Festival de San Sebastián Abre com Cinema Português em Destaque e Homenagem a Jennifer Lawrence 🎥🌍

Três Filmes Portugueses em Competição

Arrancou hoje, em Espanha, a 73.ª edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, um dos mais prestigiados eventos cinematográficos da Europa, e Portugal está em grande destaque. Três obras portuguesas — de André Silva Santos, Inês Nunes e Paula Tomás Marques — integram a competição oficial, cada uma a representar diferentes olhares e linguagens cinematográficas.

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Na secção Nest, dedicada a estudantes de cinema, surge A Solidão dos Lagartos, curta-metragem de Inês Nunes filmada no Algarve em 2022. A realizadora parte de um cenário invulgar — um spa rodeado por montanhas de sal — para explorar encontros, desejos e transformações ao cair da noite. O filme já tinha passado este ano pelo Festival de Cannes.

Já em Zabaltegi-Tabakalera, a principal secção competitiva, estão dois trabalhos portugueses: Sol Menor, de André Silva Santos, distinguido no Curtas de Vila do Conde, e Duas Vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques, estreado em Berlim e já exibido no MoMA, em Nova Iorque.

Sol Menor acompanha a dor e o dilema de um professor de música em luto, enquanto Duas Vezes João Liberada confirma a crescente projeção internacional de Paula Tomás Marques.

Coproduções e Clássicos Restaurados

Além da presença competitiva, San Sebastián vai também acolher coproduções luso-espanholas no programa Made in Spain. Entre elas estão Uma Quinta Portuguesa, de Avelina Prat, protagonizada por Maria de Medeiros, e San Simón, de Miguel Ángel Delgado.

Outro momento especial será a exibição de uma cópia restaurada de Aniki-Bobó (1932), a primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira, que depois de Veneza e Toronto chega agora ao público basco como símbolo da preservação do património cinematográfico português.

Jennifer Lawrence Distingida com Prémio de Carreira

A edição deste ano ficará igualmente marcada pela homenagem à atriz norte-americana Jennifer Lawrence, que receberá um prémio de carreira. Aos 35 anos, Lawrence soma já uma estatueta dos Óscares, uma Concha de Prata em San Sebastián e uma filmografia que vai de Winter’s Bone a Jogos da Fome e Causeway.

O júri do festival é presidido pelo realizador espanhol J.A. Bayona e integra, entre outros nomes, a portuguesa Laura Carreira, vencedora em 2024 da Concha de Prata de melhor realização por On Falling.

Cinema e Contexto Político

A 73.ª edição do festival não escapa ao debate político: no início de setembro, a direção de San Sebastián condenou de forma pública o “genocídio e os massacres inimagináveis” em Gaza, responsabilizando tanto o governo israelita de Benjamin Netanyahu como os ataques do Hamas em outubro de 2023.

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Um Festival que Respira Diversidade

Com filmes de realizadores consagrados como Agnieszka Holland, Claire Denis e Arnaud Desplechin, e com um olhar atento para talentos emergentes, San Sebastián volta a afirmar-se como um dos pontos nevrálgicos do cinema mundial. Para Portugal, esta edição representa não só visibilidade, mas também o reconhecimento de uma geração de cineastas que está a conquistar espaço no circuito internacional.

“A Solidão dos Lagartos”: curta portuguesa ruma a San Sebastián e leva o Algarve para o centro do cinema europeu

O cinema português volta a marcar presença no prestigiado Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, e desta vez com um olhar vindo do sul. A Solidão dos Lagartos, curta-metragem da realizadora Inês Nunes, foi selecionada para a secção Nest, dedicada a filmes de estudantes de cinema, e que tem revelado ao mundo alguns dos mais promissores talentos emergentes.

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Filmada em 2022 e já exibida em Cannes, a curta transporta-nos para um spa rodeado de montanhas de sal no Algarve. Entre os turistas que procuram o lazer, os salineiros que trabalham incansavelmente e as crianças que correm em liberdade, ergue-se um microcosmos onde o quotidiano se mistura com o onírico. À medida que a noite cai, o espaço transforma-se num cenário de desejos ocultos e de encontros inesperados, evocando um ambiente simultaneamente real e misterioso.

Nascida em Tavira, Inês Nunes estudou Realização na Escola Superior de Teatro e Cinema e recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian que a levou a aprofundar a sua formação na Elías Querejeta Zine Eskola, em San Sebastián. Foi nesse percurso académico que a ideia inicial do filme ganhou corpo, inspirada pelas salinas de Castro Marim e pelo spa Salino Água Mãe. A cineasta descreve o local como um espelho do Algarve contemporâneo: “um ponto de vista sobre a região, onde convivem o turismo, o lazer, o trabalho e as responsabilidades”.

Mas A Solidão dos Lagartos não vai a San Sebastián sozinha. O festival, que decorre de 19 a 27 de setembro, contará ainda com a presença de outros nomes portugueses. A secção Zabaltegi-Tabakalera abre com a coprodução Una Película de Miedo, do brasileiro Sergio Oksman, enquanto André Silva Santos leva a sua primeira longa, Sol Menor, depois de conquistar o prémio de Melhor Filme Português no Curtas de Vila do Conde. Já Paula Tomás Marquesregressa ao certame com Duas Vezes João Liberada, depois de ter vencido anteriormente o prémio Nest com Em Caso de Fogo.

Na secção Made in Spain, Portugal volta a estar representado com Uma Quinta Portuguesa e San Simón, confirmando o lugar de destaque que o cinema nacional continua a conquistar no panorama internacional.

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Com o seu olhar poético sobre o Algarve e a capacidade de cruzar paisagem, memória e transformação social, Inês Nunes junta-se assim à nova geração de realizadores que estão a levar o cinema português a percorrer o mundo