Especial Dia de Portugal no TVCine Edition: seis estreias para celebrar o cinema português

De Frederico Serpa a Sérgio Graciano, um 10 de Junho recheado de grandes estreias

O Dia de Portugal vai ser celebrado com uma maratona de cinema 100% português nos canais TVCine, que assinalam a data com seis estreias televisivas absolutas. A programação, transmitida a 10 de Junho no TVCine Edition, arranca às 11h e prolonga-se até ao início da noite, oferecendo uma amostra diversificada e rica do que se faz (e imagina) no cinema nacional. São filmes que percorrem géneros, geografias e visões, sempre com o talento português em primeiro plano.

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11h00 – Arrabalde, de Frederico Serpa

A jornada começa com Arrabalde, uma estreia na realização para Frederico Serpa, que também protagoniza este filme-poema urbano. Dois amigos percorrem de bicicleta uma cidade que tanto pode ser Lisboa como qualquer outra. À medida que o dia avança e a noite se instala, os episódios que testemunham põem em causa as suas bússolas morais. Com participações de Martim Guerreiro, Alexandra Freudenthal, Luís Miguel Cintra e Manuel João Vieira, esta é uma ode inquieta à cidade contemporânea.

12h20 – Na Mata dos Medos, de António Borges Correia

Segue-se Na Mata dos Medos, uma obra que mistura o real e o imaginado numa estrutura metacinematográfica. Alice, uma realizadora viúva, investe-se num projecto de filme-ensaio sobre os primeiros amores. Aos poucos, o espectador mergulha nesse mesmo filme idealizado, atravessando camadas de ficção e memória. Vencedor do Prémio do Público no FESTin, o filme conta com Anabela Brígida, Joana Bárcia e Cláudio da Silva.

13h50 – Nome, de Sana Na N’Hada

Diretamente da secção ACID do Festival de Cannes, Nome retrata a Guiné-Bissau de 1969, em plena guerra de libertação. O protagonista, um jovem que se junta ao movimento de resistência Maquis, regressa anos depois como herói — mas encontra uma realidade amarga e desiludida. Esta coprodução entre Guiné-Bissau, Portugal, França e Angola é assinada pelo veterano Sana Na N’Hada e tem no elenco Marcelino António Ingira, Binete Undonque e Marta Dabo.

15h50 – O Melhor dos Mundos, de Rita Nunes

Num cenário de ficção científica em Lisboa, no ano de 2027, O Melhor dos Mundos aborda dilemas éticos, científicos e emocionais entre um casal de investigadores que se vê dividido perante a iminência de um possível sismo devastador. Sara Barros Leitão e Miguel Nunes lideram o elenco desta proposta ambiciosa de Rita Nunes, que mistura ciência, drama e introspecção.

17h05 – Mãos no Fogo, de Margarida Gil

Inspirado livremente em A Volta do Parafuso de Henry James, este filme mergulha numa atmosfera de mistério e inquietação. Uma jovem estudante de cinema descobre que a mansão duriense que filma para um documentário tem muito mais para revelar do que se imagina. Margarida Gil assina aqui o seu nono filme, com um elenco onde brilham Carolina Campanela, Rita Durão e Marcello Urgeghe.

18h55 – Os Papéis do Inglês, de Sérgio Graciano

A maratona encerra com um épico luso-angolano que cruza literatura, mistério e identidade. Inspirado na obra de Ruy Duarte de Carvalho, o filme acompanha a busca de um homem pelos enigmas deixados pelo seu pai no deserto do Namibe, atravessando décadas de história. Com argumento de José Eduardo Agualusa, Os Papéis do Inglês conta com João Pedro Vaz, Miguel Borges, Joana Ribeiro e Délcio Rodrigues.

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Um retrato plural do cinema português

Este Especial Dia de Portugal nos TVCine é mais do que uma maratona cinematográfica: é um retrato caleidoscópico da criatividade portuguesa, com espaço para a memória colonial, a ficção científica, o realismo poético, a crítica social e a adaptação literária. Um verdadeiro mergulho na diversidade estética e temática que marca o nosso cinema, e uma excelente oportunidade para descobrir — ou redescobrir — o talento que se filma em português.

A não perder, a 10 de Junho, a partir das 11h, em exclusivo no TVCine Edition e no TVCine+.

Estreia de ‘Os Papéis do Inglês’ Celebra Ruy Duarte de Carvalho e a Paisagem de Angola

O cinema português ganha nova profundidade com a estreia de “Os Papéis do Inglês”, o mais recente filme do realizador Sérgio Graciano. A longa-metragem, que chegou às salas de cinema na última quinta-feira, é uma homenagem ao escritor e antropólogo Ruy Duarte de Carvalho, explorando a sua relação íntima com Angola, um país que marcou profundamente a sua obra e vida.

Produzido por Paulo Branco, um nome incontornável no panorama cinematográfico português, “Os Papéis do Inglês” é descrito como uma “grande história de aventuras”. O filme baseia-se na trilogia “Os Filhos de Próspero” de Ruy Duarte de Carvalho, mais especificamente no volume homónimo “Os Papéis do Inglês” (2000), um dos trabalhos mais celebrados do autor. A narrativa é uma mistura de ficção e realidade, mergulhando nas paisagens áridas do deserto do Namibe, em Angola, onde o protagonista, interpretado por João Pedro Vaz, parte em busca de documentos antigos deixados pelo seu pai.

O projeto é de cariz profundamente pessoal para o produtor Paulo Branco, que mantém uma amizade de longa data com o escritor. Branco sublinha que o filme não é apenas uma adaptação literária, mas também uma reflexão sobre a relação de Duarte de Carvalho com Angola e o impacto do território nas suas criações. Esta é uma viagem de descoberta, tanto geográfica como emocional, que explora a interligação entre o homem e a paisagem.

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Sérgio Graciano, o realizador, passou dez semanas a rodar o filme no deserto do Namibe, capturando a beleza desoladora da paisagem que tanto fascinava Duarte de Carvalho. “O objetivo era transmitir a relação única que Ruy tinha com este espaço extraordinário e com as comunidades locais”, explica Graciano. O filme apresenta também uma série de personagens que habitam o universo literário de Duarte de Carvalho, nomeadamente Severo e Trindade, que podem ser vistos como alter egos do escritor.

Com argumento de José Eduardo Agualusa, o filme apresenta um elenco talentoso, que inclui atores como Miguel BorgesDélcio RodriguesJoana Ribeiro e Carolina Amaral. A obra é descrita pelo realizador como uma rara reflexão sobre a história e o território, algo que não é comum no cinema português atual. O filme tem como objetivo retratar a pluralidade do artista Ruy Duarte de Carvalho, cuja obra nunca se limitou a uma única forma de expressão, abrangendo a literatura, a antropologia, as artes plásticas e o cinema.

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“Os Papéis do Inglês” estreia em cerca de 30 salas de cinema em Portugal e tem já garantida uma estreia em novembro em Angola, terra que tanto influenciou a vida e obra do autor. Além disso, o filme integra a competição do Festival Internacional de Cinema de Tóquio, que começa a 28 de outubro, um sinal da ambição internacional do projeto.

Ruy Duarte de Carvalho, natural de Santarém, Portugal, em 1941, naturalizou-se angolano na década de 1980 e tornou-se uma figura central na cultura de ambos os países. Faleceu em 2010 na Namíbia, onde residia, deixando um legado artístico que continua a inspirar novas gerações. “Os Papéis do Inglês” surge, assim, como uma celebração do seu talento multifacetado e da sua ligação íntima com a vastidão do deserto africano.