
James McAvoy, um dos atores mais reconhecidos da sua geração, voltou a abordar um tema que lhe é particularmente próximo: a falta de oportunidades para pessoas da classe trabalhadora na indústria do cinema. O ator escocês, que cresceu num bairro social em Drumchapel, Glasgow, falou sobre o assunto durante uma conversa especial no Festival de Cinema de Glasgow, onde também recebeu o prémio Cinema City Honorary Award pelo seu contributo para a sétima arte.
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O elitismo e a falta de oportunidades no cinema
Durante o evento, McAvoy não hesitou em apontar o dedo ao sistema, sublinhando que o cinema e a televisão não existem para oferecer oportunidades a quem tem menos recursos.
“Esta indústria é baseada no capitalismo – e não estou a dizer que isso é bom ou mau –, mas a necessidade ou o dever de criar uma futura força de trabalho, quanto mais uma força de trabalho diversificada, não parece ser algo que a indústria se importe ou sequer pense sobre.”
O ator, que fez a sua estreia em “O Último Rei da Escócia” e conquistou Hollywood com papéis em “Expiação”, “Fragmentado” e na saga “X-Men”, alertou que há uma falsa crença de que novos artistas “simplesmente aparecem”, quando na verdade são necessários mecanismos de apoio e formação.
“Talvez precisemos de preparar o terreno para que essas pessoas possam emergir e serem treinadas muito mais.”
A arte como forma de abrir horizontes
McAvoy argumentou que o problema não é apenas a falta de diversidade no cinema, mas sim um sintoma de uma questão maior: o défice de acesso à educação artística para todos.
“A arte não existe apenas para criar artistas. Existe para criar pessoas mais equilibradas, mais capazes e mais confiantes, que foram expostas a algo além das quatro paredes da escola, além dos horizontes do seu bairro e do seu país.”
Para McAvoy, quem nasce em famílias com dinheiro tem facilidade em viajar, ver o mundo e absorver novas experiências. Mas quem vem de meios mais desfavorecidos pode apenas encontrar essa expansão de horizontes através da arte.
“Quando tens muito dinheiro, tens as chaves do mundo. Mas quando não tens, como é que consegues essa visão mais ampla? Através da arte.”
Fracasso: a diferença entre um miúdo de um bairro social e um de Oxford
O ator acredita que o contacto precoce com as artes performativas pode mudar mentalidades, especialmente no que diz respeito ao medo do fracasso.
“O que a arte – especialmente a performance – dá às crianças é a capacidade de se tornarem insensíveis ao medo do fracasso. Se uma criança cresce a experienciar falhas, a ser vaiada num palco, a tentar de novo, ela ganha confiança para enfrentar desafios.”
McAvoy compara essa mentalidade ao que acontece com os estudantes de universidades de elite, como Oxford e Cambridge:
“Essas pessoas crescem sem medo de entrar numa sala e dizer ‘sim, eu consigo este emprego’. Enquanto uma criança sem essa experiência pode ser dominada pelo medo de errar, o que a impede de correr riscos – seja para seguir uma carreira artística ou até para candidatar-se a um simples cargo de gerente num Greggs.”
Um futuro de oportunidades para todos?
O ator escocês foi claro ao dizer que o problema não está apenas no cinema, mas sim na sociedade como um todo. O sentimento de “entitlement” (sentir-se no direito de ir atrás de algo) deveria ser para todos, não apenas para os que cresceram com privilégios.
“Toda a gente devia sentir-se no direito de perseguir os seus sonhos. Mas a verdade é que nem todos têm essa oportunidade.”
Por fim, McAvoy reforçou que o acesso à educação, especialmente na área das artes, deveria ser igual para todos, independentemente da sua origem socioeconómica.
“Vivemos num país onde pagamos impostos, e as nossas crianças deviam ter um nível de educação semelhante ao das crianças das famílias ricas.”
James McAvoy está a tentar mudar as regras do jogo?
O ator não se limitou a falar – quis agir. McAvoy está atualmente a trabalhar no seu primeiro filme como realizador, California Schemin’, que pretende explorar as dificuldades enfrentadas por jovens sem acesso às mesmas oportunidades que outros.
O seu discurso não deixa dúvidas: o sistema está viciado, e só mudará quando forem dadas oportunidades reais às classes mais desfavorecidas.
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🎭 E tu, concordas com James McAvoy? A indústria do cinema devia ser mais inclusiva para pessoas de todas as classes sociais? Diz-nos a tua opinião nos comentários!
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