“A Memória do Cheiro das Coisas”: O Novo Filme de António Ferreira é um Retrato Profundo Sobre Culpa, Envelhecimento e Redenção 🎬

José Martins e Mina Andala brilham num drama sobre o peso da memória e as feridas do passado colonial

O realizador António Ferreira, autor de Pedro e Inês, regressa ao grande ecrã com “A Memória do Cheiro das Coisas”, um filme profundamente humano que mergulha nas fragilidades da velhice, na culpa e na busca de perdão. A obra, protagonizada por José Martins e Mina Andala, estreia nas salas portuguesas a 6 de novembro de 2025, com distribuição da NOS Audiovisuais, depois de ser exibida no Tribeca Festival Lisboa, a 30 de outubro.

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A história acompanha Arménio, um ex-combatente da guerra colonial portuguesa, agora octogenário, que é internado num lar de terceira idade. Nesse espaço de silêncios, rotinas e memórias, conhece Hermínia, uma auxiliar negra que passa a cuidar dele. Entre ambos nasce uma amizade improvável e transformadora, que o obriga a revisitar os fantasmas do passado — um passado marcado pela guerra, pelo racismo e por uma culpa que o tempo não conseguiu apagar.

Entre a dor e a empatia

Com uma narrativa contida e uma realização intimista, A Memória do Cheiro das Coisas é um retrato delicado e poderoso da condição humana, onde o envelhecimento, a solidão e o arrependimento se cruzam com temas universais como o colonialismo e o racismo estrutural. António Ferreira aborda-os sem moralismos, preferindo o caminho da emoção subtil e do encontro entre gerações.

O filme foi amplamente reconhecido no circuito internacional, tendo estado em competição no 27.º Shanghai International Film Festival — onde José Martins conquistou o Prémio de Melhor Actor — e no 14.º Tangier Film Festival, onde recebeu Menção Honrosa para Melhor Argumento. Foi ainda selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o Bogocine – Festival de Bogotá, o Istambul Crime and Punishment Film Festival e o Macao China and Portuguese-speaking Countries Film Fest, onde encerrou o evento.

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Um olhar sobre o que permanece

Com interpretações intensas e uma atmosfera sensorial — onde o som, o silêncio e, claro, o cheiro têm um papel simbólico —, A Memória do Cheiro das Coisas convida o espectador a refletir sobre como o passado persiste no corpo e na consciência. É um filme sobre fragilidade e empatia, sobre o perdão possível e a necessidade de olhar para trás para poder seguir em frente.

🎞️ A Memória do Cheiro das Coisas

📅 Estreia: 6 de novembro de 2025

José Martins Conquista Prémio de Melhor Ator em Xangai

“A Memória do Cheiro das Coisas” destaca-se na competição oficial com performance comovente de um veterano ator português

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O prestigiado Festival Internacional de Cinema de Xangai terminou com uma grande vitória para o cinema português: o ator José Martins foi distinguido com o Prémio de Melhor Ator, graças à sua impactante performance no filme A Memória do Cheiro das Coisas, de António Ferreira.

Um papel com peso histórico e emocional

No filme, José Martins dá vida a um veterano da guerra colonial que, forçado a entrar num lar de idosos, se vê confrontado com os fantasmas do passado e estabelece um inesperado laço com a sua cuidadora negra. A história, situada entre a realidade pungente do envelhecimento e os ecos não resolvidos da história colonial portuguesa, é apresentada como um “retrato poético e intimista da fragilidade da condição humana, da inevitabilidade da morte e da busca de redenção”.

Entre a memória e o olfato, um espelho social

Mais do que um drama pessoal, A Memória do Cheiro das Coisas aborda temáticas universais e socialmente urgentes, como o racismo estrutural e o envelhecimento da população. Com coprodução luso-brasileira, o filme foi um dos 12 seleccionados para a competição oficial da 27.ª edição do festival e destacou-se pela sua sensibilidade, linguagem cinematográfica e intensidade emocional.

Um nome incontornável do teatro e agora, do cinema

José Martins, nascido em Lisboa em 1952, é uma figura incontornável do teatro português. Foi um dos fundadores do antigo Grupo de Campolide (actual Companhia de Teatro de Almada), do Teatro da Malaposta e da Companhia Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana, onde continua activo. Esta distinção internacional reforça o valor do seu percurso artístico e representa um momento de consagração merecida para um intérprete que tem sabido manter-se fiel ao rigor da profissão.

Um festival de excelência com nomes de peso

O Festival de Xangai, que decorreu entre 13 e 22 de Junho, contou com a presidência do júri principal a cargo de Giuseppe Tornatore, realizador de Cinema Paraíso. O grande prémio da competição — o Cálice de Ouro de Melhor Longa-Metragem — foi para Black Red Yellow, do Quirguistão, realizado por Aktan Arym Kubat. Entre outros premiados, destaque ainda para Wan Qian como Melhor Atriz (Wild Nights, Tamed Beasts), Cao Baoping como Melhor Realizador (One Wacky Summer), e o documentário espanhol Constanza, que venceu na sua categoria.

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Mas foi o nome de José Martins que pôs Portugal nas manchetes, elevando o talento nacional a um dos maiores palcos do cinema asiático e global.