O primeiro redefiniu o género, o segundo reinventou o cinema de acção e efeitos visuais. Depois disso, veio a decadência de uma marca genial criada por James Cameron e diluída em sequelas que esqueceram o essencial: uma boa história.
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Há precisamente 41 anos, James Cameron apresentou ao mundo O Exterminador Implacável (The Terminator, 1984) — e mudou para sempre a ficção científica.
E há seis anos, com O Exterminador Implacável: Destino Sombrio (Terminator: Dark Fate, 2019), a saga tentava renascer das cinzas… apenas para confirmar o que muitos já sabiam: o que Cameron criou com mestria foi depois explorado até à exaustão.

💥 O início: o verdadeiro Sci-Fi
O primeiro Exterminador Implacável era um filme pequeno, quase independente, feito com apenas 6,4 milhões de dólares.
Mas o que Cameron fez com tão pouco dinheiro foi revolucionário.
A história — uma mistura de terror, suspense e ficção científica — era, na verdade, uma tragédia humana sobre amor, destino e sobrevivência.
Sarah Connor (Linda Hamilton) começa como uma simples empregada de mesa e termina como o símbolo da resistência humana.
O T-800 (Arnold Schwarzenegger) é a ameaça imparável que se tornou mito.
Mais do que um cyborg assassino, era uma reflexão sobre o medo do futuro e da tecnologia — e sobre o que significa ser humano.
Cameron transformou a ficção científica numa narrativa emocional e acessível. O filme fez 78 milhões de dólares em bilheteira, doze vezes o orçamento. E, acima de tudo, provou que a inteligência narrativa pode vencer o dinheiro e os efeitos especiais.

🤖 O Exterminador Implacável 2: quando a tecnologia se tornou arte
Sete anos depois, Cameron voltou e reinventou o cinema moderno.
O Exterminador Implacável 2: O Julgamento Final (Judgment Day, 1991) foi um marco absoluto, tanto em termos de efeitos visuais — com o lendário T-1000 de Robert Patrick — como de emoção cinematográfica.
Com um orçamento de 102 milhões de dólares, tornou-se o filme mais caro da história na altura.
E valeu cada cêntimo: arrecadou mais de 500 milhões de dólares, ganhou quatro Óscares e elevou a fasquia do que um blockbuster podia ser.
Mais importante ainda: o vilão tornou-se herói, e a relação entre o T-800 e John Connor criou uma das duplas mais icónicas do cinema.
A cena final — o polegar erguido a afundar-se no metal fundido — é, até hoje, um dos finais mais perfeitos da história do cinema.
Devia ter acabado ali. Mas, como sabemos, em Hollywood o que é perfeito raramente morre.
🔻 O declínio: quatro tentativas de ressuscitar uma lenda
Depois da despedida perfeita, quatro tentativas tentaram reviver a saga.
- Terminator 3: Rise of the Machines (2003) copiou a fórmula do anterior, mas sem alma — e com frases de guião que nem o próprio Schwarzenegger conseguiu salvar (“Talk to the hand”… ainda dói).
- Terminator Salvation (2009) tentou seguir sem Arnold, apostando no conflito homem vs. máquina, mas perdeu-se num tom genérico e numa narrativa vazia.
- Terminator Genisys (2015) foi o fundo do poço: PG-13, confuso, sem identidade — um reboot que parecia um videojogo mal renderizado.
- Terminator: Dark Fate (2019), já com Linda Hamilton de regresso, recapturou parte da alma de Cameron, mas chegou tarde demais.O público já estava cansado. E, injustamente, o filme tornou-se um dos maiores desastres de bilheteira da década.

⚙️ Uma saga de ouro que virou máquina de repetição
A verdade é simples: O Exterminador Implacável e O Julgamento Final foram disruptivos.
O primeiro, pelo que contou — a ficção científica no seu estado mais puro, inteligente e humana.
O segundo, por como o contou — a inovação tecnológica, o ritmo, a emoção.
Mas o que veio depois foi apenas uma tentativa de espremer uma marca brilhantemente construída por Cameron.
O storytelling perdeu coerência, a mitologia encheu-se de buracos, e o que antes era cinema visionário transformou-se em fórmula.
James Cameron ainda é mencionado como estando a trabalhar num novo argumento, mas, a esta altura, nem o próprio criador parece capaz de reparar o dano causado por décadas de exploração sem propósito.
🔚 Onde ver em Portugal e no Brasil
Em Portugal, os fãs podem ver O Exterminador Implacável no SkyShowtime e O Exterminador Implacável: Destino Sombrio no Disney+.
No Brasil, ambos os filmes estão disponíveis no Star+, sendo que Dark Fate também pode ser alugado na Apple TV e na Amazon Prime Video.
Mas a verdadeira questão é outra: será que ainda queremos ver mais um Exterminador?
Talvez seja tempo de deixar a máquina descansar — e de recordar que, há 41 anos, a ficção científica ganhou alma… e que foi precisamente essa alma que os sucessores apagaram.
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Mas a verdadeira questão é outra: será que ainda queremos ver mais um Exterminador?
Talvez seja tempo de deixar a máquina descansar — e de recordar que, há 41 anos, a ficção científica ganhou alma… e que foi precisamente essa alma que os sucessores apagaram.
