
A nova minissérie da Netflix Adolescência está a causar furor no Reino Unido — mas não só pelos motivos habituais de sucesso de audiência. Com mais de 24 milhões de visualizações nos primeiros quatro dias, tornou-se rapidamente o programa mais visto da plataforma na semana de 10 a 16 de março. No entanto, o seu impacto está a ir muito além dos ecrãs, gerando um debate nacional aceso sobre violência juvenil, misoginia online e a vulnerabilidade dos adolescentes na era digital.
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Uma História Intensa, Filmada em Tempo Real
Criada com um conceito visualmente arrojado — cada episódio é filmado em plano-sequência, sem cortes — a série acompanha o colapso emocional e social de uma família britânica comum após o filho de 13 anos, Jamie Miller (interpretado com espantosa maturidade por Owen Cooper), ser detido pela polícia numa operação ao amanhecer. A acusação? O homicídio brutal de uma colega da escola.
À medida que a narrativa se desenrola em tempo real, os quatro episódios imergem o espectador num turbilhão emocional que inclui o interrogatório policial, as reações da família, as dúvidas dos investigadores e o impacto nos amigos e vizinhos. A questão central paira no ar: como é que chegámos aqui?
A produção executiva de Brad Pitt, que também trabalhou com a sua produtora Plan B, empresta à série um peso extra que a destaca no catálogo da Netflix. Mas é o enredo, inspirado em vários casos reais e com ecos perturbadores da atualidade, que está a mexer com a sociedade britânica.
Um Espelho Perturbador da Realidade
Desde o seu lançamento, Adolescência provocou reações fortes nos media, nos círculos educativos e até no parlamento britânico. O próprio primeiro-ministro Keir Starmer revelou estar a ver a série com os filhos, sublinhando a importância do tema.
A razão? A minissérie não é apenas ficção: ressoa profundamente com uma vaga de crimes com arma branca cometidos por adolescentes que tem chocado o Reino Unido nos últimos anos. Ao mesmo tempo, surge num contexto de crescente preocupação com a influência de figuras misóginas como Andrew Tate junto dos mais jovens.
Em entrevistas recentes, educadores, psicólogos e especialistas em segurança online alertaram para o facto de muitos adolescentes estarem a consumir conteúdos nocivos nas redes sociais, onde discursos de ódio e glorificação da violência têm terreno fértil.
A série mostra como tudo pode parecer “normal” até ao momento em que deixa de o ser. É esse desconforto — o reconhecimento de que Adolescência podia ser sobre qualquer jovem — que está a gerar debates intensos nas casas britânicas, nas escolas e até nas câmaras parlamentares.
Entre o Medo e a Empatia
Adolescência não oferece respostas fáceis. Pelo contrário: apresenta uma realidade complexa, onde vítimas e culpados podem ser difíceis de distinguir. Através do retrato cru da dor dos pais, das hesitações dos investigadores e da opacidade emocional dos adolescentes, a série exige reflexão e, em muitos casos, empatia.
É precisamente por isso que muitos pais sentem ansiedade ao vê-la. Não é só uma boa série de televisão — é um alerta. E, para alguns, uma chamada de atenção para a necessidade urgente de mais literacia emocional e digital entre os jovens.
Conclusão
Com um enredo intenso, interpretações sólidas e uma realização ousada, Adolescência é mais do que um sucesso da Netflix — é um fenómeno cultural que obriga o Reino Unido a olhar-se ao espelho. Numa altura em que muitos pais tentam perceber que influência tem o mundo online nos seus filhos, esta série coloca o dedo na ferida de forma brutal e, por isso mesmo, necessária.
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Disponível exclusivamente na Netflix, Adolescência é uma minissérie de apenas quatro episódios, mas com impacto suficiente para alimentar conversas durante muito tempo.
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