A actriz vencedora de um Óscar confessa estar cansada de ver as suas opiniões políticas amplificadas e distorcidas. Numa conversa com o The New York Times, Jennifer Lawrence explica por que decidiu calar-se — e deixar que o seu trabalho fale por si.
Jennifer Lawrence já não quer ser o megafone político de Hollywood. Durante a sua participação no podcast The Interview, do The New York Times, a actriz revelou estar a atravessar uma “recalibração complicada” — uma espécie de reconciliação entre a sua consciência política e a necessidade de proteger a sua carreira artística.
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“Não sei se devo continuar a falar sobre Trump e política”, confessou. “Na primeira administração Trump eu estava em pânico, a pensar ‘como é que deixámos isto acontecer?’. Mas o que é que ganhámos? Os eleitores não mudam o voto por causa de celebridades. Só estou a lançar mais lenha para o fogo que está a rasgar o país.”
Entre a artista e a cidadã
Jennifer Lawrence foi uma das vozes mais sonoras de Hollywood contra Donald Trump em 2016, tendo assinado um artigo em que lamentava que “só os homens brancos se sentissem seguros na América”. Agora, aos 34 anos e em plena promoção do novo filme Die My Love, a actriz admite que a sua relação com a política mudou:
“Sou uma artista, e o clima está tão polarizado que temo afastar pessoas das minhas obras por causa das minhas opiniões. Quero proteger a minha arte. Se o que eu disser não contribuir para paz, empatia ou solução, então prefiro não dizer nada.”
A actriz diz-se particularmente incomodada com o fenómeno de “cancelamento parcial” de artistas que expressam posições políticas:
“Vês actores incríveis, com carreiras brilhantes, e de repente metade da internet não quer ver-lhes a cara. É terrível. Fico magoada por essas pessoas.”
Política através do cinema
Lawrence explica que hoje prefere canalizar as suas convicções políticas através da cinema e da produção. A sua produtora tem apostado em projetos com temas sociais e políticos fortes, como Bread and Roses — que acompanha três mulheres afegãs após o regresso do Talibã ao poder — e o documentário Zurawski v. Texas, sobre direitos reprodutivos e aborto nos EUA.
“Tento exprimir a minha política através do meu trabalho”, disse. “Esses filmes refletem o mundo em que vivemos — é a minha forma de ser útil.”
Uma relação complicada com a fama
A conversa com a jornalista Lulu Garcia-Navarro também abordou outro tema que tem acompanhado Jennifer Lawrence: a sua relação com a fama e a autopercepção. Depois de um período em que a actriz admitiu ter-se tornado “irritante” nas entrevistas, Lawrence afastou-se de Hollywood por dois anos.
“As pessoas estavam fartas de mim. E eu também estava farta de mim”, contou. “Fazer entrevistas é assustador. Dizes uma frase, e ela é repetida, descontextualizada e dissecada. Eu precisava de um intervalo — e o público também.”
A actriz reconhece agora um lado mais maduro e reservado:
“Cresci. Hoje penso mais antes de falar. Não quero dar entrevistas cheias de frases feitas. Quero ser autêntica, e às vezes isso significa simplesmente calar-me.”
A próxima estreia
Jennifer Lawrence regressa aos cinemas no dia 7 de novembro com Die My Love, distribuído pela MUBI, um drama intenso que promete mostrar uma faceta mais contida e emocional da actriz.
Pode-se discutir se Jennifer Lawrence deve ou não voltar a falar sobre política — mas há uma coisa certa: quando fala através do cinema, o mundo escuta.



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