
É oficial: O Tigre e o Dragão, o épico wuxia que conquistou o mundo no virar do milénio, vai voltar. Mas não ao grande ecrã — desta vez, o palco será o streaming, com a Amazon Prime Video a desenvolver uma nova adaptação em formato de série. E não estamos a falar de uma simples sequela ou remake: este é um regresso às origens literárias da lenda.
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Baseada no romance homónimo de Wang Dulu, a nova série será uma exploração renovada da história de Shu Lien e Mu Bai, dois guerreiros divididos entre o amor e o dever, enquanto o seu mundo entra em choque com a modernidade. A produção está ainda numa fase inicial, sem elenco confirmado nem datas de estreia apontadas — mas as expectativas já estão nas nuvens.
O regresso do wuxia ao Ocidente?
Para os menos familiarizados, wuxia é o género chinês que mistura artes marciais, romance, honra, códigos morais e acrobacias poéticas em cima de bambus. Uma espécie de Shakespeare de sabre na mão e com levitações coreografadas. E O Tigre e o Dragão foi o grande responsável por introduzir o género a audiências ocidentais em massa.
O filme de Ang Lee, lançado em 2000, não foi apenas um sucesso global — foi um fenómeno. Ganhou 4 Óscares(incluindo Melhor Filme Estrangeiro), tornou-se a maior bilheteira de sempre para um filme de língua não inglesa nos EUA, e consolidou o estatuto lendário de Chow Yun-Fat, Michelle Yeoh e da então estreante Zhang Ziyi. Além disso, provou que o cinema de Hong Kong podia viajar… e encantar.
Quem está por trás da nova série?
A Amazon e a Sony Pictures Television lideram a produção, com nomes de peso na equipa criativa. O argumento está a cargo de Jason Ning, conhecido pelo seu trabalho em séries como Perception, Lúcifer e, mais recentemente, Os Irmãos Sun. A produção executiva será de Ron D. Moore, o responsável por sucessos como For All Mankind e Outlander, e atualmente também envolvido na adaptação de God of War para a Amazon.
O objetivo declarado é claro: dar nova vida a uma narrativa clássica, com “paisagens deslumbrantes e ação espetacular”, enquanto se explora o dilema existencial de dois guerreiros entre o dever e o amor. O que nos leva a crer que o tom será mais introspectivo e emocional do que meramente acrobático. Ou seja: uma série wuxia com coração.
Uma saga com raízes profundas
Importa lembrar que O Tigre e o Dragão é apenas uma parte de um universo literário mais vasto. A chamada Pentalogia do Ferro, escrita por Wang Dulu entre as décadas de 1930 e 1940, é composta por cinco romances:
- Crane Startles Kunlun
- Precious Sword, Golden Hairpin
- Sword Force, Pearl Shine
- Crouching Tiger, Hidden Dragon (o título original)
- Iron Knight, Silver Vase
A saga literária é uma epopeia romântica e filosófica que explora o peso da honra, os dilemas do desejo e o declínio de um mundo governado por códigos. E a série da Amazon promete resgatar precisamente essa densidade emocional e cultural, para além das lutas coreografadas.
Depois da espada do destino… nova esperança
Vale lembrar que em 2016 a Netflix tentou uma sequela com O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino, realizado por Yuen Wo-Ping, lendário coreógrafo de artes marciais (Matrix, Kill Bill). O filme contava com Donnie Yen, Harry Shum Jr. e o regresso solitário de Michelle Yeoh. Mas o resultado foi morno — tanto na crítica como no impacto cultural.
Agora, a Amazon parece querer fazer diferente: ir à origem, com tempo para desenvolver personagens, relações e tensões — algo que uma série, bem feita, pode oferecer melhor que um filme de duas horas.
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O Tigre e o Dragão regressa ao ecrã, mas com fôlego renovado e um novo formato. Se tudo correr como prometido, a série da Amazon poderá não só reviver um clássico, como abrir as portas para uma nova era de wuxia nas plataformas de streaming. E nós, cinéfilos de coração, estaremos à espreita… como guerreiros no telhado.
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