O nome de Liam Neeson, actor respeitado e figura pública associada a causas humanitárias, está a ser alvo de intenso escrutínio depois de se saber que é o narrador de um novo documentário acusado de promover ideias anti-vacinação. A controvérsia em torno de Plague of Corruption: 80 Years of Pharmaceutical Corruption Exposed apanhou muitos de surpresa, sobretudo tendo em conta o histórico público do actor na defesa da ciência e da saúde pública.
Conhecido por filmes como Taken, Schindler’s List ou, mais recentemente, pelo regresso à comédia em The Naked Gun, Neeson é também Embaixador da Boa Vontade da UNICEF desde 2011. Ainda em 2022, o actor elogiava abertamente as vacinas, classificando-as como “uma das maiores conquistas colectivas da humanidade”. É precisamente esse contraste que está agora a alimentar a indignação.
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O documentário e as acusações
Plague of Corruption apresenta-se como uma investigação sobre alegada corrupção sistémica na indústria farmacêutica ao longo de oito décadas. No entanto, segundo vários críticos e especialistas em saúde pública, o filme vai muito além da crítica legítima e entra em território abertamente anti-vacinação.
O documentário inclui entrevistas com figuras associadas ao movimento anti-vax, entre elas Robert F. Kennedy Jr., actual secretário da Saúde e Serviços Humanos dos EUA, cuja actuação tem sido duramente criticada por médicos e investigadores. A obra baseia-se ainda num livro publicado pela Children’s Health Defense, organização fundada por Kennedy e conhecida pela disseminação de desinformação sobre vacinas.
De acordo com informações avançadas por vários meios de comunicação norte-americanos, a narração de Neeson inclui afirmações que classificam as vacinas de mRNA contra a COVID-19 como “experiências perigosas”, além de críticas severas às medidas de confinamento, sugerindo que “milhares de vidas foram perdidas não por causa do vírus, mas pela angústia mental provocada pelas restrições”.
A resposta de Liam Neeson
Perante a reacção negativa, os representantes do actor apressaram-se a esclarecer a sua posição. Num comunicado enviado a vários órgãos de comunicação social, sublinham que Liam Neeson “nunca foi, nem é, anti-vacinação”.
O texto acrescenta que o actor reconhece a possibilidade de corrupção dentro da indústria farmacêutica, mas rejeita que isso seja confundido com oposição às vacinas. A nota recorda ainda o trabalho prolongado de Neeson com a UNICEF e o seu apoio consistente a programas globais de imunização e saúde pública, afirmando que o actor não teve qualquer controlo editorial sobre o conteúdo do documentário.
Reacções e impacto público
Apesar da tentativa de distanciamento, as reacções nas redes sociais foram duras. Muitos consideram “incompreensível” que uma figura com a credibilidade e o historial de Neeson aceite participar num projecto deste tipo, mesmo que apenas como narrador. Outros questionam a responsabilidade das celebridades quando emprestam a sua voz e prestígio a obras com impacto potencialmente nocivo.
A polémica levanta, mais uma vez, uma questão recorrente em Hollywood: até que ponto actores e figuras públicas devem ser responsabilizados pelos projectos que escolhem, sobretudo quando estes tocam em temas sensíveis como a saúde pública e a ciência?
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Para já, Plague of Corruption continua envolto em controvérsia — e Liam Neeson vê-se forçado a gerir uma das situações mais delicadas da sua carreira fora do grande ecrã



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