Ano de Retoma: Cinemas de Portugal e Brasil Batem Recordes e Enfrentam Desafios

O ano de 2024 marcou um período de contrastes para o cinema em Portugal e no Brasil. Se por um lado o mercado brasileiro bateu recordes de salas de exibição e crescimento do público, por outro, em Portugal, o número de espectadores caiu ligeiramente, mas a receita de bilheteira manteve-se estável. O cinema continua a ser um reflexo da cultura e do comportamento do público em cada país, e os números comprovam essa dinâmica.

ver também : Alec Baldwin Processa Procuradores do Novo México por Difamação no Caso “Rust”

Portugal: Menos Espectadores, Receita Estável

Segundo dados revelados pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em Portugal o número de espectadores nas salas de cinema caiu 3,8% em 2024 face ao ano anterior, totalizando 11,8 milhões de bilhetes vendidos. Ainda assim, a receita bruta de bilheteira manteve-se praticamente inalterada, crescendo ligeiros 0,4% e fixando-se nos 73,2 milhões de euros, justificado pelo aumento do preço médio dos bilhetes.

Embora o mês de dezembro tenha apresentado um crescimento impressionante de 27,1% no número de espectadores e um aumento de um terço na receita — tornando-se o melhor dezembro desde 2018 —, os resultados anuais não conseguiram recuperar as perdas do período pós-pandemia. Para comparação, em 2019, último ano antes da crise sanitária, os cinemas portugueses registaram 15,5 milhões de espectadores, um número significativamente superior ao de 2024.

A liderança do mercado de exibição em Portugal continua a pertencer à NOS, com uma quota de 68,2%, seguida pela UCI (10,7%) e pela Cineplace (6,7%). A NOS viu o número de espectadores cair 4% face a 2023, mas compensou com um aumento de 0,7% na receita.

Entre as 391 longas-metragens estreadas em Portugal, 112 eram de origem norte-americana, dominando o mercado com 72,8% do público, enquanto os filmes europeus, que totalizaram 202 lançamentos, atraíram apenas 12,9% dos espectadores.

O ‘top 10’ dos filmes mais vistos no país reflete essa tendência, sendo totalmente preenchido por produções de Hollywood. O grande vencedor foi “Divertida-Mente 2”, que conquistou 1,3 milhões de espectadores. Seguiram-se “Deadpool & Wolverine”, com 611 mil entradas, e as animações “Gru – O Maldisposto 4” e “Vaiana 2”, que juntos somaram pouco mais de um milhão de bilhetes vendidos.

O Cinema Português em 2024: “Balas & Bolinhos” No Topo

O cinema nacional teve um desempenho modesto, mas um título destacou-se: “Balas & Bolinhos: Só Mais Uma Coisa”, de Luís Ismael, foi o filme português mais visto do ano, com 248 mil espectadores e 1,6 milhões de euros em receitas. A nova aventura do grupo de amigos alcançou o oitavo lugar entre os filmes portugueses mais vistos desde 2004, aproximando-se dos números do seu antecessor, “Balas & Bolinhos: O Último Capítulo” (2012), que teve 256 mil espectadores.

Outros destaques incluem “Podia Ter Esperado por Agosto”, de César Mourão, com 102 mil espectadores, e “Vive e Deixa Andar”, de Miguel Cadilhe, que levou 31 mil pessoas às salas.

Brasil: Recordes de Público e Salas de Cinema

Se em Portugal o setor enfrentou um ligeiro decréscimo, no Brasil o cenário foi de recuperação e crescimento. Segundo dados da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), 2024 foi um ano de recordes. O país atingiu o maior número de salas de exibição da sua história, acompanhado por um aumento significativo do público.

Os números mostram que o cinema brasileiro continua a recuperar do impacto da pandemia e a consolidar-se como uma indústria em crescimento. O maior número de salas em funcionamento permitiu um acesso mais amplo ao público, resultando num aumento das bilheteiras e no fortalecimento da indústria nacional.

O cinema brasileiro viu algumas das suas produções alcançarem êxitos expressivos. Filmes nacionais ganharam destaque e demonstraram a diversidade do mercado, apostando em géneros variados e explorando novas narrativas para atrair audiências cada vez mais amplas.

O Cinema Nacional em Destaque

Entre os títulos nacionais mais bem-sucedidos em 2024, destacam-se produções que conquistaram não apenas o público, mas também a crítica. O cinema brasileiro demonstrou força tanto nos circuitos comerciais quanto nos festivais internacionais, solidificando a sua presença e mostrando a capacidade de competir com as grandes produções de Hollywood.

O Que Explica as Diferenças?

O contraste entre os mercados português e brasileiro pode ser explicado por vários fatores. No Brasil, a expansão do número de salas de cinema e o crescimento do público refletem um investimento contínuo na indústria cinematográfica. Em Portugal, apesar da estabilidade nas receitas, a diminuição do número de espectadores aponta para desafios como o aumento do preço dos bilhetes e a concorrência do streaming.

Ainda assim, ambos os países partilham um fator comum: o domínio das produções norte-americanas. Nos dois mercados, os filmes de Hollywood continuam a liderar as bilheteiras, o que reforça a necessidade de políticas e incentivos que promovam a produção nacional e estimulem o interesse do público por conteúdos locais.

Perspetivas para 2025

Olhando para o futuro, tanto em Portugal quanto no Brasil, a expectativa é que o cinema continue a recuperar e a adaptar-se às novas realidades do mercado. A aposta em conteúdos nacionais e estratégias inovadoras de distribuição pode ser a chave para um crescimento sustentado.

ver também: Mel Gibson Perde Casa nos Incêndios de Los Angeles e Prevê o Colapso da Civilização

Enquanto Portugal procura recuperar os números pré-pandemia, o Brasil avança com recordes e uma crescente valorização do seu cinema. Resta saber se essa tendência se manterá nos próximos anos e como os dois países poderão aprender com as suas experiências para fortalecer a sétima arte.

Outubro nos Cinemas Portugueses: Redução de Espectadores e Aumento de Preços

Em outubro, os cinemas portugueses registaram uma nova queda no número de espectadores, confirmando a tendência de descida em relação ao ano passado. Segundo o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), houve uma redução de 4,7% nas entradas comparado ao mesmo mês de 2023, com um total de 808.171 bilhetes vendidos. Ainda assim, o mês de outubro trouxe uma recuperação face a setembro, que não ultrapassou as 662 mil entradas, refletindo uma quebra acentuada.

ver também : Ridley Scott Responde a Tarantino: “Menos Conversa, Mais Filmes!”

Um fator interessante é o ligeiro aumento na receita de bilheteira, que atingiu os 4,86 milhões de euros, um crescimento de 1,3% face ao mesmo período do ano passado. Esta subida é explicada principalmente pelo aumento do preço médio dos bilhetes, uma medida que visa compensar a diminuição do público, mas que também levanta questões sobre o impacto nos hábitos dos espectadores e na acessibilidade ao cinema.

No acumulado do ano, até ao final de outubro, os cinemas portugueses registaram cerca de 9,57 milhões de entradas, uma redução de 8,5% em comparação aos primeiros dez meses de 2023. As receitas de bilheteira acumuladas, por outro lado, sofreram uma queda de 4,9%, fixando-se em 59,02 milhões de euros, um número que reflete as mudanças no consumo de cinema, numa época em que o público parece cada vez mais inclinado para as plataformas de streaming.

Em termos de popularidade, o filme mais visto em outubro foi Joker: Loucura a Dois, do realizador Todd Philips, com mais de 203 mil espectadores desde a sua estreia a 3 de outubro. Entre as produções nacionais, Balas & Bolinhos: Só Mais Uma Coisa, de Luís Ismael, destaca-se com um acumulado de quase 247 mil entradas, mantendo-se entre os filmes portugueses mais vistos do ano e no oitavo lugar geral dos mais populares.

ver também : Ridley Scott Revela os Bastidores Tensos de “Gladiador” e as Dúvidas de Joaquin Phoenix

A NOS Lusomundo continua a dominar a distribuição cinematográfica em Portugal, com mais de 4,2 milhões de espectadores em 2024 e uma receita de 25,97 milhões de euros até ao momento. Estes dados demonstram o papel central da NOS na exibição e na bilheteira nacional, consolidando a sua posição num mercado competitivo e em transformação.