Cinema Português em Destaque: “Percebes”, “Bad for a Moment” e “A Fronteira Azul” Competem em Clermont-Ferrand

O cinema português continua a afirmar-se internacionalmente, com três curtas-metragens selecionadas para o prestigiado Festival Internacional de Curta-Metragem de Clermont-Ferrand. Considerado o evento mais relevante dedicado ao formato de curta-metragem, a 47.ª edição decorre de 31 de janeiro a 8 de fevereiro de 2025, reunindo cineastas de todo o mundo. Entre as obras destacadas estão “Percebes”, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, “Bad for a Moment”, de Daniel Soares, e “A Fronteira Azul”, de Dinis Costa.

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Na competição nacional estará “A Fronteira Azul”, uma coprodução luso-espanhola realizada por Dinis Costa. O filme explora a chegada de um navio ilegal à costa ibérica, narrando a história através das perspetivas de várias personagens, desde os migrantes aos que os auxiliam ou observam à distância. Esta narrativa multifacetada, produzida pela Furyo Films, promete lançar um olhar sensível e humano sobre a migração, uma questão social premente na Europa atual.

Representação Internacional de Excelência

Já na competição internacional, “Percebes” e “Bad for a Moment” elevam o cinema português com temas que vão desde o impacto ambiental e cultural à crítica social. “Percebes”, uma animação-documentário de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, mergulha na apanha tradicional deste molusco no Barlavento Algarvio. Vencedor do prémio máximo no Festival de Annecy, o filme não só celebra a gastronomia portuguesa, mas também reflete sobre a ligação ao mar e os desafios da comunidade local. O projeto surge numa semana marcante para as realizadoras, já que “Percebes” entrou na lista de finalistas aos Óscares de 2025.

Por outro lado, “Bad for a Moment”, de Daniel Soares, aborda a gentrificação nas cidades através de uma história de ficção. Premiado com uma menção especial em Cannes, o filme narra como um evento de team-building leva o dono de um atelier de arquitetura a enfrentar os impactos sociais das suas ações no bairro que está a transformar. Uma crítica incisiva às dinâmicas urbanas contemporâneas, esta curta promete não deixar ninguém indiferente.

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Um Momento de Glória para o Cinema Português

A presença destes três filmes no festival é um marco para o cinema nacional, demonstrando a diversidade e a qualidade das narrativas produzidas em Portugal. O Festival de Clermont-Ferrand é conhecido por abrir portas a novas oportunidades internacionais, sendo um palco privilegiado para o reconhecimento de talentos emergentes e consolidados. Este destaque reforça a capacidade do cinema português de contar histórias únicas e universais, conquistando audiências e prémios por todo o mundo.

Animação Portuguesa Volta a Brilhar: “Percebes” Entra na Shortlist dos Óscares 2025

Portugal volta a destacar-se no panorama internacional do cinema com a curta-metragem de animação “Percebes”, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, a conquistar um lugar na shortlist para a categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação nos Óscares 2025. Este é um marco significativo para a animação nacional, que já alcançou reconhecimento internacional em anos anteriores.

“Percebes”: Uma Obra de Sensibilidade e Originalidade

Produzido pela cooperativa BAP Animation, com coprodução francesa, “Percebes” é um retrato poético e visualmente impressionante sobre o ciclo de vida do molusco que dá nome ao filme. A obra aborda também a dinâmica comunitária do barlavento algarvio, explorando a ligação entre os elementos naturais e culturais desta região. Premiado em festivais de renome como Annecy e Cinanima, “Percebes”reafirma a capacidade do cinema português de contar histórias universais através de uma lente profundamente local.

Este é o quinto filme português de animação a integrar a shortlist dos Óscares, seguindo os passos de títulos como “História Trágica com Final Feliz” (2006) e “Ice Merchants” (2023), este último o primeiro a ser efetivamente nomeado.

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Animação Nacional: O Orgulho de Portugal nos Óscares

A presença de “Percebes” na shortlist mantém viva a esperança de Portugal conquistar uma estatueta dourada. Desde que as shortlists são divulgadas, a categoria de animação tem sido uma das áreas onde o talento nacional mais se destaca. Em contraste, a categoria de Melhor Filme Internacional permanece como um objetivo ainda por alcançar, com Portugal a estender o recorde de maior número de candidaturas sem nomeação, agora com 41 submissões.

Outros Destaques das Shortlists dos Óscares 2025

Além de “Percebes”, a categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação conta com outros 14 candidatos de alto nível, reafirmando a competitividade desta edição. Na categoria de Melhor Filme Internacional, filmes como “Ainda Estou Aqui” (Brasil), “Emilia Pérez”(França) e “The Girl with the Needle” (Dinamarca) dominam a disputa.

A categoria de Documentário de Longa-Metragem também apresenta fortes concorrentes, incluindo o aclamado “Dahomey”, atualmente em exibição em Portugal. Outros títulos de destaque incluem “Sugarcane” (Disney+), “No Other Land” (Filmin) e “Will & Harper”(Netflix).

Grandes Favoritos e Categorias Técnicas

Entre os títulos mais populares do ano, destaca-se “Emilia Pérez”, que lidera com seis possíveis nomeações em categorias como Melhor Filme Internacional, Caracterização, Banda Sonora e Canção Original. “Wicked” e “Dune – Parte II” também são presença constante em categorias técnicas, consolidando-se como grandes candidatos à cerimónia de 2 de março de 2025.

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Rumo aos Óscares

A revelação das nomeações finais a 17 de janeiro de 2025 determinará se “Percebes” poderá seguir os passos de “Ice Merchants” e conquistar uma nomeação histórica. Independentemente do resultado, esta conquista reforça o lugar da animação portuguesa no panorama global e a capacidade do cinema nacional de emocionar e inspirar audiências internacionais.

Sete Filmes Portugueses em Competição no Festival de Cinema de Tallinn

Portugal terá uma forte representação no Festival de Cinema de Tallinn deste ano, com sete produções em competição. Entre os filmes selecionados encontram-se Sonhar com Leões, de Paolo Marinou-Blanco, que estreia mundialmente na secção Escolha da Crítica, e Ouro Negro, documentário de Takashi Sugimoto, que examina questões de fé e comércio no contexto rural da Índia. Ambos os filmes receberam apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), reforçando o impacto internacional do cinema português.

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Sonhar com Leões é descrito como uma “tragicomédia sombria” sobre a eutanásia, com um elenco de atores talentosos, incluindo Denise Fraga, João Nunes Monteiro e Joana Ribeiro. No documentário Ouro Negro, Sugimoto explora a tradição do corte de cabelo em aldeias indianas, refletindo sobre os rituais e sacrifícios ligados à fé.

Entre as curtas-metragens portuguesas, destacam-se Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, vencedor do prémio de melhor curta no Festival de Annecy, e Amanhã Não Dão Chuva, de Maria Trigo Teixeira. Outros títulos incluem A Menina com os Olhos Ocupados, de André Carrilho, e Cherry, Passion Fruit, de Renato José Duque, garantindo uma presença vibrante e diversificada do cinema português em Tallinn.

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Realizadoras Joana Sá, Alexandra Ramires e Laura Gonçalves premiadas no Festival Vista Curta

Festival Vista Curta, que terminou recentemente em Viseu, premiou as realizadoras Joana SáAlexandra Ramires e Laura Gonçalves nas suas principais categorias. Na competição nacional, o prémio de melhor curta-metragem foi atribuído a “Percebes”, uma obra de Ramires e Gonçalves, que já tinha sido distinguida no Festival de Annecy. Na competição local, reservada a filmes de pessoas de Viseu ou rodados na cidade, o prémio foi para “Abcedo”, de Joana Sá.

Cada realizadora recebeu um prémio de 1.500 euros, totalizando 3.000 euros em prémios atribuídos pelo Cine Clube de Viseu, organizador do evento. O festival contou ainda com o prémio Primeira Vista, que distinguiu Tiago ‘Ramón’ Santos pela curta-metragem “Camaleão”. Este prémio, instituído em 2021, consiste numa escultura e é atribuído por um júri composto por estudantes de Viseu.

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O Festival Vista Curta, que se estendeu ao longo de cinco dias, incluiu competições de curtas-metragens, longas-metragens, cine-concertos, programas para escolas e conversas com realizadores. Entre os destaques desta edição estiveram os cineastas Paulo Abreu e Melanie Pereira, que apresentaram os seus filmes e participaram em conversas com o público. Além das sessões de cinema, o festival também inaugurou a exposição “Cine- Pt Pola-PN” de Nuno Tudela, que ficará patente no Museu da História da Cidade até janeiro de 2025.