A nova aposta da Netflix, “Carry-On”, é um thriller tenso e envolvente que prova que mesmo um aeroporto lotado na véspera de Natal pode ser palco de uma narrativa de tirar o fôlego. Dirigido por Jaume Collet-Serra (“The Shallows”, “Black Adam”), o filme combina o charme da performance de Taron Egerton e a intensidade de Jason Bateman, criando um duelo psicológico que prende a atenção até ao último frame.
Enredo: Um Dia Infernal no Aeroporto
A trama acompanha Ethan Kopek (Egerton), um agente da segurança do transporte aéreo (TSA) no aeroporto de LAX. Num dia já caótico, Ethan vê a sua vida virar do avesso ao ser chantageado por um misterioso viajante (Bateman), que o obriga a deixar passar uma bagagem suspeita sob ameaça à vida da sua namorada, Nora (Sofia Carson). Este cenário inicia um intenso jogo de gato e rato, onde a tensão e as escolhas morais ganham protagonismo.
Personagens: Entre Heróis e Vilões
Egerton interpreta Ethan com uma mistura perfeita de vulnerabilidade e determinação, revelando camadas de um homem comum forçado a lidar com circunstâncias extraordinárias. O ator captura a essência de alguém dividido entre o dever, o medo e o amor, transformando-se num improvável herói.
Por outro lado, Jason Bateman brilha como o antagonista. O seu personagem, embora enigmático, exala uma calma assustadora que contrasta com o desespero de Ethan. As interações entre os dois são o ponto alto do filme, trazendo tensão e imprevisibilidade para cada confronto.
Realização e Atmosfera
A direção de Collet-Serra destaca-se pela forma como utiliza o cenário do aeroporto para criar claustrofobia e urgência. As cenas no LAX são dinâmicas e detalhadas, apresentando um retrato humanizador dos agentes da TSA. Os vislumbres do cotidiano dos colegas de Ethan adicionam um toque de leveza a uma narrativa intensa, enquanto as cenas de suspense são amplificadas pela fotografia hábil de Lyle Vincent (“A Girl Walks Home Alone at Night”).
No entanto, nem tudo é perfeito. Um subplot envolvendo uma investigação policial, liderada por Elena Cole (Danielle Deadwyler), parece desnecessariamente subdesenvolvido e desconexo em relação ao enredo principal. Embora tenha potencial, esta narrativa paralela serve apenas como uma distração, desviando a atenção do coração do filme: o embate entre Ethan e o viajante.
Temas: Vigilância e Privacidade
“Carry-On” explora subtilmente questões contemporâneas como a invasão de privacidade e o poder da vigilância estatal. Embora o filme não aprofunde as implicações filosóficas ou sociais destas temáticas, ele relembra os espectadores do impacto do controlo excessivo sobre a vida cotidiana, especialmente em locais como aeroportos, onde a tensão e a vigilância se encontram em níveis extremos.
Conclusão
“Carry-On” é um thriller eficiente que se destaca pela química entre Egerton e Bateman, pela direção envolvente de Collet-Serra e pela capacidade de manter o suspense do início ao fim. Apesar de algumas falhas narrativas e subtramas pouco desenvolvidas, o filme cumpre o seu propósito como uma experiência de entretenimento intenso e satisfatório. É um lembrete de que as escolhas mais simples — ou forçadas — podem ter consequências devastadoras.
Classificação: ★★★☆☆ (3.5/5)
No comment yet, add your voice below!