
Jimmy Stewart foi um dos grandes ícones do cinema norte-americano, um ator que marcou décadas com a sua presença nobre, olhar humilde e voz inconfundível. Mas além de uma carreira recheada de clássicos como It’s a Wonderful Life ou Mr. Smith Goes to Washington, Stewart era também um homem profundamente ligado aos seus afetos — e entre eles, havia um lugar muito especial reservado para os cães.
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Foi no programa The Tonight Show com Johnny Carson, em 1981, que o lendário ator revelou um lado inesperadamente íntimo e tocante do seu mundo pessoal. Com voz trémula, leu um poema escrito por si sobre o seu fiel amigo Beau, um golden retriever que partilhou com ele anos de companheirismo. O que se seguiu foi um dos momentos televisivos mais genuinamente emocionantes da história da televisão americana: tanto Stewart como Carson tentaram, em vão, conter as lágrimas.
Beau, o cão feliz que nunca foi muito obediente
O poema — simplesmente intitulado Beau — começa com humor. Stewart recorda como o seu cão nunca respondia a comandos, preferindo seguir o seu próprio instinto. “A diferença entre um cão treinado e um cão feliz? Prefiro o cão feliz”, disse o ator, resumindo numa frase o espírito livre do seu companheiro. Beau não era modelo de obediência, mas era absolutamente leal. Mordia o carteiro, assustava o leitor do gás, chegou até a incendiar a casa — embora, segundo Stewart, tanto ele como o lar tenham sobrevivido.
Mas à medida que o poema avança, a leveza dá lugar à melancolia. As descrições das rotinas noturnas, dos momentos de silêncio e dos olhares cúmplices entre o dono e o cão ganham um peso maior quando o poema chega ao momento inevitável: a morte de Beau.
Quando um cão parte… mas nunca nos deixa
“E agora ele está morto”, lê Stewart com esforço, antes de descrever como, por vezes, ainda sente Beau a subir para a cama, ou acredita sentir o seu olhar atento no meio da noite. “E estendo a mão para lhe afagar o pelo… e ele não está lá”.
É um poema sobre perda, sim, mas também sobre amor incondicional, companheirismo silencioso e a forma como os cães nos entendem sem palavras. Numa era em que as estrelas de Hollywood raramente mostravam fragilidade, Jimmy Stewart emocionou milhões ao declarar o seu amor eterno por um cão que, como tantos, se tornou mais do que um animal de estimação — tornou-se família.
Um momento que ficou para a história
O vídeo da leitura de Beau continua a ser partilhado até hoje, com milhões de visualizações no YouTube e redes sociais. É um lembrete poderoso de que mesmo os maiores astros da Sétima Arte são, acima de tudo, humanos — e que o amor por um animal pode ser tão profundo e transformador como qualquer outro.
Stewart viveu até aos 89 anos. A sua carreira foi homenageada com Óscares, medalhas e tributos de Estado. Mas para muitos, o momento mais sincero e comovente da sua vida pública aconteceu ali, naquele estúdio, quando falou de um cão chamado Beau. E de como, mesmo depois da morte, ele continuava a subir para a cama, todas as noites.
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