O realizador de Avatar e Titanic homenageou o lendário diretor de fotografia Adam Greenberg, falecido aos 88 anos, recordando-o como “um mestre” e “uma inspiração que iluminou toda uma geração de cineastas”.
O cinema perdeu uma das suas grandes luzes. O diretor de fotografia Adam Greenberg, nomeado para o Óscar por Terminator 2: Judgment Day, morreu aos 88 anos, e James Cameron — o homem que o dirigiu em dois dos filmes mais icónicos do século XX — prestou-lhe uma sentida homenagem.
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Num comunicado divulgado à Deadline, Cameron descreveu Greenberg como “um mestre da luz e da cor” e confessou que aprendeu com ele lições que ainda hoje o acompanham:
“Aprendi tanto com o Adam — não apenas sobre cinematografia, mas sobre o espírito de fazer cinema de forma independente. Ele nunca deixou que as limitações orçamentais o impedissem de criar arte. Tinha uma energia lutadora, um espírito prático e criativo que me inspirou desde o primeiro dia.”

De The Terminator à perfeição técnica de Judgment Day
Greenberg, nascido em Israel, começou a sua carreira a filmar produções locais antes de se mudar para os Estados Unidos, onde se tornaria diretor de fotografia de The Terminator (1984) — o filme que lançou James Cameron para a ribalta e redefiniu a ficção científica moderna.
Sete anos mais tarde, o reencontro entre os dois em Terminator 2: Judgment Day elevou o patamar técnico e estético da saga, valendo a Greenberg uma nomeação ao Óscar de Melhor Fotografia. Cameron recorda-o como “um perfeccionista da luz e da precisão cromática”:
“Estávamos a rever a versão 3D de T2 e eu discutia com o colorista porque achava que os azuis estavam demasiado roxos. O Adam chegou, olhou e disse: ‘Jim, não achas que precisa de um ponto de ciano?’ — vinte anos depois, ele lembrava-se da cor exacta de uma cena noturna. Isso é precisão. Hoje, vejo cores com os olhos dele.”
O mestre da luz e da noite
Cameron acrescentou que Greenberg o ensinou a usar a cor como narrativa visual e que ninguém filmava cenas noturnas com tanta mestria:
“Ninguém fazia fotografia nocturna como o Adam. Eu orgulho-me da minha câmara de mão, mas aprendi tudo isso sentado ao lado dele. Ele era o mestre.”
O realizador de Avatar e Titanic destacou ainda que Greenberg inspirou toda uma geração de cineastas:
“Houve uma geração inteira que foi influenciada por ele, e um pequeno grupo de nós teve o privilégio de aprender diretamente ao seu lado. O seu talento e espírito farão muita falta.”
Um legado de luz
Ao longo da carreira, Adam Greenberg trabalhou em dezenas de filmes, sempre com a mesma dedicação artesanal. Do cinema israelita à Hollywood dos anos 80 e 90, foi um dos responsáveis por traduzir o olhar de realizadores como Cameron, J. Lee Thompson e Kathryn Bigelow em imagens inesquecíveis.

O também diretor de fotografia Avraham Karpick, que trabalhou com Greenberg em The Ambassador (1984), confirmou a sua morte e lembrou-o como “um artista meticuloso, generoso e apaixonado pela imagem”.
A sua partida deixa uma sombra profunda — mas, como bem diria James Cameron, a luz de Adam Greenberg continuará a brilhar em cada fotograma que ajudou a criar.





