“Fogo do Vento”: Primeira Longa-Metragem de Marta Mateus Conquista Prémio em Festival Italiano 🇵🇹🔥🎬

O cinema português continua a dar cartas além-fronteiras. Desta vez foi Fogo do Vento, a estreia na longa-metragem de Marta Mateus, a conquistar aplausos internacionais: o filme venceu esta segunda-feira o prémio de Melhor Primeiro Filme Internacional no Festival de Busto Arsizio, em Itália.

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Num anúncio entusiástico, o júri do certame italiano justificou a distinção com a “linguagem pessoal” da realizadora portuguesa, elogiando a forma como a obra “narra, com originalidade, o crepúsculo do mundo rural e proletário”. A vitória ganha ainda mais relevo por se tratar do único filme português em competição.

Uma viagem sensorial entre passado, presente e futuro

Descrito como uma fábula que atravessa gerações, Fogo do Vento mergulha nas histórias de uma comunidade alentejana, misturando realismo, memória e um forte lirismo visual. A obra aprofunda personagens e temas já sugeridos por Marta Mateus na sua curta-metragem premiada Farpões Baldios (2017), apresentada na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.

O filme explora os ecos do passado — da resistência ao regime salazarista — até às tensões contemporâneas do mundo rural, num gesto de cinema que tanto convoca a tradição como dá espaço à imaginação.

Em nota de intenções, a realizadora partilha a origem sensorial e simbólica do projeto: “Um dia, no Verão de 2017, apareceu-me um touro negro no pensamento. Dias depois, chegou-me a imagem de um incêndio, de terra queimada.” E completa: “Aprendi a dar atenção aos signos, aos sonhos, às visões, a guardar os mais leves prenúncios presentes numa ideia, num sopro de vento.”

Um percurso internacional sólido

Desde a sua estreia mundial no prestigiado Festival de Locarno em 2023, Fogo do Vento tem sido um verdadeiro caso de sucesso nos circuitos de festivais. Foi selecionado para os festivais de Nova Iorque, Londres (BFI), Tóquio, Viennale (Áustria) e Valdivia (Chile), onde foi amplamente elogiado.

Entre os prémios recebidos contam-se o Prémio Especial do Júri no Avant-Garde Film Festival de Atenas, o Prémio FIPRESCI no Festival de Gijón (atribuído pela Federação Internacional de Críticos de Cinema) e o Prémio de Melhor Realização no Festival Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.

A longa-metragem é uma coprodução entre Portugal (Clarão Companhia), Suíça (Casa Azul Films) e França (Les Films d’Ici), revelando o crescente interesse internacional pela nova geração do cinema português.

Do Alentejo para o mundo

Com o Alentejo como cenário e fonte de inspiração, Fogo do Vento é, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre identidade, pertença, resistência e transformação. Não é um filme de narrativa linear ou convencional — mas sim uma tapeçaria sensorial, onde as imagens e os sons respiram ao ritmo da terra e das suas gentes.

Marta Mateus não faz concessões ao estilo “fácil”. O seu cinema é de presença, de escuta e de resistência poética. E por isso está a conquistar o respeito de quem procura no grande ecrã mais do que entretenimento: procura visão, coragem e autenticidade.

Estreia nacional marcada para setembro

Com um percurso notável em festivais internacionais, Fogo do Vento prepara-se agora para chegar ao público português. A estreia comercial está marcada para setembro de 2025, logo após o verão — uma oportunidade para os espectadores nacionais descobrirem uma das obras mais marcantes e pessoais do recente cinema luso.

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Enquanto isso, é tempo de celebrar mais um triunfo da criatividade portuguesa além-fronteiras — e de Marta Mateus, uma cineasta que, com apenas dois filmes, já se afirma como uma voz singular no panorama do cinema europeu contemporâneo.

Michelle Williams Relembra Brokeback Mountain e a Derrota que Ainda Hoje nos Deixa de Coração Partido 💔🎬

Quase duas décadas depois da estreia de Brokeback Mountain, o filme continua a marcar quem o viu. E não somos só nós a sentirmo-nos assim: Michelle Williams, uma das protagonistas, também não esquece a emoção — nem a polémica — que acompanhou a estreia deste verdadeiro marco do cinema.

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Num episódio recente do programa Watch What Happens Live With Andy Cohen, a actriz esteve a promover a série Dying for Sex, mas acabou por revisitar aquele que é, para muitos, o filme mais importante da sua carreira. E bastou um elogio sincero do apresentador para abrir as comportas da memória.

Brokeback Mountain foi e continua a ser um dos meus dois filmes preferidos de sempre”, disse Andy Cohen. “Teve um impacto profundo em mim.” E Michelle Williams respondeu com uma afirmação certeira: “Sim, sabíamos que ia ser especial. Porque as pessoas foram muito abertas sobre o que significava para elas.”

“Nunca tinha visto homens adultos chorarem assim”

Williams recorda um momento marcante durante a promoção do filme: “Lembro-me de fazer o junket e pensar — não temos muitas oportunidades de ver homens adultos a chorar. Foi nesse momento que percebemos que o filme ia tocar as pessoas de forma muito especial.”

E tocou mesmo. Realizado por Ang Lee e baseado num conto de Annie Proulx, Brokeback Mountain conta a história de amor entre dois cowboys, Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennis Del Mar (Heath Ledger), num percurso íntimo, belo e devastador, ao longo de 20 anos. Michelle Williams e Anne Hathaway interpretaram as esposas das personagens principais — e ambos os casais viveram vidas assombradas por segredos e frustrações.

O filme estreou em 2005 e conquistou o mundo. Ganhou três Óscares (Melhor Realizador, Argumento Adaptado e Banda Sonora Original) e foi nomeado para outros cinco. Mas perdeu aquele que todos davam como certo: Melhor Filme. A vitória de Crash continua a ser uma das decisões mais controversas da história da Academia.

“Quem é que fala de Crash hoje em dia?”

Durante a entrevista, Andy Cohen não escondeu a sua indignação: “Estava tão irritado com aquela derrota. Crash?! Isso é que ganhou?” — ao que Michelle respondeu com ironia: “O que era mesmo Crash?”

O momento gerou gargalhadas, mas o tom de fundo era de frustração. Brokeback Mountain foi (e continua a ser) um dos filmes mais aclamados da sua geração. O impacto cultural, emocional e simbólico da obra é inegável. Já Crash… bem, poucos se lembram da história — e menos ainda se referem a ela com entusiasmo.

Uma derrota anunciada… nos bastidores

Anos mais tarde, o realizador Ang Lee revelou que estava, literalmente, a um passo de vencer o Óscar de Melhor Filme. Depois de receber o prémio de Melhor Realizador, foi instruído por um assistente de palco a permanecer nos bastidores. “Disseram-me: ‘Fica aqui. Toda a gente assume que vais ganhar.’ Fiquei ali, mesmo ao lado do palco. Vi o Jack Nicholson abrir o envelope. E depois ele disse: Crash.”

Lee foi também confrontado com a possibilidade de o filme ter perdido por causa de preconceito contra a história de amor gay. A resposta foi clara: “Sim, acho que sim.”

Uma ferida que ainda não sarou

Apesar de todas as conquistas, a derrota de Brokeback Mountain nos Óscares de 2006 continua a ser uma espinha cravada na história da Academia. Foi um momento de viragem, que revelou tanto sobre os limites da indústria quanto sobre os seus preconceitos.

Hoje, o filme permanece como símbolo de progresso — um dos primeiros a apresentar com sensibilidade e profundidade uma história de amor entre dois homens, numa altura em que isso era tudo menos comum em Hollywood. E o seu legado só cresce com o tempo.

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Como bem disse Michelle Williams, o impacto do filme foi visível nos olhos de quem chorava nos junkets. E continua a sê-lo nos nossos corações, cada vez que ouvimos “I wish I knew how to quit you.

CinemaCon 2025: Entre Esperanças e Tensões, o Cinema Luta Para Se Reinventar 🎬

“Survive till ’25” era o lema. Mas depois de mais uma edição da CinemaCon, a realidade é outra: o verdadeiro mantra passou a ser “resistir até 2026”. Realizada mais uma vez em Las Vegas, a grande convenção anual da indústria cinematográfica revelou uma atmosfera menos festiva e mais combativa do que em anos anteriores. Em vez de apenas celebrar o poder do cinema, os protagonistas da indústria confrontaram-se com as duras verdades do pós-pandemia.

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O evento, que deveria reafirmar a vitalidade do grande ecrã, acabou por expor as fissuras entre estúdios e exibidores. Com receitas 10% abaixo das de 2024 e uma sucessão de fracassos comerciais como Snow White e Mickey 17, o ambiente era tudo menos descontraído.

Guerra das Janelas: 45, 60 ou… nenhuma?

O debate sobre as janelas de exclusividade — o tempo que um filme permanece exclusivamente nos cinemas antes de chegar ao streaming — dominou as conversas. Adam Aron, CEO da AMC Theatres, defendeu com veemência o regresso a janelas de 60 dias, longe dos 17 dias implementados durante a pandemia. Michael O’Leary, da associação Cinema United, reforçou a ideia com números: enquanto os grandes sucessos ainda funcionam, os filmes médios e pequenos estão a desaparecer.

A Disney, surpreendentemente, posicionou-se ao lado dos exibidores. O seu diretor de distribuição, Andrew Cripps, sublinhou que os filmes da casa do rato Mickey continuam a ter janelas mais longas que a concorrência. “Confiem em mim, não é por acaso”, garantiu, arrancando aplausos calorosos.

A guerra do costume: estúdios vs. salas

O espírito de “nós contra eles” voltou a marcar presença. Os estúdios acusam as salas de cinema de estagnação, de não inovarem e de resistirem à implementação de preços acessíveis. Os donos de salas, por sua vez, culpam os estúdios por terem “treinado” o público a ver tudo — excepto os blockbusters — como conteúdos para streaming.

Um executivo de um grande estúdio desabafou: “Gastamos fortunas a trazer estrelas para Las Vegas e a mostrar trailers incríveis… e eles estão mais preocupados com o número de baldes de pipocas vendidos”.

Amazon MGM: a nova esperança?

Desde que a Disney engoliu a 20th Century Fox, o mercado ficou com um vazio difícil de preencher. Mas há uma nova promessa no ar: a Amazon MGM. Na sua estreia na CinemaCon, o estúdio anunciou a intenção de lançar 15 grandes filmes por ano até 2027, com 14 já planeados para 2026. É um compromisso sério com as salas de cinema, e uma resposta direta ao pedido de mais variedade — thrillers românticos, aventuras, fantasia e cinema familiar — entre os tentpoles do costume.

Estrelas em queda… com algumas exceções

Se noutros anos a presença de astros era suficiente para levantar auditórios, este ano ficou claro que a estrela de Hollywood já não brilha como antes — pelo menos entre os donos das salas. Leonardo DiCaprio (One Battle After Another) e Scarlett Johansson foram recebidos com reações mornas. Tom Cruise, em contrapartida, emocionou ao homenagear Val Kilmer com um momento de silêncio. E só Cynthia Erivo e Ariana Grande — a dupla de Wicked — conseguiram arrancar gritos genuínos de entusiasmo.

Será que o poder das estrelas está a desaparecer… ou os exibidores apenas se tornaram mais cínicos?

2026: o ano do tudo ou nada

O novo horizonte está traçado. A verdadeira recuperação do box office, afinal, poderá só chegar em 2026 — com o regresso de sagas como AvengersSpider-ManToy Story e Minions, bem como novos filmes de Christopher Nolan e Steven Spielberg. O problema? Até lá ainda há um calendário inteiro por preencher e salas por encher.


Conclusão: Uma Indústria Dividida, Mas Ainda Viva 🍿

A CinemaCon 2025 foi menos uma festa e mais um fórum de terapia coletiva. Os números ainda não ajudam, os egos estão em brasa e as soluções continuam a dividir. Mas há sinais de esperança: alianças improváveis, compromissos ambiciosos e uma consciência crescente de que o cinema — o verdadeiro, o das salas — precisa de mais do que super-heróis para sobreviver.

Que 2026 venha com filmes… e com público.

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Russell Brand Acusado de Violação e Agressão Sexual: Comediante Enfrenta a Justiça em Londres


🎭 O comediante britânico Russell Brand, de 50 anos, foi formalmente acusado esta sexta-feira de múltiplos crimes de natureza sexual, incluindo violação, num processo que marca um novo e grave capítulo na vida do polémico artista. As acusações surgem na sequência de uma investigação de 18 meses conduzida pela Polícia Metropolitana de Londres, após quatro mulheres terem denunciado alegados abusos entre 1999 e 2005.

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Brand, conhecido pelas suas performances irreverentes em palco, pelo seu passado de excessos e por papéis em filmes como Get Him To The Greek (2010), enfrenta agora cinco acusações formais: uma de violação, uma de agressão indecente, uma de violação oral e duas de agressão sexual. Os incidentes terão ocorrido em duas localizações distintas: Bournemouth, uma cidade costeira no sul de Inglaterra, e a zona de Westminster, em Londres.

O passado reaparece — e as consequências também

As acusações remontam ao período entre 1999 e 2005, mas só vieram a público em setembro de 2023, quando uma investigação conjunta do canal britânico Channel 4 e do jornal Sunday Times revelou os testemunhos de quatro mulheres. O documentário, que gerou enorme polémica, levou a uma avalanche de críticas e à suspensão imediata da digressão de Brand, então em curso.

O artista foi interrogado pela polícia e, num vídeo divulgado na rede social X (antigo Twitter), voltou a negar as acusações:

“Nunca estive envolvido em qualquer atividade não consensual. Acredito que terei agora a oportunidade de me defender em tribunal, e estou extremamente grato por isso.”

Apesar da sua defesa pública, a acusação formal foi avançada pelo Serviço de Prosecção da Coroa britânico (CPS), com a procuradora Jaswant Narwal a afirmar que as provas recolhidas foram cuidadosamente analisadas e que havia base legal para apresentar os cinco crimes em tribunal.

Brand deverá comparecer em tribunal em Londres no próximo dia 2 de maio.

De estrela pop a paria mediático

Russell Brand tornou-se uma figura proeminente no início dos anos 2000 graças ao seu humor provocador e estilo anárquico. Apresentou programas de rádio e televisão, participou em várias produções de Hollywood e publicou livros autobiográficos sobre a sua luta contra o vício em drogas e álcool. Em 2010, casou-se com a cantora Katy Perry — um casamento mediático que durou dois anos.

Contudo, nos últimos anos afastou-se dos media convencionais, passando a alimentar um canal digital de vídeos e podcasts onde mistura temas de bem-estar, política, autoajuda e, frequentemente, teorias da conspiração. Transferiu-se para os Estados Unidos, onde reside atualmente.

A sombra do silêncio institucional

As consequências não se limitam ao foro judicial. A BBC — onde Brand apresentou programas entre 2006 e 2008 — já veio pedir desculpa aos antigos colaboradores que terão sentido queixarem-se do comportamento do artista.

“É claro que houve situações em que apresentadores abusaram da sua posição”, reconheceu a estação pública britânica num comunicado em janeiro deste ano.

Com o processo a avançar e o debate sobre os limites da impunidade mediática a intensificar-se, resta saber qual será o desfecho em tribunal — e que impacto terá este caso no futuro da indústria do entretenimento britânica, ainda a braços com escândalos semelhantes nos últimos anos.

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Yorgos Lanthimos vs. Acrópole: A Grécia Diz “Não” à Nova Cena de Emma Stone ⛔🏛️

Nem o realizador mais aclamado da Grécia, nem uma Emma Stone premiada com dois Óscares conseguiram conquistar o favor das autoridades helénicas: o Ministério da Cultura da Grécia rejeitou oficialmente o pedido de Yorgos Lanthimos para filmar cenas do seu novo filme Bugonia na icónica Acrópole. E a razão? Vamos apenas dizer que envolveria corpos espalhados por locais sagrados… nada a ver com “uma caminhada turística ao pôr-do-sol”.

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Quando a ficção científica choca com a arqueologia

A intenção do cineasta grego era filmar no sítio arqueológico mais emblemático do país, no dia 10 de abril. Contudo, o ministério foi peremptório na sua decisão:

“As cenas propostas são incompatíveis com o simbolismo (…) e os valores que a Acrópole representa.”

Segundo avança a imprensa grega, uma das cenas do filme exigia a presença de corpos aparentemente sem vida espalhados pela rocha da Acrópole — algo que, diga-se, poderá ter levantado algumas sobrancelhas… e escudos culturais.

O Ministério da Cultura até ofereceu alternativas, sugerindo locais exteriores nos arredores da Acrópole, mas o recado foi claro: “Podes ser génio, Yorgos, mas na rocha sagrada… não vais filmar.”

O trio que já conquistou Hollywood

Lanthimos regressa à comédia negra e à ficção científica com Bugonia, que promete ser um dos filmes mais esperados de 2024. Com Emma Stone no elenco — a mesma que brilhou em Pobres Criaturas e A Favorita, ambos realizados por Lanthimos — este novo projecto tem estreia programada para novembro e conta também com Jesse Plemons (Killers of the Flower Moon) e Willem Dafoe, outro habitué do universo do realizador.

A recusa grega em permitir a filmagem pode ter criado um contratempo, mas tendo em conta o historial do cineasta, é de esperar que a solução encontrada acabe por ser… estranhamente brilhante. Afinal, falamos do homem que transformou colónias balneares em distopias românticas e clínicas de fertilidade em templos de absurdismo filosófico.

Acrópole: palco de História, não de histeria

A Grécia, diga-se em abono da verdade, é particularmente cuidadosa com o uso do seu património histórico. A Acrópole — que recebeu de braços abertos figuras como Beyoncé, Tom Hanks ou J.J. Abrams — tem uma política apertada no que diz respeito à sua representação no cinema. E quando a proposta é encher o Parténon com figurantes estatelados no chão, a resposta será previsivelmente: “Nem pensar.”

O conflito entre liberdade artística e preservação cultural não é novo, mas continua a levantar questões pertinentes. Pode um realizador usar os símbolos nacionais como pano de fundo para contar histórias de ficção? Ou há limites, mesmo para os autores que, como Lanthimos, elevaram o cinema grego a um patamar global?

Final alternativo?

No final, não sabemos se Yorgos Lanthimos terá reescrito a cena, mudado de localização ou apenas murmurado um “efcharistó” resignado. Mas uma coisa é certa: a Grécia pode ter dito “não”, mas o mundo do cinema continua a dizer “sim” a tudo o que venha da mente irreverente e provocadora do autor de The Lobster.

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Bugonia tem estreia marcada para novembro — com ou sem vista para a Acrópole.

Monty Python and the Holy Grail: 50 Anos Depois, Ainda Estamos Todos a Fugir do Coelho Assassino 🐰⚔️

Em 1975, um grupo de comediantes britânicos resolveu pegar numa das maiores lendas da história europeia — a demanda pelo Santo Graal — e transformá-la numa paródia absurda, ridícula e, acima de tudo, absolutamente genial. Meio século depois, Monty Python and the Holy Grail não só continua a ser citado por milhões de fãs em todo o mundo, como parece estar mais vivo do que nunca. Literalmente, no caso de alguns castelos e… pubs.

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50 Anos a Fartar-se de Rir (e de “Fartar” em geral)

Se é verdade que a sátira envelhece mal, os Monty Python parecem ser uma das gloriosas excepções à regra. Lançado em 1975, o filme marcou a estreia do grupo britânico — composto por Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones e Michael Palin — no grande ecrã com argumento original. Com orçamentos mínimos e imaginação máxima, Holy Grail levou-nos por uma versão medieval onde cavaleiros não tinham cavalos, mas sim cocos; reis eram reconhecidos por não estarem cobertos de estrume; e coelhos fofinhos eram mais letais do que exércitos inteiros.

Frases como “It’s just a flesh wound!”, “We are the knights who say… ‘Ni!’” ou “I fart in your general direction!” tornaram-se parte do vocabulário universal de qualquer fã de comédia. Há quem diga que não se passa uma semana sem que um geek, um cinéfilo ou um professor de História diga “Well, she turned me into a newt… I got better.”

O Castelo do Graal (Sim, Existe Mesmo)

Se pensa que os cenários do filme foram criados num estúdio obscuro qualquer, desengane-se: grande parte das cenas foi filmada em Doune Castle, na Escócia — que, graças aos cortes de orçamento, teve de interpretar múltiplos castelos no filme (incluindo Camelot, claro).

Hoje, Doune Castle é praticamente um lugar de culto para fãs dos Monty Python. Além de vender cocos (sim, cocos!) na loja de lembranças para os visitantes recriarem o icónico som de cascos, também há guiões à venda e visitas áudio narradas pelos próprios Terry Jones e Terry Gilliam, repletas de anedotas sobre a produção e, presume-se, algumas gargalhadas embaraçosas.

Aliás, estima-se que cerca de um terço dos visitantes do castelo são fãs de Monty Python and the Holy Grail. O impacto cultural foi tal que inspirou a criação de um “Monty Python Day” oficial no local. Para os menos convencidos, basta olhar para o facto de que nem o filme Ivanhoe (1952), com Elizabeth Taylor, nem as séries Outlander ou Game of Thrones, conseguiram tal honra… apesar de também lá terem filmado.

Um Pub, um Nome e uma Cerveja à Moda de Terry Jones

Lá mais para sul, em Herefordshire, um pub celebra a memória do falecido Terry Jones com um nome à altura: The Python’s Arms. Localizado no terreno de uma antiga microcervejaria fundada pelo próprio Jones nos anos 70, o espaço foi inaugurado há cerca de 18 meses e serve como tributo discreto — mas bem humorado — ao génio do humor britânico.

O proprietário Mark Bentham teve o cuidado de evitar uma decoração temática exagerada, mas os detalhes estão lá: desde fotografias de Jones em poses “Pythonescas” até aos candeeiros em forma de chapéus de coco. Afinal, se um pub homenageia Terry Jones e não há uma referência visual ao Holy Grail, está a fazer alguma coisa mal.

Uma Comédia que Ainda Diz Coisas Sérias

Apesar do humor nonsense, Monty Python and the Holy Grail continua a ser uma obra surpreendentemente subversiva. Da sátira à autoridade (“Listen, strange women lyin’ in ponds distributin’ swords is no basis for a system of government”) à desconstrução da própria narrativa heróica, o filme carrega um espírito anárquico que ainda hoje parece incrivelmente fresco. A verdade é que muitos dos temas — institucionalização do poder, manipulação histórica, religiosidade cega — continuam a soar tão relevantes como em 1975.

Conclusão: “On second thought, let’s not go to Camelot. It is a silly place.”

O tempo passou, os atores envelheceram (e alguns já nos deixaram), mas a lenda — ou melhor, a anedota — do Santo Graal dos Monty Python permanece. E como qualquer culto que se preze, continua a atrair novos seguidores. Quer seja por um castelo na Escócia, por um pub na zona rural inglesa ou por uma simples citação partilhada entre amigos, o filme continua a dar-nos uma das maiores alegrias da vida: rir de coisas verdadeiramente absurdas.

Cinco décadas depois, ainda há um coelho assassino à solta — e ninguém parece interessado em fugir dele. Muito pelo contrário.

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🎮 “A Minecraft Movie” Pode Ser o Bloco de Sucesso Que Hollywood Andava a Procurar

Num mundo de bilheteiras tropeçantes e expectativas partidas em mil cubos… eis que chega A Minecraft Movie com potencial para colocar os estúdios de Hollywood a dançar o “Creeper Shuffle” da alegria. E não, não estamos a exagerar.

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Na noite de ante-estreia, o filme baseado no popular videojogo da Mojang (que já vendeu 300 milhões de cópias e conta com 140 milhões de jogadores mensais ativos) encaixou mais de 7 milhões de dólares só nas sessões de quinta-feira — o que deixou toda a indústria em modo diamante encontrado! 💎

Finalmente, um “BOOM” nas bilheteiras de 2025?

Com um ano que vai 11% atrás em receitas comparado com 2024, A Minecraft Movie pode ser o tal empurrão que os cinemas americanos estavam desesperadamente à espera. As projeções mais conservadoras já apontam para um fim de semana de estreia acima dos 75 milhões de dólares… mas os números estão a ser revistos para cima. Muito para cima.

Para dar contexto: só um fim de semana este ano ultrapassou os 100 milhões de dólares de receita nos EUA — o de 14 a 16 de fevereiro — quando Captain America: Brave New World deu o peito às balas com 88,8 milhões de dólares em três dias.

Com estes 7 milhões já garantidos nas ante-estreias (iniciadas às 15h), A Minecraft Movie superou os três filmes Sonic the Hedgehog, cujo recorde de preview era 6,5 milhões. E sim, está a poucos blocos de distância dos impressionantes 10,3 milhões que Five Nights at Freddy’s conseguiu em 2023.

Críticas? Who cares. Os fãs é que mandam.

Apesar de uma receção crítica morna — 51% no Rotten Tomatoes — os fãs de Minecraft não se deixam afetar. Afinal, este é o tipo de filme feito para agradar às massas cúbicas, aos jogadores nostálgicos, aos miúdos de 8 anos e até aos pais que decoraram as paredes lá de casa com pixel art em cartolina.

A julgar pelo comportamento do público com Five Nights at Freddy’s (que teve 32% no Rotten mas 86% no “popcorn meter”), a receita é clara: a opinião da crítica é, neste caso, apenas… decoração de caverna.

Momoa, Black, Coolidge… e muita nostalgia em blocos

Realizado por Jared Hess (Napoleon Dynamite), o elenco conta com Jason Momoa, Jack Black, Danielle Brooks e Jennifer Coolidge. Esta mistura improvável poderá ser o combustível que faltava para fazer da adaptação um daqueles eventos familiares que se tornam obrigatórios nas primeiras semanas de exibição.

Se o marketing continuar com a força que já demonstrou e o boca-a-boca for tão viral como um creeper em modo explosão, A Minecraft Movie poderá não só ser um sucesso, mas também inaugurar mais um universo cinematográfico baseado em videojogos. (Super Smash Bros.: O Filme alguém? 🤫)


Conclusão: Um fim de semana com craft e lucro

Ainda estamos no arranque da aventura, mas os primeiros números indicam que A Minecraft Movie pode mesmo ser o maior sucesso da primavera e o bloco que faltava para reconstruir a confiança nas bilheteiras. Resta saber se o resto do mapa também tem tesouros escondidos… ou só mais zombies à espreita.

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Para já, vamos encher os baldes de pipocas e aproveitar esta rara pepita de entusiasmo — porque parece que o cinema, tal como no jogo, ainda pode ser uma aventura em construção contínua.

Pierce Brosnan Não Desiste de Bond: “Eles Sabem Onde Me Encontrar”

Actor de 71 anos mostra abertura para regressar como 007 e dá a sua bênção a Aaron Taylor-Johnson como possível sucessor

Pode um espião reformado voltar ao ativo? Segundo Pierce Brosnan, tudo é possível… até em nome de Sua Majestade. O ator irlandês que interpretou James Bond entre 1995 e 2002 reacendeu a discussão sobre o futuro da icónica personagem e, com elegância digna do fato de gala do MI6, admitiu que não exclui um regresso.

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“Acho que ainda me safava no papel, em caso de necessidade. Vamos ver o que o futuro reserva. Eles sabem onde me encontrar”, disse Brosnan durante uma entrevista recente no programa Today. Apesar da idade, o charme continua intacto e a postura diplomática também: “Porquê não?”

Contudo, o próprio reconhece que a ideia é mais romântica do que realista. Em entrevista anterior à GQ, classificou a hipótese como uma “situação delicada” e defendeu que talvez seja melhor “deixar os cães adormecidos em paz”: “Tudo muda, tudo se desfaz. Talvez deva mesmo ser entregue a outro homem. Sangue novo.”

Aaron Taylor-Johnson: o novo nome que entusiasma Brosnan

Se Brosnan pode regressar, o mais provável é que não o faça como protagonista. E nessa frente, já tem um favorito: Aaron Taylor-Johnson. O ator de 34 anos, conhecido por filmes como Kick-Ass, Animais Noturnos e Bullet Train, está a ser apontado como um dos principais candidatos ao papel de Bond. Brosnan, que trabalhou com ele no drama The Greatest (2009), não tem dúvidas:

“Acho que ele seria ótimo. Foi eu quem o escolheu para esse filme. Ele entrou no set e ocupou o espaço com paixão e energia”, recorda. “Se ele o quiser e o conseguir, seria uma excelente escolha.”

Uma nova era Bond em preparação

A especulação sobre o futuro de 007 intensificou-se desde que a Amazon assumiu o controlo criativo da saga, através da Amazon MGM Studios. A parceria com os históricos produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson permanece, mas agora junta-se ao leque de produção Amy Pascal (Spider-Man: No Way Home) e David Heyman (Harry Potter, Barbie).

Durante a CinemaCon, os responsáveis da Amazon confirmaram que Pascal e Heyman estão já em Londres a trabalhar no novo capítulo. A promessa é clara: “Respeitar o legado da personagem e trazer um novo e emocionante capítulo para audiências de todo o mundo.”

Bond, James Bond… e Inteligência Artificial?

Num tom mais descontraído, Brosnan ainda lançou uma piada curiosa sobre os tempos modernos: “Há grandes coisas que se podem fazer com Inteligência Artificial… portanto, aí está.” A ideia de um Bond digital pode parecer remota, mas num universo cinematográfico em constante evolução, nunca se sabe.

Enquanto isso, a herança de Brosnan como Bond permanece intacta. GoldenEye (1995), O Amanhã Nunca Morre (1997), O Mundo Não É Suficiente (1999) e Die Another Day (2002) são vistos como marcos do 007 entre o classicismo de Connery e o realismo cru de Daniel Craig.

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E se o futuro de Bond está por decidir, uma coisa é certa: Pierce Brosnan não se retirou completamente da mesa de jogo. “Eles sabem onde me encontrar”, repete. E nós também.

Nanni Moretti em Cuidados Intensivos

O cinema europeu está em sobressalto. Nanni Moretti, o realizador italiano que nos habituou a pensar (e rir) com filmes de uma ternura provocadora, sofreu um ataque cardíaco e encontra-se internado nos cuidados intensivos em Roma, com prognóstico reservado. A notícia, avançada pelos media italianos, caiu como um balde de água fria no meio cinematográfico.

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Com 71 anos, Moretti foi levado de urgência na quarta-feira para o Hospital San Camillo, onde foi submetido de imediato a uma cirurgia de emergência. Segundo as primeiras informações, encontra-se estabilizado, mas continua em estado delicado.

Um cineasta com coração nas imagens… e agora o coração à prova

O incidente não é totalmente inesperado: em outubro de 2023, o autor de Querido Diário já tinha sofrido um pequeno enfarte, que o obrigou a cancelar uma apresentação em Nápoles. Foi também tratado no mesmo hospital onde agora permanece internado. Na altura, a situação foi encarada como um susto. Desta vez, porém, o silêncio à volta do seu estado de saúde é mais preocupante.

Moretti, frequentemente comparado a Woody Allen (com sotaque romano e scooter Vespa), construiu uma filmografia que é um verdadeiro espelho crítico da sociedade italiana — e não só. Do íntimo O Quarto do Filho (Palma de Ouro em Cannes, 2001) ao mordaz Habemus Papam, passando pelo frontalíssimo O Caimão, sobre o fenómeno Berlusconi, Nanni sempre foi uma voz desconcertante, subtilmente hilariante e com um faro extraordinário para o desconforto moderno.

O homem que filmava o mundo como quem escreve um diário

A sua carreira começou com uma câmara Super 8 e uma comédia minimalista chamada Io sono un autarchico (1976), que já prometia aquilo que se viria a confirmar: um talento único para usar o humor como arma e escudo. Mas foi com Querido Diário (1993) que Moretti conquistou definitivamente o público internacional — e o coração dos cinéfilos. A sua deambulação pela Roma vazia, a bordo de uma Vespa, enquanto reflecte sobre a vida, a arte e a condição humana, é hoje um clássico moderno e um hino à introspecção urbana.

Esse filme valeu-lhe o Prémio de Melhor Realização em Cannes, em 1994. E seria apenas o início de um percurso que se manteria coerente, surpreendente e, acima de tudo, pessoal. Moretti nunca teve medo de se colocar diante da câmara — fosse como alter ego neurótico, pai enlutado, cineasta em crise ou cidadão indignado. Sempre com uma estética depurada e um olhar clínico sobre o mundo que o rodeia.

Um realizador que não poupa ninguém (nem o Vaticano)

Ao longo das décadas, foi construindo uma carreira sem concessões ao facilitismo comercial. Filmes como O Caimão(2006), onde expôs com coragem o impacto do populismo mediático de Berlusconi, ou Habemus Papam (2011), uma reflexão delicada e provocadora sobre os bastidores da Santa Sé, confirmaram a sua reputação de criador independente e inconformado.

Mesmo O Sol do Futuro (2023), o seu filme mais recente e uma espécie de metanarrativa sobre um realizador em busca de sentido num mundo em transformação, competiu em Cannes e mostrou que, apesar da idade, Moretti continua a questionar tudo — a si próprio incluído.

Uma pausa indesejada… mas não definitiva?

Ainda não há actualizações oficiais sobre a evolução do seu estado de saúde, mas o meio cinematográfico — em Itália e no mundo — já reagiu com mensagens de solidariedade. A esperança é que este seja apenas mais um capítulo na sua longa narrativa pessoal, e que Nanni volte a fazer aquilo que melhor sabe: filmar o mundo com um misto de amor, ironia e coragem.

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“Lavagante” Chega em Outubro e Junta Três Gigantes da Cultura Portuguesa 🎬🦞

Uma história de amor intemporal, marcada pela repressão brutal do Estado Novo e escrita por um dos maiores nomes da literatura portuguesa: “Lavagante” tem estreia marcada para 2 de outubro, assinalando os 100 anos do nascimento de José Cardoso Pires. Mas este não é um filme qualquer — é o culminar de uma jornada artística de décadas, onde se cruzam os nomes de António-Pedro Vasconcelos, Mário Barroso e Paulo Branco.

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Preparem os corações e as consciências, porque vem aí cinema com “C” maiúsculo.

Uma viagem à Lisboa de 1962, com amor e brutalidade

Adaptado da obra Lavagante, Encontro Desabitado, publicada postumamente em 2008, o filme mergulha numa Lisboa marcada pelas revoltas estudantis e pela mão pesada do regime de Salazar. É neste ambiente sufocante, onde a PIDE espreita em cada esquina e o medo é quase uma segunda pele, que nasce a relação entre Cecília (Júlia Palha), estudante de Arquitetura, e Daniel (Francisco Froes), um jovem médico opositor ao regime.

O pano de fundo é a repressão violenta das manifestações estudantis na Cidade Universitária em 1962 — um dos episódios mais negros do salazarismo, e que José Cardoso Pires, com o seu estilo depurado e corrosivo, registou com a precisão de quem sabia exactamente onde o silêncio do medo começava a gritar.

Uma promessa cumprida — e um tributo a António-Pedro Vasconcelos

Este era um projeto muito querido a António-Pedro Vasconcelos, que chegou a adaptar o argumento e teve a bênção da família de Cardoso Pires para levar o conto ao ecrã. Anunciado há anos como um telefilme para a RTP, o projeto acabou por não avançar — até que Paulo Branco, com o habitual instinto de produtor irredutível, decidiu resgatá-lo e dar-lhe nova vida.

Infelizmente, Vasconcelos viria a falecer em março de 2024, sem ver o seu sonho concluído. Mas o cinema, quando é feito com amor, tem um dom especial para cumprir promessas.

Em sua homenagem, Mário Barroso assumiu a realização e também a direção de fotografia. E se há alguém que compreende a linguagem visual da memória, da dor e da resistência, é Barroso, com o seu olhar sempre atento ao detalhe e à verdade dos corpos em conflito.

Um elenco de peso para um país em convulsão

Além de Júlia Palha e Francisco Froes, o elenco de Lavagante conta com Nuno Lopes, Diogo Infante, Leonor Alecrim e outros nomes que têm dado voz e corpo ao melhor do cinema português.

É uma obra que não se limita a contar uma história — quer provocar, lembrar e ensinar. Em tempos de amnésias coletivas e revisionismos perigosos, Lavagante será uma janela necessária para os mais jovens perceberem que a liberdade não foi um dado adquirido. Houve amor, coragem, sofrimento — e também mortos — no caminho para lá chegar.

O regresso do Cardoso Pires político e pungente

Se há escritor que soube captar o cheiro da repressão e a tensão social do Portugal cinzento e abafado, foi José Cardoso Pires. O mesmo que nos deu obras como Balada da Praia dos Cães ou O Delfim, aqui ressurge num texto menos conhecido mas carregado da sua habitual acutilância, a revisitar um país onde amar podia ser um ato de resistência.

Este centenário do seu nascimento será celebrado com um filme que — tudo indica — fará justiça à sua escrita. E quem melhor para fazer essa ponte do que três homens do cinema português que sempre se recusaram a baixar os braços?


🎞 Lavagante estreia nos cinemas portugueses a 2 de outubro de 2025, numa data que promete marcar não apenas o calendário, mas também as consciências.

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Se quiseres, posso criar uma imagem editorial para ilustrar o artigo, talvez algo com uma silhueta de estudantes em protesto fundida com o contorno de um lavagante — uma imagem simbólica, política e cinematográfica. Avanço com isso?

John Wick Está de Volta… Em Triplicado!

 🕶️🔫

Keanu Reeves regressa ao papel do assassino mais elegante do cinema — e traz companhia

Podem guardar os cães e preparar os fatos à prova de bala: John Wick não morreu, está apenas a carregar. E agora traz não um, nem dois, mas três novos filmes consigo.

A Lionsgate revelou na CinemaCon, que decorre esta semana em Las Vegas, que o universo John Wick vai expandir-se oficialmente com três novos títulos — incluindo o tão aguardado John Wick 5, um filme de animação prequela e um spin-off protagonizado (e realizado!) por Donnie Yen. E sim, Keanu Reeves está confirmado para regressar ao centro da ação. Nem a sua idade (terá 61 anos quando começarem as filmagens) impede o homem de regressar ao papel que reinventou o cinema de ação moderno.

John Wick 5

: o regresso do homem, do mito, da lenda

Apesar do final ambíguo (vá, quase fatal) de John Wick: Capítulo 4, a Lionsgate garantiu que John Wick 5 está mesmo em desenvolvimento com Keanu Reeves e o realizador Chad Stahelski de regresso. O argumento está a ser escrito e, segundo o estúdio, “ninguém voltaria se não tivesse algo verdadeiramente fenomenal para dizer com estas personagens”.

Ora, depois de quatro filmes que elevaram as coreografias de luta a um novo patamar, queremos acreditar que esta quinta entrada tem uma cartada especial preparada. Talvez Wick regresse dos mortos com mais estilo do que nunca — não seria a primeira vez.

Wick no passado? Só com animação!

O segundo projeto é uma novidade que nem os fãs mais atentos esperavam: uma prequela em animação, com realização de Shannon Tindle. Esta história levar-nos-á a uma noite fulcral do passado de John Wick, onde o assassino terá de eliminar múltiplos inimigos numa única missão — tudo antes dos acontecimentos do filme original de 2014. Sim, Keanu deverá dar voz ao personagem.

Com esta abordagem, a Lionsgate aposta num novo formato para explorar o lore da franquia, mantendo a estética estilizada e uma liberdade narrativa total. Se funcionar, pode abrir espaço a mais explorações animadas do universo Wick.

Donnie Yen entra em ação — e desta vez, também realiza

O terceiro novo projeto confirmado foca-se em Caine, o assassino cego e mortal interpretado por Donnie Yen em John Wick 4. O ator de Hong Kong, mestre das artes marciais e carisma absoluto, vai protagonizar e realizar este spin-off, com argumento de Mattson Tomlin (de The Batman II e BRZRKR, este último criado por… Keanu Reeves, pois claro).

Segundo a Lionsgate, as filmagens arrancam ainda este ano. Tendo em conta o estilo elegante e brutal de Caine, estamos perante um dos projetos mais entusiasmantes do universo expandido de John Wick.

Mas há mais Wick à vista…

Antes destes três projetos chegarem às salas, os fãs poderão ver Ballerina, protagonizado por Ana de Armas, com estreia já marcada para 6 de junho. Este spin-off decorre antes dos eventos de John Wick 4 e conta com a participação de Keanu Reeves — que, segundo se diz, terá mais do que uma mera aparição simbólica.

Recorde-se que em 2023, The Continental levou-nos de volta a 1975 com uma minissérie centrada no famoso hotel-refúgio dos assassinos. Com três episódios lançados na Amazon Prime Video, a série explorou as origens do submundo onde Wick circula com tanta facilidade (e munição).

De subestimado a fenómeno global

O primeiro John Wick estreou em 2014 com uma modesta bilheteira de 86 milhões de dólares. Mas rapidamente se tornou um fenómeno de culto no mercado doméstico. O resto, como se costuma dizer, é história escrita com sangue e estilo.

  • John Wick 2: 174,3 milhões
  • John Wick 3 – Implacável: 328 milhões
  • John Wick 4: 440,1 milhões (e ainda com fôlego)

Segundo a Lionsgate, apenas nove sagas nos últimos 40 anos conseguiram aumentar a bilheteira em cada novo filme até ao quarto capítulo. Apenas cinco delas mantiveram essa tendência em crescendo como John Wick.

Ou seja, é um caso raro, valioso… e letal.


🎬 Com três novos filmes em marcha, Keanu Reeves de volta e Donnie Yen a assumir as rédeas, o universo Wick mostra estar longe de descansar em paz — mesmo que o próprio John Wick continue a tentar reformar-se a cada filme.

Preparem-se: em breve, vamos todos voltar a ouvir alguém perguntar calmamente…

“Are you back?”

“Yeah… I’m thinking I’m back.”

Rick Dalton Está de Volta! Brad Pitt, Fincher e Tarantino Juntam-se Para Continuação de “Era uma Vez em… Hollywood”

O que parecia ser uma brincadeira de 1 de abril revelou-se tudo menos mentira: Rick Dalton, o carismático duplo interpretado por Brad Pitt em Era Uma Vez em… Hollywood, vai mesmo regressar ao grande ecrã — com argumento de Quentin Tarantino e realização de ninguém menos que David Fincher. Sim, leu bem. Já pode ir buscar o Negroni.

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Segundo a revista The Hollywood Reporter, o projeto está em desenvolvimento avançado na Netflix e poderá arrancar com as filmagens já no final deste verão. Brad Pitt está confirmado e Tarantino entregou a caneta (mas não a alma) a Fincher, que assume a realização daquele que está a ser descrito não como uma sequela, mas como um “derivado” da obra de 2019.

Uma continuação… mas não exatamente

Se está a pensar “mas então não era The Movie Critic o tal décimo e último filme de Tarantino?”, não está errado. O realizador de Pulp Fiction e Kill Bill já tinha anunciado o fim da sua carreira cinematográfica com esse título, que, entretanto, foi abandonado. Este novo projeto, apesar de nascer do mesmo universo, não entra na sua contagem oficial.

Aliás, esta nova produção não será sequer uma sequela directa. É, segundo fontes próximas, uma história que decorre no mesmo universo, focando-se no destino da personagem de Brad Pitt, Cliff Booth, após os acontecimentos do verão de 1969. Será, portanto, um mergulho ainda mais profundo no “Tarantinoverso de Hollywood”, um cocktail agridoce de nostalgia, violência coreografada e metalinguagem cinematográfica.

A génese: tudo começou com… obsessão

Tarantino não é homem de fazer as coisas pela metade. Para escrever o argumento de Era Uma Vez em… Hollywood, criou biografias detalhadas de Rick Dalton e Cliff Booth — as suas carreiras, histórias, fracassos, filmes falsos, casamentos falhados e até talk shows nos quais apareceram. Essa mitologia foi em parte explorada no romance homónimo publicado em 2021, onde o realizador brincou com linhas temporais e desenvolveu ainda mais os bastidores do universo que criou.

Foi desse material que surgiu este novo filme. Segundo o THR, Brad Pitt ficou impressionado com uma parte do argumento que detalhava a vida de Cliff Booth depois dos eventos do filme original. Entusiasmado, perguntou a Tarantino se permitiria que outra pessoa realizasse. O cineasta respondeu algo como “depende de quem for” — e quando Pitt sugeriu David Fincher, Tarantino deu luz verde.

A trindade dos titãs: Tarantino, Fincher e Pitt

Se havia dúvidas sobre o peso deste projeto, elas dissipam-se com esta trindade: Tarantino a escrever, Fincher a realizar e Pitt a protagonizar. Relembre-se que o trio Pitt-Fincher já nos deu obras-primas como Se7en – Sete Pecados MortaisClube de Combate e O Estranho Caso de Benjamin Button.

Este novo projeto, ainda sem título oficial, será produzido e distribuído pela Netflix, onde Fincher mantém um contrato exclusivo. Tarantino, por seu lado, apesar de Era Uma Vez em… Hollywood ter sido lançado pela Sony, manteve os direitos sobre as personagens — o que lhe permite explorar este universo fora dos estúdios originais.

E Leonardo DiCaprio?

Ainda não se sabe se Leonardo DiCaprio regressará como Rick Dalton — personagem central do filme de 2019. A sua ausência nos anúncios oficiais indica que, para já, o foco está todo em Cliff Booth. Mas se há coisa que aprendemos com Tarantino, é que ele adora surpreender. E no mundo de Hollywood (real ou fictício), nunca se diz nunca.


O que esperar?

🎥 Um filme que aprofunda a mitologia de Era Uma Vez em… Hollywood

🎬 Argumento de Tarantino, realização de Fincher — combinação de sonho

🎭 Brad Pitt no centro da narrativa como Cliff Booth

🕵️‍♂️ Uma história à parte, mas que prolonga o fascínio daquele verão de 1969

🍿 Estreia prevista para 2025 ou 2026 na Netflix (com filmagens ainda este ano)


Depois da morte (ou não) de Booth? Da ascensão (ou não) de Dalton? Este é o tipo de cinema que promete homenagear Hollywood… com um sorriso cínico, uma garrafa de whisky e, provavelmente, uma pancadaria bem coreografada no final.

Bem-vindos de volta ao Velho Oeste dos anos 70. Cliff Booth nunca saiu — só estava à espera que alguém lhe ligasse.

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“Sozinho em Casa”, Abandonado na Vida Real? Macaulay Culkin rompe o silêncio sobre o pai ausente

Há pais ausentes… e depois há Kit Culkin. Macaulay Culkin, a eterna estrela de Sozinho em Casa, revelou recentemente que não tem qualquer contacto com o pai há mais de três décadas — e segundo o próprio, a distância é mais do que justificada.

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Num episódio do podcast Sibling Revelry, citado pela NME, Macaulay não poupou palavras ao descrever a relação (ou falta dela) com Kit Culkin. “É um homem que teve sete filhos e quatro netos. E nenhum deles quer saber dele para nada”, afirmou, com uma serenidade dura de engolir.

A declaração não surge do nada: ao longo dos anos, o ator foi partilhando histórias pouco edificantes sobre o progenitor, que outrora tentou gerir — ou controlar — a sua meteórica carreira enquanto estrela infantil nos anos 90. Agora, com 43 anos e pai de dois filhos, Macaulay reflecte sobre o passado com um misto de revolta e clareza.

Um pai fora do guião

Não é novidade que Macaulay teve uma infância complicada. Para além da fama precoce e da pressão constante dos media, a sua vida familiar era tudo menos estável. Kit Culkin, antigo actor e aspirante a produtor, era descrito por colegas e familiares como abusivo e controlador — uma figura que, segundo Macaulay, confundia autoridade com autoritarismo.

Aos 15 anos, o ator deu entrada num processo judicial para retirar os pais da gestão da sua fortuna, avaliada então em cerca de 40 milhões de dólares. O gesto não foi apenas simbólico: foi um grito de independência num momento em que a sua carreira começava a desacelerar, e a sua identidade como pessoa adulta tentava emergir do caos da infância.

“Não queria ser como ele”

Agora, décadas depois, e já com filhos próprios, Macaulay confessa que a sombra do pai ainda paira sobre si — não como exemplo, mas como alerta. “Uma das minhas primeiras memórias dele foi pensar que não queria tratar os meus filhos como ele nos tratava”, confessou. “Agora que tenho filhos, não acredito que ele se tenha comportado daquela forma.”

Segundo o ator, Kit Culkin continua a acreditar que nada fez de errado. “Acha que está certo e nós errados. É um louco narcisista”, disparou, sem rodeios.

Embora este tipo de revelações nos deixe sempre com um nó na garganta — especialmente vindas de alguém que nos fez rir tanto em criança —, há também uma espécie de catarse em ver Macaulay finalmente em paz com o passado. Ou, pelo menos, em controlo da sua própria narrativa.

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Hoje, além de ator, é companheiro da também atriz Brenda Song, com quem tem dois filhos, e tem-se mantido discreto, escolhendo projectos esporádicos e, acima de tudo, uma vida fora dos holofotes — algo que talvez tenha aprendido da forma mais dura possível.

Dexter: Original Sin vai ter segunda temporada — e o “Código de Harry” continua a fazer escola

Se achavam que os instintos assassinos de Dexter Morgan se ficavam pela infância traumática e por uma primeira fornada de episódios, desenganem-se. Dexter: Original Sin, a prequela da série original lançada pela SkyShowtime em janeiro de 2025, vai mesmo regressar para uma segunda temporada! 🔪

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A confirmação chegou oficialmente um mês após o final da primeira temporada, provando que o público continua sedento por mais crimes, enigmas forenses e lições de moral dadas com um sorriso e um bisturi.

Um regresso ao passado… com sangue fresco

Para os menos atentos (ou recém-chegados ao universo Dexteriano), Original Sin leva-nos até ao início dos anos 90, precisamente a Miami em 1991. É lá que encontramos um jovem Dexter Morgan — aqui interpretado por Patrick Gibson — no início da sua peculiar jornada como justiceiro serial killer.

A série acompanha-o na transição de estudante exemplar para assassino metódico, tudo sob a atenta supervisão do seu pai adotivo, o detetive Harry Morgan (interpretado com carisma por Christian Slater). E sim, Debra Morgan também marca presença — ainda como irmã mais nova e cheia de perguntas — interpretada por Molly Brown.

O nascimento do “Código”

Um dos aspetos mais fascinantes da série é o desenvolvimento do famoso Código de Harry, uma espécie de Bíblia ética para assassinos vigilantes, que vai moldar o modus operandi de Dexter para toda a vida. É aqui que vemos como o pai tenta canalizar os impulsos sombrios do filho para “um bem maior” — ou pelo menos, para um mal que sirva o bem.

No meio disto tudo, Dexter começa o seu estágio no Departamento da Polícia de Miami, a aprender ciência forense… e a esconder um lado mais sombrio. E claro, tudo isto antes das famosas análises de sangue e das cenas em que o nosso anti-herói cortava plástico com uma precisão quase artística.

Segunda temporada: o que esperar?

Apesar de ainda não haver muitos detalhes sobre o rumo que a história vai tomar, a renovação da série aponta para mais mergulhos na formação do psicopata favorito da televisão moderna. Será que vamos assistir ao seu primeiro homicídio a solo? Ou talvez a algum deslize com consequências inesperadas? Há todo um Miami ensolarado e corrupto por explorar.

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Com uma estética noventista, argumento eficaz e personagens com carisma — e uma pitada de perturbação —, Dexter: Original Sin conseguiu captar a atenção tanto dos fãs antigos como de um público mais jovem, e isso deve-se muito à performance equilibrada de Patrick Gibson, que não tenta imitar Michael C. Hall, mas cria o seu próprio Dexter com identidade e nuance.

“Karate Kid: Os Campeões” Revela Novo Trailer com Jackie Chan, Ralph Macchio e Ben Wang

✌️ O espírito da saga Karate Kid está de volta com força renovada! Foi revelado o novo trailer de Karate Kid: Os Campeões, o muito aguardado filme que promete unir gerações ao juntar Ralph Macchio e Jackie Chan numa nova aventura cinematográfica que estreia a 29 de maio de 2025.

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O trailer foi apresentado em primeira mão na CinemaCon em Las Vegas, onde Ben Wang, o novo protagonista, subiu ao palco ao lado de Macchio para entusiasmar os exibidores com esta nova iteração da saga. Wang, conhecido pelo seu trabalho na série American Born Chinese, interpreta Li Fong, um jovem prodígio do Kung Fu que, após uma tragédia familiar, se muda de Pequim para Nova Iorque com a sua mãe.

Apesar de querer manter-se afastado dos combates, os problemas perseguem-no até à porta da escola. Quando um amigo precisa de ajuda, Li acaba por entrar numa competição de karaté. Mas as suas competências não são suficientes, e é então que Mr. Han (Jackie Chan) decide procurar a ajuda de Daniel LaRusso (Ralph Macchio), o lendário Karate Kid.

⚡️ O filme aposta forte na ideia de união entre gerações e estilos. Sob a tutela conjunta dos dois mestres, Li aprende a fundir o karaté e o kung fu num estilo único e pessoal, preparando-se para o confronto final. O argumento segue a fórmula clássica da saga, mas com a promessa de novas emoções, novos combates e uma forte mensagem de resiliência e identidade.

✨ O elenco inclui ainda Joshua Jackson, Sadie Stanley e Ming-Na Wen, enquanto a realização está a cargo de Jonathan Entwistle, conhecido pelas séries The End of the F**ing World* e I Am Not Okay with This.

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Com uma data de estreia marcada para 29 de maio de 2025, Karate Kid: Os Campeões promete ser um dos grandes eventos cinematográficos do próximo ano, apelando tanto aos nostálgicos dos anos 80 como a uma nova geração pronta para aprender que, mais importante do que saber lutar, é saber quando o fazer.

Val Kilmer: Morreu o Rebelde de Hollywood que Foi Batman, Iceman e Jim Morrison

🕶️ Val Kilmer, o eterno Iceman de Top Gun, o excêntrico Jim Morrison de The Doors e o controverso Batman de Batman Forever, morreu esta terça-feira em Los Angeles aos 65 anos. A notícia foi confirmada pela filha, Mercedes Kilmer, que revelou que a causa da morte foi uma pneumonia. O ator, que há muito lutava contra graves problemas de saúde, partiu como viveu: com intensidade, sem pedir desculpa e sem remorsos.

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Na década de 90, Kilmer parecia imparável. Nascido em Los Angeles, o californiano brilhou no início com a comédia Top Secret! (1984), mas foi ao lado de Tom Cruise, como o gelado Iceman em Top Gun (1986), que se tornou uma estrela mundial. A partir daí, construiu uma carreira que misturava talento, polémica e um perfeccionismo quase destrutivo. Os bastidores dos seus filmes eram frequentemente palco de conflitos e egos inflacionados — e o dele não era pequeno.

🎤 Em 1991, surpreendeu o mundo ao cantar com a sua própria voz no papel de Jim Morrison no filme The Doors, realizado por Oliver Stone. E em 1995, brilhou ao lado de dois monstros sagrados do cinema, Al Pacino e Robert De Niro, em Heat. No mesmo ano, vestiu o fato do Cavaleiro das Trevas em Batman Forever… e não deixou saudades. Apesar do sucesso comercial, as críticas foram duras e a sua relação com o realizador Joel Schumacher acabou em gritos e porta a bater. Segundo o próprio Schumacher, Val era “o ser humano mais psicologicamente perturbado” com quem tinha trabalhado.

😬 E não foi o único. Em A Ilha do Dr. Moreau (1996), o conflito com Marlon Brando e o realizador John Frankenheimer foi tão épico quanto o filme foi um desastre. A indústria não esqueceu, e a reputação de Kilmer ficou gravemente ferida. Ainda assim, protagonizou outros títulos marcantes como The Saint (1997), Kiss Kiss Bang Bang (2005) ou The Salton Sea (2002), alternando entre êxitos discretos e fracassos clamorosos.

🦇 Nos bastidores de Hollywood, passou a ser conhecido como “o menino mau” da indústria — uma etiqueta que ele próprio nunca tentou sacudir. “Portei-me mal. Comportei-me corajosamente. Para alguns, comportei-me de forma bizarra”, confessaria anos mais tarde no documentário Val (2021). E com isso, talvez tenha dito tudo.

Nos últimos anos, o cancro na garganta que lhe foi diagnosticado em 2014 obrigou-o a uma traqueostomia e a perder grande parte da sua voz. Mas nem isso o travou. Voltou a ser Iceman na sequela de Top Gun: Maverick, num momento breve mas poderoso, ao lado de Tom Cruise. Foi também poeta, autor de livros e até nomeado para um Grammy em 2011 com The Mark of Zorro, um álbum em áudio-drama.

🎭 Val Kilmer foi tudo menos morno. Um ator de extremos, de escolhas imprevisíveis, de talento genuíno e temperamento difícil. Deixou uma marca indelével no cinema — não apenas pelos papéis que desempenhou, mas pela maneira como os viveu (e sobreviveu a eles).

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O rebelde de Hollywood despediu-se, mas as suas personagens continuarão a viver no grande ecrã… e na memória de todos os que apreciam o cinema com carácter e personalidade.

Portugal dá luz verde ao cinema com novo ‘cash rebate’ para 2025 — mas os bastidores ainda andam em câmara lenta

🎬 Dinheiro para filmar em Portugal? Sim, senhor! Mas com um enredo que mistura drama institucional, burocracia, orçamentos apertados e suspense à moda nacional. O Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) anunciou oficialmente a abertura da primeira fase de candidaturas ao incentivo financeiro à produção cinematográfica e audiovisual de 2025, mais conhecido por ‘cash rebate’. A boa notícia? Já está aberto! A má? Ainda estamos à espera dos resultados da segunda fase… de 2024.

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Pois é. Há guiões que se escrevem sozinhos.

Um incentivo com muitos planos — e alguns cortes

Este ‘cash rebate’ é um dos trunfos mais apetecíveis para atrair filmagens e coproduções para o nosso belo rectângulo à beira-mar filmado. Com uma dotação anual de 14 milhões de euros (a dividir por duas fases), o fundo é assegurado pelo ICA em parceria com o Turismo de Portugal. E se há coisa que este país tem de sobra, é luz natural, paisagens fotogénicas e talento técnico — falta é garantir que o dinheiro chegue a horas.

Por exemplo, ainda não foi divulgada a lista definitiva dos beneficiários da segunda fase de 2024. Apenas uma versão provisória, com data de 18 de dezembro, onde já constam nomes como “Ela olhava sem nada ver”, “Hera” e “Asas”, entre outros filmes e séries que, curiosamente, já andam em fase de estreia ou final de produção. Coincidência?

O lado B do incentivo

Em novembro passado, a Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, reconheceu no Parlamento o que muitos no setor já murmuravam entre cafés e estreias: os atrasos nos pagamentos são reais. O sistema, dizem, está preso numa teia de burocracias — incluindo autorizações do Ministério das Finanças para desbloquear fundos. Uma espécie de thriller orçamental em que o dinheiro existe… mas demora a entrar em cena.

Ainda assim, o ‘cash rebate’ continua a ser um chamariz importante para produções estrangeiras. E a lista de projetos internacionais que já usufruíram do incentivo é impressionante: a série A Acólita do universo Star Wars, os filmes da Netflix A Donzela e Heart of Stone, e claro, o incontornável Velocidade Furiosa X, que fez rugir motores pelas ruas de Portugal.

Há mais no menu: o ‘cash refund’

Para produções mais ambiciosas — daquelas com efeitos especiais e orçamento à Hollywood — existe ainda o ‘cash refund’, com um valor máximo de 20 milhões de euros e requisitos mais robustos: é preciso gastar pelo menos 2,5 milhões de euros em território nacional.

Em 2024, foi a estreia deste segundo incentivo. Foram requisitados 11 milhões, ficando 9 milhões na prateleira. Em 2025, já foram pedidos 7,4 milhões, sinal de que há vontade — e talvez uma ou outra superprodução à espreita.

E agora?

Com a primeira fase do ‘cash rebate’ de 2025 oficialmente a decorrer (durante um mês), a segunda fase deverá abrir até 30 de setembro. Resta saber se desta vez os processos vão ser mais rápidos e menos kafkianos.

Portugal já provou que tem tudo para ser um estúdio de luxo à escala europeia. Agora só falta que a máquina burocrática acompanhe o talento dos profissionais e o potencial das paisagens. Que venha o próximo take — com menos drama nos bastidores, se faz favor.

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Se quiseres, posso criar também uma imagem para ilustrar o artigo — por exemplo, uma claquete com notas de euro a sair, ou uma equipa de filmagens com papéis à espera de aprovação burocrática. Avanço?

Hollywood Vai a Jogo em Las Vegas: CinemaCon 2025 Pode Ser a Última Cartada

🎰 Las Vegas chama e Hollywood responde. Mas não é para apostar nas slot machines: é para tentar salvar um ano que já parece um filme de terror. A CinemaCon — o maior evento anual da indústria cinematográfica — arrancou esta segunda-feira no Caesars Palace com um objectivo claro: devolver esperança (e bilheteiras gordas) aos donos de salas de cinema e aos fãs de grandes estreias.

📉 A verdade é dura: 2025 começou com mais tropeções do que uma personagem secundária em filme de acção. Entre fracassos como a nova “Branca de Neve” da Disney, o Capitão América que ninguém pediu e o enigmático “Mickey 17” (onde nem Pattinson conseguiu salvar o dia), a indústria arrecadou 1,3 mil milhões de dólares na América do Norte… 7% abaixo do já fraco início de 2024.

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E tudo isto depois de um 2023 com greves históricas de argumentistas e actores. O lema não oficial da indústria tornou-se: “Aguenta até 2025”. E agora que 2025 chegou, todos olham para Las Vegas como quem espreita o número da sorte na roleta.


🎬 Cartaz com promessas (e muita pressão)

A primeira apresentação ficou a cargo da Sony Pictures, a casa do “Homem-Aranha”, que já nos habituou a boas surpresas. Mas os olhos também estão postos noutros pesos pesados que vão subir ao palco esta semana:

• Amazon MGM: depois de comprar a saga James Bond por uns trocos (cof cof… mil milhões), o estúdio promete mostrar as cartas para o futuro do 007 — agora com novos produtores ao leme.

• Warner Bros.: está a precisar desesperadamente de um “do-over” após a queda livre de Mickey 17 e The Alto Knights, com Robert De Niro. Mas entre Superman (reboot fresquinho) e o novo filme de DiCaprio (One Battle After Another), pode ser que ainda haja salvação.

• Paramount: tradição é tradição, e lá virá mais um Missão: Impossível. A questão do costume: Tom Cruise vai saltar do tecto do Caesars Palace ou não?

• Universal: traz de volta dinossauros e bruxas com novas entradas nas sagas Mundo Jurássico e Wicked.

• Lionsgate: o arsenal dos John Wick continua a crescer, e Keanu Reeves nunca se atrasa… excepto quando o guião exige.

• Disney: encerra o evento com as suas eternas galinhas dos ovos de ouro — Marvel e Avatar. Mas depois de algumas escorregadelas recentes, todos estão atentos ao que vai revelar (e com que confiança o fará).


🎞️ Apostas altas, nervos à flor da pele

A expectativa é clara: os donos das salas querem razões para voltar a acreditar. Afinal, nem mesmo os blockbusters estão a conseguir cumprir os mínimos. Em muitos casos, nem chegam perto de recuperar os orçamentos astronómicos investidos — e isso sem contar com campanhas de marketing dignas de presidentes dos EUA.

CinemaCon serve também de termómetro: será que o público está farto de super-heróis? Será que o futuro está nas sequelas ou nas histórias originais? E acima de tudo, será que Hollywood ainda sabe o que os espectadores querem ver?


🍿 O que esperar a seguir?

O que sair desta semana em Las Vegas vai moldar o resto de 2025 — e, muito possivelmente, a forma como Hollywood se adapta aos novos tempos. O streaming continua a morder os calcanhares das salas, os orçamentos têm crescido mais do que as receitas, e os espectadores… bem, esses parecem cada vez mais difíceis de conquistar.

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Por agora, resta-nos ficar atentos às luzes de Las Vegas — e esperar que desta vez, a sorte esteja do lado da indústria.

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🎬 A Working Man Chega, Vê e Vence: Jason Statham Dá Tareia à Branca de Neve nas Bilheteiras

🎬 A Working Man Chega, Vê e Vence: Jason Statham Dá Tareia à Branca de Neve nas Bilheteiras

A Disney já deve estar a preparar a maçã envenenada para outro, porque o conto de fadas que era o novo Snow Whitevirou rapidamente um pesadelo nas bilheteiras. Quem se riu por último foi Jason Statham com A Working Man, que deu um murro bem aplicado no box office e conquistou o primeiro lugar com um arranque de 15,2 milhões de dólares em 3.262 salas de cinema.

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A surpresa foi geral: as previsões colocavam o novo filme da Amazon MGM entre os 10 e 12 milhões, mas o ex-Beekeeper provou que ainda tem muito gás. E, ironicamente, fez quase o mesmo que o seu filme anterior (The Beekeeper, em Janeiro de 2024) que abriu com 16 milhões e acabou com uns robustos 66 milhões nos EUA e mais de 162 milhões a nível mundial.

Enquanto isso, Snow White (a tal nova versão com Rachel Zegler, que já andava a dar que falar pelas polémicas à volta da produção) despencou com estrondo. Caiu uns dolorosos 66% face à estreia e terminou o segundo fim de semana com 14,2 milhões. Ao fim de duas semanas, o remake acumula 66,8 milhões nos EUA e 143,1 milhões no total mundial. Nada animador para um filme que custou mais de 250 milhões e precisava de conquistar todos os quadrantes possíveis.

🪓 Statham 1 – Disney 0

Ainda que A Working Man não esteja a ser particularmente mimado pelos críticos, o público está a responder bem: uma nota B no CinemaScore e 84% de aprovação no PostTrak. É, no fundo, aquilo que já se esperava: uma boa dose de pancadaria, Statham a resolver à moda antiga e uma história de redenção no subúrbio. Mais uma vez, o ator britânico mostra que consegue levar um filme às costas, mesmo quando não há abelhas nem explosões a cada 10 minutos.

A Amazon MGM e a Black Bear estão a contar que este “homem trabalhador” siga um percurso semelhante ao de The Beekeeper e recupere com facilidade o investimento de 40 milhões de dólares. Por enquanto, o início é prometedor.

❄️ A Branca de Neve Perde o Encantamento

Do outro lado, Snow White vai precisando cada vez mais de um milagre (ou de sete anões com experiência em marketing). Com uma estreia fraca e uma queda tão acentuada na segunda semana, torna-se cada vez mais difícil imaginar um final feliz para este remake. O público parece estar dividido entre a nostalgia e a saturação destas reinterpretações live-action que, convenhamos, às vezes só acrescentam filtros de Instagram a clássicos imortais.

🎟️ E o resto da bilheteira?

• Em terceiro lugar ficou The Chosen: Last Supper, da Fathom Events, com 11,4 milhões — uma estreia sólida para um drama religioso em plena época da Páscoa.

• The Woman in the Yard, da Blumhouse, abriu com 9,45 milhões. Com um orçamento de apenas 12 milhões, o filme ainda pode dar lucro… se resistir ao fraco boca-a-boca (tem apenas 41% no Rotten Tomatoes e um C- no CinemaScore).

• Em quinto lugar aparece a sátira sangrenta Death of a Unicorn, da A24, com Paul Rudd e Jenna Ortega, que abriu com 5,8 milhões e críticas divididas. Tem nota de 55% no Rotten Tomatoes e a tarefa difícil de se manter relevante nas próximas semanas.

📉 O estado geral das bilheteiras não é propriamente de euforia. O total estimado do fim de semana nos EUA ficou pelos 80 milhões, o que representa uma quebra de 42% em relação ao mesmo período do ano passado. As contas do primeiro trimestre também vão ficar aquém, com 1,4 mil milhões acumulados — longe do recorde de 2,9 mil milhões de 2017.

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🍿 Em resumo? O público ainda vai ao cinema, mas parece cada vez mais exigente — ou então está só à espera de Deadpool & Wolverine para voltar em força. Até lá, Statham reina e a Disney talvez esteja a pensar duas vezes antes de se meter com princesas “modernas”.

🎭 “Thank You Very Much”: O Documentário Que Tenta Explicar o Inexplicável Andy Kaufman

Andy Kaufman nunca foi um comediante convencional. Foi um provocador, um artista do desconforto, um ovni cómico que preferia deixar o público confuso do que a rir. Ora, quando se anuncia mais um documentário sobre ele, a primeira reacção natural é: “Ainda?”. Afinal, já tivemos o biopic Man on the Moon com Jim Carrey (e o documentário da Netflix Jim & Andy sobre esse mesmo papel!), já tivemos livros, milhões de teorias sobre a sua morte (ou não-morte), e já aceitámos que tentar explicar Kaufman é um exercício de futilidade.

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E no entanto, aqui está Thank You Very Much, que se atira de cabeça ao desafio: encontrar um método no caos, uma lógica no absurdo. O filme de Alex Braverman (filho do produtor do famoso especial de Kaufman no Carnegie Hall) recorre a material inédito, gravações caseiras, chamadas telefónicas (em que Andy admite ter ponderado fingir a própria morte) e uma tonelada de imagens dos seus momentos mais… desconcertantes.

Não faltam clássicos: desde a sua estreia no Saturday Night Live, até ao momento em que interrompe um talk-show para tocar pratos e cantar “You’ll Never Walk Alone”. Sim, tudo autêntico. E, claro, a infame fase de lutador de wrestling misógino, onde desafiava mulheres para o ringue com a graça e subtileza de um troll de fórum online. Provocação pura? Sim. Mas também, talvez, um espelho desconfortável da sociedade.

O documentário tenta montar a peça do puzzle chamada Andy com ajuda de amigos e colegas: Danny DeVito, Marilu Henner, Steve Martin, Laurie Anderson (sim, eram cómplices!) e o inseparável Bob Zmuda. Todos contribuem com memórias e interpretações psicoanalíticas que fariam corar Freud. Spoiler: a morte do avô, que os pais tentaram disfarçar dizendo que ele estava “a viajar”, pode ter marcado para sempre o seu estilo de humor baseado em ausências, rejeições e silêncios constrangedores.

Mas será que Andy Kaufman quereria um documentário reverente sobre si? Provavelmente não. Aliás, metade do tempo parece que o próprio Braverman está a ser manipulado do além. Será que tudo isto é mais uma camada do grande embuste? Um documentário falso a homenagear o maior mentiroso do humor?

Talvez. Ou talvez seja apenas uma carta de amor a um artista que redefiniu o conceito de comédia. Que se vestia de estrangeiro, tocava bongós e desconstruía a própria performance ao vivo. Para os curiosos e para os nostálgicos, Thank You Very Much é uma viagem divertida e por vezes comovente à mente de um génio anarquista.

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Mas há uma pergunta que continua por responder: qual era, afinal, o ponto de tudo isto? Provavelmente, não havia um. E talvez essa seja mesmo a piada final de Andy Kaufman.