Durante dĂ©cadas, os filmes sobre a máfia foram o coração palpitante de Hollywood: repletos de intrigas, violĂŞncia, famĂ­lias disfuncionais com cĂłdigos de honra retorcidos, e atuações memoráveis que elevaram atores como Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci ao estatuto de lendas. Mas ao assistir ao fracasso de The Alto Knights â€” com Robert De Niro a falar… consigo prĂłprio, literalmente — Ă© inevitável perguntar: estará este subgĂ©nero a respirar por aparelhos?

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🕵️ A Era de Ouro Que Já Foi

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A glĂłria começou com O Padrinho (1972), de Francis Ford Coppola, um filme que conseguiu o raro feito de unir a crĂ­tica e o grande pĂşblico: venceu o Ă“scar de Melhor Filme e arrecadou 250 milhões de dĂłlares na bilheteira, ou mais de 700 milhões ajustados Ă  inflação. Seguiram-se Goodfellas (1990), Casino (1995) e Donnie Brasco (1997), entre outros, obras com enredos complexos, personagens intensas e uma realização magistral.

Mas agora, os nomes por trás destes clássicos estĂŁo, literalmente, a envelhecer. De Niro tem 81 anos. Al Pacino, 83. Martin Scorsese, 82. E Nicholas Pileggi, argumentista de Goodfellas e The Alto Knights, já conta com 92 primaveras. Com este elenco envelhecido e sem uma nova geração convincente para tomar o leme, os filmes de máfia parecem prontos para… pendurar o terno italiano.

🎭 Quando Já SĂł Resta o Espelho

Em The Alto Knights, De Niro interpreta dois mafiosos distintos (Frank Costello e Vito Genovese) e acaba a falar consigo mesmo. NĂŁo há parceiros Ă  altura, nem um fio narrativo realmente cativante. O filme, recheado de clichĂ©s reciclados, está a ser um desastre de bilheteira, com apenas 3 milhões de dĂłlares previstos no primeiro fim de semana. A comparação Ă© dolorosa.

Mesmo o Ăşltimo filme “respeitável” do gĂ©nero, The Irishman (2019), exigiu tecnologia de CGI para rejuvenescer digitalmente os atores principais — um luxo narrativo que grita mais desespero do que inovação. E o resultado foi, para muitos, uma experiĂŞncia mais artificial do que emocional.

🎬 A Geração Perdida

O problema não está apenas nos velhos nomes — está também na ausência de novos. Quem substituirá De Niro e Pacino? Timothée Chalamet a dar tiros enquanto devora spaghetti aos domingos? Difícil de imaginar.

Tentativas recentes falharam com estrondo: Gotti, com um John Travolta irreconhecĂ­vel, ou Capone, com Tom Hardy a murmurar-se atravĂ©s de um enredo estagnado, sĂŁo apenas dois exemplos. E o prequela de Os SopranosThe Many Saints of Newark, pouco ou nada acrescentou ao legado da sĂ©rie original.

James Gandolfini, que poderia ter sido o herdeiro legĂ­timo do trono mafioso no grande ecrĂŁ, faleceu em 2013. A sua ausĂŞncia Ă© sentida nĂŁo apenas pelos fĂŁs, mas tambĂ©m por uma indĂşstria sedenta de uma figura credĂ­vel para liderar a prĂłxima geração de wiseguys.

⚰️ O Fim de Uma Linha… ou Uma Reinvenção Ă  Vista?

A verdade Ă© que gĂ©neros cinematográficos tambĂ©m morrem. Os westerns, por exemplo, dominaram o cinema americano atĂ© aos anos 60, para depois cederem lugar a interpretações modernas, mais sombrias e revisionistas — como The Hateful Eight, de Quentin Tarantino.

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Talvez o mesmo destino aguarde os filmes de máfia. Talvez o próximo passo seja deixar para trás a obsessão com famílias italianas e códigos de honra ultrapassados, e encontrar novas formas de explorar o crime organizado, mais ajustadas ao século XXI. A máfia de hoje não está em Little Italy — está nos corredores anónimos das grandes corporações, nas redes de tráfico digital e nos meandros do poder político global.

đź’ˇ Fuggedaboudit, Mas Com Classe

O gĂ©nero pode nĂŁo estar morto, mas está claramente em coma. E talvez o que precisa seja precisamente de alguĂ©m com coragem para desligar as máquinas — e recomeçar do zero. Um realizador ousado, um argumentista de sangue novo, que olhe para os clássicos e, em vez de tentar imitá-los, diga com orgulho: Fuggedaboudit!

O futuro dos filmes de máfia talvez não esteja em replicar o passado… mas em enterrá-lo com honra.

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