cadeira de realizador. Será que é este o tal “projeto certo” que ambos andam a procurar?

Simon West: o regresso aos básicos?

Simon West, que já teve dias mais felizes (o seu mais recente filme Bride Hard está a ser considerado um desastre crítico), parece reconhecer que o regresso ao universo testosterónico de Jason Statham poderia ser uma forma de se reinventar. Afinal, há algo de reconfortante na simplicidade de um bom filme de pancadaria: um herói solitário, uma missão impossível, e inimigos que voam de janelas ao som de riffs de guitarra.

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Fica a pergunta…

Será que o público está pronto para mais uma dose de Statham+West? A resposta mais honesta talvez seja: Quando é que não estamos?

Chi Lewis-Parry Fala Sobre ‘28 Years Later’, Próteses e Epifanias com Cabeças Arrancadas

O gigante ex-lutador que dá corpo (e grito) ao Alpha Samson explica como foi interpretar a criatura mais brutal de 28 Years Later e revela o seu sonho de ser vilão de James Bond.

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Chi Lewis-Parry mede 2 metros e tem presença para assustar um exército inteiro, mas foi precisamente isso que levou Danny Boyle a dar-lhe o papel de Samson, o mais temido dos “infectados” em 28 Years Later. E não é só o tamanho que impressiona: Chi trouxe alma, intensidade física (e algumas cicatrizes) ao “rei dos infectados” que arranca cabeças com a espinha ainda agarrada.

“Terrifica-me”, foi o único pedido de Danny Boyle durante o casting. Sem saber o que ia interpretar, Lewis-Parry soltou o seu agora famoso “Samson bellow”. Boyle ficou tão impressionado que lhe deu não só o papel principal como também a voz de outro Alpha.

O Rei Leão (Infectado)

Segundo Chi, Samson é mais do que um monstro brutal. “É o rei. Os outros infectados são como hienas, e ele é o leão.” Há cenas que não chegaram ao corte final, mas o comportamento dos outros infectados ao seu redor deixa claro que ele é uma espécie de líder entre os monstros. O ator chegou mesmo a criar um passado para a criatura: na sua mente, Samson era um homem que se sacrificou para proteger outros, tornando-se o último defensor… ainda que agora seja movido por raiva pura.

Cabeças, Espinhas e uma Cicatriz de Memória

Numa das cenas mais memoráveis do filme, Samson arranca a cabeça de uma vítima com a espinha ainda ligada, como se fosse uma moca medieval. A cena foi filmada num reservatório real, escuro e claustrofóbico. Chi lesionou-se numa perna ao embater num rifle em plena corrida. “Fiquei com uma cicatriz. Nada demais para o Samson, mas doeu.”

O realismo da prótese ajudou ao impacto visual. “Era pesado, por isso tive de usar o quadril como apoio para parecer que ele estava de pé enquanto eu arrancava a cabeça com o outro braço.”

Sim, Aquilo é Prótese (Mas Proporcional)

28 Years Later apresenta os infectados despidos, o que gerou algum burburinho online. O motivo, explica Lewis-Parry, tem razões legais: como Alfie Williams, um dos protagonistas, tinha apenas 13 anos, todas as cenas de nudez tinham de usar próteses. No caso de Samson, o seu “equipamento” gerou manchetes. “Bem, eu tenho 2 metros de altura. Não digo mais nada”, riu-se o ator.

De MMA a Hollywood (e à Porta de James Bond)

Ex-lutador de MMA com 12 anos de carreira, Lewis-Parry tem uma paixão antiga por cinema. Começou como figurante em Harry Potter (foi stand-in para Hagrid) e estreou-se a sério com Pistol, de Danny Boyle. Desde então, o seu percurso levou-o a 28 Years LaterGladiator 2 (onde morre espetado por um rinoceronte!) e ao vindouro The Running Man, de Edgar Wright.

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Mas o seu verdadeiro sonho? Ser vilão de James Bond. “Desde 2005 que sonho com isso. Até escrevi no meu caderno: Predator e Bond Villain. E quando estava naquele túnel, a segurar uma cabeça e espinha, percebi: acabei de interpretar o meu próprio Predator. Agora falta o Bond.”

Se depender de físico, presença e dedicação, não faltará muito.

José Martins Conquista Prémio de Melhor Ator em Xangai

“A Memória do Cheiro das Coisas” destaca-se na competição oficial com performance comovente de um veterano ator português

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O prestigiado Festival Internacional de Cinema de Xangai terminou com uma grande vitória para o cinema português: o ator José Martins foi distinguido com o Prémio de Melhor Ator, graças à sua impactante performance no filme A Memória do Cheiro das Coisas, de António Ferreira.

Um papel com peso histórico e emocional

No filme, José Martins dá vida a um veterano da guerra colonial que, forçado a entrar num lar de idosos, se vê confrontado com os fantasmas do passado e estabelece um inesperado laço com a sua cuidadora negra. A história, situada entre a realidade pungente do envelhecimento e os ecos não resolvidos da história colonial portuguesa, é apresentada como um “retrato poético e intimista da fragilidade da condição humana, da inevitabilidade da morte e da busca de redenção”.

Entre a memória e o olfato, um espelho social

Mais do que um drama pessoal, A Memória do Cheiro das Coisas aborda temáticas universais e socialmente urgentes, como o racismo estrutural e o envelhecimento da população. Com coprodução luso-brasileira, o filme foi um dos 12 seleccionados para a competição oficial da 27.ª edição do festival e destacou-se pela sua sensibilidade, linguagem cinematográfica e intensidade emocional.

Um nome incontornável do teatro e agora, do cinema

José Martins, nascido em Lisboa em 1952, é uma figura incontornável do teatro português. Foi um dos fundadores do antigo Grupo de Campolide (actual Companhia de Teatro de Almada), do Teatro da Malaposta e da Companhia Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana, onde continua activo. Esta distinção internacional reforça o valor do seu percurso artístico e representa um momento de consagração merecida para um intérprete que tem sabido manter-se fiel ao rigor da profissão.

Um festival de excelência com nomes de peso

O Festival de Xangai, que decorreu entre 13 e 22 de Junho, contou com a presidência do júri principal a cargo de Giuseppe Tornatore, realizador de Cinema Paraíso. O grande prémio da competição — o Cálice de Ouro de Melhor Longa-Metragem — foi para Black Red Yellow, do Quirguistão, realizado por Aktan Arym Kubat. Entre outros premiados, destaque ainda para Wan Qian como Melhor Atriz (Wild Nights, Tamed Beasts), Cao Baoping como Melhor Realizador (One Wacky Summer), e o documentário espanhol Constanza, que venceu na sua categoria.

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Mas foi o nome de José Martins que pôs Portugal nas manchetes, elevando o talento nacional a um dos maiores palcos do cinema asiático e global.

O Lado Negro de Stanley Ipkiss: Porque Está na Hora de Dar à Máscara a Reboot que Merece

🎭💥 Jim Carrey a dançar “Cuban Pete” é uma imagem gravada na retina de qualquer criança dos anos 90. The Mask(1994) foi um sucesso instantâneo, misturando humor desenfreado, efeitos visuais revolucionários e uma performance inesquecível de Carrey. Mas poucos sabem que por detrás do filme PG-13 existe uma origem muito mais sombria — e surpreendentemente fascinante.

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Na verdade, a personagem The Mask nasceu nas páginas de uma banda desenhada da Dark Horse Comics… e era tudo menos fofinha. Decapitações, caos urbano, professores aterrorizados e mísseis disparados sobre polícias corruptos. Sim, é verdade: o Stanley Ipkiss original não era um palhaço adorável. Era uma bomba de loucura homicida à espera de explodir. E há provas disso – num obscuro jogo de PC de 1994 que poucos se lembram de ter existido.

“The Mask: The Origin”: Uma Joia Digital Esquecida

Em plena era do CD-ROM, a Softkey aliou-se à Dark Horse para lançar uma adaptação digital dos cinco primeiros volumes da BD original. O resultado? The Mask: The Origin, uma espécie de motion comic com narração completa, efeitos visuais e cenas sangrentas animadas com um nível de empenho que ultrapassa muitos projetos independentes actuais.

Disponível hoje no YouTube (sim, já lá anda desde 1994!), esta versão da história é um vislumbre do que The Maskpoderia ser se Hollywood tivesse tido coragem de abraçar o seu lado mais negro. Em vez de um excêntrico super-herói ao estilo Tex Avery, temos um vigilante vingativo e instável que personifica a raiva reprimida de um homem humilhado — e que não hesita em usar métodos brutais para se impor.

Porque o Cinema Está Pronto Para Esta Versão

Desde Deadpool a Venom, o público já se habituou a protagonistas ultra-violentos com um sentido de humor distorcido. O que antes parecia demasiado arriscado para o grande público, agora é uma aposta segura. E The Mask, com o seu ADN anárquico e irreverente, encaixa perfeitamente neste novo cenário.

Ao contrário do filme com Jim Carrey, que termina com uma nota alegre e quase romântica, a história original mergulha nas consequências psicológicas de usar a máscara. A personagem do tenente Kellaway, por exemplo, torna-se uma figura trágica, consumida pela raiva e pela perda de controlo. Há espaço aqui para explorar temas como identidade, loucura e violência justificada — e isso dá pano para mangas no cinema actual.

Jim Carrey Foi Brilhante — Mas a Máscara Pode Ter Outra Cara

Não estamos a sugerir substituir ou apagar a versão de 1994. Aquela performance permanece lendária. Mas e se agora, passados 30 anos, revisitássemos o mito com novos olhos? Um reboot sombrio, com classificação para maiores de 18 anos, inspirado directamente nos comics, poderia transformar The Mask num fenómeno de culto para uma nova geração. Um filme que misture o caos do Joker, o humor negro de The Boys e o visual desvairado de um Sin City.

Seria o regresso triunfal de uma das personagens mais malucas — e mal interpretadas — dos anos 90.

Sunshine: O Filme de Ficção Científica Que Antecipou o Futuro (E Que o Público Ignorou)

📺 The Mask (1994) está disponível em streaming no Tubi, Prime Video e YouTube. O motion comic The Mask: The Origin pode ser visto gratuitamente no YouTube aqui

De Jedi a Heroína de Ação: Daisy Ridley Salta de Janelas (e Explosões) em Cleaner

🧼🚨 O que acontece quando pegamos numa atriz da saga Star Wars, um realizador com experiência em James Bond e uma premissa digna de Die Hard? O resultado chama-se Cleaner, e apesar de não reinventar o género, tem ação, coração e uma Daisy Ridley pronta para mostrar que o sabre de luz era apenas o início.

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Recém-chegado à HBO Max, este thriller de ação dirigido por Martin Campbell (sim, o de Casino Royale e GoldenEye) segue a fórmula clássica: um só local, um grupo de terroristas e uma protagonista que, contra todas as probabilidades, vai tentar salvar o dia.

Uma limpeza nada convencional

Daisy Ridley interpreta Joey Locke, uma ex-soldado agora transformada em empregada de limpeza num arranha-céus de uma poderosa empresa energética. A sua rotina vira do avesso quando o edifício é tomado por eco-terroristas durante a gala anual. E como se isso não bastasse, Joey tem consigo o irmão mais novo, Michael, neurodivergente, que tenta proteger a todo o custo.

Sim, soa a Die Hard. Mas Cleaner não é apenas uma cópia barata com uma protagonista feminina no lugar de Bruce Willis. A personagem de Joey é vulnerável, humana e real — e Ridley dá-lhe camadas que elevam o filme acima da mediania.

Nem tudo brilha como o vidro lavado

Apesar da boa premissa e de um terceiro acto cheio de adrenalina, Cleaner tropeça no meio do caminho. Grande parte do filme é passada em diálogos entre Joey e a polícia ou nos discursos dos vilões, o que faz com que o ritmo abrande em momentos críticos. O público vem pelo suspense e pelas cenas de ação… e estas demoram a chegar.

Mesmo com 97 minutos de duração, o filme parece demorar a descolar. Há também algumas personagens que poderiam ter tido mais destaque — especialmente o vilão principal.

Clive Owen está cá, mas é Ridley quem brilha

Clive Owen, como Marcus, o carismático líder dos eco-terroristas, tem presença e um motivo convincente. Mas é escandalosamente subaproveitado. Falta-lhe o confronto direto com a heroína, algo que teria dado mais peso ao clímax. Já o segundo vilão é tudo menos subtil: um vilão de bigode figurativo e motivação de papel de embrulho.

Porém, é Daisy Ridley que sustenta o filme. Em Joey Locke, Ridley encontra uma nova identidade cinematográfica: a de uma heroína de ação emocionalmente complexa. Nada de imitações baratas de John McClane — a sua personagem tem voz própria, ética, fragilidade e força. E queremos vê-la mais vezes neste registo.

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Vale a pena ver?

Se esperas o próximo clássico do cinema de ação, não é aqui que o vais encontrar. Mas Cleaner cumpre a sua função de entretenimento, e revela um novo lado de Daisy Ridley que merece continuar a ser explorado. Se gostas de thrillers em espaço fechado, com toques sociais e um toque de poeira a ser varrida a pontapé — literalmente — então este é um bom programa para uma noite de sofá.

Sunshine: O Filme de Ficção Científica Que Antecipou o Futuro (E Que o Público Ignorou)

☀️ Em pleno Verão de 2007, quando as salas de cinema estavam invadidas por varinhas mágicas (Harry Potter e a Ordem da Fénix) e robôs gigantes (Transformers), estreava um pequeno — mas ambicioso — filme de ficção científica chamado Sunshine. Realizado por Danny Boyle e com um elenco de luxo que incluía Cillian Murphy, Michelle Yeoh, Chris Evans e Hiroyuki Sanada, este thriller espacial era tudo o que a época não pedia… e talvez por isso tenha sido ignorado.

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Hoje, com o sucesso estrondoso de Oppenheimer, as vitórias nos Óscares para Murphy e Yeoh, e a iminente estreia de 28 Years Later, está na hora de olhar para Sunshine como ele merece: uma obra intensa, cerebral e visualmente deslumbrante que falhámos redondamente em reconhecer.

Uma Missão Suicida… e Poética

Sunshine apresenta-nos uma missão desesperada: um grupo de astronautas segue rumo ao Sol com o objectivo de o reanimar, lançando uma ogiva nuclear no seu núcleo para salvar a Terra de uma nova era glacial. Um plano tão grandioso quanto insano, servido com a tensão psicológica de 2001: Odisseia no Espaço e o peso filosófico de Solaris. A atmosfera claustrofóbica da nave é digna de Alien, com a tripulação a debater-se com decisões morais, conflitos internos… e um intruso assassino.

Sim, o terceiro acto transforma o drama existencialista num slasher espacial — e foi esse desvio que muitos críticos da altura não perdoaram. Mas a transição é menos abrupta do que parece: a tensão acumulada desde o início implodia inevitavelmente em violência. Se calhar, simplesmente não estávamos preparados.

Visualmente Brilhante (Literalmente)

Com um orçamento modesto para o género, Sunshine continua a impressionar pelos seus efeitos visuais, que capturam com realismo e beleza a ameaça constante do Sol. As imagens do nosso astro-rei a engolir o ecrã são de cortar a respiração, antecipando, de forma quase profética, a icónica sequência de Oppenheimer com Cillian Murphy a encarar o inferno nuclear.

Esse mesmo Murphy entrega aqui uma das suas performances mais contidas e inquietantes, muito antes de se tornar o rosto dos Peaky Blinders e de vencer um Óscar. Ao seu lado, Michelle Yeoh oferece uma presença calorosa mas firme, enquanto Chris Evans, longe do escudo do Capitão América, prova que sabe ser mais do que músculos e sarcasmo. O elenco completa-se com nomes como Rose Byrne, Benedict Wong e Mark Strong — uma galeria de talentos que hoje encheria qualquer cartaz.

O Filme Que Falhámos

A estreia de Sunshine no pico do Verão foi, no mínimo, suicida. Colocá-lo ao lado de blockbusters com brinquedos e feitiçaria foi uma sentença comercial. A sua vida pós-salas também não foi melhor: um lançamento em Blu-ray com falhas técnicas, uma presença quase nula nos serviços de streaming, e uma distribuição que o condenou ao esquecimento.

E, no entanto, Sunshine é um diamante bruto. Uma obra que merece — exige — ser redescoberta. Escrita por Alex Garland (que viria a realizar Ex Machina e Civil War), é uma reflexão madura sobre mortalidade, sacrifício e o lugar do ser humano no cosmos. O seu final, debatido até hoje, é prova de que o filme se arrisca, desafia e mexe com quem o vê.

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Uma Segunda Vida à Luz do Sol

Com Danny Boyle a regressar ao terror com 28 Years Later, e com o reconhecimento tardio dos seus actores principais, talvez este seja o momento certo para Sunshine renascer das cinzas. Porque o tempo passa, mas as boas ideias (e os grandes filmes) merecem uma segunda oportunidade de brilhar.

Sunshine – Missão Solar está disponível em streaming para os assinantes do Disney +

Jude Law Quase Trocava Oscar por Baionetas: O Dia em Que Quase Entrou em The Patriot

🎬 E se Jude Law tivesse trocado a sua elegância britânica por um uniforme vermelho e um sotaque maníaco ao serviço do império? Por pouco isso não aconteceu. O galã de olhos claros que nos deu The Talented Mr. Ripley e Cold Mountainesteve mesmo perto de se juntar a Mel Gibson em The Patriot, o épico da Guerra da Independência realizado por Roland Emmerich. E, convenhamos, a história teria sido muito diferente…

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O Patriota com Sotaque de Oxford?

Em 2000, The Patriot era uma superprodução com cheiro a Oscar e sabor a pipoca. Mel Gibson estava no auge da carreira (antes de… bem, sabermos o que sabemos hoje) e foi pago uns estonteantes 25 milhões de dólares para liderar o filme como Benjamin Martin — uma espécie de Braveheart americano, agricultor de dia e máquina de vingança de noite. Do outro lado da barricada, como o infame coronel britânico William Tavington, entrou Jason Isaacs, hoje conhecido por muitos como Lucius Malfoy, mas que por pouco não ficou sem o papel.

Segundo o próprio Isaacs, numa entrevista recente ao Collider, a produção estava a aguardar resposta de… Jude Law. Sim, o eterno Dickie Greenleaf de Ripley tinha sido o primeiro nome a quem ofereceram o papel do vilão. Durante semanas, o estúdio esperou que Law se decidisse. E, só depois da bênção de Gibson, Law recusou. Isaacs entrou e, com uma gargalhada maquiavélica e muito bigode metafórico, tornou-se num dos vilões mais detestáveis do cinema da época.

O que teria acontecido se Law tivesse dito “sim”?

A pergunta é boa. The Patriot foi filmado antes de The Talented Mr. Ripley estrear e levar Jude Law à sua primeira nomeação ao Óscar. Na altura, era apenas uma aposta promissora, com o charme aristocrático e um talento dramático evidente, mas ainda não a estrela incontornável em que se tornou nos anos seguintes. A presença de Law no papel de Tavington teria provavelmente adicionado uma sofisticação sinistra à personagem. Mas também corria o risco de o colar a papéis de vilão europeu refinado ao serviço de heróis norte-americanos musculados — algo que poderia ter limitado a sua carreira criativa.

Ainda assim, há quem diga que teria sido um passo lógico. Afinal, Heath Ledger, outro actor em ascensão na altura, foi escolhido para interpretar Gabriel, o filho idealista de Mel Gibson. Imaginem só: Ledger e Law, lado a lado, a representar os dois lados de uma guerra — um com caracóis dourados e esperança no olhar, o outro com sotaque cortante e uma baioneta nas costas. Teria sido icónico? Possivelmente. Mas também teria afastado Law de papéis mais subtis e complexos.

Tudo acabou por correr bem (para quase todos)

Jason Isaacs agarrou o papel com unhas e dentes (e dentes afiados, já agora) e ofereceu-nos um vilão absolutamente detestável, como manda a tradição dos filmes de guerra de Hollywood. Jude Law, por sua vez, trocou a guerra de independência americana pela guerra civil americana em Cold Mountain, onde brilhou ao lado de Nicole Kidman e voltou a ser nomeado ao Óscar. E Mel Gibson… bem, o Mel Gibson dessa época já é outra história.

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The Patriot continua a ser visto como um dos grandes épicos do início dos anos 2000, ainda que recheado de licenças históricas e com um tom de bandeira ao vento. Mas agora sabemos que, num universo paralelo, esse vilão impiedoso podia ter sido Jude Law, com a sua beleza melancólica a fazer-nos duvidar de que lado deveríamos realmente estar.

O Patriota pode ser visto em streaming no Netflix e no Prime Video, e pode ser alugado no AppleTV

O 007 que Nunca Vimos: Danny Boyle e o Roteiro de Bond Enterrado em Moscovo

🎬 O que aconteceria se Danny Boyle tivesse feito um filme de James Bond? A pergunta paira no ar desde 2018, quando o aclamado realizador britânico abandonou repentinamente a cadeira de realizador do 25.º filme da saga, aquele que viria a ser No Time To Die. Agora, com 28 Years Later nos cinemas e Boyle de novo em destaque, o cineasta revela a sua “única” grande mágoa: o filme de 007 que nunca viu a luz do dia.

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Um 007… na Rússia?

Segundo o próprio Danny Boyle, a visão que tinha para o espião britânico não era menos do que ousada — e, ironicamente, seria extremamente relevante nos dias que correm. A ideia, concebida em parceria com o argumentista John Hodge (TrainspottingA Praia), passava por levar Bond de volta às suas origens soviéticas, com um enredo passado integralmente na Rússia contemporânea.

“Aquilo era bom. Era mesmo bom. John Hodge escreveu um argumento excelente”, lamenta Boyle. “Mas eles [os produtores] perderam a confiança.”

Sim, a visão de Boyle e Hodge pretendia afastar-se do formato tradicional da saga — algo que, segundo o próprio realizador, os responsáveis da franquia dizem querer… até realmente o verem. “Querem originalidade, mas não demasiada”, atira.

Uma Separação por “Diferenças Criativas”

Em 2018, quando o projecto ainda era envolto em segredo, foi oficialmente anunciado que Boyle tinha abandonado o filme por “diferenças criativas”. Só mais tarde ficámos a saber que não era uma diferença qualquer — era um desacordo fundamental sobre o que James Bond deve ou não ser.

Boyle não quis abrir mão do argumento de Hodge, nem sacrificar a liberdade artística em nome da fórmula da saga. “Tenho uma relação muito intensa e leal com o John. E eu não ia mudar isso”, explicou.

No fim, o filme acabou por ser entregue a Cary Joji Fukunaga (True DetectiveBeasts of No Nation), com No Time To Diea ser lançado em 2021 como o adeus de Daniel Craig ao papel. E sim, é um filme sólido… mas agora não conseguimos parar de imaginar aquele Bond exilado em Moscovo, a revisitar o seu passado, envolto numa atmosfera fria, melancólica e possivelmente politicamente explosiva.

Será que ainda vamos ver o Bond de Boyle?

Provavelmente não. “Esse navio já partiu”, afirmou o realizador de Slumdog Millionaire. A não ser que os estúdios queiram escavar esse guião “perdido” e, quem sabe, explorar outras narrativas fora da linha principal da saga. Afinal, com a Amazon a assumir agora o controlo criativo do franchise após décadas de domínio de Barbara Broccoli e Michael G. Wilson, tudo parece estar em cima da mesa… e essa instabilidade talvez seja o melhor argumento possível para uma ideia realmente arrojada.

Quem será o próximo 007?

Com Daniel Craig oficialmente reformado e os rumores a multiplicarem-se mais depressa que martinis batidos (não mexidos), nomes como Aaron Taylor-Johnson, Idris Elba, Tom Hardy e James Norton continuam na roleta do possível novo Bond. Pierce Brosnan já disse que o próximo deveria ser “obrigatoriamente britânico” — esquecendo-se, claro, que ele próprio é irlandês e que George Lazenby era australiano.

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O que é certo é que, seja quem for o escolhido, vai herdar não só um smoking e uma Walther PPK, mas também a sombra de um filme alternativo que poderia ter reescrito as regras — e que, pelas palavras de Danny Boyle, merecia mesmo ter sido feito.

Antes de Conan, Houve Kull: O “Barbaro Esquecido” Que Inspirou Tudo

Muito antes de Arnold brandir a espada como Conan, já havia um rei bárbaro com machado em punho a abrir caminho no imaginário de Robert E. Howard. O seu nome? Kull. E em 1997, esse nome regressou dos confins da história mítica para as prateleiras das videoclubes, com Kevin Sorbo a encarnar a versão cinematográfica de Kull: The Conqueror, um “primo espiritual” dos filmes de Conan que a maioria dos fãs já esqueceu — ou talvez nunca tenha conhecido.

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O irmão mais velho de Conan… mas no ecrã só apareceu depois

Kull, tal como Conan, nasceu da pena de Howard, mas cronologicamente é o antepassado do Cimeriano. Viveu na Thurian Age, a era que precede a catástrofe que daria origem à famosa Hyborian Age — o palco das aventuras de Conan. No entanto, o que poucos sabem é que o próprio Kull foi a semente original do mito que depois se tornaria Conan. A história “By This Axe, I Rule!” foi a base de “The Phoenix on the Sword”, o primeiro conto de Conan. Ou seja, sem Kull, não haveria Conan.

Kevin Sorbo, cabelo preto e machado: os ingredientes dos anos 90

Conhecido por dar vida a Hércules na televisão, Kevin Sorbo era, nos anos 90, sinónimo de mitologia em tronco nu. Quando os produtores de Conan perceberam que Schwarzenegger não voltaria à espada e ao escudo, viraram-se para outra criação de Howard: Kull.

Sorbo, de cabelo preto e franja rigorosa, empunha um machado e enfrenta feiticeiras demoníacas, cidades em ruínas e bandas sonoras de guitarras eléctricas dignas de um álbum de heavy metal. Rodado na Eslováquia, Kull: The Conquerormistura o kitsch encantador da sua época com sequências de acção generosas e uma reviravolta de adivinha no final que, sejamos honestos, parece saída de um RPG de mesa dos anos 80.

Infelizmente, apesar de estrear nos cinemas, o filme acabou por ter vida longa (e mais feliz) em VHS, tornando-se uma espécie de clássico de culto entre fãs de fantasia musculada e fãs de Robert E. Howard.

Kull vs. Conan: não é só o nome que muda

Embora ambos sejam guerreiros indomáveis, há diferenças significativas nas suas origens e personalidades. Kull é Atlante, com raízes numa civilização perdida e refinada; Conan é tribal, mais bruto e instintivo. Kull é introspectivo, quase filosófico. Conan é puro instinto. Onde um pondera, o outro esmaga. São dois lados da mesma moeda bárbara.

Um legado que ficou nas sombras

Enquanto Conan conquistava o mundo com a força de Schwarzenegger e frases como “Crush your enemies!”, Kull teve de se contentar com o estatuto de “primo afastado”. Mas há mérito em Kull: The Conqueror. É um relicário da estética noventista, com espadas, monstros, e uma sinceridade quase comovente no seu exagero.

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Se o teu coração bate mais rápido ao som de uma banda sonora sinfónica acompanhada por um grito de guerra num desfiladeiro rochoso… então talvez seja hora de redescobrires Kull. Porque antes de Conan esmagar crânios, Kull já dominava reinos.