O romance mais sombrio de King finalmente no grande ecrã
Escrito em 1966, quando ainda estava na universidade, The Long Walk foi o primeiro romance de Stephen King, mas só viu a luz do dia em 1979, sob o pseudónimo Richard Bachman. Agora, quase meio século depois, a obra mais pessimista do mestre do terror chega finalmente aos cinemas — e com uma atualidade assustadora.
A premissa é simples e brutal: 100 rapazes são escolhidos por sorteio para participar numa maratona sem fim, vigiados por soldados e transmitida para todo o mundo. Quem andar abaixo dos 6,5 km/h recebe avisos. Ao terceiro, é executado. O último sobrevivente ganha um prémio à escolha.
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Francis Lawrence à frente da adaptação

O filme é realizado por Francis Lawrence, nome já associado a competições distópicas graças aos últimos quatro filmes de The Hunger Games. Em entrevista, o realizador garantiu que não quis suavizar a violência nem o desespero do livro:
“É preciso sentir os quilómetros e a degradação — emocional, psicológica, física. Não ia diluir isso para deixar o estúdio confortável.”
A obra passou décadas nas mãos de cineastas como George A. Romero e Frank Darabont, que nunca conseguiram avançar. Coube a Lawrence finalmente levar a adaptação à meta.
Um livro sombrio, mas cheio de humanidade
Especialistas lembram que The Long Walk é considerado por muitos como o romance mais cruel de King, rivalizando apenas com Pet Sematary. Ainda assim, como lembra o investigador Simon Brown, a obra está cheia de solidariedade entre os rapazes:
“Eles não se voltam uns contra os outros. Há amizade e fraternidade. O que interessa não é a caminhada, são as pessoas na caminhada.”
É esta capacidade de King de usar o terror para explorar a natureza humana que fez do livro um modelo para tantos outros: The Stand, Under the Dome ou The Mist.
Influências e legado
King admitiu ter sido inspirado por 1984, de Orwell, e Lord of the Flies, de William Golding, além do conto The Lotteryde Shirley Jackson. Mas a originalidade de The Long Walk foi tal que o livro acabou por influenciar gerações de obras distópicas, de Battle Royale a The Hunger Games, passando por Squid Game.
Mais do que protótipo, é a origem de um subgénero: o do “jogo mortal” que hoje domina a cultura popular.
Relevância em 2025
Se na época a história parecia uma fantasia negra, hoje lê-se como uma metáfora para a cultura da competição extrema e da exploração mediática. A crítica já destacou como o livro antecipou a lógica de reality shows e até da voragem das redes sociais.
Lawrence sublinha que não quis fazer um filme político, mas sim relacionável:
“Queria que qualquer pessoa, de qualquer lado do espectro político, se visse nisto. É sobre a pressão financeira, o desespero, a luta pela sobrevivência.”
A caminhada chega a Portugal
Com estreia mundial neste fim de semana, The Long Walk prepara-se também para chegar às salas portuguesas. Será uma oportunidade para ver no grande ecrã o que muitos consideram o romance mais perturbador de Stephen King, agora transformado em cinema por um realizador habituado a dar forma a distopias brutais.
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