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“A F*ckuldade”: sexo, ambição e poder num thriller psicológico que expõe as sombras da academia

O TVCine prepara-se para estrear uma das minisséries europeias mais desconfortavelmente pertinentes dos últimos anos. A Fckuldade*, produção holandesa inspirada no impacto do movimento #MeToo no meio académico, chega à televisão portuguesa no dia 15 de dezembro, às 22h10, no TVCine Edition e TVCine+.  

Trata-se de uma série intensa, carregada de dilemas éticos, memórias reprimidas e um jogo de poder onde ninguém sai ileso. A narrativa acompanha Anouk Boone, interpretada por Julia Akkermans, uma jovem advogada em ascensão que se encontra à beira do momento decisivo da carreira: tornar-se a sócia mais jovem do seu prestigiado escritório. Mas aquilo que parecia um futuro promissor começa a ruir quando o passado que julgava enterrado regressa com força avassaladora.

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O detonador deste processo é o professor Patrick Hartman, antigo orientador de tese de Anouk e figura carismática da Faculdade de Direito onde estudou. Quando Hartman é acusado de conduta imprópria por várias mulheres, no auge da onda #MeToo, a protagonista sente o chão desaparecer. O caso ressoa de forma perigosa na sua própria vida, já que também ela manteve uma relação íntima com o professor durante a época universitária — uma relação que, na altura, encarou como o preço necessário para conquistar espaço num mundo dominado por homens. Agora, percebe que talvez sempre tenha sido algo mais sombrio.

Com o surgimento de novas denúncias, aquilo que Anouk considerava um episódio isolado revela-se parte de um padrão alargado de abuso de poder. A situação complica-se ainda mais quando um jornalista decide investigar os casos de assédio na faculdade. A jovem advogada torna-se, então, simultaneamente testemunha, cúmplice involuntária e potencial vítima de uma verdade que tentou ignorar. O conflito moral torna-se inevitável: poderá continuar a silenciar a sua própria história? E, acima de tudo, está preparada para enfrentar aquilo que realmente aconteceu?

Realizada por Simone van Dusseldorp, A Fckuldade* mergulha nas dinâmicas tóxicas que habitam instituições aparentemente inatacáveis: universidades que se querem progressistas mas escondem hierarquias rígidas; professores brilhantes que usam o estatuto para manipular; estudantes que confundem protecção com dependência; e sistemas legais que, por vezes, erguem barreiras invisíveis entre justiça e reputação.

A série funciona tanto como drama psicológico quanto como comentário social. Convida o espectador a interrogar-se sobre as zonas cinzentas das relações de poder, sobre a forma como a ambição pode distorcer decisões e como o silêncio, mesmo quando explicado pela sobrevivência, pode alimentar ciclos de abuso. É uma obra especialmente relevante num tempo em que o #MeToo continua a revelar as fissuras éticas de múltiplos sectores profissionais.

A Fckuldade* propõe uma narrativa que não procura respostas fáceis. Prefere explorar o desconforto, a ambiguidade e a culpa — elementos que raramente surgem de forma tão frontal em televisão. E, ao fazê-lo, oferece-nos um retrato brutalmente honesto de uma mulher obrigada a revisitar a história que passou a vida a tentar descrever de modo menos doloroso.

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Com estreia marcada para 15 de dezembro, às 22h10, e exibição nas segundas-feiras seguintes, esta é, sem dúvida, uma das séries mais desafiantes e pertinentes do final do ano — uma reflexão sobre o poder e as suas fronteiras, sobre o preço do silêncio e sobre o difícil processo de recuperar a verdade quando esta ameaça destruir tudo o que foi construído.  

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