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Morreu Brigitte Bardot, Ícone Absoluto do Cinema Francês, aos 91 Anos

A morte de Brigitte Bardot, aos 91 anos, assinala o desaparecimento de uma das figuras mais marcantes — e contraditórias — da história do cinema europeu. Atriz, musa, símbolo sexual, fenómeno mediático global e, mais tarde, ativista radical pelos direitos dos animais, Bardot foi muito mais do que uma estrela: foi um choque cultural à escala mundial.

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Apesar de se ter afastado do cinema há mais de meio século, a sua imagem continuou a atravessar gerações. O simples uso das iniciais “BB” tornou-se sinónimo de liberdade, provocação e uma feminilidade que desafiou frontalmente os códigos morais da década de 1950. A sua consagração chegou com E Deus Criou a Mulher, realizado por Roger Vadim, um filme que escandalizou plateias e transformou Bardot numa estrela planetária, numa altura em que Hollywood ainda vivia sob forte censura moral.

Nascida em Paris em 1934, Brigitte Anne-Marie Bardot teve formação em ballet, entrou cedo no mundo da moda e rapidamente despertou a atenção do cinema. Os primeiros anos foram marcados por filmes de sucesso irregular, mas a sua presença mediática — sobretudo em Cannes — já era avassaladora. A partir do final dos anos 1950, Bardot tornou-se o rosto de uma nova Europa culturalmente libertária, eclipsando fronteiras linguísticas e rivalizando em notoriedade com estrelas americanas como Marilyn Monroe.

A década de 1960 consolidou o seu estatuto artístico. Trabalhou com realizadores como Henri-Georges ClouzotLouis Malle e Jean-Luc Godard, destacando-se em filmes como La vérité e O Desprezo. Paradoxalmente, quanto maior era o reconhecimento artístico, mais insuportável se tornava para ela o peso da fama. A perseguição obsessiva dos paparazzi e uma vida pessoal permanentemente exposta acabariam por empurrá-la para uma retirada precoce.

Em 1973, aos 38 anos, Bardot abandona definitivamente o cinema. O gesto foi radical e sem regresso. Refugiou-se em La Madrague, em Saint-Tropez, e iniciou aquilo que considerava a “segunda vida”: uma dedicação absoluta à defesa dos animais. Fundou a Fundação Brigitte Bardot e tornou-se uma das vozes mais influentes — e controversas — do ativismo animal na Europa, denunciando práticas como a caça às focas, a experimentação animal e o uso de peles.

Esse mesmo radicalismo marcou também o lado mais sombrio do seu legado. As posições políticas extremadas, declarações contra imigração, o Islão e minorias, valeram-lhe várias condenações judiciais por incitamento ao ódio racial e um progressivo afastamento do consenso público. Bardot nunca recuou. Pelo contrário, assumiu sempre a coerência entre as suas convicções e o isolamento que elas implicavam.

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A sua morte fecha um capítulo essencial da história do cinema francês e europeu. Brigitte Bardot foi simultaneamente libertação e polémica, arte e escândalo, ícone cultural e figura fraturante. Poucas estrelas ousaram viver — e pagar — com tamanha intensidade a liberdade que reivindicavam.

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