Sundance 2024: Os destaques e o futuro do festival

Sundance Film Festival 2024 chegou ao fim e, como sempre, trouxe consigo novos talentos, filmes inovadores e muitas discussões dentro e fora do grande ecrã. No entanto, este ano, o festival não foi apenas sobre cinema – houve também grandes temas paralelos a dominar as conversas em Park City, desde os incêndios na Califórnia até à iminente mudança de cidade do festival em 2027.

Mas o cinema, claro, continuou a ser o grande protagonista, e a edição deste ano deixou-nos com várias surpresas e novas apostas que devem marcar o panorama cinematográfico nos próximos meses.

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O futuro incerto de Sundance: adeus a Park City?

Uma das conversas mais frequentes entre críticos, cineastas e público foi o futuro do festival. Sundance, que desde os anos 80 tem sido realizado em Park City, Utah, está prestes a mudar de cidade. 2025 será o último ano em que o evento terá Park City como sede, e as cidades finalistas para o futuro do festival incluem Salt Lake City (Utah), Boulder (Colorado) e Cincinnati (Ohio).

A mudança gera muitas incertezas e dúvidas, mas também oportunidades. Tessa Thompson, atriz e membro da direção do festival, destacou que o espírito de Sundance vai além da sua localização geográfica:

“Acredito que Sundance tem a ver com a sua comunidade e a sua essência, e isso é algo intemporal.”

Resta saber como será o festival num novo local e como essa transição afetará a sua identidade.

Cinema político: menos protestos, mais reflexão

Se em 2017 Sundance foi palco de marchas e protestos durante a tomada de posse de Donald Trump, este ano a política esteve mais presente nos filmes do que nas ruas. Algumas produções abordaram temas urgentes e polémicos, como os direitos das pessoas trans nos EUA (Heightened Scrutiny), os abusos no sistema prisional do Alabama (The Alabama Solution) e a guerra na Ucrânia (2000 Meters to Andriivka).

A política também esteve presente de forma mais subtil. Durante a exibição do seu novo filme, Bill Condon, realizador de Kiss of the Spider Woman, referiu-se às declarações de Trump sobre a existência de apenas “dois géneros”, deixando claro que o seu filme tem um ponto de vista bem diferente.

Um mercado mais lento, mas com grandes apostas

Em termos de negócios, Sundance 2024 registou menos vendas imediatas, mas isso não significa que os filmes não tenham futuro garantido. Netflix adquiriu Train Dreams, um drama estrelado por Joel Edgerton e Felicity Jones, enquanto Neon comprou Together, um thriller de terror protagonizado por Dave Franco e Alison Brie.

Muitos outros filmes já tinham distribuição garantida antes do festival, incluindo The Ballad of Wallis Island (Focus Features), The Wedding Banquet (Bleecker Street), Magic Farm (MUBI) e Deaf President Now! (Apple).

Entre os filmes mais caros, a adaptação de Kiss of the Spider Woman, estrelada por Jennifer Lopez, foi apontada como uma produção muito dispendiosa para um estúdio tradicional e, por isso, poderá acabar nas mãos de uma plataforma de streaming.

Os grandes destaques do festival

Entre as surpresas do ano, “Sorry, Baby”, de Eva Victor, foi o grande destaque. Este drama cómico sobre o impacto psicológico da violência sexual foi comparado ao trabalho de Greta Gerwig e Phoebe Waller-Bridge, estabelecendo Victor como uma realizadora promissora.

Outro sucesso foi “Twinless”, de James Sweeney, que venceu o prémio de melhor filme dramático do público e recebeu um prémio especial para Dylan O’Brien, que brilha na história de dois homens que se ligam num grupo de apoio a pessoas que perderam gémeos.

No campo dos documentários, “André Is an Idiot”, que segue um “idiota brilhante” a viver os seus últimos dias após não ter tratado um problema de saúde, foi um dos mais comentados do festival.

O grande vencedor do prémio do júri foi “Atropia”, um filme satírico de guerra realizado por Hailey Gates. Apesar das críticas mistas, o público nas exibições presenciais mostrou entusiasmo, consolidando o filme como um dos mais comentados do festival.

Entre os outros filmes que tiveram uma receção positiva, destacam-se:

• If I Had Legs I’d Kick You

• DJ Ahmet

• Cactus Pears

• The Stringer

• Prime Minister

• East of Wall

• Folktales

• Selena y Los Dinos

Conclusão: Sundance continua a definir tendências

Mesmo com as incertezas sobre a sua localização futura e as dificuldades do mercado, Sundance 2024 provou que continua a ser um dos festivais mais importantes do mundo para a descoberta de novas vozes no cinema. Muitos dos filmes que estrearam em Park City devem marcar presença ao longo do ano, tanto nos festivais internacionais como nas plataformas de streaming.

Agora, resta acompanhar os próximos meses para ver quais filmes conquistam público e crítica e quais se tornarão sucessos duradouros.

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E vocês, caros associados, ficaram com vontade de ver algum destes filmes? Contem-nos nas redes sociais do Clube de Cinema!

Bill Murray Admite Ter Sido “Preguiçoso” e Reflete Sobre Personagens Destrutivos 🎭✨

Bill Murray, ícone de Hollywood com uma carreira marcada por papéis memoráveis em filmes como Groundhog Day e Lost in Translation, revelou recentemente que não tem sido proativo em procurar trabalho como ator. Durante uma conversa no Sundance Film Festival, o ator reconheceu que esteve num período de estagnação, mas afirmou sentir-se renovado após colaborar em projetos independentes recentes.

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Um Regresso ao Cinema 🎥

Murray, que voltou aos holofotes em 2023 com papéis em Ant-Man and the Wasp: Quantumania e Ghostbusters: Frozen Empire, partilhou que a sua participação em filmes independentes, como a comédia Riff Raff e o drama The Friend, despertou nele o desejo de explorar novos materiais.

“Eu vivi como um peixe no fundo do mar, à espera que algo caísse. Se caísse na minha boca, eu comia,” confessou Murray, sublinhando a falta de esforço nos últimos anos.

No entanto, a sua pausa na carreira não foi apenas autoimposta. Em 2022, a produção de Being Mortal, dirigida por Aziz Ansari, foi suspensa devido a acusações de comportamento inadequado no set. Murray comentou na época que o incidente foi um “mal-entendido” e que procurou cooperar com a investigação.

Personagens Destrutivos e Reflexão Pessoal 🌀

Durante a conversa no Sundance, Murray refletiu sobre os papéis que interpreta frequentemente, homens que, apesar do seu charme, causam destruição ao seu redor.

“É sempre interessante interpretar alguém que causou danos. Eu também já causei danos,” admitiu Murray, sem entrar em detalhes sobre a sua vida pessoal.

Ele explicou que esses papéis funcionam quase como uma penitência, uma forma de aceitar a responsabilidade pelos seus atos, mesmo que os danos causados sejam inconscientes.

Em Riff Raff, Murray interpreta um ex-criminoso cujo passado volta para o assombrar, enquanto em The Friend assume o papel de um escritor que, após cometer suicídio, deixa o seu aprendiz para cuidar do seu cão.

Humor, Mortalidade e Legado 🎭

Murray também abordou tópicos como a mortalidade e a sua longevidade em Hollywood, com o seu habitual humor autodepreciativo. Questionado sobre o medo de morrer, disse ao público:

“Quem aqui tem medo de morrer? Vocês precisam superar isso. É uma perda de tempo.”

Ele também refletiu sobre os seus projetos antigos, admitindo que nem tudo resiste ao teste do tempo, mas destacando What About Bob? como um exemplo de uma comédia que ainda funciona.

“Vi-o pela primeira vez em 15 anos e pensei: ‘Que raio, isto ainda é engraçado.’”

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O Futuro de Bill Murray 🌟

Apesar de um período marcado por controvérsias e introspeção, Bill Murray demonstra vontade de continuar a sua carreira, agora com um foco renovado. O ator, conhecido pela sua capacidade de equilibrar comédia e drama, parece pronto para mais uma fase criativa, abraçando tanto a leveza como o peso das suas escolhas no ecrã e fora dele.

Benedict Cumberbatch: Entre o Universo Marvel, Sundance e a Busca por Novos Horizontes no Cinema

Benedict Cumberbatch, uma das estrelas mais brilhantes da sua geração, revelou detalhes intrigantes sobre o futuro da sua carreira numa entrevista recente à revista Variety. Entre projetos no Universo Cinematográfico Marvel (MCU), estreias em Sundance e ambições de expandir sua influência no cinema independente, o ator britânico demonstrou que está longe de se acomodar nos papéis que já o tornaram um ícone global.

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Doutor Estranho: Um Futuro Promissor e Um Hiato Planeado

Cumberbatch, que deu vida ao icónico Doutor Estranho em seis filmes da Marvel, revelou à Variety que o personagem estará ausente de Avengers: Doomsday (2026). No entanto, o ator confirmou que o Feiticeiro Supremo terá um papel central em Avengers: Secret Wars(2027), além de indícios de um terceiro filme solo em desenvolvimento.

A saída temporária do personagem deve-se, segundo o ator, ao alinhamento das histórias: “O Doutor Estranho não se encaixa nesta parte da narrativa.” Apesar disso, ele garante que Marvel continua a valorizar a colaboração criativa, permitindo-lhe explorar novas camadas do personagem. “Strange é um personagem rico e cheio de contradições. Há muito material para trabalhar, e Marvel está disposta a ouvir”, acrescentou.

Da Marvel ao Cinema Indie: A Missão de Contar Histórias

Enquanto os filmes da Marvel ocupam grande parte do seu tempo, Cumberbatch tem demonstrado uma profunda dedicação ao cinema independente, usando sua produtora SunnyMarch para desenvolver narrativas arrojadas. Durante a entrevista, ele destacou The Thing With Feathers, um drama emocional que estreia no Sundance Film Festival. O filme aborda o luto masculino e promete ser uma das suas performances mais intensas.

“Quero contar histórias urgentes e desafiadoras”, explicou o ator. The Thing With Feathers, dirigido por Dylan Southern, é um exemplo perfeito disso, oferecendo um olhar íntimo sobre um pai que enfrenta o luto enquanto tenta proteger os seus filhos. “É raro ver o luto masculino explorado no cinema, e isso tornou este projeto ainda mais importante para mim.”

A Fama e o Desejo de Reiventar-se

Cumberbatch também refletiu sobre o impacto da fama na sua vida pessoal e profissional. Ele destacou como o estrelato, impulsionado pelo sucesso global de Sherlock e do MCU, pode limitar as perceções sobre o seu trabalho. “Não sou Brad Pitt ou Leonardo DiCaprio. Há sempre essa expectativa de me encaixar num molde, mas prefiro surpreender e explorar novas direções”, afirmou.

Ele também revelou à Variety como as experiências pessoais moldaram sua abordagem artística, desde perdas pessoais até desafios enfrentados ao longo da carreira. “A paternidade trouxe-me uma nova noção de tempo e prioridades. Agora, cada projeto precisa de justificar o tempo que passo longe da minha família.”

Colaborações e o Futuro

Entre os seus próximos projetos, destacam-se Roses, uma reinterpretação de The War of the Roses, e uma parceria contínua com Wes Anderson, que começou em The Wonderful Story of Henry Sugar. Cumberbatch descreveu a colaboração com Anderson como “transformadora”, elogiando o diretor por expandir os seus horizontes criativos.

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Por fim, o ator reiterou à Variety o seu compromisso em continuar a desafiar-se: “Ainda há muito a explorar, tanto em grandes produções como em projetos mais intimistas. O que realmente importa é contar histórias que ressoem.”

June Squibb, Estrela de 95 Anos, Mostra Que a Idade Não é Limite no Cinema

Aos 95 anos, June Squibb continua a conquistar Hollywood com papéis que desafiam a sua idade e surpreendem o público. No seu mais recente filme, Thelma, Squibb interpreta uma avó aparentemente doce que, contra todas as expectativas, se revela mais dura e implacável do que qualquer um imaginaria. Thelma, inspirado na avó do argumentista e realizador Josh Margolin, estreou no Sundance Film Festival deste ano e desde então tem encantado audiências e críticos. Se a atriz conseguir uma nomeação para o Óscar de Melhor Atriz pelo papel, será a mais velha a receber uma nomeação, solidificando o seu estatuto como uma lenda viva do cinema.

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Com um toque de humor, Squibb tem promovido Thelma de forma irreverente, publicando vídeos em que brinca com a sua personagem e desafia figuras como Ryan Reynolds e Austin Butler para “combates”, afirmando que lhes daria “uma lição” se tentassem enfrentar a sua personagem. Quando questionada se os desafiados responderam, a atriz ri-se, revelando que, embora não tenha recebido respostas diretas, os vídeos suscitaram muitas risadas e entusiasmo entre os fãs.

A carreira de Squibb tem sido um percurso singular e inspirador. Depois de décadas no teatro, estreou-se no cinema aos 61 anos, com o filme Alice de Woody Allen, e alcançou o seu primeiro grande reconhecimento com uma nomeação ao Óscar pelo papel em Nebraska (2013), onde interpretou a mãe sem filtros do protagonista. Ironia das ironias, Squibb quase não foi considerada para o papel devido à perceção de que era demasiado “meiga” para uma personagem tão irreverente. Segundo a própria atriz, o realizador Alexander Payne relutava em vê-la como a “matriarca de língua afiada” em Nebraska, pois associava-a ao papel de esposa doce que tinha interpretado em About Schmidt.

Para Squibb, o seu estilo direto e ousado sempre foi um trunfo. Recorda com orgulho os tempos de teatro, onde a apelidaram de “A Boca Mais Suja da Broadway”, um título que a atriz considera ainda hoje “um elogio divertido e verdadeiro.” O reconhecimento e o carinho do público têm acompanhado Squibb nos seus papéis posteriores, como em Hubie Halloween (2020), ao lado de Adam Sandler, onde interpretou uma avó com camisolas provocadoras e diálogos mordazes. Squibb fala com admiração de Sandler, destacando-o como um líder no set, sempre atento e com um talento especial para criar um ambiente familiar entre a equipa.

Atualmente, Squibb continua a diversificar a sua filmografia com papéis desafiantes. Recentemente, participou no filme Lost & Found in Cleveland ao lado de Martin Sheen e Dennis Haysbert, e será a protagonista de Eleanor the Great, a primeira longa-metragem de Scarlett Johansson como realizadora. No filme, interpreta uma mulher que vive com o peso de uma mentira complexa, num papel que, segundo Squibb, é “especial e comovente”. Com projetos em curso e um entusiasmo inesgotável pela arte de representar, Squibb prova que, mesmo na casa dos 90, ainda há espaço para surpreender e desafiar o público.

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Para muitos, June Squibb é mais do que uma atriz; é um exemplo de resiliência e paixão pela arte. Em cada papel, leva um toque de humor e profundidade que conquistam audiências e fazem de cada uma das suas personagens uma figura inesquecível. A sua carreira tardia no cinema continua a inspirar tanto jovens talentos quanto veteranos, mostrando que o talento não tem limite de idade.