Miguel Gomes Convidado para a Academia de Hollywood 🎬

Realizador português junta-se ao seleto grupo que escolhe os Óscares

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que todos os anos nos dá razões para reclamar com os Óscares, acaba de convidar o realizador português Miguel Gomes para se juntar ao clube. Um clube exclusivo, note-se, com cerca de 10.500 membros, todos eles com direito a voto nas categorias da maior premiação da sétima arte.

ver também : “Parasitas” é eleito o melhor filme do século XXI por centenas de profissionais de cinema

A notícia foi avançada pela própria Academia esta quinta-feira, acompanhada de uma lista com 534 novos convidados – o número mais elevado desde 2020. A justificação? Premiar artistas e executivos que se distinguiram “pelos seus contributos para o cinema”. Segundo os responsáveis da instituição, Bill Kramer e Janet Yang, esta seleção representa “compromisso com a criação cinematográfica” e pretende “refletir a diversidade da comunidade global do cinema”.

E entre as novas vozes com lugar à mesa das decisões da Academia, lá está Miguel Gomes, um dos nossos nomes maiores, que em 2024 brilhou em Cannes ao tornar-se o primeiro cineasta português a ganhar o prémio de Melhor Realizador. Fê-lo com Grand Tour, o seu mais recente filme, numa carreira recheada de distinções internacionais — de Tabu a Aquele Querido Mês de Agosto, passando por Diários de Otsoga.

Brasileiros, espanhóis… e Ariana Grande

Mas Miguel Gomes não está sozinho nesta ronda de convites. A lista também inclui a actriz brasileira Fernanda Torres, protagonista de Ainda Estou Aqui, filme que venceu o Óscar de Melhor Filme Internacional, bem como os realizadores Daniel Filho e Gabriel Mascaro, a produtora Maria Carlota Bruno e a figurinista Claudia Kopke. Albert Serra, cineasta espanhol habituado a coproduções com Portugal, também foi chamado.

E porque estamos a falar de Hollywood, há muitos rostos (e vozes) familiares para o público mais mainstream. Foram convidados, entre outros, Gillian Anderson, Dave Bautista, Emma Corrin, Sebastian Stan, Andrew Scott, Jeremy Strong, Ariana Grande e Aubrey Plaza. Um casting digno de um filme de super-heróis com orçamento da Marvel.

Um passo em frente… com algumas ausências

Os 534 convites reflectem a tentativa da Academia de se tornar mais representativa: 41% dos nomes são mulheres, 45% pertencem a comunidades sub-representadas e 55% são de fora dos EUA. Ainda assim, houve ausências notadas, como a da actriz trans espanhola Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez), afastada por polémicas passadas, e a do actor Jonathan Bailey (Wicked), cuja ausência também fez levantar algumas sobrancelhas.

Um português na linha da frente

Se aceitar o convite, Miguel Gomes junta-se a um grupo restrito de portugueses que integram a Academia, como Patrícia Vasconcelos (directora de casting), os produtores Bruno Caetano e Luís Urbano e os realizadores Abi Feijó, João Gonzalez, Mónica Santos e Regina Pessoa.

Actualmente com 53 anos, nascido em Lisboa, Miguel Gomes está a preparar o seu próximo filme, Selvajaria, produzido pela Uma Pedra no Sapato. A obra é inspirada no clássico brasileiro Os Sertões, de Euclides da Cunha, que o cineasta considera “um dos melhores livros de sempre escritos em português”. Não duvidamos.

ver também : Scarlett Johansson Garante: Filme de “Tower of Terror” Ainda Está de Pé (Mesmo Que Seja um “Desafio” Inesperado) 🎢🎬

Agora só falta mesmo uma nomeação. Ou duas. Ou três.

“Fogo do Vento”, de Marta Mateus, Premiado no Festival de Cinema Avant-Garde na Grécia

O filme “Fogo do Vento”, da realizadora Marta Mateus, conquistou mais um importante reconhecimento internacional ao vencer um Prémio Especial do Júri no Festival de Cinema Avant-Garde, em Atenas. Este é mais um passo significativo no percurso da realizadora portuguesa, cujo cinema tem sido aclamado pela crítica internacional pela sua profundidade e sensibilidade temática.

Um Cinema de Resistência e Memória

“Fogo do Vento”, a primeira longa-metragem de Marta Mateus, dá continuidade à reflexão iniciada na sua premiada curta “Farpões Baldios” (2017). A obra, centrada numa comunidade do Alentejo, explora as memórias coletivas que atravessam gerações, desde a resistência à ditadura salazarista até aos desafios do presente.

ver também : Morreu Marisa Paredes, a Icónica Atriz dos Filmes de Pedro Almodóvar

A narrativa de Mateus destaca-se por uma abordagem poética e visualmente rica, que convoca as lutas passadas e as aspirações do presente, num olhar atento à interligação entre história, identidade e resistência. De acordo com o júri, o filme apresenta um discurso relevante no contexto geopolítico mundial atual, onde as tensões entre guerra e paz voltam a dominar o debate internacional.

Reconhecimento Internacional

A vitória em Atenas, onde o filme recebeu um prémio especial ‘ex-aequo’ ao lado de “Direct Action”, de Guillaume Cailleau e Ben Russell, é apenas mais um marco no percurso de “Fogo do Vento”. Desde a sua estreia mundial em agosto passado, no prestigiado Festival de Locarno, o filme tem vindo a acumular distinções:

Prémio Especial do Júri FIPRESCI no Festival de Gijón, em Espanha.

Prémio de Melhor Realização no Festival Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.

Estes reconhecimentos demonstram não só a força autoral de Marta Mateus, mas também a crescente projeção do cinema português em festivais internacionais.

O Festival Avant-Garde: Uma Celebração do Cinema de Autor

13.ª edição do Festival de Cinema Avant-Garde, organizado pela Cinemateca Grega, contou com a exibição de 84 filmes, reunindo obras de diferentes geografias e estilos. A sessão de abertura foi marcada pela presença do realizador Miguel Gomes, com a exibição do seu mais recente filme, “Grand Tour”.

Além de “Grand Tour”, o festival programou duas outras obras fundamentais na filmografia de Gomes:

“Aquele Querido Mês de Agosto” (2008).

“Tabu” (2012).

Ambos os filmes contam com a assinatura visual do diretor de fotografia Rui Poças, presença importante no panorama cinematográfico português. A atriz Crista Alfaiate, uma das protagonistas de “Grand Tour”, marcou igualmente presença no evento.

Marta Mateus e o Futuro do Cinema Português

O sucesso de “Fogo do Vento” reafirma a importância do cinema autoral português no cenário mundial. Marta Mateus, com a sua visão artística e narrativa única, posiciona-se como uma das vozes mais promissoras do cinema europeu contemporâneo, consolidando um estilo marcado pela memória históricapoesia visual e compromisso social.

ver também : Cinemateca Francesa Cancela Exibição de “O Último Tango em Paris” Após Protestos e Preocupações com Segurança

Com o circuito de festivais a impulsionar a obra, “Fogo do Vento” promete continuar a emocionar e desafiar públicos em todo o mundo.

Começa hoje: cinemas portugueses com bilhetes mais baratos durante três dias

Entre 21 e 23 de outubro, as salas de cinema portuguesas vão receber a Festa do Cinema, uma iniciativa que oferece bilhetes a preços reduzidos. Organizada pela Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC), esta edição de outubro terá bilhetes a 3,5 euros, permitindo aos espectadores assistir a dezenas de filmes de todos os géneros, desde produções nacionais a internacionais.

ver também : “Os Mil Dias de Allende”: A Minissérie Estreia em Portugal no TVCine

Entre os filmes portugueses em destaque estão “Grand Tour”, de Miguel Gomes, premiado em Cannes e nomeado pela Academia Portuguesa de Cinema para os Óscares, “Manga d’Terra” de Basil da Cunha“O Teu Rosto Será o Último” de Luís Filipe Rocha e “O vento assobiando nas gruas” de Jeanne Waltz. Além disso, o programa inclui o documentário “Operário Amador” de Ramon De Los Santos e uma seleção de curtas-metragens intitulada “Que Mulheres serão Estas”, reunindo obras de realizadores como Ary ZaraAurélie Oliveira Pernet e Pedro Cabeleira.

Durante a Festa do Cinema, serão ainda exibidos filmes brasileiros como “Elis & Tom Só Tinha de Ser Com Você” e “Sem Coração”, destacando a diversidade de géneros e culturas cinematográficas representadas na iniciativa. Em parceria com a Academia Portuguesa de Cinema, o evento também irá projetar os vencedores dos Prémios Sophia Estudante 2024, que distinguem as melhores curtas-metragens realizadas em contexto académico.

ver também : Estreia de “O Urso do Pó Branco” no TVCine Top

Participam nesta edição cinemas de várias cadeias, incluindo Cinemas NOSUCICineplace e Cinema City, bem como salas independentes como o Cinema Trindade no Porto e o Cinema Ideal em Lisboa. A Festa do Cinema teve a sua primeira edição em 2015 e, após uma interrupção devido à pandemia, regressou em 2023, com esta a ser a segunda edição do ano.

“Grand Tour”, de Miguel Gomes, Representa Portugal na Corrida aos Óscares

O filme Grand Tour, de Miguel Gomes, foi oficialmente escolhido como o candidato de Portugal para uma nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional em 2025. Esta revelação foi feita pela Academia Portuguesa de Cinema, que destacou o longa-metragem entre cinco finalistas, todos eles exemplares notáveis da cinematografia portuguesa contemporânea. A obra chega às salas de cinema portuguesas no dia 19 de setembro, depois de ter conquistado o prémio de Melhor Realização no prestigiado Festival de Cinema de Cannes, em maio deste ano. Este prémio marcou um feito inédito para o cinema nacional, afirmando ainda mais o talento de Miguel Gomes a nível internacional.

ver também : Tribeca Festival Chega a Lisboa: Novo Palco para Cineastas Portugueses

Entre as obras finalistas escolhidas pela Academia Portuguesa de Cinema, além de Grand Tour, encontravam-se A Flor do Buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora, Manga d’Terra, de Basil da Cunha, O Teu Rosto Será o Último, de Luís Filipe Rocha, e O Vento Assobiando nas Gruas, de Jeanne Waltz. No entanto, foi a visão singular de Miguel Gomes e a sua abordagem inovadora ao cinema que captaram a atenção dos membros da Academia.

A história de Grand Tour desenrola-se no início do século XX, acompanhando Edward, interpretado por Gonçalo Waddington, um funcionário público britânico que foge da sua noiva, Molly (Crista Alfaiate), no dia da chegada desta para o casamento. Edward embarca numa viagem solitária pela Ásia, numa tentativa de escapar não só ao matrimónio, mas também aos dilemas existenciais que o atormentam. Molly, por sua vez, decide persegui-lo, determinada a cumprir o seu destino conjugal, enquanto atravessa o continente asiático. O filme, assim, explora temas como a fuga, o medo do compromisso e a busca pela identidade, tudo num cenário que combina exotismo e introspeção.

Este longa-metragem foi produzido pela produtora portuguesa Uma Pedra no Sapato, em coprodução com países como Itália, França, Alemanha, China e Japão. A produção foi feita em duas fases distintas: a primeira envolveu uma equipa reduzida que acompanhou o realizador em várias localizações do Oriente; a segunda, mais tradicional, teve lugar em estúdios em Roma e Lisboa, onde se realizaram as filmagens com os atores principais.

veja também : Primeira edição do Tribeca Festival Lisboa traz estrelas de Hollywood à capital

A 97.ª edição dos Óscares, marcada para 2 de março de 2025, será um momento crucial para o cinema português. As nomeações serão reveladas a 17 de janeiro, e Portugal, desde 1980, tem submetido candidatos à categoria de Melhor Filme Internacional. Apesar de nunca ter conseguido uma nomeação nesta categoria, a expectativa cresce em torno de Grand Tour, um filme que já provou o seu valor nos palcos internacionais.

É importante sublinhar que este é o segundo filme de Miguel Gomes a ser escolhido pela Academia Portuguesa de Cinema. Em 2016, a academia submeteu o tríptico As Mil e Uma Noites, também realizado por Gomes, à consideração para os Óscares. Contudo, tal como em anos anteriores, a obra não foi selecionada entre os nomeados. Para além deste processo de seleção da Academia, o cinema português pode ainda ser considerado noutras categorias dos Óscares, dependendo de critérios como a premiação em festivais internacionais de prestígio.

A nível internacional, outros países também já começaram a revelar os seus candidatos à corrida pelo Óscar de Melhor Filme Internacional. A Alemanha escolheu Les Graines du Figuier Sauvage, do realizador iraniano Mohammad Rasoulof, uma coprodução franco-alemã premiada em Cannes. A Letónia, por sua vez, aposta em Flow, uma obra de animação sem diálogos realizada por Gints Zilbalodis, que foi galardoada no Festival de Annecy. Já a Palestina submeteu From Ground Zero, um projeto que junta 22 curtas-metragens de novos realizadores oriundos de Gaza.

veja também : Thriller “Conclave” e Animação “Robot Selvagem” Entre os Favoritos ao Óscar

Com uma forte tradição de cinema de autor e obras que frequentemente desafiam convenções, Portugal continua a procurar o seu lugar entre os nomeados para os Óscares. Grand Tour poderá ser a chave que finalmente abre as portas de Hollywood ao cinema português, mas até ao anúncio das nomeações, resta apenas aguardar e torcer para que a visão única de Miguel Gomes seja reconhecida pela Academia de Hollywood.