Matthew Goode Quis Fazer de Bond um Anti-Herói Trágico… e Não Voltou a Ser Chamado

Matthew Goode, conhecido pela sua elegância discreta e talento em dramas britânicos, esteve uma vez à beira do universo de James Bond — mas não passou da porta de entrada. Em entrevista ao podcast Happy Sad Confused, o actor britânico de 47 anos revelou que se reuniu com Barbara Broccoli, histórica produtora da saga 007, mas nem chegou a fazer uma audição. E a razão poderá estar na sua ousada visão do agente secreto mais famoso do cinema.

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“Barbara perguntou-me qual era a minha ideia para o Bond. E eu disse que era preciso regressar aos livros, fazer dele um alcoólico, um viciado em drogas, alguém que se odeia a si próprio e odeia mulheres. Um tipo brilhante a matar, mas em profunda dor”, contou Goode. “Ela ouviu-me e, basicamente, disse ‘mhm… próximo’”.

Segundo o actor, a ideia de transformar Bond num protagonista sombrio e dilacerado pela culpa não caiu bem. “Talvez devesse ter dito que ele também era incrivelmente charmoso”, ironizou.

Apesar de não ter convencido a produção, a visão de Goode não era tão distante da que acabou por se concretizar com Daniel Craig. O actor britânico trouxe uma abordagem mais crua e vulnerável à personagem ao longo de cinco filmes, entre 2006 e 2021, culminando no emocional No Time to Die. Goode reconheceu isso mesmo: “No fim de contas, o que eles conseguiram foi o Daniel Craig”.

Hoje, Matthew Goode continua ligado ao universo policial como o detetive Carl Mørck na série da Netflix Dept. Q, enquanto o futuro de Bond segue em remodelação. Com a saída de Craig e a recente confirmação de Denis Villeneuve (DuneArrival) como realizador do próximo capítulo, a expectativa é elevada. Villeneuve, um fã confesso da saga, já prometeu “honrar a tradição e abrir caminho para muitas novas missões”.

O novo Bond ainda não foi anunciado, mas nomes como Jonathan Bailey e Harrison Dickinson têm surgido como possibilidades. Denise Richards — a Dra. Christmas Jones em O Mundo Não Chega (1999) — também sugeriu o seu próprio marido, Aaron Phypers, para o papel. E Pierce Brosnan, o Bond dos anos 90 e início de 2000, considerou que é “um dado adquirido” que o próximo 007 deve ser britânico.

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Para já, resta-nos especular e esperar. Mas uma coisa é certa: se depender de Matthew Goode, 007 podia ter entrado numa espiral de autodestruição à la Dostoiévski — e quem sabe, talvez fosse um dos mais fascinantes Bonds de sempre.

É Oficial: Denis Villeneuve Vai Realizar o Próximo Filme de James Bond

O cineasta de Dune e Blade Runner 2049 assume a saga do espião mais famoso do cinema

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Está confirmado: Denis Villeneuve será o realizador do próximo filme de James Bond. A notícia foi avançada esta quarta-feira pelos estúdios MGM da Amazon, marcando um novo e ambicioso capítulo na mais duradoura franquia de espionagem da história do cinema.

Villeneuve, realizador canadiano nomeado para o Óscar e aclamado por obras como SicarioArrivalBlade Runner 2049Dune e Dune: Parte Dois, assume assim o leme de uma das sagas mais icónicas da sétima arte. “Sou um fã incondicional de Bond. Para mim, é território sagrado. Pretendo honrar a tradição e abrir o caminho para muitas novas missões. É uma responsabilidade gigantesca”, afirmou o cineasta num comunicado.

Um novo ciclo para Bond

Este será o primeiro filme da saga produzido sob a alçada criativa da Amazon MGM Studios, que formou recentemente uma joint venture com os históricos detentores dos direitos da franquia, Michael G. Wilson e Barbara Broccoli.

Ainda não se sabe quem interpretará o espião britânico nesta nova fase da série. Daniel Craig, que vestiu o smoking de 007 entre Casino Royale (2006) e No Time to Die (2021), abandonou o papel após cinco filmes e quase 800 milhões de dólares arrecadados apenas no seu capítulo final.

Villeneuve e o peso da herança

A escolha de Villeneuve é, ao mesmo tempo, ousada e lógica. O cineasta é conhecido por trazer profundidade emocional, densidade temática e um visual arrebatador aos seus filmes. A sua abordagem cerebral ao género de ficção científica – que lhe valeu nomeações aos Óscares tanto por realização (Arrival, 2016) como argumento adaptado (Dune, 2021) – poderá representar um novo tom para Bond, mais introspectivo e contemporâneo.

A comparação com realizadores anteriores é inevitável: se Sam Mendes deu sofisticação a Skyfall e Spectre, Villeneuve poderá aprofundar ainda mais o legado psicológico do agente secreto, equilibrando acção, mistério e inquietação existencial. E tudo isto sem abdicar da tradição: gadgets, vilões carismáticos e sequências de acção de cortar a respiração.

Produção de peso

A nova entrada na série Bond terá produção de Amy Pascal (Spider-Man: No Way Home) e David Heyman (Harry PotterOnce Upon a Time in Hollywood), reforçando a promessa de um projecto à escala épica.

O anúncio surge num momento de transição para a indústria cinematográfica, com os grandes estúdios a apostarem cada vez mais em propriedades intelectuais consolidadas. A escolha de Villeneuve, um realizador autoral com mão firme e visão estética ímpar, poderá redefinir o espião britânico para uma nova geração.

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A data de estreia ainda não foi anunciada — nem o actor que irá interpretar Bond —, mas uma coisa é certa: com Villeneuve ao comando, o mundo de 007 prepara-se para abanar.