
Está de volta a Festa do Cinema Italiano, e a 18.ª edição promete ser uma das mais ricas e ousadas de sempre. De 9 a 17 de abril, Lisboa volta a ser a capital do cinema transalpino com dezenas de filmes, convidados ilustres e sessões especiais, antes de o festival se estender a mais de 20 cidades por todo o país — de Braga ao Funchal, passando por Évora, Leiria, Coimbra ou Setúbal.
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A abrir esta viagem cinematográfica está A Grande Ambição, filme histórico sobre Enrico Berlinguer, lendária figura do Partido Comunista Italiano, interpretado por Elio Germano, premiado no Festival de Roma. A fechar, numa nota provocadora e simbólica dos “18 anos” do festival — e da liberdade de explorar o desejo — chega Diva Futura – Cicciolina e a Revolução do Desejo, documentário de Giulia Steigerwalt sobre a figura icónica de Cicciolina e a transformação sexual que protagonizou em Itália nos anos 80.
Estreias, autores consagrados e temas polémicos
Entre as antestreias mais aguardadas estão dois sucessos de bilheteira em Itália: Diamantes (Diamanti), o novo melodrama de Ferzan Ozpetek, e LoucaMente (Follemente), do aclamado Paolo Genovese, autor do fenómeno Amigos, Amigos, Telemóveis à Parte. Já O Último Padrinho (Iddu), com Elio Germano e Toni Servillo, mergulha no universo da máfia siciliana e na captura de Matteo Messina Denaro após quase três décadas em fuga. Os realizadores Antonio Piazza e Fabio Grassadonia estarão presentes em Lisboa.
Outros títulos a não perder incluem Marcello Mio, de Christophe Honoré; O Regresso de Ulisses (Itaca – Il Ritorno), com Ralph Fiennes e Juliette Binoche; e Jorge: Vermiglio, vencedor do Leão de Prata em Veneza e candidato italiano ao Óscar.
Num registo bem diferente, Food For Profit, documentário de Giulia Innocenzi sobre os bastidores da indústria da pecuária intensiva na Europa, promete ser um dos momentos mais polémicos. A realizadora estará presente em Lisboa e Cascais para sessões especiais.
Competição com sangue novo
A secção competitiva foca-se na descoberta de novos talentos. Estão em competição cinco obras de estreia ou segunda longa-metragem, como O Lugar do Trabalho, estreia do ator Michele Riondino, já premiado com cinco Nastri d’Argento e três David di Donatello; Diciannove, produzido por Luca Guadagnino; ou Familia, que valeu a Francesco Gheghi o prémio de Melhor Ator no Festival de Veneza.
Redescobrir o cinema italiano: Pietrangeli em destaque
Em parceria com a Cinemateca Portuguesa, o festival propõe a retrospetiva integral de Antonio Pietrangeli, figura essencial na transição entre o neorrealismo e a commedia all’italiana. Realizador ainda pouco conhecido do grande público, Pietrangeli retratou com delicadeza e profundidade a condição feminina num período de profundas mudanças sociais em Itália.
Cinema… e mais além
O evento vai além das salas de cinema. A 11 de abril, o Musicbox recebe os C’mon Tigre!, banda revelação da música independente italiana. E no dia 13, o humorista Hugo van der Ding sobe ao palco com um espetáculo sobre cinema italiano, acompanhado ao vivo pelo Duo Contrasti.
Uma festa que se espalha pelo país
Com projeções em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Évora, Leiria, Cascais, Funchal, Lagos, Almada, Beja, Odemira, entre outras, a Festa do Cinema Italiano atinge um número recorde de cidades nesta edição. Nunca o cinema italiano esteve tão próximo de todos.
A organização está a cargo da Associação Il Sorpasso, com o apoio da Embaixada de Itália, Instituto Italiano de Cultura, ICA, Cinecittà, BNP Paribas, Câmara Municipal de Lisboa e outras entidades públicas e privadas.
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Seja pelo charme provocador de Cicciolina ou pela densidade política de Berlinguer, esta festa celebra tudo o que o cinema italiano tem de melhor: história, desejo, reflexão, humor e música.
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