
Val Kilmer esteve acamado durante anos antes da sua morte. A informação foi agora revelada por fontes próximas ao ator, que confirmam que o lendário “menino mau de Hollywood” lutou até ao fim, debilitado pelos efeitos prolongados do cancro na garganta que o afetou durante quase uma década. Kilmer faleceu na passada terça-feira, aos 65 anos, vítima de pneumonia.
Apesar da força e do carisma que marcaram a sua carreira — de Top Gun a The Doors, de Batman Forever a Heat — os últimos anos de Val Kilmer foram discretos, quase silenciosos. Literalmente.

Depois de ter sido diagnosticado com cancro na garganta em 2015, o ator foi submetido a tratamentos intensivos que lhe roubaram a voz e o vigor físico. Segundo o TMZ, passou os últimos anos da sua vida maioritariamente acamado, fragilizado e longe da ribalta que tanto dominou nos anos 90.
Um Ícone Reduzido ao Silêncio
A última vez que foi visto em público foi em 2019, numa gala em Hollywood, já bastante alterado. O homem que outrora dava corpo a figuras maiores que a vida — Jim Morrison incluído — estava agora reduzido a um corpo em luta, a uma sombra do furacão de carisma que encantou plateias.
Mas mesmo quando a voz o abandonou, Kilmer não desistiu do cinema. Em 2022, voltou ao grande ecrã num momento comovente em Top Gun: Maverick, ao lado de Tom Cruise. Para dar vida novamente a Iceman, recorreu à Inteligência Artificial: as suas falas foram reconstruídas com tecnologia, usando arquivos da sua voz original. Foi uma aparição breve, mas carregada de simbolismo — um adeus emocionado de uma lenda do cinema.
O Rebelde Inesquecível
Ao longo da sua carreira, Val Kilmer foi muito mais do que apenas uma cara bonita com ar de desafio. Foi um ator intenso, conhecido tanto pelo talento como pelos conflitos nos bastidores. Trabalhar com Kilmer podia ser uma aventura arriscada — que o diga Joel Schumacher, que o chamou “o ser humano mais psicologicamente instável com quem já trabalhou”. E ainda assim, ninguém nega a sua presença magnética em frente às câmaras.
Kilmer foi Jim Morrison em The Doors (1991), com direito a elogios pela voz cantada — que era mesmo a sua. Em Batman Forever (1995), assumiu o papel do Cavaleiro das Trevas, embora o próprio dissesse que o fato o impedia de… atuar. Em Heat (1995), esteve lado a lado com gigantes como De Niro e Pacino. E em Kiss Kiss Bang Bang (2005), provou que ainda tinha muito a dar.
Mas o que fica agora é o retrato de um homem que viveu intensamente, com paixão, contradições e talento.
Um Legado Para Além do Ecrã
Nos últimos anos, além da participação em filmes, Kilmer publicou livros de poesia, envolveu-se em projetos artísticos e lançou o documentário Val (2021), onde narra a sua vida, carreira e batalha contra a doença, com uma honestidade desarmante.
“Comportei-me mal. Comportei-me corajosamente. Para alguns, comportei-me de forma bizarra. Não nego nada disto e não me arrependo de nada”, escreveu. Palavras que resumem a alma inquieta de um artista que nunca quis agradar a todos — apenas ser fiel a si próprio.
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Val Kilmer pode ter partido em silêncio, mas o seu legado grita alto nos ecrãs e nas memórias de quem ama cinema.
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