Há filmes que vivem de uma ideia simples mas eficaz — e Locked é um desses casos. Uma espécie de Phone Booth sobre rodas, esta nova produção coloca Bill Skarsgård dentro de um carro de luxo com demasiadas funcionalidades tecnológicas e um proprietário com um sentido de justiça… peculiar. A premissa? Um ladrão de ocasião entra num SUV topo de gama que rapidamente se transforma numa armadilha mortal, enquanto uma voz familiar — a de Anthony Hopkins — o desafia a prestar contas pelos seus pecados. O resultado é um thriller tenso, claustrofóbico e por vezes deliciosamente exagerado, que lembra uma versão mais leve de Saw com aspirações morais.

ver também : 💔 Stephen Graham ofereceu-se para adotar jovem ator após tragédia pessoal

Uma armadilha sobre rodas

aqui :

Locked é a adaptação do thriller argentino 4×4 e segue a tradição dos filmes com espaço limitado e grande intensidade dramática. David Yarovesky realiza com energia e criatividade uma história que decorre praticamente toda no interior de um veículo. O protagonista, Eddie Barrish (Skarsgård), é um pai em dificuldades financeiras que, num ato desesperado, decide roubar o que conseguir de um SUV aparentemente abandonado. O que ele não sabe é que o carro pertence a William (Hopkins), um homem terminalmente doente, cansado da criminalidade e decidido a transformar o automóvel numa lição moral ambulante.

Eddie rapidamente se apercebe de que está preso num autêntico campo de reeducação motorizado: o carro responde à voz de William, que controla tudo, desde a climatização extrema até à inclusão de tasers escondidos nos bancos. A dada altura, o carro torna-se autónomo e ameaça conduzir-se até à morte do seu ocupante, exigindo uma escolha final entre amputações ou suicídio. Tudo, claro, ao estilo de uma moralidade imposta por um justiceiro improvável.

Dois atores, dois mundos

Bill Skarsgård convence com uma interpretação contida, mais emocional do que verbal, adequada ao desespero crescente de um homem sem alternativas. O seu Eddie é uma figura trágica, marcada por uma vida de pobreza e culpa parental, que contrasta fortemente com o requinte e privilégio do seu antagonista invisível. Anthony Hopkins, por sua vez, diverte-se imensamente no papel de William. A sua voz grave ecoa como um juiz invisível, debitando monólogos sobre ética, responsabilidade e a decadência da sociedade moderna com a pompa de quem está a escrever o seu próprio epitáfio. E fá-lo com classe.

Moralidades enlatadas e entretenimento eficaz

Embora o guião tente explorar dilemas éticos e a diferença entre classes sociais, as ideias apresentadas em Locked não são propriamente novas. A luta entre sobrevivência e justiça, ou entre o quotidiano do pobre e as filosofias do rico, já foi explorada de forma mais profunda noutros contextos. Contudo, este não é um filme que pretenda mudar o mundo — é uma experiência concentrada em prender a atenção, alimentar a tensão e explorar o potencial de um conceito engenhoso.

Visualmente, Yarovesky aproveita bem os ângulos das câmaras internas do veículo, criando dinamismo mesmo em espaços fechados. As cenas exteriores, porém, perdem-se em iluminação exagerada e metáforas visuais algo óbvias.

ver também : 🎭 Christoph Waltz junta-se ao elenco da 5.ª temporada de Only Murders in the Building

Apesar de alguns momentos forçados e um argumento que por vezes pisa o limite do absurdo, Locked cumpre a sua missão: entreter. Quem entra para ver Bill Skarsgård a lutar pela vida dentro de um carro possuído pela voz de Anthony Hopkins não sairá defraudado. Locked não é um clássico instantâneo, mas é um thriller eficaz, com ritmo, boas interpretações e um conceito curioso que agarra do início ao fim.


🎬 Locked ainda não tem data de estreia confirmada em Portugal

📊 Contagem de palavras: 656 palavras

Recommended Posts

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment