Porque Hoje é Sábado — Animação Portuguesa Premiada nos Açores

O novo triunfo de Alice Eça Guimarães no AnimaPIX 2025

A animação portuguesa volta a brilhar — desta vez na ilha do Pico, onde o AnimaPIX 2025 distinguiu Porque Hoje é Sábado, o novo filme de Alice Eça Guimarães, com o Prémio AnimaPIX. A curta-metragem, um retrato delicado e profundamente humano sobre uma mulher que tenta equilibrar a rotina doméstica com o desejo de evasão, conquistou o júri e o público pela sensibilidade, pela poesia visual e pela forma como transforma o quotidiano num território emocional de grande ressonância.

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O prémio surge numa edição especial para o festival: o 10.º aniversário do AnimaPIX, uma década dedicada “à criança em todos nós”, como sublinha Terry Costa, director artístico da associação MiratecArts, responsável pela organização. A festa inclui não só os vencedores mais recentes, mas também figuras incontornáveis do cinema de animação português, entre eles Abi Feijó e Regina Pessoa, a madrinha do festival.

A autora e o seu universo animado

Alice Eça Guimarães é um nome cada vez mais presente na animação nacional. Dividindo a carreira entre publicidade e cinema, tem construído um percurso marcado pela atenção ao detalhe, pela força da imagem e por uma sensibilidade profundamente cinematográfica. Não é a sua primeira distinção: os seus trabalhos já lhe valeram prémios importantes, incluindo o Sophia para Melhor Curta-Metragem Portuguesa.

Com Porque Hoje é Sábado, a realizadora volta a mostrar a capacidade de transformar temas íntimos em histórias universais — um cinema que se diz com silêncio, textura e movimento, sempre de forma elegante e emocionalmente honesta.

Uma década de AnimaPIX: o festival que celebra a imaginação

primeira semana de dezembro será marcada por uma programação intensa no Auditório da Madalena, com actividades pensadas para escolas e público geral. Entre 2 e 5 de dezembro, o festival celebra não só a nova vencedora, mas também os criadores que têm marcado o panorama da animação portuguesa.

Entre os nomes em destaque estão:

  • João Gonzalez, cuja obra foi nomeada ao Óscar;
  • Alice GuimarãesAlexandra RamiresLaura Gonçalves e Maria Trigo Teixeira, todas vencedoras anteriores do prémio AnimaPIX.

As realizadoras e realizadores estarão presentes numa sessão especial a 5 de dezembro, às 10:00, aberta ao público, num momento que promete ser um dos grandes destaques da edição.

Cultura, parceria e futuro

O evento é possível graças à colaboração entre a Câmara Municipal da Madalena e o Governo dos Açores, através da Direção Regional da Cultura. É mais um sinal do papel fundamental que o cinema de animação assume no panorama nacional: um cruzamento entre arte, educação e identidade que continua a ganhar reconhecimento dentro e fora do país.

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Com Porque Hoje é Sábado, Alice Eça Guimarães reafirma-se como uma voz singular da animação portuguesa — e o AnimaPIX reforça o seu estatuto como uma das plataformas mais importantes para descobrir, celebrar e projetar o futuro do género.

Regina Pessoa regressa ao Pico para celebrar 10 anos do AnimaPIX

A madrinha do festival mais encantador dos Açores volta à ilha com a mesma paixão de sempre pela animação portuguesa

O AnimaPIX está de volta à ilha do Pico este dezembro, e com ele regressa também a sua madrinha — nem mais nem menos que Regina Pessoa, a artista portuguesa mais premiada da história da animação. O festival, que decorre de 1 a 7 de dezembro de 2025 na Biblioteca Auditório da Madalena, celebra uma década de existência e continua fiel ao seu lema: ser “o festival para a criança em todos nós”, celebrando o cinema de animação e o livro ilustrado como pontes mágicas entre gerações.

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Uma década de luz, cor e imaginação

Desde a sua primeira edição, nas escolas do Pico, o AnimaPIX tornou-se uma referência na promoção da cultura cinematográfica nos Açores. Organizado pela MiratecArts, o evento combina o encanto da descoberta com o espírito comunitário que define os melhores festivais de animação: proximidade, partilha e emoção verdadeira.

Regina Pessoa, que assina também a ilustração do cartaz oficial dos 10 anos do festival, regressa à ilha com o mesmo entusiasmo de sempre. “Ser madrinha do AnimaPIX é um privilégio, uma honra, uma dádiva que agarro com o coração”, declarou. “Há muitos festivais de cinema, mas os de animação têm algo de especial — quanto mais pequenos, mais intensos e humanos.”

Regina Pessoa: a força da animação portuguesa

A autora de A NoiteTragic Story with Happy EndingKali, o Pequeno Vampiro e Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias é uma das figuras mais importantes da animação mundial. O seu percurso começou em 1992, como animadora nos filmes de Abi Feijó, seu parceiro e cúmplice artístico, e desde então coleciona mais de 150 prémios internacionais — incluindo distinções nos festivais de AnnecyHiroshimaAnnie Awards e nomeações para o Prémio do Cinema Europeu e para os Óscares.

Em 2021, foi eleita pelo Animac entre os três melhores realizadores de animação dos últimos 25 anos — um reconhecimento que coloca o nome de Portugal ao lado dos grandes mestres da animação mundial.

Militância cultural nas ilhas do Atlântico

Regina Pessoa sublinha ainda o papel essencial do AnimaPIX e de Terry Costa, criador do festival e diretor da MiratecArts. “É muitas vezes nesses pequenos lugares remotos que encontramos a verdadeira militância cultural”, afirmou. “Pessoas que, abdicando de quase tudo, se dedicam à arte e à partilha, permitindo que comunidades pequenas experimentem, talvez pela primeira vez, a magia de ver cinema numa sala escura.”

O festival, que já contou com a presença de Regina e Abi Feijó em várias edições, prepara agora uma celebração especial dos seus 10 anos, com uma programação que promete reunir o melhor da animação portuguesa e internacional.

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A programação completa será revelada em breve no site oficial da MiratecArts (miratecarts.com), mas uma coisa é certa: o AnimaPIX volta a transformar o Pico num ponto de luz para todos os que acreditam no poder da imaginação e no cinema como arte de resistência

Vasco da Gama — O Mar Infinito: Animação Portuguesa Celebra os 500 Anos da Morte do Navegador

Uma homenagem animada em Sines

A cidade de Sines prepara-se para celebrar o seu filho mais ilustre com a estreia de Vasco da Gama — O Mar Infinito, um filme de animação inédito que junta história, cultura e pedagogia. Integrado nas comemorações dos cinco séculos da morte do navegador, o projeto é produzido pela KotoStudios, com realização de Cláudio Jordão e argumento de Bruno Martins Soares, em colaboração com especialistas da História dos Descobrimentos.

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Muito além da epopeia marítima

O filme revisita a mítica viagem de 1497, mas procura ir além da gesta heroica dos Descobrimentos. Para lá das conquistas náuticas, a narrativa dá espaço ao lado humano de Vasco da Gama e da sua tripulação. Entre os episódios, destacam-se a relação fraterna com Paulo da Gama e passagens menos conhecidas, como a célebre “aguilhada”, aproximando o navegador da condição das pessoas comuns.

Um visual inspirado no azulejo

Um dos pontos mais originais da obra é a sua estética visual. Inspirada no azulejo português, a animação recorre a cores e padrões que evocam tanto a tradição artística nacional como a diversidade cultural encontrada ao longo da rota marítima. O resultado é uma identidade única, onde o património se cruza com a linguagem contemporânea da animação.

Cinema, memória e pedagogia

Pensado para todos os públicos, O Mar Infinito tem também uma forte vocação pedagógica. Estão previstas sessões escolares, exibições em festivais internacionais, conferências académicas e difusão digital, tornando-o um recurso de ensino e reflexão sobre os Descobrimentos.

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Mais do que uma obra artística, o filme reforça o papel de Sines como guardião da memória de Vasco da Gama, projetando a cidade e o legado do navegador além-fronteiras, com a animação como veículo universal de conhecimento e cultura.

Edgar Martins: Português Premiado com um Emmy por “Love, Death + Robots”

Artista de storyboard distinguido pela Netflix no Creative Arts Emmys

O talento português voltou a ser reconhecido além-fronteiras. Edgar Martins, artista de storyboard e realizador de cinema de animação, conquistou o Emmy de Outstanding Individual Achievement in Animation pela sua colaboração na série Love, Death + Robots, produzida pelo Blur Studio para a Netflix.

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Um momento de emoção e reconhecimento

A distinção foi entregue durante os Creative Arts Emmys, cerimónia que celebra as conquistas técnicas e artísticas da televisão. Ao receber o prémio, Edgar Martins deixou um discurso carregado de emoção:

“Mãe, pai, a minha irmã Carla, o amor da minha vida Gabriela e, sobretudo, o meu irmão gémeo… Éramos apenas dois miúdos a desenhar num apartamento minúsculo em Portugal, e aqui estamos.”

O artista acrescentou ainda: “É incrível viver isto e testemunhar tudo isto contigo, juntos, o tempo todo.”

Uma carreira de duas décadas

Com mais de vinte anos de experiência, Martins já deixou marca em alguns dos maiores projetos internacionais de animação. Entre eles contam-se o aclamado Klaus (2019), também da Netflix, e o premiado Pinóquio de Guillermo del Toro, vencedor do Óscar de Melhor Filme de Animação.

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Portugal no mapa da animação mundial

O prémio recebido por Edgar Martins reforça o lugar de destaque da animação portuguesa no panorama internacional. Para além de celebrar o trabalho individual do artista, este Emmy funciona como vitrine para a criatividade e resiliência de uma geração que começou a desenhar em apartamentos modestos e hoje se afirma nos maiores palcos da indústria.

Cinanima 2025: 110 Filmes, Novos Talentos e uma Categoria Inovadora para Linguagens Híbridas 🎬✨

Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho regressa para a sua 49.ª edição, entre 7 e 16 de novembro, com uma programação robusta: 110 filmes em competição, vindos de 25 países, e a estreia de uma nova categoria dedicada a obras que cruzam diferentes formas de expressão visual.

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“Todos a Bordo” para a criatividade sem fronteiras

A grande novidade deste ano é a secção “All Aboard / Todos a Bordo”, criada para destacar produções que explorem linguagens híbridas — combinações visuais que expandem o território tradicional da animação e promovem uma visão plural e dinâmica desta arte. Segundo a organização, trata-se de celebrar “a riqueza criativa e a diversidade formal da animação contemporânea”.


Competição internacional: curtas e longas na corrida

Na competição internacional de curtas-metragens, 30 obras disputam o prémio, incluindo três produções portuguesas:

  • Cão Sozinho, de Marta Reis Andrade
  • Porque Hoje é Sábado, de Alice Eça Guimarães
  • Sequencial, de Bruno Caetano

Já a competição internacional de longas-metragens contará com cinco títulos (ainda por anunciar), que irão disputar o galardão de melhor longa.

Competição nacional e o Prémio António Gaio

A nível nacional, oito obras vão concorrer ao Prémio António Gaio, incluindo as três curtas que também integram a competição internacional, e ainda:

  • Maleza, de Carina Pierro Corso
  • Pietra, de Cynthia Levitan
  • Saudade, talvez…, de José-Manuel Xavier
  • SweetSpot, de Jorge Ribeiro e Paulo Patrício
  • The Hunt, de Diogo Costa

Olhar para o futuro: jovens cineastas em destaque

O Cinanima mantém a aposta em novos talentos com duas secções competitivas dedicadas a cineastas jovens: uma para menores de 18 anos e outra para realizadores dos 18 aos 30. Ao todo, estão em competição 23 filmes de estudantes e 28 obras de jovens realizadores, oriundos de várias regiões do mundo, da Europa ao Chile, passando pela China e Singapura.

Estas categorias têm sido, segundo a organização, “terreno fértil para o surgimento de novos criadores”, muitos dos quais veem na animação uma poderosa ferramenta de expressão artística.

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Com uma programação que combina veteranos consagrados e novas vozes criativas, o Cinanima 2025 promete mais uma edição que reafirma Espinho como epicentro internacional do cinema de animação.

Maria de Medeiros Triunfa no México: Festival de Guadalajara Rende-se ao Talento Português

A 40.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Guadalajara terminou em festa com uma homenagem à carreira da atriz e realizadora portuguesa

Foi um fim de festa em grande para o cinema português no México. A 40.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Guadalajara encerrou com um momento especial: a entrega do prémio Homenagem a Convidada de Honra a Maria de Medeiros, figura incontornável do nosso cinema e presença marcante em produções internacionais como Pulp Fiction e Henry & June.

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No discurso emocionado, durante a cerimónia de encerramento no passado sábado, a atriz e realizadora sublinhou o carinho que sente pelo país anfitrião: “O México é uma grande nação de cultura, arte e cinema, e é uma referência. Todos os maravilhosos realizadores mexicanos que continuam a contribuir com uma criatividade extraordinária para o cinema mundial — o facto de este cinema se inspirar no cinema português é algo que nos comove profundamente”.

Maria de Medeiros, que filmou no México Duas Fridas e finalizou lá a pós-produção de Aos Nossos Filhos, fez questão de destacar as boas vibrações que sente sempre que pisa solo mexicano — um amor claramente correspondido.

Portugal em Destaque: Uma Seleção de Luxo do Nosso Cinema

A presença portuguesa em Guadalajara não se ficou apenas pela homenagem a Maria de Medeiros. Portugal foi o país convidado desta edição e fez-se representar com mais de 30 filmes — uma verdadeira montra da riqueza cinematográfica nacional, da memória histórica às vozes mais arrojadas da contemporaneidade.

Foram exibidas obras emblemáticas como Silvestre, de João César Monteiro, protagonizado por Maria de Medeiros, e Capitães de Abril, que a própria realizou. Mas o programa especial foi ainda mais fundo, com uma seleção que atravessou décadas e estilos: A Fábrica de Nada (Pedro Pinho), Trás-os-Montes (António Reis e Margarida Cordeiro), Maria do Mar(Leitão de Barros), A Noite (Regina Pessoa) ou As Fado Bicha (Justine Lemahieu), entre muitos outros títulos.

Pedro Costa, Manoel de Oliveira e José Álvaro Morais também marcaram presença nesta viagem ao cinema português, aclamada por críticos e espectadores.

Competição Ibérica: Documentários, Ficção e Narrativas LGBTQIA+

Na competição de melhor longa-metragem documental ibero-americana, A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro, destacou-se pelo seu olhar sobre a resistência da comunidade de Covas do Barroso à mineração de lítio. Ainda assim, o prémio foi para Tardes de solidão, do espanhol Albert Serra, uma produção coproduzida por Portugal que mergulha no mundo da tauromaquia.

Outras produções com carimbo português também estiveram em destaque: Ouro Negro, de Takashi Sugimoto, filmado na Índia com produção da Uma Pedra no Sapato, e La memoria de las mariposas, da peruana Tatiana Fuentes Sadowski, com coprodução da Oublaum Filmes, concorreram na secção de cinema socio-ambiental.

Na ficção, Sonhar com Leões, comédia negra de Paolo Marinou-Blanco sobre a eutanásia, marcou presença na competição oficial, enquanto Duas vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques, concorreu ao Prémio Maguey, dedicado ao cinema LGBTQIA+, com uma história provocadora sobre identidade e perseguição na época da Inquisição.

Tapete Voador e Ice Merchants: A Animação Também Levou Portugal ao México

No campo da animação, Portugal não ficou atrás. Os demónios do meu avô, de Nuno Beato, encantou o público e ganhou ainda mais destaque com a exposição dos bonecos em miniatura usados na técnica de stop-motion. A isto juntou-se uma masterclasse do realizador João Gonzalez, autor do aclamado Ice Merchants, que partilhou bastidores e processos criativos com uma plateia entusiasmada.

Ainda nas curtas-metragens, Tapete Voador, de Justin Amorim, abordou com coragem e crueza o maior escândalo de pedofilia institucionalizada em Portugal, e Two Ships, do norte-americano McKinley Benson com coprodução da portuguesa Cola Animation, foi candidato ao prémio de melhor curta de animação.

Um Festival com Alma Portuguesa

O Festival Internacional de Cinema de Guadalajara mostrou ao mundo o que de melhor se faz em Portugal. Mais do que uma celebração do passado e presente de figuras como Maria de Medeiros, foi uma afirmação de identidade, diversidade e criatividade. E se havia dúvidas sobre o impacto do cinema português além-fronteiras, Guadalajara dissipou-as todas — com o calor de uma ovação e o brilho de um prémio merecido.

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Portugal em destaque no Festival de Cinema de Guadalajara: mais de 30 filmes e homenagem a Maria de Medeiros

Do Douro ao México: celebração do cinema português na 40.ª edição do festival

Portugal é o país convidado da 40.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, que arrancou esta sexta-feira no México. A presença lusa faz-se sentir em força, com mais de 30 filmes portugueses — dos clássicos à vanguarda contemporânea — e uma programação que presta homenagem à atriz e realizadora Maria de Medeiros, uma das figuras mais internacionais da nossa cinematografia.

A selecção inclui nomes incontornáveis como Pedro Costa, Manoel de Oliveira, José Álvaro Morais e obras de diferentes géneros e formatos, do documentário à ficção, da curta à longa-metragem, do cinema de autor à animação em stop-motion.

Uma homenagem justa a Maria de Medeiros

epa10655750 Maria de Medeiros arrives for the screening of ‘The Old Oak’ during the 76th annual Cannes Film Festival, in Cannes, France, 26 May 2023. The movie is presented in the Official Competition of the festival which runs from 16 to 27 May. EPA/GUILLAUME HORCAJUELO

Entre os destaques do festival está a homenagem a Maria de Medeiros, celebrando o seu percurso como atriz, realizadora e artista multifacetada. Serão exibidos filmes icónicos da sua carreira, como Silvestre, de João César Monteiro, onde protagonizou um dos seus primeiros papéis no cinema, e Capitães de Abril, a sua obra como realizadora que homenageia a Revolução dos Cravos.

A homenagem é uma forma de sublinhar a ligação histórica e afectiva de Maria de Medeiros com o cinema europeu e internacional, bem como o seu papel de embaixadora cultural de Portugal no mundo.

Animação portuguesa também em destaque

cinema de animação marca igualmente presença no festival, com Os demónios do meu avô, de Nuno Beato, a ser exibido acompanhado por uma exposição com miniaturas em stop-motion usadas na produção do filme — um raro vislumbre do processo criativo por detrás da técnica artesanal.

O realizador João Gonzalez, autor do premiado Ice Merchants, dará ainda uma masterclasse sobre animação, contribuindo para o reconhecimento internacional da nova geração de animadores portugueses.

Clássicos e novos olhares

A selecção de obras portuguesas inclui títulos fundamentais como Maria do Mar (1930), de Leitão de Barros, e Trás-os-Montes (1976), de António Reis e Margarida Cordeiro — ambos pilares históricos do nosso cinema.

Mas também há espaço para o contemporâneo com filmes como A fábrica de nada (Pedro Pinho), As Fado Bicha (Justine Lemahieu) e A noite (Regina Pessoa). O documentário A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro, que aborda a resistência à exploração de lítio em Covas do Barroso, está nomeado para o prémio de melhor longa-metragem documental ibero-americana.

Outros filmes em competição incluem Tardes de solidão, do espanhol Albert Serra (coprodução portuguesa), Ouro negro, de Takashi Sugimoto (produzido por Uma Pedra no Sapato), e Tapete voador, curta-metragem de Justin Amorim baseada em casos reais de abuso sexual em Portugal.

Representação LGBT e consciência social

Na secção Maguey, dedicada a narrativas LGBT, o filme Duas vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques, traz à tela a história de uma figura ficcional perseguida pela Inquisição por transgredir as normas de género da época.

Já La memoria de las mariposas, da peruana Tatiana Fuentes Sadowski, com coprodução portuguesa da Oublaum Filmes, está a concurso na categoria de cinema socioambiental, um tema cada vez mais presente nas preocupações dos festivais internacionais.

Um festival que celebra o passado, o presente e o futuro do cinema português

Com esta programação vasta e eclética, o Festival de Guadalajara assume-se como uma montra de luxo para o cinema português, reconhecendo não só os mestres do passado como também as vozes emergentes de uma nova geração de criadores.

A 40.ª edição do festival decorre até 14 de Junho, e é, sem dúvida, um momento de celebração para todos os que acreditam na força transformadora do cinema português além-fronteiras.

Animação Portuguesa Brilha nos Prémios Quirino com “A Menina com os Olhos Ocupados” e “Percebes”

animação portuguesa está em destaque na nova edição dos Prémios Quirino, os prestigiados galardões ibero-americanos dedicados ao cinema de animação. Entre os nomeados revelados esta quarta-feira, dois filmes portugueses e uma coprodução nacional surgem em diferentes categorias, confirmando o talento e a criatividade nacional nesta área.

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Os vencedores serão conhecidos a 10 de maio, em Tenerife, Espanha.

“A Menina com os Olhos Ocupados” Conquista Três Nomeações

O filme “A Menina com os Olhos Ocupados”, baseado no livro ilustrado de André Carrilho, é um dos grandes destaques da edição deste ano, somando três nomeações:

🏆 Melhor Curta-Metragem de Animação Ibero-Americana

🎨 Melhor Desenvolvimento Visual

🎼 Melhor Desenho de Som e Música Original

A história acompanha uma menina que não desgruda os olhos do telemóvel, ignorando tudo o que a rodeia – desde brincadeiras imaginárias a passeios na praia ou visitas ao circo. Sem diálogos, mas com uma animação expressiva e sonora, o filme já conquistou um lugar em mais de 70 festivais internacionais.

“Percebes”: Um Documentário Animado Que Explora a Tradição e o Turismo

Também nomeado na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação Ibero-Americana está “Percebes”, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves.

O filme, premiado no Festival de Annecy em 2024, aborda o ciclo de vida do percebe, um dos mais cobiçados mariscos da gastronomia portuguesa. Mas não é apenas sobre biologia marinha: o documentário explora a dura realidade de quem apanha e comercializa percebes no Algarve, num contraste com o turismo massificado que afeta a região.

“Mataram o Pianista”: A Coprodução Portuguesa na Corrida

Na categoria de Melhor Longa-Metragem de AnimaçãoPortugal marca presença com a coprodução “Mataram o Pianista”, um documentário animado realizado pelos espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal e produzido pela portuguesa Animanostra.

O filme mergulha na história trágica do pianista Francisco Tenório Jr., um nome essencial da Bossa Nova, desaparecido em Buenos Aires, em 1976, durante a ditadura militar argentina. A obra explora não só a riqueza musical do Brasil, mas também as brutais perseguições políticas que marcaram a América Latina nas décadas de 1960 e 1970.

O Prestígio dos Prémios Quirino

Criados em 2018, os Prémios Quirino visam promover o cinema de animação dos 23 países ibero-americanos. O nome do galardão homenageia Quirino Cristiani, pioneiro argentino responsável pela primeira longa-metragem de animação da história: “El Apóstol” (1917).

Nesta oitava edição, estão nomeados 26 filmes distribuídos por 10 categorias.

Quando e Onde Acompanhar?

📅 Data da cerimónia: 10 de maio

📍 Local: San Cristóbal de La Laguna, Tenerife, Espanha

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📽️ E tu, já viste alguma destas animações? Qual delas achas que tem mais hipóteses de vencer?

Animação Portuguesa Volta a Brilhar: “Percebes” Entra na Shortlist dos Óscares 2025

Portugal volta a destacar-se no panorama internacional do cinema com a curta-metragem de animação “Percebes”, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, a conquistar um lugar na shortlist para a categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação nos Óscares 2025. Este é um marco significativo para a animação nacional, que já alcançou reconhecimento internacional em anos anteriores.

“Percebes”: Uma Obra de Sensibilidade e Originalidade

Produzido pela cooperativa BAP Animation, com coprodução francesa, “Percebes” é um retrato poético e visualmente impressionante sobre o ciclo de vida do molusco que dá nome ao filme. A obra aborda também a dinâmica comunitária do barlavento algarvio, explorando a ligação entre os elementos naturais e culturais desta região. Premiado em festivais de renome como Annecy e Cinanima, “Percebes”reafirma a capacidade do cinema português de contar histórias universais através de uma lente profundamente local.

Este é o quinto filme português de animação a integrar a shortlist dos Óscares, seguindo os passos de títulos como “História Trágica com Final Feliz” (2006) e “Ice Merchants” (2023), este último o primeiro a ser efetivamente nomeado.

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Animação Nacional: O Orgulho de Portugal nos Óscares

A presença de “Percebes” na shortlist mantém viva a esperança de Portugal conquistar uma estatueta dourada. Desde que as shortlists são divulgadas, a categoria de animação tem sido uma das áreas onde o talento nacional mais se destaca. Em contraste, a categoria de Melhor Filme Internacional permanece como um objetivo ainda por alcançar, com Portugal a estender o recorde de maior número de candidaturas sem nomeação, agora com 41 submissões.

Outros Destaques das Shortlists dos Óscares 2025

Além de “Percebes”, a categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação conta com outros 14 candidatos de alto nível, reafirmando a competitividade desta edição. Na categoria de Melhor Filme Internacional, filmes como “Ainda Estou Aqui” (Brasil), “Emilia Pérez”(França) e “The Girl with the Needle” (Dinamarca) dominam a disputa.

A categoria de Documentário de Longa-Metragem também apresenta fortes concorrentes, incluindo o aclamado “Dahomey”, atualmente em exibição em Portugal. Outros títulos de destaque incluem “Sugarcane” (Disney+), “No Other Land” (Filmin) e “Will & Harper”(Netflix).

Grandes Favoritos e Categorias Técnicas

Entre os títulos mais populares do ano, destaca-se “Emilia Pérez”, que lidera com seis possíveis nomeações em categorias como Melhor Filme Internacional, Caracterização, Banda Sonora e Canção Original. “Wicked” e “Dune – Parte II” também são presença constante em categorias técnicas, consolidando-se como grandes candidatos à cerimónia de 2 de março de 2025.

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Rumo aos Óscares

A revelação das nomeações finais a 17 de janeiro de 2025 determinará se “Percebes” poderá seguir os passos de “Ice Merchants” e conquistar uma nomeação histórica. Independentemente do resultado, esta conquista reforça o lugar da animação portuguesa no panorama global e a capacidade do cinema nacional de emocionar e inspirar audiências internacionais.